quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Padre António Vieira - Sermão de Santo António



Estrutura:
  • Exórdio - capítulo I
  • EXPOSIÇÃO/CONFIRMAÇÃO-Capítulos II, III, IV,V
  • Peroração - capítulo VI

Louvores dos peixes
Características gerais - Cap. II
–Ouvem e não falam
–Foram os primeiros a ser criados
–São os mais abundantes
–São obedientes e respeitadores
–Salvaram Jonas (mostrando-se menos “selvagens” que os humanos)

Virtudes naturais - Cap. III
-Desconfiam dos homens, por isso fogem deles
-Louvores particulares
-Tobias (poder curativo)
-Rémora (força e poder)
-Torpedo (energia)
-Quatro-olhos (para olhar p/ o alto e p/ baixo)


Repreensão dos defeitos dos peixes
Defeitos gerais - Cap.IV
-Voracidade
-Ignorância e cegueira
-Vaidade

Defeitos específicos - Cap. V
- Roncador(arrogância)
- Pegador (oportunismo)
- Voador (ambição)
- Polvo (hipocrisia; traição)
 
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ARGUMENTAÇÃO
 
A. VIEIRA na argumentação recorre a:
 
•Textos bíblicos (citações)
•Experiência pessoal
•Universalidade (consiste na aceitação generalizada de uma ideia)
•Evocação/argumentos de autoridade (Cristo, Santos, Evangelistas, Doutores da Igreja...)
•Referência a conhecimentos e factos reconhecíveis
•Elementos das Ciências Naturais
•Alusões e Subentendidos (que convocam o reconhecimento/a cumplicidade do auditório)
•A analogia / a semelhança (à partida, melhor compreendida/ aceite pelos ouvintes)


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O entendimento global das ideias e propósitos deste sermão implica perceber:

Conceito predicável
 “Vós [os pregadores] sois o sal da terra” 
 
 – O sal e os pregadores têm propriedades comuns:
- Conservar o bom/bem
- Impedir a corrupção/o mal

Há na terra muitos pregadores e [no entanto] a terra está corrupta, porque:
- O sal não salga … ou
- A terra não se deixa salgar…

A analogia entre a situação de S. António e a de Padre A. Viera: 
– ambos pregam bem (a doutrina é a dos Evangelhos) mas não têm bons ouvintes, pelo que decidem mudar de auditório. 
 
Ao pregar, tanto Vieira como Santo António, louvam o Bem e repreendem o Mal.
 
Os exemplos bíblicos funcionam como um recurso/argumento de autoridade, pois o texto sagrado apresenta-se como irrefutável e, nesse sentido, exemplar.

A analogia Peixes-Homens: louvar e repreender os peixes é chamar a atenção, criticar e procurar emendar os homens;

Em síntese:
-Os homens têm todos os defeitos criticados nos peixes;
- Os peixes têm algumas virtudes que os homens não possuem.

Cartoon - Autor:  Michael Kountouris prémio Word Press Cartoon Cascais 2015

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

António Vieira no Ensina RTP

Processo Inquisitorial do padre António Vieira. 1659-04-29 / 1668-06-30.  
Portugal, Torre do Tombo, Tribunal do Santo Ofício, Inquisição de Lisboa, proc. 1664.


António Vieira - criação de Biografias e Entrevistas


Como  prometido, fica informação  suplementar para servir de base às autobiografias e entrevistas que irão criar em aula. Selecionem, como combinado.
I

"Nasceu em Lisboa a 6 de fevereiro de 1608, sendo baptizado no dia 15 desse mês na sé [...] da mesma cidade; faleceu na Baía a 18 de julho de 1697. Era filho de Cristóvão Vieira Ravasco, fidalgo de nobre ascendência, e de D. Maria de Azevedo.
Nos fins de 1615 partiu com a sua família para a Baía, não se sabe bem, porque motivo […] A 20 de janeiro de 1616 iam naufragando nos baixos da Paraíba, e quase milagrosamente se salvaram. Ainda depois teve António Vieira uma gravíssima doença, de que escapou para glória do seu nome e da sua pátria, que tanto havia de ilustrar com o seu maravilhoso engenho."

«... aos dezassete anos de idade já era encarregado de escrever em latim as anuas que eram enviadas da província ao geral de Roma, e aos dezoito era mandado lecionar retórica no colégio de Olinda, e depois filosofia dialéctica.» (Ler artigo completo)

II
O Mundo de António Vieira - Vieira, um homem moderno
(autoria - Pedro Calafate; fonte: Instituto Camões)


III

"Notável prosador e o mais conhecido orador religioso português, o Padre António Vieira nasceu a 6 de fevereiro de 1608, em Lisboa, filho primogénito de um modesto casal burguês, e faleceu na Baía, Brasil, em 1697.

Quando tinha apenas seis anos, os seus pais mudaram-se para a Baía, no Brasil, tendo iniciado os seus estudos. Os jesuítas tinham sido desde sempre os portadores da cultura e civilização no Brasil, com relevo especial para os Padres José de Anchieta e Manuel de Nóbrega. Assim sendo, cursou Humanidades no colégio da Companhia de Jesus, onde revelou bem cedo dotes excecionais.

 Aos 15 anos, motivado pela sua na Virgem das Maravilhas na baiana e por um sermão que ouviu sobre as torturas do Inferno, Vieira teve o seu famoso "estalo" e decidiu ingressar na Companhia de Jesus. Ante a oposição dos pais, Vieira fugiu de casa e prosseguiu a sua formação, em que predominavam as Humanidades Clássicas (principalmente o latim), a Filosofia e a Teologia, com especial relevo para a Sagrada Escritura.
Em 1625 António Vieira fez votos de pobreza, castidade e obediência e, propondo-se missionar entre os ameríndios e escravos negros, estudou a "língua geral" (tupi-guarani) e o quimbundo. Foi nomeado professor de Retórica no colégio dos Padres em Olinda, onde permaneceu dois ou três anos, tendo depois voltado à Baía com o fito de seguir os cursos de Filosofia e Teologia.


Ordenado padre em dezembro de 1634, depressa se avolumou a sua fama de orador e se celebrizaram os seus sermões que refletiam as vicissitudes da Baía, em luta contra os holandeses, e criticavam a ganância, a injustiça e a corrupção.

Em 1641, restaurada a independência, Vieira acompanhou o filho do governador, que vinha trazer a adesão do Brasil a D. João IV, à Metrópole. Em Lisboa, começou a pregar em S. Roque e logo o seu talento se espalhou pela cidade. Segundo o testemunho de D. Francisco Manuel de Melo, a afluência às pregações era tal que, como se de provérbio se tratara, corria a frase: "Manda lançar tapete de madrugada em S. Roque para ouvir o Padre António Vieira".
Cativa o favor de D. João IV, que não tardou em convidá-lo a pregar na capela real, onde ele proferiu o seu primeiro sermão no dia 1 de janeiro de 1642. Dois anos depois foi nomeado pregador régio.

[…] Voltou ao Brasil em 1653, para o estado do Maranhão e aí assumiu um papel muito ativo nos conflitos entre jesuítas e colonos, como paladino dos direitos humanos, a propósito da exploração dos indígenas.
No ano seguinte pregou o Sermão de Santo António aos Peixes. Foi expulso do Maranhão pelos colonos, em 1661, e regressou a Lisboa. De novo na capital, D. João IV, seu protetor, havia falecido e D. Afonso VI, instigado pelos inimigos do orador, desterrou-o para o Porto e, mais tarde, para Coimbra.

Perfilhando as novas expectativas sebastianistas que encontrou no reino [...] escreveu o Sermão dos Bons Anos, em 1642. Foi nesta altura que a Inquisição o prendeu sob a acusação de que tomava a defesa dos judeus, acreditava nas possibilidades de um Quinto Império e nas profecias de Bandarra.

Entretanto, a situação política alterou-se. Destituído D. Afonso, subiu ao trono D. Pedro II. António Vieira foi amnistiado e retomou as pregações em Lisboa. Em 1669 parte para Roma como diplomata e obtém grande sucesso como pregador, combatendo o Tribunal do Santo Ofício. Na Cidade Eterna, continuou a defesa acérrima dos judeus e ganhou grande reputação, encantando com a sua eloquência o Papa Clemente X e a rainha Cristina da Suécia.

Regressou a Portugal em 1675; mas, agora sem apoios políticos e desiludido pela perseguição aos cristãos-novos (que tanto defendera), retirou-se de vez para a Baía em 1681 onde se entregou ao trabalho de compor e editar os seus Sermões.

A sua prosa é vista como um modelo de estilo vigoroso e lógico, onde a construção frásica ultrapassa o mero virtuosismo barroco. A sua riqueza e propriedade verbais, os paradoxos e os efeitos persuasivos que ainda hoje exercem influência no leitor, a sedução dos seus raciocínios, o tom por vezes combativo, e ainda certas subtilezas irónicas, tornaram a arte de Vieira admirável.

As obras Sermões, Cartas e História do Futuro ficam como testemunho dessa arte."

Padre António Vieira in Artigos de apoio Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2019. [consult. 2019-09-26]. Disponível na Internet: https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$padre-antonio-vieira