terça-feira, 12 de janeiro de 2021

António Vieira - criação de Biografias e Entrevistas


Como  prometido, fica informação  suplementar para servir de base às autobiografias e entrevistas que irão criar em aula. Selecionem, como combinado.
I

"Nasceu em Lisboa a 6 de fevereiro de 1608, sendo baptizado no dia 15 desse mês na sé [...] da mesma cidade; faleceu na Baía a 18 de julho de 1697. Era filho de Cristóvão Vieira Ravasco, fidalgo de nobre ascendência, e de D. Maria de Azevedo.
Nos fins de 1615 partiu com a sua família para a Baía, não se sabe bem, porque motivo […] A 20 de janeiro de 1616 iam naufragando nos baixos da Paraíba, e quase milagrosamente se salvaram. Ainda depois teve António Vieira uma gravíssima doença, de que escapou para glória do seu nome e da sua pátria, que tanto havia de ilustrar com o seu maravilhoso engenho."

«... aos dezassete anos de idade já era encarregado de escrever em latim as anuas que eram enviadas da província ao geral de Roma, e aos dezoito era mandado lecionar retórica no colégio de Olinda, e depois filosofia dialéctica.» (Ler artigo completo)

II
O Mundo de António Vieira - Vieira, um homem moderno
(autoria - Pedro Calafate; fonte: Instituto Camões)


III

"Notável prosador e o mais conhecido orador religioso português, o Padre António Vieira nasceu a 6 de fevereiro de 1608, em Lisboa, filho primogénito de um modesto casal burguês, e faleceu na Baía, Brasil, em 1697.

Quando tinha apenas seis anos, os seus pais mudaram-se para a Baía, no Brasil, tendo iniciado os seus estudos. Os jesuítas tinham sido desde sempre os portadores da cultura e civilização no Brasil, com relevo especial para os Padres José de Anchieta e Manuel de Nóbrega. Assim sendo, cursou Humanidades no colégio da Companhia de Jesus, onde revelou bem cedo dotes excecionais.

 Aos 15 anos, motivado pela sua na Virgem das Maravilhas na baiana e por um sermão que ouviu sobre as torturas do Inferno, Vieira teve o seu famoso "estalo" e decidiu ingressar na Companhia de Jesus. Ante a oposição dos pais, Vieira fugiu de casa e prosseguiu a sua formação, em que predominavam as Humanidades Clássicas (principalmente o latim), a Filosofia e a Teologia, com especial relevo para a Sagrada Escritura.
Em 1625 António Vieira fez votos de pobreza, castidade e obediência e, propondo-se missionar entre os ameríndios e escravos negros, estudou a "língua geral" (tupi-guarani) e o quimbundo. Foi nomeado professor de Retórica no colégio dos Padres em Olinda, onde permaneceu dois ou três anos, tendo depois voltado à Baía com o fito de seguir os cursos de Filosofia e Teologia.


Ordenado padre em dezembro de 1634, depressa se avolumou a sua fama de orador e se celebrizaram os seus sermões que refletiam as vicissitudes da Baía, em luta contra os holandeses, e criticavam a ganância, a injustiça e a corrupção.

Em 1641, restaurada a independência, Vieira acompanhou o filho do governador, que vinha trazer a adesão do Brasil a D. João IV, à Metrópole. Em Lisboa, começou a pregar em S. Roque e logo o seu talento se espalhou pela cidade. Segundo o testemunho de D. Francisco Manuel de Melo, a afluência às pregações era tal que, como se de provérbio se tratara, corria a frase: "Manda lançar tapete de madrugada em S. Roque para ouvir o Padre António Vieira".
Cativa o favor de D. João IV, que não tardou em convidá-lo a pregar na capela real, onde ele proferiu o seu primeiro sermão no dia 1 de janeiro de 1642. Dois anos depois foi nomeado pregador régio.

[…] Voltou ao Brasil em 1653, para o estado do Maranhão e aí assumiu um papel muito ativo nos conflitos entre jesuítas e colonos, como paladino dos direitos humanos, a propósito da exploração dos indígenas.
No ano seguinte pregou o Sermão de Santo António aos Peixes. Foi expulso do Maranhão pelos colonos, em 1661, e regressou a Lisboa. De novo na capital, D. João IV, seu protetor, havia falecido e D. Afonso VI, instigado pelos inimigos do orador, desterrou-o para o Porto e, mais tarde, para Coimbra.

Perfilhando as novas expectativas sebastianistas que encontrou no reino [...] escreveu o Sermão dos Bons Anos, em 1642. Foi nesta altura que a Inquisição o prendeu sob a acusação de que tomava a defesa dos judeus, acreditava nas possibilidades de um Quinto Império e nas profecias de Bandarra.

Entretanto, a situação política alterou-se. Destituído D. Afonso, subiu ao trono D. Pedro II. António Vieira foi amnistiado e retomou as pregações em Lisboa. Em 1669 parte para Roma como diplomata e obtém grande sucesso como pregador, combatendo o Tribunal do Santo Ofício. Na Cidade Eterna, continuou a defesa acérrima dos judeus e ganhou grande reputação, encantando com a sua eloquência o Papa Clemente X e a rainha Cristina da Suécia.

Regressou a Portugal em 1675; mas, agora sem apoios políticos e desiludido pela perseguição aos cristãos-novos (que tanto defendera), retirou-se de vez para a Baía em 1681 onde se entregou ao trabalho de compor e editar os seus Sermões.

A sua prosa é vista como um modelo de estilo vigoroso e lógico, onde a construção frásica ultrapassa o mero virtuosismo barroco. A sua riqueza e propriedade verbais, os paradoxos e os efeitos persuasivos que ainda hoje exercem influência no leitor, a sedução dos seus raciocínios, o tom por vezes combativo, e ainda certas subtilezas irónicas, tornaram a arte de Vieira admirável.

As obras Sermões, Cartas e História do Futuro ficam como testemunho dessa arte."

Padre António Vieira in Artigos de apoio Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2019. [consult. 2019-09-26]. Disponível na Internet: https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$padre-antonio-vieira

1 comentário:

Anónimo disse...

A equipa do jornal Gazeta foi até à Baía falar com o Padre António Vieira um prestigiado pregador nascido em Lisboa a 6 de fevereiro de 1608.
Gazeta- Bom dia, Padre António Vieira passo-lhe a palavra para que nos conte como foi o início dos seus estudos para se tornar sacerdote.
Padre António Vieira- Bom dia, tudo terá começado quando eu tinha 6 anos altura em que os meus pais,que eram um casal de burgueses, se mudara para a Baía,no Brasil, onde eu iniciei os meus estudos em Humanidades no Colégio da Companhia de Jesus. Aos 15 anos motivado pela minha fé fugi de casa e contra a vontade dos meus pais ingressei na Companhia de Jesus e prossegui com a minha formação em que predominavam as Humanidades Clássicas, a Filosofia e a Teologia com grande destaque para a Sagrada Escritura. Em 1625 fiz um voto de pobreza, castidade e obediência, propondo-me a missionar entre os ameríndios e os escravos negros.
G-Como é que começou o seu gosto pela pregação?
PAV- Creio que começou quando fui nomeado professor de Retórica no colégio dos padres em Olinda, onde permaneci durante dois ou três anos, tendo voltado depois para a Baía.
G-Quando é que se tornou padre?
PAV-Fui ordenado padre em dezembro de 1634,na Baía, onde os meus sermões criticavam a ganância, injustiça e corrupção.
G-Em que altura regressou a Lisboa?
PAV-Voltei a Lisboa em 1641, quando se deu a restauração da independência.
G-O que sucedeu durante a sua estadia na capital?
PAV-Comecei a pregar em S.Roque, mais tarde D.JoãoIV convidou-me para pregar na capela real, onde proferi o meu primeiro sermão no dia 1 de janeiro de 1642. Tendo sido nomeado pregador régio dois anos depois.
G-Conte-nos agora o seu regresso ao Brasil depois de tudo isto.
PAV.-Voltei ao Brasil em 1653, onde assumi um papel muito ativo nos conflitos entre jesuítas e colonos. No ano seguinte preguei o Sermão de Santo António aos Peixes. E em 1661 fui expulso do Maranhão pelos colonos.
G-Tendo regressado a Lisboa correto?
PAV-Sim correto.
G-E o que aconteceu em Portugal durante esses anos?
PAV-Quando cheguei a Lisboa D.JoãoIV teria morrido e D.AfonsoVI desterrou-me para o Porto e,mais tarde, para Coimbra.Em 1642 escrevi o Sermão dos Bons Anos e foi nesta altura que a inquisição me prendeu sob a acusação de que eu tomava a defesa dos judeus. Depois D.Afonso foi destituído e eu fui amnistiado e retomei as pregações em Lisboa.
G-Sabemos que em 1669 partiu para Roma como diplomata e que obteve um grande sucesso como pregador, mas que anos mais tarde regressou a Portugal.
PAV-Sim, regressei a Portugal em 1675 sem quaisquer apoios políticos e desiludido com a perseguição aos cristãos-novos.
G-E agora que está de regresso à Baía quais são os seus objetivos?
PAV-Retirei-me definitivamente para cá em 1681, onde me estou a dedicar ao trabalho de compor e editar os meus sermões e onde pretendo passar os últimos aos da minha vida, que como sabe já não sou um homem novo.
G-Muito bem. Obrigada por ter aceite o nosso convite e por ter disponibilizado um pouco do seu tempo para nos dar a conhecer um pouco melhor a sua história que +e,sem dúvidas, cheia de grandes peripécias, foi um prazer.
PAV.-Eu é que agradeço, o prazer foi todo meu em poder partilhar a minha história.
G-Saudações Padre António Vieira.
PAV-Saudações

Mariana Mendes
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