quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Discurso e força ilocutória



A forma como Almeida Garrett domina  a linguagem, a mestria com que escolhe as palavras, manobra os verbos, recorre à pontuação fazem de FLS uma peça que lemos sem qualquer dificuldade, seguindo com interesse e emoção as falas das personages, gente que diante de nós se revela - em palavras de carne e osso.







Para percebermos melhor como estes processos linguísticos se estabelecem, vamos rever ou aprender alguma informação.

Lê, regista os apontamentos no Caderno Diário e consulta a tua gramática sobre esta matéria. Verifica se há diferenças, regista outros exemplos, prepara-te para a reflexão e esclarecimento de dúvidas em aula.

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No texto dramático/TEATRO:
Um texto teatral é uma obra literária específica para o teatro, contém os diálogos e as indicações de cena.
Sozinho, o texto é apenas literário dramático, transformando-se em teatro quando encenado.

O diálogo é a parte reveladora das personagens. Um personagem pode falar com outro personagem em cena, diretamente ao espectador e até consigo mesmo. As possibilidades de diálogo são:
- Réplicas - discurso puro do personagem que se exprime;
-Aparte ou Solilóquio: réplica em que um personagem fala para si mesmo, simulando não ser ouvida pelos outros personagens. É como um pensamento em voz alta que é ouvido apenas pelo público;
- Monólogo: encadeamento de réplicas partilhando pensamentos e sentimentos de um personagem
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DISCURSO
O discurso é um produto da interacção locutor/interlocutor:  aparece contextualizado no espaço e no tempo, envolvendo uma componente linguística e elementos extralinguísticos:
- o estatuto social (ex. o nível social das personagens de FLS)
- as relações interpessoais (ex. as relações de familiaridade entre a família; o caso particular de Telmo)
- os aspectos culturais da sociedade a que pertencem
- o saber compartilhado (ex. o passado que une Telmo a D. Madalena dá-lhe uma familiaridade no trato fora do comum, embora as formas de tratamento usadas continuem a preservar a necessária distância social)
Quem és Tu?
Relembra:
A mesma frase pode assumir diferentes valores. Assim:
a) Telmo pensa em Maria. - O falante faz uma asserção.
b) Telmo pensa em Maria? - O falante faz uma pergunta.
c) Telmo, pensa em Maria! - O falante faz um pedido ou uma ordem.


Força ilocutória
A força ilocutória corresponde ao conteúdo significativo que permite ao interlocutor o reconhecimento do objectivo comunicativo do locutor, num contexto específico de enunciação.
"(...) desde o tempo que...que..." (D. Madalena)/"Que já lá vai, que era outro tempo." (Telmo)
"Parti! Parti!"
"Fujamos, fujamos..."

Num enunciado, a força ilocutária aparece marcada por: 
     1) a ordem das palavras

2) a entoação,

3) a pontuação

4) o modo do verbo

5) os verbos performativos (que concitam ações - ordenar, perguntar...)

O tipo de acto ilocutário pode ainda ser determinado, começando a frase por:

Aviso que
Prometo que
Peço que
Afirmo que

Muitas vezes não se torna necessária a utilização de verbos performativos (estes exprimem ações contratuais como prometer, declarar, aconselhar, ordenar, perguntar...) para a determinação da força ilocutária, uma vez que, perante a situação enunciativa, o interlocutor (ou ouvinte) é capaz de interpretar correctamente o discurso.
Ex: "Está bom, não entremos com os teus agouros (...) Deixemo-nos de futuros" (D. Madalena para Telmo. Percebemos que se trata de uma ordem/um pedido, correspondente a: aconselho-lhe-te a que ...)

1 comentário:

KáthiaPherreira disse...

a) Telmo pensa em Maria. - O falante faz uma asserção.
Não entendi a forma como a professora expôs esta frase.