domingo, 10 de janeiro de 2010

Bocage e Florbela


Nunca se pode pensar, como vimos no texto da Profª Clara Rocha e nas nossas reflexões que um texto - mesmo que autobiográfico ou com marcas mais evidentes da vida do seu autor - é uma cópia, uma reprodução fiel. A escrita cria, sempre e obrigatoriamente, distância.


Para voltarmos à aula anterior o espelho reflecte o real, mas não é uma projecção.


Deixo-vos, no entanto, com versos de dois poetas portugueses, cuja escrita é mais marcadamente autobiográfica: Bocage e Florbela Espanca.




Bocage (1765 -1805)
 
 

Já Bocage não sou!... À cova escura

Meu estro vai parar desfeito em vento...
Eu aos céus ultrajei! O meu tormento
Leve me torne sempre a terra dura.

Conheço agora já quão vã figura
Em prosa e verso fez meu louco intento.
Musa!... Tivera algum merecimento,
Se um raio da razão seguisse, pura!


Eu me arrependo (…)

Oh! Se me creste, gente ímpia,
Rasga meus versos, crê na eternidade!

Bocage

 
Flobela Espanca (1894-1930)

Falo de ti às pedras das estradas,

E ao sol que e louro como o teu olhar,
Falo ao rio, que desdobra a faiscar,
Vestidos de princesas e de fadas;

Falo às gaivotas de asas desdobradas,
Lembrando lenços brancos a acenar,
E aos mastros que apunhalam o luar
Na solidão das noites consteladas;


Digo os anseios, os sonhos, os desejos
Donde a tua alma, tonta de vitória,
Levanta ao céu a torre dos meus beijos!

E os meus gritos de amor, cruzando o espaço,
Sobre os brocados fúlgidos da glória,
São astros que me tombam do regaço!
Florbela Espanca, in "A Mensageira das Violetas"
 
 

 

Para ouvir:   Ser Poeta - Florbela Espanca - Cantado por Luís Represas (acedido em 10 Jan/10)

Para saber mais:
Flobela - http://www.vidaslusofonas.pt/florbela_espanca.htm
Bocage - http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/bocage.htm

5 comentários:

Anónimo disse...

Sobre a memória:

A memória é uma árvore semi-caduca, em que cada folha que lhe resta, estão representadas as memórias, alguma melhores, outras banais e certas que era preferível esqueceer.

A memória é um céu enublado com nuvens escuras que tapam o céu, que deveria ser sempre, azul, nas memórias mais felizes.

Eda Garcês nº10 A

Anónimo disse...

A memória é vida. Nasce, cresce, envelhece e morre.

A memória é como um doce. Sentimo-nos deliciados quando o comemos mas temos pena quando este acaba.

A memória é também um torrão de açucar. Na nossa boca perde, pouco a pouco, as pequenas partículas adocicadas.

Filipe Ferreira, 10ºA Nº11

Anónimo disse...

A memória:

A memória é como a trovoada, aparece como um relâmpago luminoso em tempo de céu escuro ou seja memórias felizes em tempo de tristeza

Anónimo disse...

A memória:

A memória é como a trovoada, aparece como um relâmpago luminoso em tempo de céu escuro ou seja memórias felizes em tempo de tristeza

Emanuel Antunes 10ºA

Anónimo disse...

A memória é como uma velha a atravessar a estrada.

Miguel Almeida 10ºA