quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Os Maias, de Eça de Queirós (revisões)

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Fica o exercício da aula de preparação para exame/revisões de Os Maias

                                                             Português
                                                REVISÕES DO 11º ANO                                         
Neste exercício escrito os alunos devem: demonstrar conhecimento de leitura de Os Maias; selecionar informação pertinente; reconhecer sentidos explícitos e implícitos da obra; utilizar conhecimentos de análise linguística e de conteúdo; aplicar conhecimentos relativos aos recursos literários e ao funcionamento da língua/expressão escrita; redigir de acordo com as regras da língua; interpretar um texto não literário; revelar conhecimento explícito da língua; redigir um texto de reflexão.
I
O presente exercício exige o trabalho com a fonte – o romance Os Maias, de Eça de Queirós. Sempre que nas suas respostas apresentar exemplos e/ou passagens da obra, indique a respetiva página.
1. Registe a indicação bibliográfica da sua edição de Os Maias.

2. Releia a passagem do capítulo VIII, desde «Sintra, de repente, pareceu-lhe intoleravelmente deserta e triste» até «– Ó Carlos, tu estás aí?».
2.1. Situe este excerto na ação e relacione-o com o título e o subtítulo. Fundamente as afirmações.
2.2. Caracterize o estado de espírito de Carlos, relevando quer o devaneio quer a lucidez crítica da personagem. Justifique a resposta com elementos do texto. 
2.3. Refira o retrato de Maria Eduarda, tal como o compõe aqui o protagonista.
2.4. Selecione dois exemplos que caracterizem os seguintes aspetos da linguagem e estilo queirosianos: a adjetivação e o visualismo descritivo. Explique a sua expressividade.

3. Ainda no mesmo excerto, concentre-se na passagem «E, pouco a pouco, foi-lhe surgindo na alma um romance» até «nalgum canto de Itália».
3.1. Demonstre que estas palavras são um indício da tragédia futura, relacionando este excerto com o capítulo XVII, no qual deve selecionar três exemplos para apoiar a resposta.

II
Portugal dos pequeninos
1



5




10



Os Maias segundo João Botelho não é uma adaptação reverente do clássico de Eça, e é aí que reside a sua grande vitória e a sua fidelidade ao espírito do romance.
 Comecemos pelo bom, pela grande vitória de João Botelho ao atirar-se aos imortais Maias de Eça de Queiroz: a de olhar para o livro não como um manual de instruções a cumprir à risca, mas como um guia de leitura.
Não é a adaptação convencional que muitos esperam ou desejariam – e ainda bem; de leituras reverentes de clássicos estamos nós fartos, e como não temos a tarimba dos ingleses também não vale a pena andarmos a armar ao pingarelho. Este é um filme fiel ao espírito do livro, mesmo que não à sua forma; o artificialismo distanciado e assumido, a construção da história de Carlos da Maia em “quadros” ou “cenas” que parecem saídos de uma ópera escarninha, são perfeitos para dar a dimensão de “fogueira das vaidades” da Lisboa de 1875 vista por Eça. Os Maias segundo João Botelho são uma parada de costumes de uma capital prisioneira das aparências, onde todos estão constantemente em cena como num palco permanente onde importa mais parecer do que ser.
Jorge Mourinha, “Portugal dos pequeninos”, in PÚBLICO[1] (excerto)

VERSÃO 1
1. Para responder aos itens, escreva, na folha de respostas, o número do item seguido da letra identificativa da alternativa correta.
1.1. Segundo o crítico, o filme «não é uma adaptação reverente» (l. 1) do romance porque
A.    não constitui uma adaptação convencional do clássico queirosiano.
B.    não é fiel ao espírito do romance de Eça de Queirós.
C.    representa uma vitória sobre as adaptações dos clássicos ingleses.
D.   considera o romance como um manual de instruções da adaptação.

1.2. Para o autor do texto, «o artificialismo distanciado e assumido do filme» (l. 9)
A.        é mais próprio para uma ópera do que para uma adaptação do romance de Eça.
B.        não traduz o espírito realista do livro porque se preocupa mais com as aparências.
C.        ajuda os leitores a perceber a dimensão crítica da obra de Eça de Queirós.
D.        acentua a dimensão séria e trágica das personagens da Lisboa de 1875.

1.3. No texto, «“fogueira das vaidades” da Lisboa de 1875» (l. 11) refere-se
A.    aos resquícios da Inquisição que ainda marcavam a sociedade portuguesa.
B.    ao egocentrismo, ao luxo e à superficialidade que consome a elite lisboeta da época.
C.    à luta entre as personagens da ‘comédia de costumes’ pelo protagonismo social.
D.   ao aparente cortejo de vaidades de Lisboa, sem correspondência com a realidade.

1.4. De acordo com o contexto em que ocorre, «escarninha» (l. 10) é substituível por
A.    inferior.
B.    esmiuçadora.
C.    cenográfica.
D.   sarcástica.

1.5. O elemento «a armar ao pingarelho» (l. 8) é uma expressão popular que traduz no texto
A.    mostrar-se mais do que se é, quanto à capacidade para adaptações dos clássicos ingleses.
B.    armar cenários fictícios na adaptação da obra queirosiana ao cinema português.
C.    esconder a pobreza de meios existentes para fazer uma adaptação histórica fiel, à inglesa.
D.   fingir o gosto pelas leituras reverentes dos clássicos literários, portugueses ou ingleses.

1.6. Em relação ao conteúdo do segundo parágrafo, o terceiro parágrafo
     A.      explicita o ponto de vista.
     B.      introduz um novo tópico de análise 
     C.      apresenta um novo exemplo.
     D.      apresenta um novo argumento.

1.7. Na forma verbal «desejariam» (l. 6) usa-se o
A.      conjuntivo, porque traduz uma possibilidade.
B.      condicional, porque traduz uma hipótese.
C.      futuro, porque se refere a ação ainda não ocorrida.
D.      conjuntivo porque expressa um desejo.

2. Em «andarmos a armar» (l. 8) a ação é perspetivada como tendo um valor durativo ou pontual. Justifique.
3. Classifique a oração «que muitos esperam» (l.6).
4. Identifique a função sintática desempenhada pelos elementos sublinhados em «olhar para o livro não como um manual de instruções a cumprir à risca, mas como um guia de leitura»

III
Escolha apenas UM dos temas propostos e escreva uma reflexão, de 150 a 200 palavras. Fundamente as afirmações e dê dois exemplos relevantes da obra. 

A. “Os Maias (…) são uma parada de costumes de uma capital prisioneira das aparências, onde todos estão constantemente em cena como num palco permanente onde importa mais parecer do que ser.”              
                                                                                                                              Jorge Mourinha

B. Os Maias propõem ao leitor uma reflexão sobre os impactos e as limitações da educação.


[1] Disponível em https://www.publico.pt/2014/09/11/culturaipsilon/noticia/portugal-dos-pequeninos-1669078. Consultado em 14 de março de 2017; publicado no blogue asas-da-fantasia em 15 de março.

domingo, 21 de janeiro de 2018

Falhámos a vida! - Os Maias


Os Maias (episódios da TV Globo)

Para quem não apreciou a versão de Os Maias de João Botelho, fica uma adaptação da escritora Maria Adelaide Amaral para a TV Globo,com excelentes atores.

Experimentem. Relembrem a obra e digam das vossas preferências.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Os Maias, a Educação

REVISÕES (republicação) | Exemplo de exposição de temática literária

«É indubitável a importância da educação na formação pessoal de um indivíduo. Trata-se de um tema intemporal que foi e continua a ser abordado na literatura.
Assim, por exemplo, na obra Os Maias de Eça de Queirós, através de uma estratégia naturalista, analisa-se a influência da educação na personalidade das personagens.
A educação de Pedro da Maia pelo padre Vasques é influenciada pela mãe, Maria Eduarda Runa. É uma educação tradicional, latinista, de cartilha, mórbida, beata, devota, doentia, piegas, que torna Pedro indiferente a tudo: um apático, um melancólico, incapaz de suportar e reagir a um choque emocional. Esta educação será determinante para o seu suicídio.
Na verdade, a caracterização de Pedro é tipicamente naturalista: está na obra para comprovar uma tese - o fator religioso, os fatores de hereditariedade e de meio são determinantes no caráter do indivíduo.
Do mesmo tipo é a educação de Eusebiozinho, contemporâneo de Carlos, mas cujo programa educativo se situa no lado oposto.

De facto, Carlos da Maia tem uma educação diferente. Sob a alçada do seu avô, Afonso da Maia, Mr. Brown, ministra-lhe uma educação que pretende desenvolver uma "alma sã num corpo são". Trata-se de um programa britânico, que defende o contacto direto com a natureza, o exercício físico, a aprendizagem de línguas vivas e das ciências experimentais, desprezando a educação "de cartilha" e todo o conhecimento exclusivamente teórico.
Apesar desta educação, Carlos falha, porque se encontra desinserido do meio, isto é, teria sido uma educação positiva se Carlos vivesse em Inglaterra, mas o seu temperamento portuguesmente mole e a sociedade que o rodeia levam Carlos a tornar-se como os outros: um diletante, que projeta, mas não realiza.
Em conclusão, o indivíduo é influenciado por vários fatores: genética, família, amigos, sociedade. A educação é um dos fatores a ter em conta. Há que refletir sobre estes aspetos e apostar na educação.»

Leia mais: A educação em os Maias http://www.jn.pt/artes/dossiers/portugues-atual/interior/a-educacao-em-os-maias-4494027.html#ixzz4ZG6oB8l6

Imagem| Ilustrações italianas de Maria Pia Franzoni e de sua filha Anna Franzoni, in Pinterest

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Género Narrativo (revisões)





ESTUDO DO ROMANCE(REVISÕES)
NARRATIVO
Etimologicamente, o vocábulo narrar tem origem latina: “narrare significa contar, dizer, (...) falar de”. Este tipo de texto surge em verso ou em prosa.
O texto narrativo conta uma “história”, original e/ou vivida por personagens (individuais ou coletivas); pressupõe o relato de acontecimentos reais ou fictícios que se sucedem no tempo. Os eventos e as personagens situam-se num determinado espaço.
 Os seus elementos estruturadores são designados por categorias da narrativa.

1. Ação
A ação é constituída pela sequência de eventos motivados ou sofridos pelas personagens.
Fechada — o leitor tem conhecimento do destino final das personagens; a história tem princípio, meio e fim.
Aberta — o destino definitivo das personagens é omitido, tal como o final da acção; a história não tem um princípio, um meio e um fim bem definidos; os episódios não fazem parte de uma ação única; o leitor é convidado a fazer uma reflexão sobre o que leu.
Fechada/Aberta — em determinados textos, encontramos referência ao destino definitivo das personagens, sem que, contudo, a reflexão deixe de ser motivada pelo relato dos acontecimentos, que pode não “fechar” completamente a ação em relação a determinados aspetos.

 As sequências narrativas podem ser organizadas por: encadeamento, encaixe ou alternância (já foi revisto; consultar)
2. Espaço
2.1. Espaço físico — trata-se do espaço onde as personagens se movimentam e onde ocorrem os acontecimentos:
Ø geográfico
Ø interior
Ø exterior

2.2. Espaço social — é um espaço construído através de ambientes vividos pelas personagens; liga-se às características da sociedade em que as personagens se inserem.
2.3. Espaço psicológico — este espaço é construído pelo conjunto de elementos que traduzem a interioridade das personagens (como, por exemplo, o sonho, a memória, as emoções, as reflexões...).

3. Tempo
3.1. Tempo da história — é o tempo em que decorre a ação.
3.2. Tempo histórico — refere-se à época em que os acontecimentos têm lugar.
3.3. Tempo do discurso — trata-se da forma como o narrador relata os acontecimentos — pode voltar atrás no tempo (analepses), adiantar determinado episódio (prolepse), omitir o que se passou em determinado período temporal (elipse), contar sumariamente o que aconteceu num certo período de tempo (resumo).
3.4. Tempo psicológico — é o tempo vivido pelas personagens de forma subjetiva, interior; relaciona-se com o modo como as personagens sentem a passagem do tempo.

4. Narrador (tipos de)
Narrador heterodiegético — é uma entidade exterior à história; tem uma função meramente narrativa; relata os acontecimentos.
Narrador homodiegético — é uma personagem da história que revela as suas próprias “vivências” (não se trata do protagonista da história).
Narrador autodiegético — o narrador participa na história como protagonista, revelando as suas próprias “vivências”.

4.1. Focalização da narrativa
A focalização (pensa no ato de “focar” com uma câmara de vídeo, por exemplo) é o ponto de vista do narrador em relação aos acontecimentos narrados.
Focalização omnisciente— o narrador detém um conhecimento total dos acontecimentos.
Focalização interna — surge quando é instaurado o ponto de vista de uma das personagens que vive a história.
Focalização externa — acontece quando o narrador revela as características exteriores das personagens ou apresenta um espaço físico onde decorre a acção.
A focalização pode ainda ser considerada:
Heterodiegética — a ação é contada por um narrador exterior à história.
Homodiegética — uma das personagens da obra toma o papel de narrador.
Nota: O vocábulo diegese que se encontra presente nas palavras homodiegético(a), heterodiegético(a) e autodiegético(a) tem origem grega e significa história.

5. Personagem
Individuais ou Coletivas

Papel/relevo - Principal, secundária ou figurante
Conceção
Personagens desenhadas ou planas — estas são definidas por um elemento característico que as acompanha durante todo o texto; tendem para a caricatura ou para a representação de um grupo social (personagem-tipo).
Personagens modeladas ou redondas — trata-se de personagens complexas, que apresentam uma multiplicidade de traços caracterizadores; as suas atitudes perante os acontecimentos podem surpreender o leitor; aproximam-se do ser humano pela sua complexidade.
Caraterização
Física (aspetos físicos da personagem; o seu exterior).
Psicológica (aspetos da personalidade; o seu caráter, maneira de ser).
Social (aspetos como profissão, nível social, ambiente social em que se move...).

Processo de caracterização
Direta (quando são mencionadas explicitamente no texto as características das personagens)
Indireta (quando o leitor tem de concluir as características da personagem através das suas falas, atitudes e ações, ou seja, através do que está implícito no texto).