quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Respostas ao guião de análise do filme

“Amou, perdeu-se, e morreu amando”

Guião de leitura do filme Um amor de perdição, de Mário Barroso
1.
 Nas cenas iniciais do filme o tema é introduzido de forma natural e direta. Facilmente percebemos que com este filme o realizador pretende demonstrar mudança, até pelas transgressões de Simão e pelos seus comportamentos fora de comum. Podemos também verificar que existe uma rivalidade e oposição entre duas famílias, que já vem de outros tempos, e posteriormente será determinante no desenvolver da ação, como podemos verificar no filme. Porque essa mesma rivalidade, irá impedir o relacionamento entre Teresa e Simão, inclusivamente a comunicação entre ambos.
2.
Com esta frase que Teresa proferiu em voz off, podemos verificar que naquela família, existia apenas uma relação formal e por conveniência digamos assim, viviam na mesma casa, no entanto, Rita, afirma que não viviam juntos porque não existia uma relação forte e paternal, de acordo com os graus de parentesco entre cada um. Isto porque se tratam apenas de relações forçadas, por exemplo, a esposa de Domingos Botelho, tinha uma relação com o seu próprio filho, Manuel, e este (Domingos Botelho) tinha conhecimento no entanto, aparentemente ele e sua esposa continuavam a ser um casal normal, podemos assim verificar que a relação estabelecida entre eles era mais aparente e por conveniência do que propriamente de marido e mulher, uma relação de amor. Com tudo isto, a frase de Rita, tem a função de nos avivar para o modo como se vive naquela família, e para a proximidade que existe entre eles, que como se verifica, não é de todo usual e trata-se de uma proximidade por vezes artificial por exemplo, no caso de Domingos Botelho e sua esposa. Um outro exemplo que em certa medida comprova esta proximidade distante, é a relação entre Simão e o seu pai Domingos Botelho, através de uma frase proferida pelo mesmo durante uma conversa com o filho que foi "Eu estou me nas tintas para as tuas ações desde que não interfiram com o meus assuntos.". De certo modo, esta afirmação faz-nos perceber que o pai de Simão não se preocupava realmente com as suas ações, estas apenas eram importantes de acordo com a influência que tinham nos seus assuntos (de Domingos Botelho), ou seja, não era uma relação própria de pai e filho, mas apenas por conveniência. Caso as ações de Simão interferissem com os assuntos de seu pai, este preocupar-se-ia no entanto se não influenciassem nada, não eram importantes. Tal como podemos ver pela questão da arma, quando a mãe de Simão avisa o seu marido, o pai de Simão que este tinha na sua posse uma arma, ele não se importou, inclusivamente, desvalorizou o assunto, pois não o influenciava em nada. Estas situações fazem-nos na minha opinião, comprovar e entender a frase que Rita proferira.

3.
Na transposição cinematográfica de personagens e espaços da novela ocorrem diversas alterações porque a obra foi escrita no século XIX e o realizador do filme transporta-a para o século XXI.  As alterações ocorridas têm que ver com o cenário e com as personagens como já foi referido. A nível cinematográfico podemos verificar que, certas cenas foram ligeiramente alteradas, como a ida de Teresa para um convento, hoje em dia, ela não iria para um convento mas para uma clínica, alteração esta que foi feita e representada no filme. Uma outra alteração cinematográfica, penso que fora feita, também através da forma como Simão e Teresa comunicam, pois na maior parte das vezes, é através do telemóvel e no livro essa comunicação era feita através da janela. Uma outra alteração a nível cinematográfico relacionada com o espaço da novela, tem que ver com a oficina de João da cruz. No filme, este é um mecânico e trabalha numa oficina no entanto, no livro era Ferreiro e portanto esta foi uma das alterações feitas. A nível de personagens, uma das alterações verificadas é talvez na relação entre Manuel e sua mãe. Isto porque no livro não me apercebi tão claramente e diretamente da proximidade que ambos tinham, e achei que no filme essa relação e a proximidade entre eles era bem mais notável. Tal como no caso de Simão, a rebeldia do mesmo, e os seus comportamentos na minha opinião, no filme são tornados mais atuais, tal como podemos ver no início, Simão entra na sala com uma apresentação rebelde sendo inclusivamente violento com o professor, ou seja da mesma forma que hoje poderia acontecer. 
               Na minha opinião, o realizador fez estas alterações em alternativa e para contornar o facto de o livro ter sido escrito no século XIX, e visto que o objetivo era que a ação estivesse representada de acordo com os dias de hoje (século XXI), foram necessárias estas mudanças para permitir fazer a evolução cronológica que era pretendida.

4.
Na minha opinião, esta passagem da obra de Camilo Castelo Branco de mão em mão, transforma as personagens de forma notável. No caso de Simão, é possível verificar que  a leitura da obra o faz ganhar maturidade e perceber que o seu amor se assemelhava ao descrito no livro. Um amor impedido pela rivalidade e oposição entre duas famílias. No caso de Mariana, esta ganha vontade de ler o livro, pois já tinha visto um filme correspondente ao mesmo (como estava evidenciado no filme), e tinha-a comovido muito o fim, inclusivamente a morte da "outra rapariga", tal como referira e que curiosamente neste filme  viria a ser ela.

E a meu ver na altura em que a obra passa de Simão para Mariana, vemos que a mesma ganha subitamente um à vontade perante Simão, inclusivamente tenta atraí-lo, apesar de rapidamente com o desenvolver da conversa entre ambos no quarto de Simão, Mariana terminar com a tentativa de aproximação entre eles. Por isso, na minha opinião a leitura da obra faz com que as personagens se situem e entendam melhor aquilo porque estão a passar, a sua própria situação, pois de certa forma reveem-se no que é descrito no livro.

5.
Cinematograficamente, a distância entre Simão e Teresa é representada através do modo como ambos comunicam. Simão e Teresa na maior parte das vezes só comunicam por telemóvel para que ninguém descubra nem desconfie do seu amor. Simão quer muito ver Teresa no entanto isto é quase sempre impossível ,  pois esta tem medo que alguém os veja, devido á rivalidade existente entre as suas famílias, e por essa razão ninguém podia descobrir e eles não podiam estar juntos.  Através desta situação cinematográfica, é possível representar a distância existente entre ambos devido essencialmente ás suas famílias, à grande oposição que estas alimentam entre si acabando assim por impedir Simão e Teresa de viverem o amor que sentem um pelo outro.
6.
No filme podemos verificar que tanto Teresa como Mariana amam Simão. No entanto o amor que estas sentem, é demonstrado e representado de modos diferentes.
Enquanto o amor de Teresa por Simão era correspondido, o de Mariana não era, e portanto o modo de agir de ambas era diferente. Teresa amava Simão e por esse amor, foi internada numa clínica porque o seu pai não permitia tal sentimento por um elemento da família rival. Teresa e Simão viram-se pela primeira vez através de uma janela do carro onde Teresa ia, quando saíra do colégio. E foi esse olhar que fez nascer o amor entre eles. No caso de Mariana não fora assim. Esta vira Simão pela primeira vez na discoteca, onde o mesmo se encontrava alterado, e tinha toda a sua rebeldia á flor da pele, pois tinha ido lá em defesa do Zé Xavier. A meu ver o modo como ambas viram Simão pela primeira vez, faz logo com que o amor que sentem difira pois, o Simão que Mariana amava era apenas a sua faceta rebelde e transgressora, e nunca conhecera na minha opinião o verdadeiro Simão, pelo que verifiquei no filme. Ao contrário de Teresa, que ao longo do tempo conhece o verdadeiro Simão, a sua faceta rebelde e corajosa, quando este mata o seu primo Baltasar pelo o amor que lhe tinha ( a teresa) e também o seu lado mais frágil, o seu coração.  Mariana, ao longo de toda a ação convive com o amor que Simão tem por Teresa e ajuda-o inclusivamente, o que me faz pensar que ela se submetia a tal coisa para estar mais próxima dele, poia até no final do filme, com a morte do seu pai, ela vai viver para perto do hospital para poder estar perto de Simão, e ainda visita a campa de Teresa pondo lá flores, para levar essa noticia a Simão tentando despertar nele uma reação mas não fora capaz. O sofrimento dele era tanto que não queria viver e por isso matou-se.  


Apesar desta situação podemos verificar que,  com todas as diferenças, tanto Teresa como Mariana amavam Simão, pois Teresa acaba por morrer amando-o, e posteriormente Simão suicida-se por amor à mesma. No entanto Mariana não é capaz de conviver com essa situação, ver o homem que amava morrer e ainda por cima, por amor a outra mulher, e por isso acaba também com a sua vida.

7.
Os elementos trágicos presentes no filme são o desafio, pois as forças do destino são sempre superiores às forças das personagens, por muito esforço que estas façam para o contrariar. Tal como se verifica no filme, Simão mata Baltasar e luta para ficar com Teresa mas não foi possível vencer a força que os separava. Apesar de todo o esforço o destino fora mais forte . Outro elemento trágico presente no filme é o pathos, o sofrimento que aumenta gradualmente e passa por todas as personagens, inicialmente é quais notório em Simão e Teresa, mas no decorrer da ação, e à medida que esta se vai desenvolvendo é possível verificar que a maior parte das personagens passa também por momentos de dor e sofrimento. Por exemplo Mariana, posteriormente, sofre muito chegando ao ponto de se suicidar, pois perde o seu pai e perde o seu amor, Simão. E, por fim, a catástrofe que é um elemento da tragédia também presente neste filme. E na minha opinião, prende-se com a morte de Teresa, Simão e por fim Mariana, que apesar de terem sido de diferentes modos e por diferentes razões, o principal motivo era o amor.
8.
Na minha opinião, a cena chave do filme, está presente numa conversa entre Simão e o seu pai, em que Domingos Botelho proferiu a seguinte frase, "Esquece-a, o que há mais aí são raparigas". Esta frase, para mim é das mais importantes do filme, pois demonstra perfeitamente que o pai de Simão, Domingos Botelho, não se importava com a  felicidade do filho, nem com o amor que este sentia. Ele podia amar qualquer rapariga que o seu pai não se importava, menos Teresa, porque era uma Albuquerque. É por esta razão que para mim esta conversa entre Domingos Botelho e o seu filho Simão, é a cena chave de todo o filme, e esta frase, a frase chave.

9.
Na minha opinião, a música de Bernardo Sasseti contribui para a criação de um ambiente dramático e sério reportando-nos para um cenário trágico, e de certo modo triste.

10.
Na minha opinião, o cineasta Mário Barroso escolheu para título deste filme, "Um amor de perdição" pois este filme, de certo modo é um exemplo para a sociedade. O determinante artigo indefinido "um" indica-nos que este não seria o único amor vivido nestas circunstâncias,  mais pessoas passam por um amor assim, incondicional, e impedido pelo orgulho e rivalidade entre famílias, e  a situação representada, poderia aplicar-se a outras pessoas nas mesmas condições. Daí a escolha do realizador Mário Barroso para o título este filme.

                                                                                                                    Cristiana Santos 11ºB, Nº8


Guião de leitura do filme Um amor de perdição,
de Mário Barroso

1.    O filme começa com Simão a entrar pelo ginásio da escola dentro e a agredir o professor com uma bola, dando-nos logo a perceber que tipo de pessoa ele é: rebelde, solitário e que gosta de armar confusões. Segue-se a cena da piscina em que nos é transmitido o tipo de família que são, em que um dos filhos mantém uma relação dúbia com a  mãe e em que o pai apenas se interessava pela sua imagem e pelos seus negócios.

2.    Esta frase indica-nos que aquela família vivia toda sobre o mesmo teto, mas cada um preocupava-se com o seu próprio umbigo, não haviam laços entre eles, não havia aquela ligação que uma família deve ter, exceto no caso de Simão e Rita. A mãe de Simão interessava-se mais pelo filho Manuel (e ele por ela) devido ao relacionamento que se estabeleceu entre ambos e não se dava nada bem com o marido; Simão preocupava-se com a sua liberdade e em fazer aquilo que queria, tendo apenas carinho por Rita, de entre os familiares; o pai de Simão apenas queria saber dos seus negócios e da imagem que passava às outras pessoas, tendo até dito a Simão, a certo momento: “Estou-me nas tintas para aquilo que fazes desde que não interfiras nos meus assuntos”.

3.    Alteram-se algumas profissões que são adequadas ao século em que nos encontramos, como por exemplo, o ferreiro passa a ser um mecânico; altera-se a forma de comunicar entre Simão e Teresa que, em vez de cartas, é feita através do telemóvel; altera-se o espaço em que a ação decorre pois no livro passa-se em Coimbra e Viseu e no filme passa-se em Lisboa devido ao realizador não conseguir retratar as duas cidades anteriores como eram na época em que o livro foi escrito.

4.    Os protagonistas vão mudando a sua maneira de agir e de pensar à medida que vão lendo a obra e começam a agir consoante o que leem. Rita muda a sua maneira de ver as coisas e, mesmo sendo nova, percebe os problemas que existem entre a sua família. Simão, por exemplo, começa a ficar mais coração mole quando começa a ler a obra, deixando de ser tão rebelde e acabando por se apaixonar, fazendo depois de tudo para conseguir estar/ficar com Teresa mas sempre acompanhando e agindo consoante o livro/o que lê. Mariana vai lendo e apercebe-se de que é “a outra rapariga” de que o livro fala e que Simão nunca se vai apaixonar por ela por estar tão focado em Teresa.

5.    O conflito que existe entre ambas as famílias não permite que Simão e Teresa estejam juntos, nem sequer se podendo encontrar pessoal. Ao início falam através do telemóvel mas o pai de Teresa descobre, tira-lhe o telemóvel e tranca-a em casa. A única maneira de poderem comunicar um com o outro é através de Mariana, uma rapariga com que Simão passa a viver quando se muda para casa do mecânico, e que tem uma amiga a trabalhar em casa de Teresa, que lhe vai dizendo/dando recados a Simão, sendo assim retratada a distância entre ambos.

6.    O amor de Teresa por Simão foi amor à primeira vista; era o típico romance adolescente em que queriam estar juntos e eram perdidamente apaixonados um pelo outro mas era também um amor impossível pois, como ambas as famílias eram rivais, não tinham hipóteses de poderem ficar juntos mesmo fazendo de tudo para contrariar esse “destino”. Teresa enfraquece, deprimida por não poder estar com Simão, acabando por morrer, dizendo que pelo menos no céu poderiam ficar juntos. Mariana amava Simão desesperadamente, fazendo tudo o que ele pedia, cuidando dele quando ele é atingido por um tiro no ombro, trazendo-lhe informações acerca de Teresa, na esperança que ele desista dela, visitando-o todos os dias enquanto ele esteve preso e ficando sempre do lado dele enquanto ele esteve internado no hospital,  acabando por morrer logo a seguir, pouco depois de Simão se ter matado.

7.    Os elementos da tragédia presentes neste filme são o desafio, o pathos/sofrimento, a peripécia e a catástrofe. O desafio é feito por Simão e Teresa que fazem de tudo para mudar o destino ao tentarem estar/ficar juntos; o pathos/sofrimento também é vivenciado por eles por se amarem e não se poderem ver nem falar um com o outro (diretamente), Rita também sofre ao perder Simão, e Mariana ao perder o pai; a peripécia é a morte de Baltazar, primo de Teresa com quem esta se ia casar, por parte de Simão, a qual leva à prisão de Simão; a catástrofe é o final do filme pois os protagonistas acabam por morrer: Teresa, Simão; João da Cruz e Mariana.

8.    Para mim, a frase-chave é “Amou, perdeu-se, e morreu amando” e a cena-chave é a morte de Simão/quando Simão se mata. A razão para ter feito estas escolhas é que a frase resume o que se passou no filme todo porque Simão apaixonou-se por Teresa e foi-se perdendo nesse amor por não poder estar com ela, chegando até a matar o primo de Teresa por o pai desta a ter obrigado a casar com ele; e acabou por se matar após ter descoberto que a amada morrera pois achava que a culpa da morte dela era sua e não conseguiria viver sem ela.

9.    A música de Bernardo Sasseti contribui para a perceção dos sentimentos das personagens pois adequa-se a cada momento de modo a transmitir ao público como é que aquela personagem se sentia perante a situação proposta.

10.Mário Barroso acrescentou outra paixão/outro amor ao filme e que é vivido entre a mãe de Simão e o seu outro filho, Manuel, passando assim a existirem dois amores impossíveis; daí o filme ser intitulado Um amor de perdição pois foca-se mais no amor vivido entre Simão e Teresa.

Luana Vicente
Nº15  11ºB








Resolução do Guião:
1. As cenas iniciais introduzem o tema das transgressões no filme ao fazer a relação entre as ações transgressivas de Simão no início com as que ele irá cometer no futuro. Entre elas, atirar a bola ao professor de teatro, ou entrar em casa através da janela do quarto da irmã. 

2. Esta frase serve para explicar o falso relacionamento entre os vários membros da família, uma vez que acentua a polaridade entre o amor e a cumplicidade de Rita e Simão, com o calculismo, a distância, o desdém e a frieza do resto da família.

3. Entre o livro e o filme, o que se altera é a época no qual os acontecimentos ocorrem, na medida em que no filme os eventos são ajustados de forma a caracterizar a altura em que ocorrem, que é diferente da do livro (século XXI/atualidade e século XIX). Por exemplo, o caso de João da Cruz, no livro é um ferreiro (profissão popular da época associada ao meio de transporte), mas que já não se adequa atualmente, passando a ser, no século XXI, um mecânico. 

4. Durante o filme, o livro passa entre Rita, Simão e Mariana. Enquanto que na Rita não houve efeito nenhum, houveram efeitos no Simão e na Mariana. Após Simão ter começado a ler o livro, começou a investir em Teresa e a ter comportamentos cada vez mais autodestrutivos e irremediáveis. Quanto a Mariana, começou cada vez mais a apaixonar-se por Simão e a ficar cada vez mais triste, à medida do desenrolar dos acontecimentos.

5. No filme, a distância entre Teresa e Simão é retratada através de “quebras de cena”, isto é, quando ambos comunicam mutuamente, podemos ouvir a voz de ambos, mas nunca os vemos no mesmo local, não existe a presença física de ambos. Por exemplo, quando Simão vê Teresa a entrar no carro, o que é gravado não é ambos, mas sim um lado de cada um, a olhar para o outro, o que dá a sensação ao espetador de que têm barreiras entre si.

6. Enquanto que Teresa demonstra amor por Simão de uma forma mais discreta, mais verbal e mais calma, Mariana demonstra de forma mais óbvia, mais física e mais expressiva. Por exemplo, ao passo que Teresa demostra o seu amor por Simão ao falar ao telefone com ele, Mariana demonstrou o seu amor ao abraçou-se à almofada de Simão, simulando um abraço real com ele.

7. Os elementos trágicos presentes neste filme são: Hybris, que consiste num desafio, numa quebra de regras correspondentes às ações transgressoras de Simão, como ter agredido Baltazar e ter agredido um contínuo no colégio; Pathos, que constitui o sofrimento e as consequências decorrente das ações que cometeu, como o isolamento de Teresa e a consequente proibição de estar e falar com Simão e ter sido expulso de casa, respetivamente; Peripécia, que consiste num acontecimento imprevisível que muda o rumo dos acontecimentos, como o internamento de Teresa numa instituição psiquiátrica e a prisão de Simão; e catástrofe, que se caracteriza por um desenlace trágico dos acontecimentos que se desenvolve a partir de pathos, até chegar ao ponto mais intenso da história (clímax), no qual as personagens acabam por sucumbir à morte.

8. Para mim, a cena-chave é: quando se realiza a missa fúnebre da Teresa Albuquerque, quando nos deparamos com a subida gradual da imagem até aparecer uma imagem de Nossa Senhora, com a cara da defunta. Dado que Teresa se mostrou sacrificadora, por não poder estar com Simão, submetendo-se a ser internada numa clínica psiquiátrica e a não poder sair de casa, dando a ideia tanto de sacrifício como de obediência, de subordinação. A frase chave poderia ser “ A submissão é uma ignomínia “,pois a sujeição de Teresa conduziu a uma tristeza e a uma afronta.

9. A música de Bernardo Sasseti contribuiu bastante para a formação do ambiente no filme, uma vez que fez a enfâse a determinadas cenas, desta forma, complementando a sequência do filme. Por exemplo, no final, quando morrem as personagens Teresa, Simão e Mariana, auxilia na demonstração quão trágica é a situação que acabou por acontecer. 

10. O cineasta Mário Barroso coloca o título “Um Amor de Perdição”, uma vez que não faz a reprodução exata do livro “Amor de Perdição” de Camilo Castelo Branco. O título “Um Amor de Perdição” induz a ideia de que este título se refere apenas a um amor específico (isto é, ao amor de Teresa e de Simão), dando a ideia de possa haver outros amores dentro do mesmo filme que não tenham esse final de perdição (a Rita e o Zé Xavier).

Ana Rita Timóteo nº2, 11ºB



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