Atualiza-se a publicação do 11º ano, aquando do estudo de Os Maias.
«Os Maias»–O Portugal de ontem com um toque de modernidade
O cineasta
João Botelho [...] não se limita a adaptar para o cinema a
obra de Eça. Ele dá uma nova roupagem a “Os Maias”, mais moderna e inteligente.
Se o livro “Os Maias” ainda hoje se mantém atual, também o filme, pela sua
perspicaz e sublime realização. Botelho de forma moderna filmou este livro, mas
não o faz de forma literal. Ele vai à essência do livro e transporta tudo para
um teatro, porque todas aquelas personagens usam máscaras. O realizador
introduz o espectador num estúdio de cinema, onde vemos pequenas maquetas dos
cenários do filme, apresenta grande parte do elenco com as fotografias dos
atores e outros elementos de cinema, como o argumento do filme. As maquetas que
vimos no inicio passam a tamanho real e o filme passa a ter maravilhosos
cenários, pintados à mão, como se fossem telas gigantes. Sabemos assim que tudo
é uma representação. Um espelho do Portugal de ontem para o Portugal de hoje.
A história, que todos os portugueses conhecem, é séria
e as mensagens de crítica social e política são evidentes. O Portugal do século
XIX continua muito parecido com o do século XXI. Estes episódios da vida
romântica são no fundo uma crónica de costumes, de uma sociedade passiva,
representados por uma classe social corrupta e sedenta de interesses
mesquinhos, onde poucos acreditam em qualquer ideal que seja. O humor, por
vezes melancólico, de Eça em personagens como João da Ega (o fiel amigo de
Carlos da Maia) está bem implementado no filme e é um dos trunfos do realizador
ao ter escolhido, e bem, o ator Pedro
Inês para representar esta fantástica personagem.
Nesta versão de duas horas, Botelho não se foca tanto
no romance central do livro, o romance entre Carlos e Maria, estando muito
cortado, resumido. Talvez na versão mais longa, de três horas, o realizador
tenha deixado que essa intriga, o romance, seja mais fluido e o principal foque
do enredo.
O filme apresenta um conjunto de emblemáticos atores,
sendo também esta uma das principais qualidades do filme, o seu elenco. Para
além dos cerca de mil figurantes, conta com Graciano Dias (Carlos da Maia), Maria Flor (Maria Eduarda da Maia), Pedro Inês (João da Ega),
Maria João Pinho (Condessa de Gouvarinho), Marcello Urgeghe (Craft), Filipe
Vargas (Manuel Vilaça), Pedro
Lacerda (Tomás Alencar), Hugo
Mestre Amaro (Dâmaso Salcede), João Perry (Afonso da Maia), Adriano Luz (Conde de Gouvarinho), entre outros. A nível técnico é extraordinário, com uma maravilhosa
fotografia e um bom som.
O destino da família Maia é o mesmo que o de Portugal.
Continuamos a correr atrás do americano (o elétrico). No geral, a obra de
Botelho faz justiça à obra de Eça. É um filme interessante a não perder, e é
português!»
Tiago Resende
Crítica disponível em http://www.cinema7arte.com/site/?p=11837
2 comentários:
Boa tarde,
Eu sou o Afonso do 11ºA. Vinha pedir à professora se podia retificar a minha versão pois enganei-me e escrevi versão B em vez de versão 2.
Eu sou a versão n° 2, obrigada,
João Antunes
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