terça-feira, 29 de outubro de 2013

Nova versão do trabalho "Endechas a Bárbara escrava"

As colegas enviaram uma versão corrigida do seu trabalho, apresentado em aula. Aqui fica.














sábado, 26 de outubro de 2013

+ Esclarecimentos

Como referi o termo «canção» tem um significado próprio no tempo de Camões, enquanto composição poética, não sendo sinónimo de «cantiga». Assim:
 
"A canção italiana ou clássica aparece na Renascença e é cultivada em Portugal do século XVI até ao século XVIII. Esta forma poética obedecia a certas regras formais: era composta por texto e finda, ou então, introdução, texto e finda. A introdução continha um carácter de ordem geográfico no qual se descrevia ou indicava o lugar onde se encontrava o poeta. (...)
 
A nível da estrutura formal, a canção consta de cinco ou mais estrofes regulares (com o mesmo número de versos) e como metro obrigatório utiliza o heróico clássico, o qual alternava com o respectivo quebrado (seis sílabas).
 
Como expoente máximo português da canção clássica, assinalamos Camões e textos como “Manda-me Amor que cante docemente” e “Junto de um seco fero e estéril monte”. A temática da canção clássica portuguesa inclui ainda o sofrimento de amor, a fugacidade da vida, a mudança, o tempo que passa irremediavelmente e outros temas afins."
 
 
A mais conhecida Canção de Camões - a canção X, das suas Rimas, faz um balanço à vida e é um dos mais importantes elementos de consideração na sua obra e na sua biografia.
 
"Vinde cá, meu tão certo secretário
dos queixumes que sempre ando fazendo,
papel, com que a pena desafogo!
As sem-razões digamos que, vivendo,
me faz o inexorável e contrário
Destino, surdo a lágrimas e a rogo.
Deitemos água pouca em muito fogo;
acenda-se com gritos um tormento
que a todas as memórias seja estranho.
Digamos mal tamanho
a Deus, ao mundo, à gente e, enfim, ao vento,
a quem já muitas vezes o contei,
tanto debalde como o conto agora;
mas, já que para errores fui nascido,
vir este a ser um deles não duvido.
Que, pois já de acertar estou tão fora,
não me culpem também, se nisto errei.
Sequer este refúgio só terei:
falar e errar sem culpa, livremente.
Triste quem de tão pouco está contente! (...)"
 
 
 

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

"Aquela triste e leda madrugada"











Esclarecimento de dúvidas



VILANCETE

O vilancete é um poema construído em medida velha (redondilha) e a partir de um mote de dois ou três versos. Quando o último verso do mote é repetido no último verso do poema, temos um vilancete perfeito. Como vimos nas apresentações, o "Descalça vai para a fonte" é um famoso exemplo.
 ESPARSA
É uma composição poética de tema amoroso que não é precedida nem de glosa nem de mote, constituída por uma única estrofe de redondilha maior, com oito a dezasseis versos. Tem, por vezes, um caráter triste, lamentoso; os temas privilegiados neste género são o amor, a fortuna, a ordem ou desordem do mundo.
Generalizou-se  na Península Ibérica a partir do século XV e está presente no Cancioneiro Geral.


ENDECHA

Termo derivado do latim indicta, que era uma declaração das virtudes dos mortos, designando originalmente canção fúnebre em honra de alguém que falecera. 
Em Portugal, a endecha foi cultivada nos séculos XVI e XVII e não possui este carácter fúnebre originário. Trata-se, ainda assim, de uma composição de tom melancólico e triste. Os versos são de cinco ou seis sílabas (redondilha), e estão geralmente agrupados em quadras segundo os esquemas rimáticos ABCB, ABAB ou ABBA. 

A composição de Camões que estudámos - «Endechas a uma cativa com quem andava de amores na Índia, chamada Bárbara», vulgarmente conhecida como «Endechas a Bárbara Escrava», é exemplo de endechas. O plural endechas deve-se ao facto de a cada quadra se atribuir o nome de endecha e o poema ser constituído por mais de uma estrofe.