Por ocasião da visita de professores espanhóis à nossa aula, uma pequena lembrança de dois dos maiores poetas das duas literaturas.
Bienvenidos!
(1888-1935)
(1898-1936)
Federico García Lorca - Aurora
Em plena “capital do mundo”, o que o poeta constata na urbe é a desolação e a ausência de esperança em seus habitantes, desumanizados pela escuridão, pelo barulho, pela ganância e pela insónia, como se saídos fossem de “um naufrágio de sangue”.
J.A.R. – H.C.
La Aurora
La aurora de Nueva York tiene
cuatro columnas de cieno
y um huracán de negras palomas
que chapotean las aguas podridas.
La aurora de Nueva York gime
por lãs inmensas escaleras
buscando entre las aristas
nardos de angustia dibujada.
La aurora llega y nadie la recibe em su boca
porque allí no hay mañana ni esperanza posible.
A veces las moneda sen enjambres furiosos
taladran y devoran abandonados niños.
Los primeros que salen comprenden com sus huesos
que no habrá paraíso ni amores deshojados;
saben que van al cieno de números y leyes,
a los juegos sin arte, a sudores sin fruto.
La luz es sepultada por cadenas y ruidos
em impúdico reto de ciência sin raíces.
Por los Barrios hay gentes que vacilan insomnes
como recién salidas de um naufragio de sangre.
Central Park - New York
(Leonid Afremov: artista israelense)
Aurora
A aurora de New York tem
quatro colunas de lodo
e um furacão de pombas
que explode as águas podres
A aurora de New York geme
nas vastas escadarias
a buscar entre as arestas
angústias indefinidas
A aurora chega e ninguém
em sua boca a recebe
porque ali a esperança
nem a manhã são possíveis
e as moedas como enxames
devoram recém-nascidos
Os que primeiro se erguem
em seus ossos adivinham:
não haverá paraíso
nem amores desfolhados
só números, leis e o lodo
de tanto esforço baldado
A barulheira das ruas
sepulta a luz na cidade
E as pessoas pelos bairros
vão cambaleando insones
como se houvessem saído
de um naufrágio de sangue
Fonte: https://blogdocastorp.blogspot.com/2017/07/federico-garcia-lorca-aurora.html
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