quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Para ver e rever (Correção)


PORTUGUÊS, 10º C – 20012-13

Docente – Noémia Santos

- 4 de dezembro -

Leia, atentamente, o texto seguinte.

A Aventura marítima no Diário de Álvaro Velho

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Ainda hoje podemos reviver o quotidiano de bordo da carreira da Índia, através da descritiva relação [do diário] de Álvaro Velho, mas também de outros importantes roteiros.
Imaginemos as dramáticas cenas da despedida, (...) depois da missa e da procissão até à praia do Restelo. Seguia-se o embarque de cerca de cinco centenas de tripulantes e passageiros em cada nau, ancoradas na foz do Tejo, devidamente apetrechadas e engalanadas com a Cruz de Cristo nas velas desfraldadas. Depois, à medida que a armada se afastava, era o adeus definitivo à terra pátria e o início da viagem para o perigo e o desconhecido.
Em seguida, iniciava-se uma dura e arriscadíssima viagem. Tendo partido de Lisboa pela Primavera, e conforme as condições atmosféricas, só chegavam a Goa[1] lá para o fim do ano. As dificuldades ou provações eram incontáveis: fome, sede, frio, calor, desconforto, promiscuidade, doenças, intempéries, ataques de piratas, naufrágios, etc..
[...] Os navegantes enfrentavam ora o tórrido calor equatorial, ora o gélido frio do sul, chegando a nevar nas embarcações. Noutros momentos, eram surpreendidos por atemorizadores fenómenos naturais ou perigosas coisas do mar, como o fogo-de-santelmo[2] ou a tromba marítima; ou ainda por terríveis tempestades e prolongadas calmarias equatoriais.
Como descreve Camões, que também viveu essa viagem, um dos grandes problemas era a comida e a bebida, pois durante a viagem os racionados géneros alimentares degradavam-se, ou escasseava a preciosa água potável. Para minorar estas privações, as naus aportavam em alguns lugares para fazer a aguada. Como se não bastasse, apareciam as epidemias e o temível mal das gengivas, o escorbuto, a doença crua e feia.
Além dos atos de culto religioso quotidiano, para obviar à dureza da vida a bordo e à monotonia dos infindáveis dias, tinham lugar algumas distrações, como jogos, representações teatrais (comédias e autos religiosos), e até fingidas corridas de touros.
Foi esta heroica Viagem para a Índia, símbolo maior da nossa aventura marítima, que Camões celebrou n'Os Lusíadas como o ponto culminante de toda a História portuguesa.
Com a descoberta do caminho marítimo para a Índia, esta gente ousada unia o Atlântico e o Índico, o Ocidente e o Oriente, a Europa e a Ásia. Ultrapassando medos e perigos vários, o Homem desmistificava o Mar Tenebroso. Os portugueses elevavam-se assim à categoria de heróis lendários, dando um passo de gigante na Expansão ultramarina e abrindo novos mundos ao Mundo.
J. Cândido Martins (com supressões) revista Mensageiro, Braga, Ed. A. O., 1998
 

Registe na folha de respostas, o número da questão (de 1 a 5) e a letra que corresponde à resposta adequada.

1.   A viagem era arriscadíssima porque:

A.   As condições dos navios eram muito desconfortáveis para os passageiros.

B.   Conforme as condições atmosféricas, só chegavam a Goa lá para o fim do ano.

C.   Os problemas e obstáculos eram de toda a ordem.

D.   Tendo partido de Lisboa pela Primavera, tinham de passar o longo inverno no oceano Atlântico.

 

2.   À frase “As dificuldades ou provações eram incontáveis” (3º §) segue-se:

A.   Uma exaustiva enumeração de adjetivos caracterizadores das provações.

B.   Uma série de adjetivos que reiteram a carga negativa.

C.   Uma longa enumeração, adequada ao adjetivo que a antecede.

D.   Uma metáfora que reforça a ideia dos problemas vividos.

 

3.   Em “atemorizadores fenómenos naturais” (4º §) , a palavra sublinhada pode ser substituída, sem perda de sentido,  por:

A.   temerários.

B.   temíveis.

C.   tementes.

D.   temerosos.

 

4.   A frase “as naus aportavam em alguns lugares para fazer a aguada” (5º §) refere-se a:

A.   A paragem das naus para despejar a água acumulada durante as chuvadas e tempestades.

B.   A amarração num porto, para substituir a água salgada por água doce.

C.   A interrupção da viagem, para providenciar água fresca para beber.

D.   Aportar, para se fazerem aguarelas de descrição dos lugares, para os diários de bordo.

 

5.   No excerto “Os navegantes enfrentavam ora o tórrido calor equatorial, ora o gélido frio do sul, chegando a nevar nas embarcações” (4º §) está presente:

A.   Uma antítese.

B.   Uma síntese.

C.   Uma metáfora .

D.   Uma anáfora.

 

Responda de forma direta às questões gramaticais seguintes:

6. Selecione no texto:

a. Duas conjunções subordinativas.  Ex. - «pois», em  "um dos grandes problemas (...), pois durante a viagem os racionados géneros alimentares degradavam-se" (l.21); «para»  "as naus aportavam em alguns lugares para fazer a aguada". (l.23)

b. Duas conjunções coordenativas. Ex. «ou» em "os racionados géneros alimentares degradavam-se, ou escasseava a preciosa água potável" (l.22) ; «mas» em "através da descritiva relação [do diário] de Álvaro Velho, mas também de outros importantes roteiros. " (l. 2)
 
 
ATENÇÃO: Há «ques» que são pronome relativos:"Como descreve Camões, que também viveu essa viagem" ; este «que» remete para o antecedente, Camões; equivale a «o qual».


7. Identifique e classifique os elementos que garantem a coesão interfrásica em “Os navegantes enfrentavam ora o tórrido calor equatorial, ora o gélido frio do sul”.

Os elementos que garantem a coesão interfrásica são «ora...ora»; constituem uma locução coordenativa disjuntiva.

ATENÇÃO: à ortografia da palavra disjuntiva; é «dis»+juntiva
 

8. Transforme as frases simples em frases complexas, estabelecendo entre elas relações de: a)consequência, b)de adição, c) de causa, d) de oposição, e)de comparação.

a)   Tive um sonho bom. Não queria acordar. |Tive um sonho tão bom que não queria acordar; Tive um sonho bom, de tal forma que não queria acordar;

b)  Sonha. Tenta realizar o teu sonho. | Sonha e tenta realizar o teu sonho.

c)   A obra nasce. O homem sonha. |A obra nasce porque o homem sonha.

d)  Sonha. Não percas a noção da realidade. |Sonha, mas não percas a noção da realidade.

e)   «O sonho comanda a vida». Diz um poeta. «O sonho comanda a vida» como diz um poeta.

 

9. Escolha do texto uma sequência descritiva e aponte duas características identificadoras.

Exemplo de sequência descritiva: «iniciava-se uma dura e arriscadíssima viagem» (l. 9) ou «Os navegantes enfrentavam ora o tórrido calor equatorial, ora o gélido frio do sul» (ll. 15-16)(NOTA: podiam pôr só o início e o fim da citação, com a indicação das linhas).
 
Duas características associadas à descrição: o recurso ao pretérito imperfeito do indicativo, próprio da descrição, e a vários adjetivos, nestes exemplos no grau simples e no superlativo absoluto sintético.

10. Registe na folha de respostas os articuladores necessários para garantir a coesão interfrásica, de acordo com o sentido indicado entre parêntesis:

a. O povo português tem todas as qualidades necessárias para vencer na vida: é inteligente, trabalhador ecorajoso. (adição) b. É preciso mudar a nossa situação económica ou o desastre social será inevitável. (alternativa). c. As consequências da falta de estudo são graves porque impedem o sucesso escolar (causa). d. Os preços subiram, tendo os salários descido, de modo que a vida não está nada fácil. (consequência) e. Terás mais hipóteses de escolha de curso ____se obtiveres bons resultados. (condição)



[1]Estado da Índia.
[2] Fenómeno atmosférico.

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