sábado, 30 de janeiro de 2010

Concurso Linhas de Leitura


CONCURSO MUNICIPAL
 LINHAS DE LEITURA



REGULAMENTO
Artº 6º - Provas de selecção

Trata-se de uma prova pública, a ser efectuada durante o dia 3 de Fevereiro de 2010, pelas 10h30, no auditório da Câmara Municipal de Torres Vedras.

Na prova participarão os concorrentes inscritos pelas escolas do concelho.

As provas serão concebidas e organizadas pelo Júri.

Como princípio geral orientador do Concurso Municipal de Leitura está o prazer de ler, pretendendo-se estimular nos concorrentes o gosto pela leitura e o contacto com os livros. Assim, as provas serão escritas e avaliarão os conhecimentos dos concorrentes sobre as obras seleccionadas, podendo constar de questionários de escolha múltipla, questões abertas e comentário pessoal redigido pelo participante.
 
 

Auditório da Câmara
 
 

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010


"MORTE AOS FRANCESES, C.(Cecil) S. (Scot) Forester. Publicações Europa-América, col. Livros de Bolso Europa-América, nº 343, Lisboa,s/d. 147 p. « A última invasão francesa de Portugal em 1810 encurralou Wellington nas Linhas de Torres Vedras. O atirador Dodd do 95º ficou separado do seu regimento e decidiu organizar sozinho um bando de guerrilheiros portugueses que irá atormentar os franceses durante vários meses...» (da contra-capa). C.S. Forester foi um autor muito popular na primeira metade do séc.XX. Escreveu muitos romances históricos, de que se destacam os que situou na Guerra Peninsular, como este pequeno livro que evoca acontecimentos ligados que estamos a lembrar no Bicentenário das Guerras Napoleónicas em Portugal."
In: http://linhasdetorres.blogspot.com/2009/08/bicentenario-das-invasoes-francesas.html

Esta obra em inglês tem o mesmo título - Death to the French, mas a versão americana saiu com o título RIFLEMAN DODD .

C.S. Forrester. Death to the French The novel that inspired Bernard Cornwell's Sharpe series. It is 1810, and the last French invasion of Portugal has penned Wellington's army behind the river Tagus with their backs to the sea. Separated from his regiment, Rifleman Dodd of the Ninety-Fifth stumbles on a band of undisciplined Portuguese peasants. With rough inventiveness he transforms this ramshackle group into an organised fighting force, continually harrying French as Dodd fights his way back to his own lines. Written by the author of the Hornblower series, Death to the French is a classic novel of the Peninsular War. http://british-cemetery-elvas.org/reading.html

Imagens do filme sobre as Aventuas de Sharpe, baseada nos livros de B. Cornwell


Ver excertos do filme baseado em Sharpe e o Ouro (Sharpe's Gold)
Início
Sir Artur Welligton
Sharpe encontra o ouro. Final

Nas obras de Bernard Cornwell relacionadas com este tema, há uma clara inspiração nesta obra de Forester, em particular em Sharpe e o Ouro e no mais recente A Fuga deSharpe:

In "Sharpe's Escape" (2004) one of Bernard Cornwell's Richard Sharpe novels (which were partly inspired by Death to the French), a Rifleman named Matthew Dodd is separated from Sharpe's company during a skirmish during the Peninsular Campaign in 1810. Cornwell has acknowledged on his website that this character is intended to be the same individual depicted by Forester in "Death to the French." [1]http://www.answers.com/topic/death-to-the-french

Visita os sítios de:
Bernard Cornwell

Perguntas e respostas aos leitores. Podes colocar perguntas ao autor aqui.

Admiradores de Sharpe têm um sítio com filmes, excertos das obras, informações sobre os temas e muito mais em:
http://bernardcornwellbr2.vilabol.uol.com.br/sharpedownloads/gold.htm
http://bernardcornwellbr.vilabol.uol.com.br/obras/todas_serie.htm








Whoever forgets history is doomed to relive it.               
Celui qui ne se souvient pas du passé est condamné à le revivre.
Quem esquec a História, está condenado a revivê-la.




George Santayana 1863-1952





Aprende mais sobre as Linhas de Torres e o sistema de semáforos usados durante a Guerra Peninsular em:



"A memória é a história do mundo"


Imagem*: René Magritte, O Falso Espelho, 1928

A memória é uma imagem do passado menos nítida do que a verdade
Bruno 10ºA

A memória é desgastada, erodida e desfaz-se, transformando o que era outrora uma rocha sólida , em pequenos grãos de areia que, a pouco e pouco, formarão novas rochas, tendo estas diferentes recordações, mas ainda pequenas partículas das anteriores, as quais não podem ser destruídas...


Maria Silva .10ºA

A memória é um vulcão, que a partir do momento em que explode deixa para sempre vestígios de cinzas.
Patrícia 10ºA

A memória é como uma agulha no palheiro: está lá, mas poderemos nunca a encontar

Luís G. Gomes 10ºA


A memória é tal como um hotel, no qual as pessoas se alojam, umas só por uma noite e outras por meses, acabando todas por sair um dia.

Gonçalo Arsénio 10ºA


A memória é uma estação de via-férrea inactiva, pois o comboio passa mas nós não o conseguimos apanhar.

Sebastião 10ºA


A memória é uma praia deserta. Os ventos do esquecimento diariamente varrem os grãos de areia das dunas, substituindo-os por novos. Torna-se um ciclo vicioso, entre o esquecimento... e o aparecimento de novas memórias.

Tiago Henrique Rosado nº24 10ºB


Memórias ... as nítidas, as que marcam... permanecem, são guardadas e recordadas de forma a que o tempo passe e não destrua a imagem a cores que são e que as mantêm acesas como fogo e firmes e sólidas em mim.

Memórias ... as a preto e branco ... essas já marcaram, mas sem querer, mesmo sem querer ... deixei que o tempo as levasse. Deixei que passassem de perto a longe. Mas não as esqueço facilmente: são estações de ano em mim, voltam em períodos, de tempo em tempo ... ou simplesmente, voltam, quando toco na ferida que não sarou.

Memórias ... outras já esquecidas ... sem porto de abrigo. Já não me lembro de quais eram, nem sei se eram ... ou se vieram! São enigmas não descifráveis. Já não as reconheço.

Mariana Viola 10ºB nº16



Salvador Dali, Persistência da memória (1954)

A memória é um computador. Os ficheiros são guardados e só se perdem quando são apagados de propósito ou sem ele.
Mariana Freitas 10ºB nº17


A memória é um livro. Contém muita informação, mas para a conseguir tem que se estar na página correcta.

A memória é a história do mundo. Apenas consegue registar o passado e o presente, mas nunca o futuro, acentuando em si os episódios mais importantes.
José Freitas, 10ºB

A memória é um armário desarrumado que tem camisolas velhas e novas, umas já com buracos, outras ainda com etiquetas.

Inês Vieira, 10ºB, nº8




MEMÓRIA (S)
Estes contributos foram dados entre 12 de 24 de Janeiro de 2010.
 
Quem desejar pensar e escever outras sugestões, pode fazê-lo. A memória tem sempre uma porta berta para novas entradas...
 
 


domingo, 10 de janeiro de 2010

Sento-me aqui nesta sala vazia e relembro.

Narciso*

Nas histórias autobiográficas (romances, novelas, contos…), o narrador recorre frequentemente a verbos como lembrar, relembrar, recordar, , evocar ou outros que dêem conta desse exercício da «trazer à memória».

Vou apresentar-vos o exemplo do romance de Vergílio Ferreira, Aparição, que começa, como vos disse, assim:

Sento-me aqui nesta sala vazia e relembro. Uma lua quente de Verão entra pela varanda, ilumina uma jarra de flores sobre a mesa. Olho essa jarra, essas flores, e escuto o indício de um rumor de vida, o sinal obscuro de uma memória de origens.
(...)

Pelas nove da manhã deste dia de Setembro cheguei enfim à estação de Évora. Nos meus membros espessos, no crânio embrutecido, trago ainda o peso de uma noite de viagem. E agora, que escrevo esta história à distância de alguns anos, exactamente neste mesmo casarão em que tudo se passou, relembro vivamente [essa] manhã de Setembro.


Aparição de Vergílio Ferreira.


Repara que o narrador mostra-nos desde o início o espaço da narração: através do advérbio aqui, do  esta e do verbo relembrar no presente do indicativo - relembro.
O espaço da narração é a sala vazia em que o narrador está e no qual relembra a história que se passou consigo, em Évora, que é o espaço em que decorre a história que vai contar/a narrativa.

 
E este autor é tão original ao fazê-lo, trabalha a linguagem de tal forma que muitos colegas vossos quando falam deste texto referem, frequentemente, "o poeta" para se referir ao romancista. Aprecia:
 
(...)  Sinto, sinto nas vísceras a aparição fantástica das coisas, das ideias, de mim, e uma palavra que o diga coalha-me logo em pedra. Nada mais há na vida do que o sentir original, aí onde mal se instalam as palavras, como cinturões de ferro, aonde não chega o comércio das ideias cunhadas que circulam, se guardam nas algibeiras. Eu te odeio, meu irmão das palavras que já sabes um vocábulo para este alarme de vísceras e dormes depois tranquilo e me apontas a cartilha onde tudo já vinha escrito... E eu te digo que nada estava ainda escrito, porque é novo e fugaz e invenção de cada hora o que nos vibra nos ossos e nos escorre de suor quando se ergue à nossa face.
 
VF
 

Para saber mais: http://cvc.instituto-camoes.pt/filosofia/1910j.html

* Créditos da imagem de Narciso (sítio acedido em 10 Jan.2010):
http://media.photobucket.com/image/imagens%20narciso/RIPyEnus/Narciso_2.jpg

Bocage e Florbela


Nunca se pode pensar, como vimos no texto da Profª Clara Rocha e nas nossas reflexões que um texto - mesmo que autobiográfico ou com marcas mais evidentes da vida do seu autor - é uma cópia, uma reprodução fiel. A escrita cria, sempre e obrigatoriamente, distância.


Para voltarmos à aula anterior o espelho reflecte o real, mas não é uma projecção.


Deixo-vos, no entanto, com versos de dois poetas portugueses, cuja escrita é mais marcadamente autobiográfica: Bocage e Florbela Espanca.




Bocage (1765 -1805)
 
 

Já Bocage não sou!... À cova escura

Meu estro vai parar desfeito em vento...
Eu aos céus ultrajei! O meu tormento
Leve me torne sempre a terra dura.

Conheço agora já quão vã figura
Em prosa e verso fez meu louco intento.
Musa!... Tivera algum merecimento,
Se um raio da razão seguisse, pura!


Eu me arrependo (…)

Oh! Se me creste, gente ímpia,
Rasga meus versos, crê na eternidade!

Bocage

 
Flobela Espanca (1894-1930)

Falo de ti às pedras das estradas,

E ao sol que e louro como o teu olhar,
Falo ao rio, que desdobra a faiscar,
Vestidos de princesas e de fadas;

Falo às gaivotas de asas desdobradas,
Lembrando lenços brancos a acenar,
E aos mastros que apunhalam o luar
Na solidão das noites consteladas;


Digo os anseios, os sonhos, os desejos
Donde a tua alma, tonta de vitória,
Levanta ao céu a torre dos meus beijos!

E os meus gritos de amor, cruzando o espaço,
Sobre os brocados fúlgidos da glória,
São astros que me tombam do regaço!
Florbela Espanca, in "A Mensageira das Violetas"
 
 

 

Para ouvir:   Ser Poeta - Florbela Espanca - Cantado por Luís Represas (acedido em 10 Jan/10)

Para saber mais:
Flobela - http://www.vidaslusofonas.pt/florbela_espanca.htm
Bocage - http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/bocage.htm