Como prometido, fica informação suplementar para servir de base às autobiografias e entrevistas que irão criar em aula. Selecionem, como combinado.
I
"Nasceu em Lisboa a 6 de
fevereiro de 1608, sendo baptizado no dia 15 desse mês na sé [...] da
mesma cidade; faleceu na Baía a 18 de julho de 1697. Era filho de Cristóvão
Vieira Ravasco, fidalgo de nobre ascendência, e de D. Maria de Azevedo.
Nos fins de 1615 partiu com a
sua família para a Baía, não se sabe bem, porque motivo […] A 20 de janeiro de
1616 iam naufragando nos baixos da Paraíba, e quase milagrosamente se salvaram.
Ainda depois teve António Vieira uma gravíssima doença, de que escapou para
glória do seu nome e da sua pátria, que tanto havia de ilustrar com o seu
maravilhoso engenho."
«... aos dezassete anos de idade já
era encarregado de escrever em latim as anuas que eram enviadas da província ao
geral de Roma, e aos dezoito era mandado lecionar retórica no colégio de
Olinda, e depois filosofia dialéctica.»
(Ler artigo completo)
II
O Mundo de António Vieira - Vieira, um homem moderno
(autoria - Pedro Calafate; fonte: Instituto Camões)
III
"Notável
prosador e o mais conhecido
orador religioso português,
o Padre António Vieira
nasceu a 6 de fevereiro
de 1608, em
Lisboa, filho primogénito
de um modesto
casal burguês, e faleceu
na Baía, Brasil,
em 1697.
Quando tinha apenas
seis anos, os
seus pais mudaram-se
para a Baía, no
Brasil, tendo aí
iniciado os seus
estudos. Os jesuítas
tinham sido desde
sempre os portadores
da cultura e civilização
no Brasil, com
relevo especial para
os Padres José
de Anchieta e Manuel
de Nóbrega. Assim
sendo, cursou Humanidades
no colégio da
Companhia de Jesus,
onde revelou bem
cedo dotes excecionais.
Aos 15
anos, motivado pela
sua fé na
Virgem das Maravilhas
na Sé baiana
e por um sermão
que ouviu sobre
as torturas do
Inferno, Vieira teve
o seu famoso "estalo"
e decidiu ingressar
na Companhia de
Jesus. Ante a oposição
dos pais, Vieira
fugiu de casa
e prosseguiu a sua formação,
em que predominavam
as Humanidades Clássicas
(principalmente o latim), a Filosofia e a Teologia, com
especial relevo para
a Sagrada Escritura.
Em 1625 António Vieira fez votos de
pobreza, castidade e obediência e, propondo-se missionar entre os ameríndios e
escravos negros, estudou a "língua geral" (tupi-guarani) e o
quimbundo. Foi nomeado professor de Retórica no colégio dos Padres em Olinda,
onde permaneceu dois ou três anos, tendo depois voltado à Baía com o fito de
seguir os cursos de Filosofia e Teologia.
Ordenado padre em dezembro de 1634,
depressa se avolumou a sua fama de orador e se celebrizaram os seus sermões que
refletiam as vicissitudes da Baía, em luta contra os holandeses, e criticavam a
ganância, a injustiça e a corrupção.
Em 1641, restaurada a independência,
Vieira acompanhou o filho do governador, que vinha trazer a adesão do Brasil a
D. João IV, à Metrópole. Em Lisboa, começou a pregar em S. Roque e logo o seu
talento se espalhou pela cidade. Segundo o testemunho de D. Francisco Manuel de
Melo, a afluência às pregações era tal que, como se de provérbio se tratara,
corria a frase: "Manda lançar tapete de madrugada em S. Roque para ouvir o
Padre António Vieira".
Cativa o favor de D. João IV, que não
tardou em convidá-lo a pregar na capela real, onde ele proferiu o seu primeiro
sermão no dia 1 de janeiro de 1642. Dois anos depois foi nomeado pregador
régio.
[…] Voltou ao Brasil em 1653, para o
estado do Maranhão e aí assumiu um papel muito ativo nos conflitos entre
jesuítas e colonos, como paladino dos direitos humanos, a propósito da
exploração dos indígenas.
No ano seguinte pregou o Sermão de Santo
António aos Peixes. Foi expulso do Maranhão pelos colonos, em 1661, e regressou
a Lisboa. De novo na capital, D. João IV, seu protetor, havia falecido e D.
Afonso VI, instigado pelos inimigos do orador, desterrou-o para o Porto e, mais
tarde, para Coimbra.
Perfilhando as novas expectativas sebastianistas
que encontrou no reino [...] escreveu o Sermão dos Bons Anos, em 1642. Foi
nesta altura que a Inquisição o prendeu sob a acusação de que tomava a defesa
dos judeus, acreditava nas possibilidades de um Quinto Império e nas profecias
de Bandarra.
Entretanto, a situação política
alterou-se. Destituído D. Afonso, subiu ao trono D. Pedro II. António Vieira
foi amnistiado e retomou as pregações em Lisboa. Em 1669 parte para Roma como
diplomata e obtém grande sucesso como pregador, combatendo o Tribunal do Santo
Ofício. Na Cidade Eterna, continuou a defesa acérrima dos judeus e ganhou
grande reputação, encantando com a sua eloquência o Papa Clemente X e a rainha
Cristina da Suécia.
Regressou a Portugal em 1675; mas, agora
sem apoios políticos e desiludido pela perseguição aos cristãos-novos (que
tanto defendera), retirou-se de vez para a Baía em 1681 onde se entregou ao
trabalho de compor e editar os seus Sermões.
A sua prosa é vista como um modelo de
estilo vigoroso e lógico, onde a construção frásica ultrapassa o mero
virtuosismo barroco. A sua riqueza e propriedade verbais, os paradoxos e os
efeitos persuasivos que ainda hoje exercem influência no leitor, a sedução dos
seus raciocínios, o tom por vezes combativo, e ainda certas subtilezas
irónicas, tornaram a arte de Vieira admirável.
As obras Sermões, Cartas e História
do Futuro ficam como testemunho dessa arte."
Padre António Vieira in Artigos de apoio
Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2019. [consult. 2019-09-26].
Disponível na Internet:
https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$padre-antonio-vieira