sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Diário de uma personagem de FREI LUÍS DE SOUSA

Para melhor nos apropriarmos do ser e do sentir das personagens, nada melhor que entrar dentro delas, através de um DIÁRIO. 

 Barreto Poeira, na personagem de Romeiro (à esquerda), e João Villaret, a representar Telmo, no filme FREI LUÍS DE SOUSA, do realizador António Lopes Ribeiro, estreado em 1950.

"Frei Luís de Sousa" - elementos da tragédia

  ALMEIDA GARRETT, FREI LUÍS DE SOUSA
grego tragodía-as)

substantivo feminino

1. Peça de teatro cujo desfecho é um acontecimento funesto

"tragédia", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/trag%C3%A9dia [consultado em 27-01-2015].
grego tragodía-as)

substantivo feminino

1. Peça de teatro cujo desfecho é um acontecimento funesto

"tragédia", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/trag%C3%A9dia [consultado em 27-01-2015].
Ø AÇÃO TRÁGICA

há um conflito, sem solução, entre o passado e o presente;
    - as personagens são arrastadas para a destruição; a força do destino é superior às suas forças
      Ø ETAPAS/ELEMENTOS DA TRAGÉDIA
      • desafio a forças superiores/destino
      • pathos / sofrimento (primeiro em Madalena e Telmo, depois gradualmente em todas as personagens)
      • peripécia (incêndio do palácio e, sobretudo, regresso do Romeiro)
      • reconhecimento (descoberta da identidade do Romeiro) – ponto alto da acção = climax
      • catástrofe
      Ø TEMPO 
      – A ação inicia-se numa fase muito adiantada dos acontecimentos, sendo o passado apresentado nas falas, em retrospetiva

      Ex. O primeiro casamento de D. Madalena, com 17 anos; desaparecimento de D. João há 21 anos; procura de notícias durante 7 anos; casamento há 14 anos; nascimento de Maria há 13. (na Cena II do Ato I)
      Há números/sinais especiais que marcam o tempo: o número 7; o número 3; a sexta-feira (cenas V, X, XIV, do acto I); a semana (intervalo entre Atos I e II); a noite v/s  o dia.
      Ø LINGUAGEM  

      Marcada pelo uso do falar «natural e corrente», adequado, todavia, ao estatuto das personagens:
      Vocabulário sóbrio, mas simples, não «pomposo» ou artificial;
        Frases curtas – “Tens, filha” / “Não, Maria”;
          Expressões próprias do oral -“Está bom”; “Não: credo!” “Queres lá tu saber” “Bonito!” “Louquinha!” “Ora Deus to pague!”
            Repetições: “Veem, veem?” / “Não é isso, não é isso”
              Suspensões/hesitações próximas da nossa forma de falar, traduzidas pelas reticências; expressam emoção, dúvida; muitas vezes associadas a repetições, a frases deixadas por acabar, a interjeições: …é que vos tenho lido nos olhos…Oh, que eu leio nos olhos, leio, leio!...e nas estrelas também – e sei coisas 


              o  Emotividade – traduzida por:
              vocabulário, nomeadamente vocábulos relacionados com emoções, sentimentos (amor, desgraça, coração, suspirar...) e as interjeições  Ah! Oh!  Credo  
              pontuação : para além das reticências, as interrogações, as frases exclamativas: - A mãe já não chora, não? Já não se enfada comigo?  

              o Familiaridade -  registo de língua dominante adequa-se à situação íntima, de diálogo afectivo entre os membros da família (incluindo Telmo):  ”Esposo da minha alma” “meu Telmo”, “Meu querido pai”, ”Ora pois, mana, ora pois!”

              ATENÇÃO: Esta síntese servirá para ajudar no TPC. Mas as vossas respostas devem centrar-se nos exemplos do texto. 

              Frei Luís de Sousa - é tragédia? é drama?

               Maria e Manuel de Sousa, no filme de João Botelho Quem és tu?

               «1. O que há de tragédia na obra?
                 2. Quais os factores que contribuem para a denominar de "drama"


              Ora aqui estão perguntas que também fizemos em aula. Vamos ver a resposta que foi publicada no Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.  (1)

                 1. Em primeiro lugar, uma informação geral sobre o drama romântico e a tragédia clássica.
                 1.1. O drama romântico é um género teatral em que aparecem unidos o elemento trágico e o cómico, o sublime e o grotesco. O drama parte da realidade, tenta retratar a vida real, mas apresenta uma série de situações com diversas personagens que se envolvem em vários episódios, sucedendo-se rápida e confusamente, sem unidade de ação e por vezes com falta de verosimilhança. O desfecho pode ser trágico ou não.
                 1.2. A tragédia clássica é um género nobre, cultivado inicialmente na Grécia. As personagens, ilustres, protagonizam uma ação recheada de atitudes nobres, de coragem, mas em que o protagonista, pessoa justa e sem culpa, caminha inexoravelmente em direção à desgraça ou à morte, vítima de um destino que não consegue vencer. O fim da tragédia é o de provocar o terror e a piedade.
                 2. A obra Frei Luís de Sousa não é exemplo típico nem de uma tragédia clássica nem de um drama romântico. É uma obra híbrida, a nível da classificação quanto à sua natureza. O próprio Almeida Garrett o diz na "Memória ao Conservatório Real", texto por meio do qual faz a apresentação da sua peça: "Contento-me para a minha obra com o título de drama; só peço que a não julguem pelas leis que regem, ou devem reger, essa composição de forma e índole nova; porque a minha, se na forma desmerece da categoria, pela índole há-de ficar pertencendo sempre ao antigo género trágico."

                 2. O que há de tragédia na obra?
                 2.1. Elementos comuns à tragédia clássica: 
                 a) a classe social dos protagonistas: pessoas de estirpe elevada;
                 b) o carácter justo e íntegro das personagens sobre as quais recai a desgraça;
                 c) a existência de um conflito: um conflito interior vivido essencialmente pelas personagens de D. Madalena de Vilhena e de Telmo;
                 d) o desafio ao destino: feito por D. Madalena e D. Manuel de Sousa Coutinho, quando casam sem a certeza absoluta de que D. João estava morto;
                 e) o sofrimento como uma constante ao longo da obra, especialmente vivido por D. Madalena;
                 f) os pressentimentos, a criação de uma atmosfera de temor: os presságios de Telmo, as datas, o incêndio do retrato de Manuel de Sousa Coutinho, o sebastianismo;
                 g) o papel do Destino, entidade à qual o homem não pode fugir;
                 h) a peripécia: o incêndio do palácio de Manuel de Sousa Coutinho, da responsabilidade do próprio, o que vai originar a ida da família para o palácio de D. João, aonde este se dirige imediatamente, mal chega a Portugal, sem tempo para se inteirar bem de todos os aspetos da situação;
                 i) o reconhecimento de uma personagem: o Romeiro como D. João de Portugal;
                 j) a existência de um clímax (a revelação da identidade do Romeiro), a partir do qual o desenlace trágico se torna irreversível;
                 k) a catástrofe: a morte de uma vítima inocente - D. Maria -, a ida dos seus pais para o convento (morte para o mundo), a destruição psíquica de Telmo e o sofrimento de D. João;
                 l) a catarse: o sentimento de terror e piedade provocado nos espectadores, levando-os à aprendizagem de uma lição, à purificação espiritual.

                 2.2. Aspetos em que se afasta da tragédia clássica:
                 a) o facto de estar escrita em prosa (a tragédia clássica era em verso);
                 b) a utilização de um registo de língua coloquial, fluente, próximo da realidade (diferente do tom solene e vocabulário culto da tragédia clássica);
                 c) o facto de ter três atos e não cinco;
                 d) o desrespeito pela lei das três unidades: há apenas unidade de ação, mas não há unidade de espaço (o 1.º ato passa-se no palácio de Manuel de Sousa Coutinho, o 2.º no de D. João de Portugal e o 3.º na parte baixa deste palácio e na igreja de S. Paulo), nem de tempo (os acontecimentos não se dão num dia – máximo de 24 horas - mas sim numa semana);
                 e) a supressão da personagem do Coro, que tinha a função de prever e comentar os acontecimentos, embora se considere que Telmo desempenha parte dessas funções;
                 f) o assunto, que não diz respeito às lendas ou histórias da Antiguidade Clássica, mas é, sim, um assunto retirado da realidade do seu país, com atualidade e com fundo histórico.

                 3. Quais os fatores que contribuem para a denominar de "drama"?

                 São precisamente estes seis, em que se afasta da tragédia clássica e reflete as características do drama de proximidade com a realidade.
                 Como se pode depreender dos tópicos apresentados, esta obra está muito mais próxima da tragédia do que do drama. Garrett apenas não a denominou assim porque o género tragédia tinha tal solenidade e conjunto rígido de regras que o autor preferiu a prudência de uma designação menos prestigiosa, o que lhe pouparia algumas críticas.

              (1) "Drama ou tragédia?", texto da especialista Maria Regina Rocha, publicado no Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, em https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/drama-ou-tragedia/7024, consultado em 20 de novembro de 2019.

              terça-feira, 18 de outubro de 2022

              O Valor da Liberdade (inspirados pela parte II do Sermão de Santo António)

              escolhida pela Sara (11ºD).

                Pedro Neto


              Fonte: https://www.tsf.pt/opiniao/o-veu-de-masha-amini-15193308.html 


              Ser mulher no Irão

                  Nesta notícia é exposto o caso de Masha Amini, uma jovem iraniana de 22 anos, que foi detida pela polícia da moralidade no Irão por "vestir roupas inadequadas", isto é, o véu que ela trazia na sua cabeça deixava à vista um pouco de cabelo; no mesmo dia em que entrou na esquadra também saiu desta, mas em coma, dias depois acabou por morrer. 

                  Desde este acontecimento os protestos no Irão aumentaram, veem-se mulheres a queimar os seus véus em praça pública e homens a apoiar a sua causa. Estes protestos não são contra o uso do hijab, mas sim, pela liberdade de poder escolher usá-lo ou não. À escala mundial começou um movimento solidário de apoio às mulheres iranianas pela sua liberdade, para que tenham direito a tomar as suas próprias decisões.
               

                  Como segundo a lei do Irão, as mulheres são consideradas como metade de um homem, estas continuam a lutar pela paridade. Ao longo dos últimos anos têm vindo a tentar ter o reconhecimento de direitos civis como o direito ao divórcio, ao trabalho, à custódia dos filhos, a viajar, entre muitas outras coisas. Na atualidade, uma mulher só pode usufruir destes direitos se um homem da família como um pai ou um marido assim o permitirem. O preço da luta pela paridade é, para algumas mulheres, muito elevado, no caso desta jovem iraniana e de muitas outras é a sua própria vida ou a prisão.

              Carlota Bento
              11ºD 

              Ler a notícia AQUI

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              A luta pela liberdade e o seu preço

              O Irão vivencia agora uma onda de protestos em todo o país, desencadeados, a 16 de setembro, após a morte de uma jovem iraniana-curda de 22 anos, Mahsa Amini, detida pela polícia moral em Teerão acusada de usar “trajes inadequados”. Em protesto pela à sua morte, Iranianas e pessoas pelo mundo todo, de todas as idades, queimam véus e cortam os cabelos. Indignadas e frustradas as vítimas e opositores desta opressão divulgaram o seu descontentamento nas redes sociais e, à medida que os protestos se espalharam e rapidamente ganharam força, as demandas se tornaram mais abrangentes.

              O principal slogan usado nas manifestações é “Mulher, Vida, Liberdade”, sendo este um apelo à igualdade no país. Não só as mulheres iranianas, mas também os homens lutam neste momento pelos direitos humanos, pela liberdade, pelos direitos das mulheres e pelo direito à mudança no seu país.
               

              A multidão levanta cartazes com mensagens como “Não ao hijab obrigatório”, “O poder das pessoas é maior do que as pessoas no poder” ou “O meu corpo, as minhas escolhas”. O ato da queima do hijab não tem como objetivo desrespeitar os valores da religião, mas sim expressar o quanto as mulheres não aguentam mais a opressão, assim como serem vigiadas e controladas.
               

              Há mais de três semanas que estes protestos duram e, em sua resposta, as forças de segurança já mataram dezenas de manifestantes e prenderam muitos mais. Nesta luta pela liberdade o preço que o povo iraniano paga é a própria vida.

              Obs: Um jovem cantor iraniano, Shervin Hajipour, inspirou-se nestes recentes acontecimentos e escreveu uma música recorrendo a uma compilação de tweets sobre o tema - https://youtu.be/z8xXiqyfBg0.


              S.M 11ºD


              Fontes:
              - https://www.rtp.pt/noticias/mundo/protestos-em-todo-o-mundo-contra-a-morte-da-iraniana-mahsa-amini_n1436882
              - https://www.dn.pt/opiniao/pelas-mulheres-do-irao-15251870.html 

               É preciso regular a liberdade de expressão na internet? - Editora FÓRUM -  Conhecimento Jurídico

              O PREÇO A PAGAR PELA LIBERDADE DE EXPRESSÃO NOS DIAS DE HOJE

                  No nosso dia-a-dia um dos temas mais falados e atuais é a situação da Guerra entre a Ucrânia e Rússia, situação esta que tem abalado a sociedade em geral e também levantado a existência ou a não existência de certos valores morais que devem ser tidos em atenção, entre eles o livre arbítrio, a liberdade de expressão etc. que durante o decorrer de toda esta guerra temos verificado que são muitas as vezes em que esses valores ficam de parte, e um dos mais importantes é como já foi referido a liberdade de expressão sendo que como se pode verificar apesar de ser um direito que nos devia pertencer este tem custos muitos elevados e não me refiro em termos monetários, mas sim o preço da própria vida e da liberdade. Como podemos verificar na notícia que apresento em que um grupo de três poetas russos em forma de demonstrarem o seu descontentamento e preocupação com esta situação, decidiram então escrever um pequeno poema contra a guerra, que levou a que um destes indivíduos fosse atacado com recurso a força física e abusado por parte de uma autoridade russa como consequência da ação que praticaram.

                  Como se pode constatar na maioria destes casos os opositores que apenas querem acabar com a situação e trazer a sua liberdade de volta e a paz no pais e no mundo, mas ao oporem-se, segundo os ideais das autoridades máximas são encaradas como ofensas ao país, o que leva a que os opositores enfrentem duras represálias e sejam censurados por querer o bem como se constatou nesta notícia onde os indivíduos foram ainda sujeitos a uma pena prisional. Desta forma levanto as seguintes questões: Em que parte deste conflito é que se encontra este valor tão importante e que pertence aos cidadãos em geral? Será que existe mesmo liberdade de expressão?

              Fonte: https://observador.pt/2022/09/29/tres-poetas-russos-presos-apos-lerem-texto-antiguerra/

              Trabalho elaborado por:

              J. Rodrigues 11ºA Nº9