terça-feira, 6 de abril de 2021

Camões, Mudam-se os tempos, Mudam-se as vontades

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E enfim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.

Luís Vaz de Camões


O poema "Mudam-se os tempos, mudam se as vontades", de Luís Vaz de Camões, está escrito de acordo com a lírica clássica pois foi inspirado pela estética do renascimento italiano, sendo um soneto. O soneto quanto à estrutura poética é constituída por duas quadras seguidas de dois tercetos e os seus versos têm dez sílabas métricas, isto é, são versos decassilábicos. Neste soneto, a rima é interpolada, emparelhadas e interpolada, sendo o esquema rimático:abba/baab/cdc/dcd.
O principal tema deste soneto é a mudança. Numa fase melancólica da sua vida, o sujeito poético encontra-se desiludido com essa mudança dos tempos, das pessoas, dos seus valores e ideais e até mesmo no modo como estas se disponibilizam, como revela o verso "muda-se o ser mudam-se a confiança". Assim, com o passar dos tempos, "do mal ficam as mágoas não lembrança, / e só bem (se algum houve) as saudades..", ou seja, para o eu lírico o que prevaleceu foram os momentos mais negativos da vida, pois o tempo levou a sua esperança.
Ao longo do poema podemos encontrar sete formas verbais do verbo mudar, acrescidas também de vocábulos como" novas" e "novidades", e com isto o poeta pretende reforçar o tema principal, a mudança.
Na primeira estrofe podemos encontrar uma enumeração e uma anáfora, onde o autor faz uma generalização da mudança e fala na terceira pessoa. Na segunda estrofe, o sujeito poético fala na primeira pessoa do plural - «vemos», revelando maior proximidade com a reflexão que apresenta, e utiliza uma antítese para expressar a sua ideia de mudança - mal/bem: o primeiro permanece como memória; o segunda talvez nem tenha existido ou, a existir, já só deixou «as saudades». Na terceira estrofe o poeta começa por falar da renovação cíclica da natureza porque depois do inverno "neve fria" vem a primavera "verde manto" repor a alegria, mas nele essa renovação não acontece. Na última estrofe o eu lírico conclui que até a própria mudança muda.
Palavras 10, pág 180
Pedro D, Bruno A, 10ºB
Pintura:  Turbilhão, de Autora bernardo
 Noite estrelada, pintura de Vincent Van Gogh
 Luís de Camões (1524-1580) foi um poeta português e o maior representante do classicismo entre nós. Autor do poema épico “Os Lusíadas”, uma das obras mais importantes da literatura portuguesa; na poesia lírica que escreveu, destaca-se o poema "Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades".
O poema tem como tema a mudança, sendo que o sujeito poético aborda as mudanças que se vão sucedendo. Todas as coisas estão em constante alteração, mas existem dois aspetos que incomodam o sujeito de um modo especial: as mudanças da sua vida não acompanharem o caráter cíclico das que que ocorrem na Natureza e o facto de a própria mudança mudar.
O poema insere-se na corrente renascentista, pois estamos perante um soneto, uma vez que este se distingue por apresentar duas quadras e dois tercetos. Na primeira quadra o sujeito poético apresenta a ideia que vai desenvolver e centra-se nas várias mudanças; na segunda quadra, o poeta desenvolve a ideia apresentada na quadra inicial; de seguida, no primeiro terceto, o poeta confirma, de modo concreto, o desenvolvimento das ideias: a mudança que se efetua na natureza como no seu espírito; já no segundo terceto e última estrofe, faz a síntese do tema acabando com a “chave de ouro” - a noção de que a mudança mais surpreendente é a de que já não se muda como era costume, isto é, a mudança da própria mudança.
O soneto apresenta 14 versos decassilábicos, a nível da métrica, como se percebe no verso «Mu/dam/-se os/tem/pos,/mu/dam/-se as/von/ta/(des)» - a medida nova.
Este poema apresenta um esquema rimático ABBA/BAAB/CDC/DCD, em que nas quadras a rima é emparelhada e interpolada e nos tercetos cruzada.
Ao longo da composição poética vão surgindo vários recursos expressivos, tais como a anáfora presente na constante utilização do verbo mudar: «Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades; / Mudam-se o ser, muda-se a confiança»; a antítese retratada nos versos- «Do mal ficam as mágoas na lembrança,/E do bem, se algum houve, as saudades.». e a metáfora apresentada nos versos - « O tempo cobre o chão de verde manto,/Que já coberto foi de neve fria », sendo que se referem à primavera e ao inverno, respetivamente.

B. Júlio,
I. Pereira,
M. Oliveira

No soneto “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades” a influência lírica utilizada é a clássica, pois é um soneto (apresenta 14 versos, sendo dividido em duas quadras e dois tercetos), para além de possuir versos decassilábicos, a «medida nova».
O poema tem três tipos de rima, interpolada e emparelhada nas quadras e cruzadas nos tercetos.
O tema da composição é a mudança porque o poeta ao longo do soneto refere que muda-se o ser; muda-se a confiança e todo o mundo é composto de mudança. O poeta faz isto para mostrar a oposição entre o tempo da natureza e o tempo humano. O sujeito poético mostra-se desiludido com a vida, referindo que o ciclo da natureza volta sempre à  fase inicial enquanto diz que a sua vida só muda para pior; com isto o poeta demonstra que está num momento baixo da sua vida, mostrando sentimentos melancólicos a cada verso (por exemplo nos versos 9 a 11): “ O tempo cobre o chão de verde manto, / que já coberto foi de neve fria, / e enfim, converte em choro o doce canto.”
Por fim, os recursos expressivos são: a anáfora- com a repetição do verbo mudar (6x) e a antítese – “converte em choro o doce canto”.
Enquanto que a natureza tem a capacidade de se renovar o poeta acha que já não a possui.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
Luís Vaz de Camões- foi um poeta do séc. XVI que escreveu inúmeros poemas e entre outras histórias temos como o seu ex-líbris, a epopeia "Os Lusíadas"; o seu poema lírico mais conhecido é " O amor é fogo que arde sem se ver", uma reflexão sobre as contradições do Amor. Camões foi um escritor muito vivido que ao longo da sua vida viveu batalhas e viagens. O poema estudado encontra-se na pág.180 do manual adotado.
Trabalho realizado por:
Cat. Vieira;
M. Ribeiro;
M. Alcântara;
Raquel D.
10ºB

1 comentário:

Unknown disse...

Tenho o mesmo e o poema
A professora quer saber da simbologia do poema