Registem dúvidas, observações ou reparos sobre vocabulário,
recursos, ideias-chave, simbologia, interpretação ou Gramática.
Atenção: os cenários de resposta do Manual são muito sucintos; ficas com uma visão mais completa se consultares os muitos esclarecimentos na aula do 11º A e respostas a dúvidas que chegaram sobre a 1, a 2 e a Gramática
Poema
Se é lei, que rege o escuro pensamento,
Ser vã toda a pesquisa da verdade,
Em vez da luz achar a escuridade,
Ser uma queda nova cada invento;
É lei também, embora cru tormento,
Buscar, sempre buscar a claridade,
E só ter como certa realidade
O que nos mostra claro o entendimento.
O que há de a alma escolher, em tanto engano?
Se uma hora crê de fé, logo duvida;
Se procura, só acha... o desatino!
Só Deus pode acudir em tanto dano:
Esperemos a luz duma outra vida,
Seja a terra degredo, o céu destino.
Antero de Quental, in Soneto
39 comentários:
Bom dia, turma!
Espero que estejam bem e com energia para - como nos 11ºs A e C - colocarem dúvidas e observações interessantes e reveladoras da vossa atenção ao poema
«Se é lei, que rege o escuro pensamento»
Bom dia professora,
Como me tinha sugerido, já fui consultar os esclarecimentos das sessões síncronas com os colegas das outras turmas.
Consegui enquadrar melhor este soneto no panorama geral da obra e vida de Antero, especialmente, com os vários esclarecimentos de luz e sombra/escuridão e também com a diferenciação em entre o acreditar em Deus/espiritualidade e igreja enquanto instituição.
Vi também e achei bastante curiosa a reflexão do colega (João G. Matias) do 11ºA.
Em relação à gramática também já me encontro um pouco mais clarificado com após visualizar o post em que a professora respondeu à dúvida gramatical colocada pelo meu colega Mário.
E aguardo assim a correção da gramática para verificar e corrigir os meus erros.
B.Azevedo 11ºB
Sim, sim, Bruno.
Creio que a questão do «no-la» foi a mais difícil, para a maioria.
Até deixo aqui o apanhado:
Definição: no·-lo (nos + lo) - Contração dos pronomes «nos» e «lo» (ex.: ele disse que no-lo trazia).
PRONOMES E FUNÇÃO SINTÁTICA
- os pronomes pessoais sujeito - eu, tu, ele, ele, nós, vós, eles, elas
- os pronomes pessoais complemento direto - o, a, os, as
- os pronomes pessoais complemento indireto - me, te, lhe, nos, vos, lhes”
Logo… é só olhar para lá com atenção
Bom dia professora!
Tive duvidas quanto ao que representa a escuridão no poema. Eu associei à ideia de falta de respostas, de infelicidade, mas não consegui perceber o significado concreto
Apesar de não ter muito haver com o tema, gostaria de clarificar que fiz o questionário por volta das 5 da tarde, mas que o email ficou por enviar e só o enviei depois da meia noite.
Guilherme Fróis
Mas na 2.3. também há alguns desacertos, dos que eu já vi.
E o poema? É interessante relacionar com o que tínhamos aprendido de Antero, certo?
Foste sensível à musicalidade do texto?
Guilherme
«Tive duvidas quanto ao que representa a escuridão no poema. Eu associei à ideia de falta de respostas, de infelicidade, mas não consegui perceber o significado concreto»
Pois bem, para além dos esclarecimentos mais desenvolvidos que podes ver noutras turmas, a questão não é bem de felicidade ou infelicidade - embora no dia a dia usemos essas palavras também nesse sentido.
Aqui...
linha 4
"(...) em entre", é apenas: entre
linha 7
"(...) com após", é apenas: após
cont.
Para estabelecer o significado do jogo entre "luz" e "escuridão" no soneto "A João de Deus", repara:
Quantas vezes não usamos as expressões «luz», escuridão ou escuridade ou negritude para falar/pensar em certos assuntos.
Quando dizemos a alguém que ela está a ver tudo «negro» ou que teve uma ideia luminosa ou que vê sempre o lado claro da vida, estamos a usar estes significados simbólicos de «luz» e «sombra»/«escuridão».
O ser humano - na sua procura da verdade - (a +procura de IDEAL, em Antero, que abordámos, a busca do Ideal, da Verdade, da Justiça, etc) nem sempre acha a luz, certo?
Não esqueças ver o que é «vã» - essencial para compreender a frase.
Simbolicamente - "A Luz possui um significado simbólico bastante claro. Até mesmo quando dizemos que ele é “claro”, estamos usando o símbolo da luz/claridade para explica-la. Isso por que a luz é o símbolo da divindade por excelência, e o símbolo de tudo o que é superior, claro, nítido, verdadeiro por si mesmo. A luz ilumina e clareia, ela nos ajuda a perceber melhor as coisas como elas são. A luz é a base do ver, do reconhecer, do enxergar. [...] relaciona-se com a consciência e a visão de tudo, assim como ao conhecimento e a sabedoria, mas não é apenas isso. Onde tudo está escuro, a luz se impõe e traz um caráter revelador, do oculto para o revelado.
O mais importante é que a luz representa a natureza de tudo o que é elevado e divino em todas as suas manifestações, como o sol, a lua, o relâmpago, o fogo etc."
A questão é, pois, filosófica e não sentimental, percebes.
É a procura de respostas, o desejo de conhecer a VERDADE e o SENTIDO.
Diz-me se ficou claro (vês,claro - entendido)
Certo, não tinha ficado bem clarificado isso. Obrigado professora!
Guilherme Frois
Sim, ficou claro como água. Eu tinha percebido que a luz era algo que se destacava e se procurava na escuridão, mas não tinha percebido o que era a escuridão em si. Com a explicação da professora ficou tudo muito "claro". Obrigado!
Guilherme
o «escuro pensamento» procura achar a Verdade/a Luz/o entendimento.
Lembras-te de Filosofia e a questão da procura do conhecimento, da busca incessante do pensamento?
1º - F: Claudino, Ataíde, Francisco, Salgueiro, Nascimento, Vieira, Ramos, Pires, Quaresma, Ferreira.
Professora eu estive cá simplesmente as duvidas que tinha foram postas por outros colegas e não ia estar a perguntar a mesma coisa que o Bruno perguntou
João Ferreira
João, muito estranho que ainda não tenha compreendido as regras ao fim de todo este tempo...
E que pares um pouco a pensar nas dúvidas, interações e interpretações dos colegas das outras turmas, afinal manifestação de inteligência.
No teu caso, estranho que não tenhas referido nada acerca da diferença entre o que aqui foi dito e as interpretações que registaste na ficha.
Se quiseres perguntar/observar, és bem-vindo!
Bom dia !
Na parte final do poema em que o sujeito poético afirma "Só Deus pode acudir em tanto dano", quer dizer que Deus o vai ajudar a responder à sua dúvida existencial ou que só Deus é que sabe a resposta e por isso ele nunca irá sabê-la?
Acho que este poema remete muito para a disciplina de filosofia, o que me deixou um pouco confusa sobre a sua conclusão... Era esse o objetivo?
Laura
Tens muita razão quando dizes
"quer dizer que Deus o vai ajudar a responder à sua dúvida existencial ou que só Deus é que sabe a resposta e por isso ele nunca irá sabê-la?
Acho que este poema remete muito para a disciplina de filosofia, o que me deixou um pouco confusa sobre a sua conclusão... Era esse o objetivo?
Lembras-te dos textos de apoio sobre Antero e da minha aula - áudio?
Laura
A questão metafísica, da procura de uma transcendência, uma espiritualidade não é nova no Antero da fase final.
Já em jovem a questão de abraçar a vida religiosa se pusera. Enquanto procura de Ideal, de Elevação, de Busca espiritual e - sim - de procura de respostas para as suas dúvidas.
a unica duvida que ainda posso depois de ter lido as respostas da professora as duvidas dos meus colegas é a relação entre a primeira e a segunda quadra pois a minha interpretação do poema foi um pouco diferente do suposto, sendo que interpretei a luz e a escuridão como a felicidade e a infelicidade respetivamente
Acontece, neste poema, que após tanta busca sempre renovada e sempre insatisfeita, o terceto final traz-nos uma outra hipótese, uma possível «chave» para abrir caminho de respostas - talvez só no divino, numa outra vida mais transcendente, seja - para o poeta - possível encontrar respostas a essa busca nunca satisfeita.
Ficou claro?
Vê o que se discutiu no 11º A.
a unica duvida que ainda posso depois de ter lido as respostas da professora as duvidas dos meus colegas é a relação entre a primeira e a segunda quadra pois a minha interpretação do poema foi um pouco diferente do suposto, sendo que interpretei a luz e a escuridão como a felicidade e a infelicidade respetivamente.
João Ferreira
João (creio)
2.
....estabelecer a relação entre a primeira e a segunda estrofe do soneto "A João de Deus", (página 310 do manual, exercício 2):
Repara:
O poema começa com o estabelecimento se uma definição/caracterização de uma das «Leis» humanas, quer dizer, uma marca da nossa condição humana. Regista, a partir das informação da 1ª quadra, o que é próprio dessa «Lei».
Mas: a 2ª quadra começa com «É lei também...» e vem outro lado, outra «Lei», outra verdade da condição humana. Faz o mesmo - regista as palavras, expressões que caracterizam essa segunda «Lei» que também existe nas nossas vidas. Já está?
Agora é só comparar estes dois lados da condição humana - percebendo que ambas estão associadas, são duas marcas do humano.
Bom dia professora!
A minha dúvida nesta ficha formativa foi mesmo o exercício de gramática que se referia ao "no-la"! Já me esclareço acerca disso nós comentários de um dos posts anteriores onde a professora classificou isso bastante bem!
Miguel Silva
João
Quanto à felicidade/infelicidade neste poema, no contexto Anteriano, é mais adequado o binómio ignorância/conhecimento; pesquisa da verdade/impossibilidade de respostas.
A questão é filosófica, não de estado sentimental. Certo?
Certo, Miguel.
Do resto da Gramática vou pôr as correções já a seguir. Se persistirem dúvidas, avisa.
Bom dia professora. Durante a resolução da ficha formativa a minha maior dúvida foi no exercício de gramática para identificar as funções sintáticas em "no-la", mas já fiquei esclarecido graças ao comentário anterior da professora e dos comentários do 11ºA.
João Rego
Peço desculpa responder só agora e fora de horas, mas o meu computador estava a bloquear e tive que voltar a reescrever o meu comentário.
Sim professora, a meu ver a poesia constitui quase um estilo musical que usufrui, essencialmente, do recitativo (que é uma forma de composição usada comummente nas óperas e nas oratórias e que é próximo da fala, mas tem muita expressividade). Penso que isto esteja diretamente relacionado com a utilização da expressão "recitar poesia".
Sim, estabelecer a relação entre o poema e as aprendizagens sobre Antero é bastante interessante.
Achei também intrigante como toda esta componente filosófica da relação da luz iluminar o pensamento e as ideias ganhou vida com o exemplo da «Alegoria da Caverna» dado pela professora.
B.Azevedo 11ºB
Bom dia professora, já tinha escrito um comentário mas ao que parece deu-se um erro e não foi publicado, a minha dúvida é, Antero dá a perceber que apesar de procurarmos a verdade encontramos muito mais a parte negativa das coisas, e assim, a escuridão. A mensagem que nos quer passar é que nos focamos mais na "escuridade" do que na "luz"?
Raquel Domingos
Bom dia professora, a minha maior duvida acerca da questão 1, mas estive a ler as duvidas do 11ºC e fiquei esclarecido.
Ricardo Garrido
Raquel
Se foi, então, questão técnica, cá vai:
A mensagem que nos quer passar é que nos focamos mais na "escuridade" do que na "luz"?
Não é bem uma questão de foco ou de opção.
É a questão filosófica da busca permanente, incessante e nunca respondida (daí o poeta referir «vã»-inútil-infrutífera) do sentido da vida e do conhecimento da Verdade.
Ficamos sempre, de certo modo, do lado da «escuridão» no sentido de ignorância, não conhecimento pleno.
Mas o que é interessante nos Humanos é continuarem à procura, é não perderem essa vontade de recomeçar, de continuar a procurar respostas.
João Bernardote
Bom dia professora.
Fiquei com algumas incertezas de quando o sujeito poético afirma na segunda quadra:"E só ter como certa realidade/O que nos mostra claro o entendimento".
Qual é a posição dele em relação ao conhecimento da realidade?Será o conhecimento válido quando seja algo claro distinto e simples ou apenas quando é unicamente indubitável?
João B.
"Fiquei com algumas incertezas de quando o sujeito poético afirma na segunda quadra:"E só ter como certa realidade/O que nos mostra claro o entendimento".
Qual é a posição dele em relação ao conhecimento da realidade?Será o conhecimento válido quando seja algo claro distinto e simples ou apenas quando é unicamente indubitável?"
É mesmo a questão da procura da LUZ=VERDADE. E nunca desistir e só ter como «certa», como «verdadeira» aquela «realidade» que nos é mostrada com clareza pelo «entendimento»/ a RAZÃO».
Ficou «claro»?
Não se esqueçam de preencher o breve questionário sobre POESIA.
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