terça-feira, 11 de junho de 2013

"Quase"

Poema “Quase” de Mário de Sá-Carneiro.

O autor, em criança

O poema «Quási» é formado por 8 quadras e a sua forma poética é livre.O esquema rimático divide-se em rima emparelhada, interpolada e cruzada.
Na obra estão presentes diversas figuras de estilo. Existem anáforas (“Um pouco mais de”, “Quase”, “eu era”) - que servem para dar ritmo e ênfase ao contraste entre o que o poeta desejava ser e o que conseguiu, metáforas (“faltou-me um golpe de asa”, “Rios que perdi sem os levar ao mar”) – que exprimem por outras palavras o que o poeta quer transmitir e antíteses (“Assombro ou paz”, “princípio e o fim”) – que é o contraste entre dois elementos ou ideias.

O poema é um balanço à vida do autor (é autobiográfico). Ao longo do texto vamos vendo o que o autor “quase” conseguiu. Ele mostra-se desiludido por não conseguir alcançar os seus objetivos (“De tudo houve um começo… e tudo errou…”,”princípio e o fim”. Como já referi, podemos ver um pouco da sua autobiografia, sabendo que ele era muito rigoroso consigo próprio (“Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim”).


Podemos ainda ver alguma diferença de expetativa do próprio autor. A 1ª estrofe começa com “Um pouco mais de sol – eu era brasa.” e a última igual com a única diferença no tempo do verbo “Um pouco mais de sol – e fora brasa”. Este uso do Pretérito Imperfeito mostra alguma esperança por parte do poeta, faltava só mais um pouco para conseguir, enquanto que o uso do Pretérito mais-que-perfeito mostra que já não há mais nada a fazer, já passou.
Podemos ainda associar este poema (1913) ao lamentável final do autor que acabou por cometer o suicídio (1916), mostrando já o seu desespero.
Os conceitos-chave são: desilusão, frustração, sofrimento, deceção.

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