segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Os Maias - o destino de Portugal?

Atualiza-se a publicação do 11º ano, aquando do estudo de Os Maias
Serve para apoiar o estudo e para exemplificar a APRECIAÇÃO CRÍTICA.

«Os Maias»–O Portugal de ontem com um toque de modernidade
O cineasta João Botelho [...] não se limita a adaptar para o cinema a obra de Eça. Ele dá uma nova roupagem a “Os Maias”, mais moderna e inteligente. Se o livro “Os Maias” ainda hoje se mantém atual, também o filme, pela sua perspicaz e sublime realização. Botelho de forma moderna filmou este livro, mas não o faz de forma literal. Ele vai à essência do livro e transporta tudo para um teatro, porque todas aquelas personagens usam máscaras.  O realizador introduz o espectador num estúdio de cinema, onde vemos pequenas maquetas dos cenários do filme, apresenta grande parte do elenco com as fotografias dos atores e outros elementos de cinema, como o argumento do filme. As maquetas que vimos no inicio passam a tamanho real e o filme passa a ter maravilhosos cenários, pintados à mão, como se fossem telas gigantes. Sabemos assim que tudo é uma representação. Um espelho do Portugal de ontem para o Portugal de hoje.

A história, que todos os portugueses conhecem, é séria e as mensagens de crítica social e política são evidentes. O Portugal do século XIX continua muito parecido com o do século XXI. Estes episódios da vida romântica são no fundo uma crónica de costumes, de uma sociedade passiva, representados por uma classe social corrupta e sedenta de interesses mesquinhos, onde poucos acreditam em qualquer ideal que seja. O humor, por vezes melancólico, de Eça em personagens como João da Ega (o fiel amigo de Carlos da Maia) está bem implementado no filme e é um dos trunfos do realizador ao ter escolhido, e bem, o ator Pedro Inês para representar esta fantástica personagem.

Nesta versão de duas horas, Botelho não se foca tanto no romance central do livro, o romance entre Carlos e Maria, estando muito cortado, resumido. Talvez na versão mais longa, de três horas, o realizador tenha deixado que essa intriga, o romance, seja mais fluido e o principal foque do enredo.
O filme apresenta um conjunto de emblemáticos atores, sendo também esta uma das principais qualidades do filme, o seu elenco. Para além dos cerca de mil figurantes, conta com Graciano Dias (Carlos da Maia), Maria Flor (Maria Eduarda da Maia), Pedro Inês (João da Ega), Maria João Pinho (Condessa de Gouvarinho), Marcello Urgeghe (Craft), Filipe Vargas (Manuel Vilaça), Pedro Lacerda (Tomás Alencar), Hugo Mestre Amaro (Dâmaso Salcede), João Perry (Afonso da Maia), Adriano Luz (Conde de Gouvarinho), entre outros. A nível técnico é extraordinário, com uma maravilhosa fotografia e um bom som.

O destino da família Maia é o mesmo que o de Portugal. Continuamos a correr atrás do  americano (o elétrico). No geral, a obra de Botelho faz justiça à obra de Eça. É um filme interessante a não perder, e é português!»


Tiago Resende

Crítica disponível em http://www.cinema7arte.com/site/?p=11837

2 comentários:

Anónimo disse...

Boa tarde,
Eu sou o Afonso do 11ºA. Vinha pedir à professora se podia retificar a minha versão pois enganei-me e escrevi versão B em vez de versão 2.

Anónimo disse...

Eu sou a versão n° 2, obrigada,
João Antunes