terça-feira, 18 de outubro de 2022

Sermão de Santo António - a dimensão crítica e pedagógica II

Continuamos a publicação de alguns exemplos de textos enviados para os comentários... há muito mais para ler e apreciar.

 "Eu acho que este é um tipo de texto que nunca perderá o seu valor nem lição pois a ganância humana nunca desaparecerá [...]"

S. Carvalho, 11ºB

O caminho da mudança

O ‘’Sermão de Santo António (aos peixes)’’ de Padre António Vieira é um dos seus cerca de 200 sermões, tendo este sido pregado no dia de Santo António de 1654, em São Luís do Maranhão (Brasil).

Neste Sermão, o Padre critica indiretamente os Homens, dirigindo aos peixes as repreensões que quer dar aos primeiros. No capítulo aqui abordado, o IV, dá-se início à parte do sermão em que os peixes, que representam alegoricamente os Homens, começam a ouvir acerca dos seus defeitos gerais.

O pregador começa por referir que pensa que o facto de os peixes se comerem uns aos outros é o seu principal defeito, e, recorrendo a gradações, que se torna mais grave pois os grandes comem os pequenos. Padre António Vieira de seguida diz aos peixes que em meio dos Brancos, também o mesmo se sucede, também estes se comem entre si, e utiliza anáforas e enumerações quando o exemplifica, dando a ideia de que tal ocorre várias vezes. O orador estabeleceu aqui uma analogia entre ambas as situações, mas sendo o sentido dado ao verbo ‘’comer’’ diferente; para os peixes, o verbo é utilizando o sentido literal, já para os Homens, é usado no sentido metafórico, referindo-se na verdade à voracidade com que os humanos prejudicam o próximo.

O excerto tido em conta termina com o Padre a dizer que tais atos são condenáveis por Deus, utilizando assim um argumento de autoridade e conferindo maior credibilidade ao seu discurso critico, e que serão devidamente punidos por este último.

O orador conseguiu demonstrar com bons exemplos como os Homens da sua sociedade eram oportunistas, injustos, ingratos, aldrabões e dissimulados, com o fim de promover na sua audiência uma introspeção acerca dos seus comportamentos e alertar para a mudança dos mesmos.

É triste ver que ainda no século XXI um tema como este, já abordado no século XVII, se mantém bastante atual. Haverá sempre maldade e corrupção no mundo, mas cabe às pessoas tentar reduzi-las, começando em si mesmas e depois instigando essa vontade nos outros. Por isso é que escritores como Padre António Vieira são importantes; espalham a sua visão do mundo disfuncional em que vivem, na esperança de que as pessoas se apercebam do mal que praticam e mudem; ajudam as pessoas a abrir os olhos e a querer dar os primeiros passos no longo caminho da mudança.

Lara Ferreira||19 de outubro de 2022

 

Os homens comparam-se aos peixes

- Apreciação crítica do capítulo IV do Sermão de Santo António aos peixes -


        No capítulo IV do "Sermão de Santo António", o orador realça os defeitos dos homens através dos defeitos dos peixes, visto que tudo o que os peixes têm de bom os homens não possuem.
        Neste excerto do Sermão é feita uma grande analogia entre os peixes e os homens, uma vez que ambos para sobreviverem nos seus habitats naturais têm de se comer uns aos outros; este comer nos homens está em sentido figurativo e deve-se aos pecados, como a vingança, o poder, o cobiça, a soberba e a sensualidade, pecados estes que o pregador via em demasia. Já nos peixes o verbo comer encontra-se no sentido literal, dizendo que os peixes grandes comem os mais pequenos e nunca o contrário, pois os mais pequenos são os mais fracos, e tanto os peixes como os homens procuram a fraqueza para se sentirem mais poderosos.
        Com esta parte do Sermão o pregador pretende chamar à atenção do seu auditório, pois é mais fácil ver defeitos nos outros (neste caso nos peixes) do que em nós próprios, pois os homens não veem ou tentam esquecer os seus pecados, pondo apenas os olhos no que fazem de bom. Tanto os homens como os peixes não olham a meios para atingir os fins.
        Na minha opinião, este excerto do Sermão de Padre António Viera permite-nos refletir sobre como vivemos na mesma sociedade praticamente sem mudanças desde o século XVII e também sobre o facto de se nos considerarmos os únicos animais racionais e que não podem ser domesticados,  temos de mudar o mundo e a mudança começa pelos homens.
    Por fim, Padre António Viera com este Sermão permite-nos concluir que mesmo mudando de auditório os pecados continuam.

Rita Aires 11ºA

18 de outubro de 2022 

 

A ganância dos homens.
 

    No capítulo IV do Sermão de Santo António, pregado a 13 de junho de 1654, Padre António Vieira tece críticas aos habitantes do Maranhão, utilizando peixes como meio para essa reprimenda, através de uma analogia.
    O pregador recorre mais que uma vez a figuras religiosas, como Santos ou o próprio Deus, que também condenam os mesmos vícios que o padre pretende criticar: "Os homens, com suas más e perversas cobiças, vêm a ser como os peixes, que se comem uns aos outros." O orador aponta nos peixes nos peixes defeitos, principalmente a sua voracidade e ambição exorbitante, transpondo-os imediatamente para os homens: considera chocante não só que os peixes se comam uns aos outros, mas também que apenas os maiores se alimentem dos mais pequenos. De seguida, dirige a sua atenção à terra, às cidades, onde demonstra que os homens mais poderosos também comem os menos importantes: "Comem-no os herdeiros, comem-no os testamenteiros (...) e os que, cantando, o levam a enterrar".
    Nos seus exemplos, o autor atribui ao verbo "comer" - a palavra chave do capítulo - dois significados. Nos peixes, que se alimentam uns dos outros, é visível o sentido denotativo. Aos homens, que se prejudicam, se maltratam e tiram proveito uns dos outros, associa um sentido conotativo do verbo. Através deste jogo de sentidos, o padre concretiza a analogia entre homens e peixes, reforçando a crítica à ganância e avidez dos homens que utilizam outros como meios para atingir os seus objetivos de poder.
    O Sermão de Santo António é, num todo, uma obra intemporal, sendo o capítulo em causa um ótimo exemplo disso: a sede de poder a a ganância são defeitos inerentes à humanidade, não sendo específicos do século XVII ou de qualquer outra época. Vemos, na sociedade atual, exemplos dessa situação tanto nas empresas que obtém lucros descomunais com a guerra como determinados políticos que se aproveitam dos dinheiros públicos. Estes são apenas dois exemplos menos gerais, sendo impossível negar a existência de homens "comuns" a tirar proveito de outros, como, por exemplo, herdeiros que tentam negociar partilhas ou patrões que exploram e pagam mal aos seus trabalhadores.
    Assim, o capítulo IV do Sermão é um exemplo claro de que a gula prevalece na atualidade, sendo a crítica de Padre António Vieira relevante e aplicável na sociedade de hoje.


Carlota Aniceto 11B |18 de outubro de2022

 

Os Peixes de Vieira e a Atualidade

    Padre António Vieira, no dia 13 de junho de 1654, na cidade de S. Luís do Maranhão, deu um sermão em honra de Santo António, já que era o dia deste. O pregador, em vez de falar do santo, pregou como este tinha pregado um dia: deu um sermão para os peixes já que os homens não o queriam ouvir.
Num excerto do capítulo IV, ele aponta um defeito geral a todas as espécies de peixes: estes comem-se uns aos outros e se não bastasse isso os peixes maiores comem os peixes mais pequenos. Na realidade, 

        O autor não se está só a referir a um defeito dos peixes, mas também a um defeito dos Homens. Quando profere que os Homens se “comem” uns aos outros não são os canibais que habitam na floresta, mas sim os Homens que habitam na cidade. Os Homens mais poderosos “comem” os mais pobres em silêncio. Este quer dar a ver que os Homens mesmo antes de serem “comidos” pela Terra, por outras palavras mesmo antes de morrerem, já foram “comidos”, roubados e desrespeitados pelos Homens que habitam na Terra.

        Padre António Vieira, para que o seu auditório percebesse o quão certo e o quão verdadeiro era tudo o que ele dizia, utilizou argumentos de autoridade como citações de Santo Agostinho, um doutor da igreja; Usou as palavras de um personagem da Bíblia, Job; E ainda colocou as palavras da autoridade máxima da igreja, Deus, para que os seus ouvintes percebessem que tudo o que ele dizia não era mentira. Aplicou também argumentos por analogia. Padre António Vieira mostrou aos peixes que muitos dos defeitos que estes apresentam os Homens também os têm e para complementar e chocar ainda mais o seu auditório, este colocou argumentos universais. O orador disse aos peixes verdades que não podem ser refutadas, como estes terem sido criados no mesmo elemento; que todos são cidadãos da mesma pátria e que todos são irmãos pois todos são filhos de Deus. Estas verdades também servem para os Homens.
        O pregador também utilizou diversos recursos para dar mais relevância ao seu sermão. A enumeração - “Come-o o meirinho, come-o o carcereiro, come-o o escrivão, come-o o solicitador (…)” (L. 42) – serve para reforçar a ideia de que todos “comem” a mesma pessoa. A apóstrofe ajuda a que o seu auditório tenha mais interesse no seu sermão. A interrogação retórica auxilia a que os seus ouvintes pensem e reflitam sobre aquele assunto. A metáfora pois o padre quer mesmo referir-se aos Homens e não aos peixes mas utiliza-os pois têm defeitos em comum com os Homens; A anáfora serve para reforçar as ideias de que estes “comem-se” uns aos outros [...]. A gradação é o recurso-chave deste capítulo – “Não só vós vos comeis uns aos outros como os grandes comem os pequenos” (L. 4) – isto sustenta a indignação do assunto deste capítulo para que o auditório perceba o quão grave é aquela situação.
        Na realidade este sermão é para os Homens percebam o seu grande defeito que também é comum aos peixes. A meu ver, este defeito ainda está presente nos dias de hoje, em pleno 2022, onde quem é mais pobre é roubado por quem é mais rico e que depois por não ter recursos vive nas ruas. Na época em que estamos, isto é um assunto que já deveria de ter sido ultrapassado, já deveria existir igualdade entre classes sociais ou até mesmo não existir classes sociais, mas as pessoas continuam egoístas, só a pensarem em si mesmas, a quererem tudo e sem pensar na vida dos outros, na felicidade dos outros. 

    A ganância, o egocentrismo, a fome de poder e de vencer faz com que as pessoas se separem, que não se respeitem e até mesmo que façam com que as mais pobres sejam roubadas e infelizes para que as outras estejam felizes e contentes. Se eu pudesse mudar isto sozinha eu o faria, mas cabe a todos nós respeitarmo-nos e pensarmos uns nos outros também, a exemplo do Padre António Vieira.
 

Milene 11ºA|18 de outubro de 2022

 

Apreciação crítica sobre o capítulo IV do Sermão de Santo António aos Peixes

O pregador do século XVII que mudou a sociedades

No dia 13 de junho de 1654 estava a ser pregado por Padre António Vieira o Sermão de Santo António ao Peixes aos moradores de São Luís do Maranhão, no Brasil. Este sermão encontra-se dividido em três partes importantes: Exórdio, Desenvolvimento e a Peroração; todo este sermão é alegórico. Neste texto irá ser apresentada uma apreciação crítica sobre o capítulo IV deste Sermão.

O capítulo IV do Sermão de Santo António aos Peixes tem como tema principal criticar e repreender os piores defeitos do peixes que é estes se comerem uns aos outros, e como se não bastasse eles se comerem uns aos outros ainda se comem vivos, o escândalo maior neste tema é o facto de serem os peixes grandes a comer os pequenos e não o contrário _” Sendo os peixes criados no mesmo elemento, cidadãos da mesma pátria e irmãos(…)” e comem-se uns aos outros! cometendo assim um dos pecados mais condenáveis e horrendos, desta forma o orador mostra aos peixes o quão atroz e voraz é comerem-se uns aos outros como mais à frente no capítulo IV, fazem, e desta forma sensibilizá-los para que tenham uma visão mais abrangente sobre a sociedade onde podem evidenciar que os homens da mesma sociedade , também procuram se comer uns aos outros como no exemplo do texto em que uma pessoa morreu e de forma instantânea os homens procuram-no comer _”Comem-no os herdeiros, comem-nos os testamenteiros , comem-no os legatários, comem-no os acredores (…)” e o pregador utiliza a expressão _” enfim, ainda o pobre defunto o não comeu a terra, e já o tem comido toda a Terra.” Para assim contrastar o facto de mesmo antes de ele ter sido enterrado já estava a ser comido pelos homens, destacando e criticando a vontade incessante/ voracidade de se comerem uns aos outros e que evidentemente é uma das críticas principais e um dos maiores defeitos dos peixes, assim conseguiu apoiar a sua crítica à sociedade e chamar a atenção do seu auditório através de argumentos de autoridade, por analogia como irá ser demonstrado.

Na minha opinião, nos dia de hoje ainda existem algumas parecenças com estas atitudes e defeitos dos peixes ,e através de analogias o autor crítica os defeitos nos peixes equivalentes nos homens, em que os grandes comem os mais pequenos, o que por comparação nos dias de hoje é o que acontece: temos as autoridades máximas que são o governo e seus constituintes e a classe, minoritária em poder, que é o povo; a utilização do poder superior acontece através de subidas de impostos, aumento dos juros, prestações de casas, por exemplo, serve para fazer como os peixes faziam no século XVII que era os mais fortes e maiores comerem os mais fracos e pequenos que não têm possibilidade de arcar com todas estas despesas ficando sempre em minoria e como se vê foi algo que não teve muita alteração desde o tempo de Vieira até aos dias de hoje.

Uma situação que achei pertinente foi o facto de que já no século XVII o autor tinha essa visão futurista e visionária, e consegue demonstrar essa virtude em diversos momentos do Sermão, mas em particular através do argumento por analogia que usa _" (…) que entre os homens haja tal injustiça e maldade! Pois isto mesmo é o que vós fazeis”; integra no texto também diversos atos de fala diretivos direcionados aos peixes como repreensão e alerta _”Olhai peixes(…) Muito maior açougue é o de cá, muito se comem os Brancos.” utiliza ainda fortes argumentos de autoridade para conseguir realçar as suas e ideias e criticando mais uma vez os vícios dos peixes e as suas atitudes e marca ainda a voracidade e ambição, invocando “personagens” marcantes que impõem como o próprio nome indica uma certa autoridade e valor nos argumentos críticos

_” Olhai como estranha isto Santo Agostinho(…)”;”Ouvi a Deus queixando-se deste pecado” realçando assim para o defeito dos peixes, provando também que sem ser ele tinha outras autoridades que criticavam esta situação da mesma maneira, apoiando-o assim, Vieira utiliza ainda bons recursos de estilo que de uma forma suave o apoiam nas suas ideias como o uso de anáforas, antíteses, metáforas, Interrogações retóricas, Enumerações, Apóstrofes etc., ainda a utilização de gradações _”Não só vos comeis uns aos outros, senão que os grandes comem os pequenos.”

Do meu ponto de vista, o objetivo de António Vieira foi bem conseguido na crítica aos vícios dos peixes que na prática era direcionada aos homens que não o ouviam e que se comiam uns aos outros, e que com todos os recursos que usou e a nomenclatura de peixes conseguiu que o seu auditório lhe desse finalmente ouvidos, e isto é muito revolucionário para a época conseguir mover um auditório para a sua atenção através da sua leitura e da forma como invocou as personagens deste texto, as palavras e também o facto do pregador atingir quase uma previsão do que aconteceu no século XVII pudesse agora coincidir nos dia de hoje e portanto considero que esta parte em específico do sermão tem uma enorme importância e interesse para ajudar, a que as pessoas de hoje em dia aprendam a forma de como viver em sociedade e de forma respeitosa entre todos .

Trabalho elaborado por J. Rodrigues 11ºA Nº9

Os Homens grandes pescam indiscriminadamente

    O capítulo IV do "Sermão de Santo António" pretende criticar a sociedade Humana indiretamente, fazendo analogias com peixes, tendo sido pregado pelo padre António Vieira em 1654 no dia de Santo António, dia 13 de junho, em S.Luís de Maranhão em Brasil.
 

    Este capítulo descreve os defeitos dos peixes e compara-os aos dos Homens, referindo-se a como os peixes se comem uns aos outros, no sentido literal, sendo que os grandes comem os pequenos, e isto é realçado pela gradação feita pelo autor, comentando que para alimentar um peixe grande são precisos muitos pequenos, e compara a forma como, no sentido metafórico, os Homens também se comem uns aos outros, sendo também os Homens grandes que comem os pequenos.

    O texto é finalizado com o padre dizendo aos peixes que Deus castiga os Homens por estas ações e também os castiga eles.

    Este sermão é dirigido aos Homens, usando os peixes como alegoria, pretendendo dizer que os Homens se usam uns aos outros para alcançar os seus objetivos, sendo mais fácil para os maiores, ou seja mais poderosos ou ricos, aproveitar-se dos mais pequenos, ingénuos ou pobres, algo que ainda acontece hoje em dia como, por exemplo, na corrupção dos políticos e dos donos de empresas e bancos, que usam o dinheiros de outros para os seus próprios fins, como no passado os reis, nobres e clero faziam.

    No meio do texto existem enumerações de quem e quando se comem os Homens, e pensando nisso, do meu ponto de vista, faz-nos relembrar como isso acontece tanto, infelizmente, que parece que podíamos criar infinitas enumerações com exemplos destas situações hoje em dia.

    O pregador usa no final do texto um argumento de autoridade, dizendo que Deus punirá todos os que se comem uns aos outros, referindo que ninguém escapa ao castigo de Deus após fazer parte de tais injustiças, sem exceções.

    Concluindo, o "Sermão de Santo António" é uma crítica à corrupção na sociedade, que ainda hoje nos conseguem pôr a pensar na nossa sociedade, o que revela como o mundo mudou tanto mas as pessoas nem por isso.

José Oliveira 11ºA 18 de outubro de 2022 

 

Crueldade dos homens

    Entre todas os sermões que o Padre António pregou, o sermão aos peixes do dia 13 de junho de 1654 é o mais conhecido. Todo o sermão assenta num recurso que é analogia entre o comportamento dos peixes e metaforicamente o dos homens.

    No capítulo IV o orador critica a voracidade dos homens, comparando com os peixes; utiliza-se o sentido literal para os peixes, por exemplo, "os peixes comem-se uns aos outros"; na mesma forma, mas no sentido metafórico, faz a crítica aos homens. Para explicar melhor a sua ideia, o autor utiliza recursos como enumerações e anáforas, "Comem-os herdeiros, comem-os testemunhas (...) "; sem dúvida que o sentido do verbo comer é para traduzir a ambição humana.

    É evidente que a ideia de António Vieira representa a atualidade da nossa sociedade, pois, ainda hoje, os homens se comem uns aos outros, mais uma vez no sentido figurado. Como vemos, no dia a dia os preços estão a chegar ao pico e os lucros estão cada vez mais baixos para os pobres. Nas situações de guerra, em vez de ajudar o público, os ricos ganham cada vez mais, por exemplo, aumentando o preço do petróleo, dos alimentos, etc.

    Neste capítulo, até o Santo Agostinho diz que " Os homens com suas más e perversas cobiças, vêm a ser como os peixes, que se comem uns aos outros"; esta citação explica a cruel realidade da nossa sociedade, que está a piorar com o tempo.

    Concluindo, o capítulo IV do sermão de Vieira é um texto perfeito para explicar a gula dos homens.


Kartik 11°D

18 de outubro de 2022 às 11:47

  


 

 

1 comentário:

Anónimo disse...

Comer é Poder
No dia 13 de junho de 1654, o Padre António Vieira pregava, em São Luís do Maranhão, aquele que se tornaria o seu mais famoso sermão, "O Sermão de Santo António aos peixes". No capítulo IV desta obra, o Padre Vieira critica a voracidade e a ambição desmedida dos homens.
Neste capítulo, António Vieira faz a analogia entre o principal defeito dos peixes e a gula dos homens. É dito que, tal como os peixes se comem uns aos outros (sendo que os maiores/mais poderosos comem os mais pequenos), também os homens se "comem" uns aos outros.
O pregador faz esta analogia de uma forma brilhante, brincando constantemente com o sentido denotativo e conotativo da palavra "comer": "...vos comeis uns aos outros."(referindo-se aos peixes) - sentido denotativo; "comem-no os herdeiros..."(referindo-se a um defunto)-sentido conotativo.
Para deixar bem explícita a voracidade dos homens, são usados vários exemplos como: "Morreu algum deles, vereis logo tantos sobre o miserável a despedaçá-lo e comê-lo. Comem-no os herdeiros, comem-no os testamenteiros..." Nestes exemplos é usado o sentido figurado de comer. Todos tiram proveito da desgraça do defunto, tal como um peixe grande se aproveita de um indefeso peixe pequeno.
É ainda abordada com classe a questão racial. No sermão é dito que este tipo de pecados, como a cobiça, não são apenas cometidos pelos "Tapuias", mas antes pelo contrário, são muito mais comuns na zona urbana, onde há classes sociais definidas, entre os "Brancos".
Gostava também de valorizar a riqueza do discurso. De forma a reforçar a credibilidade do seu discurso, o orador usa diversos argumentos de autoridade, empregando o nome de várias figuras religiosas, como Santo Agostinho. Todos os recursos expressivos usados como a enumeração e a anáfora enriquecem o capítulo, mas é de se destacar a pergunta retórica, que contribui para uma mais fácil reflexão dos ouvintes.
Concluindo, esta obra tem como objetivo inquietar as pessoas para que façam uma análise sobre as suas atitudes - "Servir-vos-ão de confusão, já que não seja de emenda". A obra é intemporal, dado que os assuntos abordados, como a ganância, ambição e a cobiça humanas são temas ainda do nosso tempo.
Um exemplo atual muito claro, são todos aqueles que beneficiam da guerra na Ucrânia, como a indústria dos combustíveis. Enquanto o peixe pequeno luta pela liberdade, o peixe grande enriquece, distanciando as duas realidades.

J.N 11ºB