terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Biografia de Eça de Queirós

Eça de Queirós

Por Carlos Reis

Tendo nascido na Póvoa do Varzim (25 de novembro de 1845), Eça de Queirós desenvolveu a sua vida literária entre meados dos anos 60 e 1900, quando, a 16 de agosto, morreu em Paris. Nesse lapso temporal, Eça marcou a cena literária portuguesa com uma produção literária de alta qualidade, alguma dela deixada inédita à data da sua morte.

Formado na Coimbra romântica e boémia dos anos 60, o jovem Eça acolhe o ascendente de Antero de Quental como líder de uma geração de intelectuais abertos ao influxo de correntes estéticas e ideológicas que se projetam na vida literária desses anos e das décadas seguintes: social ismo, realismo, naturalismo, etc. (cf. "Um Génio que era um Santo", in Notas Contemporâneas). Logo depois, em Lisboa e em Évora, Eça de Queirós conhece a experiência do jornalismo (n’O Distrito de Évora, na Gazeta de Portugal, onde colabora com folhetins postumamente editados em livro, em 1903, com o título Prosas Bárbaras). A invenção (com Antero e Batalha Reis) da figura de Carlos Fradique Mendes, bem como a composição d'O Mistério da Estrada de Sintra (publicado em cartas, em 1870, no Diário de Notícias, de parceria com Ramalho Ortigão) prolongam ainda o tom e a temática romântica que caracterizam este Eça em tempo de aprendizagem literária. As Conferências do Casino (em 1871 e de novo sob o impulso motivador de Antero) representam, na vida literária de Eça de Queirós e da sua geração, um momento decisivo e de abertura a novos rumos estéticos e ideológicos: relaciona-se essa abertura com a análise e com a crítica da vida pública que As Farpas (1871-72, de novo com Ramalho) haviam iniciado, sob o signo do realismo e já mesmo do naturalismo emergentes em Portugal.

Eça de Queirós

O facto de ter saído do país, em 1872, quando parte para o seu primeiro posto consular, em Havana, não impede o romancista de fazer da crítica à vida pública do seu país um dos grandes vetores da sua obra; a verdade, porém, é que Eça se vê confrontado com a distância a que se encontra o espaço português que deveria observar e di-lo numa carta a Ramalho Ortigão, a 8 de abril de 1878: “Convenci-me de que um artista não pode trabalhar longe do meio em que está a sua matéria artística”. As Cenas Portuguesas (ou Cenas da Vida Portuguesa) em que Eça então trabalhava acabariam por abortar, enquanto projeto de ampla crónica de costumes, envolvendo um conjunto harmonioso de narrativas. Apesar disso, o escritor consagra o fundamental da sua atividade literária, entre meados dos anos 70 e meados dos anos 80, à escrita, publicação e revisão de romances de índole realista e naturalista: O Crime do Padre Amaro (com três versões, muito distintas entre si, em 1875, 1876 e 1880), O Primo Basílio (1878) e, de certa forma ainda, A Relíquia (1887) e Os Maias (1888), este último um romance em que eclecticamente se fundem temas e valores de feição diversa. Depois disso, Eça privilegia áreas temáticas e opções narrativas nalguns casos claramente afastadas das exigências do realismo e do naturalismo: a novela O Mandarim (1880) fora um primeiro passo nesse sentido, tal como o serão depois, em registos peculiares, A Correspondência de Fradique Mendes (1900), A Ilustre Casa de Ramires (1900) e A Cidade e as Serras (1901), romance que, tal como os dois títulos anteriores, deve considerar-se semi-póstumo. Por publicar ficam tentativas em estado diverso de elaboração: A Capital, O Conde Abranhos, Alves & Cª. e A Tragédia da Rua das Flores, este último um projeto claramente abandonado pelo escritor.

No seu conjunto, a obra queirosiana exibe formas e temas muito distintos, pode dizer-se até que em constante (ainda que lenta) mutação. Essa mutação traduz não apenas um sentido agudo de insatisfação estética (patente também no facto de o escritor ter submetido muitos dos seus textos a profundos trabalhos de reescrita), mas também uma grande capacidade para intuir e até antecipar o sentido da evolução literária que no seu tempo Eça testemunhou e viveu.

Eça de Queirós

Enquanto intérprete do realismo e do naturalismo, Eça tratou de cultivar um tipo de romance consideravelmente minudente, no que toca aos espaços representados e às personagens caracterizadas; entre estas, avultam os tipos sociais, emblematicamente remetendo para aspetos fundamentais da vida pública portuguesa, na segunda metade do século XIX. À medida que as referências realistas e naturalistas se vão diluindo, é a representação da vida psicológica das suas personagens que começa a estar em causa: a articulação de pontos de vista individuais, bem como o tratamento do tempo narrativo constituem domínios de investimento técnico que o romancista trabalhou com invulgar perícia; por outro lado, as histórias relatadas diversificam-se e dão lugar a diferentes estratégias narrativas: narradores de feição testemunhal (n'O Mandarim, n'A Relíquia e n'A Cidade e as Serras) alternam, então, com formas de representação próximas do relato biográfico e do testemunho epistolográfico (n'A Correspondência de Fradique Mendes).

As transformações assinaladas são indissociáveis de balizas ideológicas e periodológicas que, sem excessiva rigidez mas com inegável significado epocal, devem ser mencionadas. Deste modo, enquanto aceita os princípios do realismo e do naturalismo, Eça procura fundar a representação narrativa na observação dos cenários que privilegia; as personagens que os povoam (Luísa, Amaro, Amélia) surgem como figuras afetadas por fatores educativos e hereditários que os romances tratam de pôr em evidência, de forma normalmente muito crítica. Já, contudo, a terceira versão d'O Crime do Padre Amaro abre caminho a indagações de natureza histórica e a incursões pelo simbólico. Em harmonia com estas tendências, Os Maias revelam um aprofundamento notório dessas indagações: não é possível entender o trajeto pessoal das personagens mais relevantes sem aludirmos ao devir de uma família que, ao longo do século XIX, testemunha, em várias gerações, os acontecimentos históricos, políticos e culturais que decisivamente marcam a vida pública portuguesa. Para além disso, o protagonista do romance vive o destino trágico que, pela via do incesto, conduz a família à extinção. O que permite remeter esse destino, de novo pelo eixo das ponderações simbólico-históricas, para o plano das vivências coletivas; essas vivências envolvem a geração de Eça e, mais alargadamente, o Portugal decadente do fim do séc. XIX, que é aquele que Carlos da Maia observa em Lisboa, quando por algum tempo regressa, em 1887. Por fim, este Eça é o mesmo que recupera a figura de Carlos Fradique Mendes, fazendo dele não apenas uma manifestação de dandismo, mas também a voz autónoma que valoriza o genuíno e os costumes pitorescamente portugueses, ao mesmo tempo que refuta (a exemplo do que se lerá n’A Cidade e as Serras) os excessos da civilização moderna e finissecular.

Eça de Queirós

O romance A Ilustre Casa de Ramires vem a ser, por um lado, a cedência de Eça àquilo a que chamara “o latente e culpado apetite pelo romance histórico” e, por outro lado, uma nova oportunidade para pensar ficcionalmente a História de Portugal, em tempo de profunda crise institucional, com alcance nacional (Ultimato inglês, 31 de janeiro, iminência de bancarrota, etc.) Ao mesmo tempo, Gonçalo, protagonista d'A Ilustre Casa de Ramires, faz-se novelista de circunstância e, desse modo, projeta no romance traumas e fantasmas que eram os do próprio Eça (o receio do plágio, as dificuldades da escrita, a sedução pela Idade Média, etc.).

Refira-se ainda que a produção literária de Eça de Queirós não se limitou ao romance, mas estendeu-se também ao conto: em certos contos queirosianos (p. ex.: em Civilização), estão embrionariamente inscritos temas e ações desenvolvidas em romances. Para além disso Eça colaborou em diversas publicações periódicas ou de circunstância (jornais, revistas, almanaques); nalgumas daquelas chegou a manter uma regular atividade de cronista, na qual se surpreende o observador privilegiado e atento à vida política internacional, à evolução dos costumes, à atividade cultural, etc. Foi também por acreditar na capacidade de intervenção destes seus escritos que Eça projetou, fundou e dirigiu a Revista de Portugal (1889-1892). Apesar da vida efémera que teve, a Revista de Portugal conseguiu afirmar-se como uma das mais cultas e elegantes publicações da sua época, buscando superar, com a ajuda de vozes prestigiadas (além de Eça, Oliveira Martins, Antero de Quental, Alberto Sampaio, Moniz Barreto, Teófilo Braga, Luís de Magalhães, Rodrigues de Freitas, etc.), o clima de vencidismo a que o escritor também chegou a aderir.

Bibliografia ativa

  • O Mistério da Estrada de Sintra (Lisboa, 1870);
  • O Primo Basílio (Porto-Braga, 1878);
  • O Crime do Padre Amaro (Porto-Braga, 1880);
  • O Mandarim (Porto, 1880);
  • A Relíquia (Porto, 1887);
  • Os Maias (Porto, 1888);
  • Uma Campanha Alegre (Lisboa, 1890-91);
  • A Correspondência de Fradique Mendes (Porto, 1900);
  • A Ilustre Casa de Ramires (Porto, 1900);
  • A Cidade e as Serras (Porto, 1901);
  • Contos (Porto, 1902);
  • Prosas Bárbaras (Porto, 1903);
  • Cartas de Inglaterra (Porto, 1905);
  • Ecos de Paris (Porto, 1905);
  • Cartas Familiares e Bilhetes de Paris (Porto, 1907);
  • Notas Contemporâneas (Porto, 1909);
  • Últimas Páginas (Porto, 1912);
  • A Capital (Porto, 1925);
  • O Conde d'Abranhos (Porto, 1925),
  • Alves & Cia. (Porto, 1925);
  • O Egipto (Porto, 1926);
  • A Tragédia da Rua das Flores (Lisboa, 1980).

 

FONTE: Centro Virtual Camões/INSTITUTO CAMÕES , https://www.instituto-camoes.pt/activity/centro-virtual/bases-tematicas/figuras-da-cultura-portuguesa/eca-de-queiros

Serviço Público - Bloco de Notas

Serviço Público - Bloco de Notas: Português 6 - A Ilustre Casa de Ramires de Eça de Queirós. Um romance onde não é fácil entrar: 'pensem nele como uma obra cómica, cheia de iron

Grandes Livros - Episódio 1 - Os Maias (Eça de Queirós)

Eça de Queirós - breve biografia; relação vida-obra (ex. Os Maias)

 

Camilo Castelo Branco e Eça de Queirós

 CAMILO E EÇA

 - ver conversa com os especialistas João Bigotte Chorão (camiliano) e Carlos Reis (queirosiano) -

Camilo Castelo Branco - Visit Baião Eça de Queirós ainda explica Portugal? – Observador   

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

Amor de Perdição o amor e a sociedade

Camilo Castelo Branco, Amor de Perdição | Câmara Municipal de Guimarães      Amor de Perdição 

 «O AMOR-PAIXÃO

• A apologia da liberdade individual feita pelo Romantismo, associada à valorização do amor — visto como um dos sentimentos mais importantes (senão o mais
importante) na vida do Homem — leva o amor-paixão a ser um dos temas
centrais das obras deste movimento.


• É efetivamente isto o que sucede em Amor de perdição: como foi referido anteriormente,
o narrador assume uma posição subjetiva — salientando o carácter
absurdo do ódio entre as duas famílias, bem como a injustiça que está subjacente
às tentativas, por parte de Tadeu de Albuquerque, de impor à sua filha
um casamento com um homem que ela não amava, e que a condenaria a ser
infeliz para todo o sempre. Em contrapartida, é louvado o carácter heroico de
Teresa e de Simão, que, tendo consciência da dimensão sublime da sua paixão,
estão dispostos a abdicar da liberdade e, posteriormente, até da própria
vida, em seu nome. A morte não os intimida, dado que ambos encaram o amor
como um sentimento ideal, que, caso não possa ser vivido na Terra, será concretizado
no Céu. Com efeito, ambos estão seguros do carácter eterno da sua
paixão, que não se coaduna com a mesquinhez de uma sociedade movida por
valores meramente terrenos.


• O amor-paixão é também vivido por Mariana, na medida em que, como foi
anteriormente referido, apesar de ter consciência de que o seu sentimento não
é correspondido, acabará por dedicar toda a sua vida a Simão. Contudo,
ao contrário dos protagonistas, esta personagem, pelo seu carácter prático, ao
invés de projetar na eternidade a esperança de ser amada por Simão, tem esperança
de ser correspondida ao acompanhá-lo no exílio. O pragmatismo não
torna, no entanto, o seu amor inferior ao de Teresa: sabe que a sua vida não faz
sentido sem o amado e diz friamente que, caso este morra, se suicidará — o
que efetivamente acaba por suceder.» 

Amor de Perdição | Coisas para fazer in Lisboa

«A OBRA COMO CRÓNICA DA MUDANÇA SOCIAL


• Se o Amor é o tema central de Amor de perdição — e se concretiza na forma
de ideal do amor ou de amor contrariado —, outros temas e questões sociais
ganham especial relevância na novela, como a noção de honra, as falsas virtudes
ou a condição da mulher no início do século XIX.


• Na verdade, Amor de perdição assume-se como uma crónica da vida em sociedade
e dos costumes desta época de mudança social e política na transição do
Antigo Regime (Absolutismo) para a Época Moderna do Liberalismo.
Na narrativa encontramos dois sistemas de valores, ideias e entendimentos
do mundo em confronto: por um lado, as noções de honra, de privilégio das
classes sociais dominantes, de autoridade familiar e de (falsa) virtude cristã,
associados ao Antigo Regime; e, por outro, os valores de liberdade, igualdade,
justiça social, que o Liberalismo e o Romantismo vêm reivindicar.


• As questões sociais são analisadas de forma crítica em Amor de perdição.
O narrador denuncia e satiriza os valores caducos da sociedade antiga (isto é,
anterior à Revolução Liberal) e os comportamentos sociais condenáveis —
sobretudo da velha nobreza e do clero —, tais como a falência da justiça,
as práticas dos membros da Igreja (recordem-se as freiras do convento onde
Teresa é encerrada), a noção de autoridade paterna (de Domingos Botelho e
de Tadeu de Albuquerque), cujas contradições são expostas perante os olhos
do leitor.


• De facto, Amor de perdição é bem uma obra que, sendo romântica — veja-se
a forma como se expressam as emoções e como se veiculam os valores do
Liberalismo —, anuncia já a narrativa da atualidade (Buescu, 1997: 344-350),
na medida em que estuda e critica a sociedade do seu tempo, ainda que
a ação se circunscreva ao início do século XIX e a uma região do Norte do País.»

Fonte: Recurso educativo da editora Santillana,AMOR DE PERDIÇÃO, de CAMILO CASTELO BRANCO, https://www.santillana.pt

Imagens - 2 fotogramas do filme Amor de Perdição, de Manoel de Oliveira, 1979

terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

Amor de Perdição - a (possível) carta de Teresa para Simão (cap. IV)

 Rosa da Eternidade - Em forma de coração

Amor da minha alma,
Julgo nunca me ter sentido tão preocupada enquanto te escrevo. Meu pai tornou a falar do casamento com meu primo, Baltasar. Forçou-me a casar com ele, dizendo que estava perdida num amor impróprio e que não podia amar-te, Simão! Disse que, caso recusasse, iria recorrer à violência. Disse que me amava e que o faria por amor. Nunca suportaria aquele casamento, prefiro mil vezes a morte. Desprezo o meu primo cada vez mais a cada dia que passa por ser um tão grande impedimento à concretização deste nosso amor. Depois de afirmar que não seria capaz de casar com Baltazar, meu pai exaltou-se. Disse que me deserdava, que seria amaldiçoada e iria para um convento. Permaneci forte, mantive a postura mas assim que voltei ao quarto, chorei. Chorei muito, chorei enquanto pensava em ti, em nós! Procurava uma solução e será o convento. Já passaram alguns dias mas tudo está mais calmo. Meu pai não tornou mencionar o assunto e esta incoerência, apesar de agradável, é bastante suspeita. Nestes últimos dias de medo e incerteza és tu, meu amor, meu Simão, que me alegras. É a ideia da concretização do nosso amor que me conforta. Simão, meu amado, não te aflijas que tudo se resolverá! Tenho rezado muito e creio que Deus ira interceder por nós.
 

Eternamente tua,
                           Teresa de Albuquerque


Carlota 11B

26 de janeiro de 2023 às 10:43

 

 Rosa da Eternidade - Em forma de coração

Meu destemido Simão,

Espero do fundo do coração que te encontres bem, eu já passei por melhores dias…
Não sei o que fazer… sinto-me perdida, preciso de ajuda, Simão! Preciso de ti! O meu pai quer que me case com o meu primo Baltasar, mas isso não é mesmo algo que queira… foi tão infeliz no que me disse… amor de um pai não é violência.. não deveria ser… Disse-me coisas horríveis a até ameaças de violência me fez… estou agora no meu quarto, após me ter dito que, para ele, já nem filha era.
Simão, o único homem que eu realmente quero és tu! Só consigo pensar em ti… E quando penso em ti lembro-me de tudo o que já passámos juntos.. Gosto de ti, Simão!
Peço-te, por favor, ajuda-me, tira-me daqui.. salve-me… receio que algo de muito mau me aguarde…
 

Um beijo grande, coração!
Da tua amada,
Teresa


Reis

19 de janeiro de 2023 às 10:31

 Rosa da Eternidade - Em forma de coração

Meu amado Simão,

É preocupada e desconfiada que te remeto esta carta.

Meu pai voltou a afronta-me sobre o casamento com o meu primo Baltasar. Após lhe negar o pedido, dirigiu-me das maiores barbaridades já proferidos por um pai a uma filha, posto que pelo seu entender já não ocupo.
Mas pior do que essa maldade, é a incoerência que se seguiu. Após inúmeras ameaças duríssimas vejo que nada se concretizou, temo por isso que meu pai e meu primo conspirem algo maior - TEMO PELA MINHA SEGURANÇA.
A carta de Baltasar a assegurar-me do seu amor e saudade, também não me sossega, dada a inconsistência.
Meu amor, por favor ajudai-me. Trás de volta todos os belos momentos em que fomos tão felizes. És a única pessoa em quem posso confiar o meu coração e a paz da minha mente.
Com muito amor,
Teresa.



11°B, J.Nunes e R. Santos

19 de janeiro de 2023 às 10:23

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Rosa da Eternidade - Em forma de coração

Simão, meu querido amor, preciso ser honesta contigo.
Eu ando a omitir algumas coisas mas agora preciso dos teus conselhos. Meu pai descobriu sobre nosso amor, mas ele não nos quer deixar ser felizes. Ele está a tentar forçar-me a casar com meu primo, Balasar, eu já lhe disse que não o faria duas vezes, até disse que preferia morrer do que casar com ele. Mas hoje, ele ameaçou-me pôr num convento se não me casar com ele. Estou com medo, Simão, o que será de nós?
Por agora nada aconteceu mas meu primo já tinha ameaçado fazer algo contigo, então não duvido que meu pai possa estar a planear qualquer afronta; tem cuidado e tenhamos esperança que nada aconteça, que continuemos a trocar cartas e que um dia nos encontremos e talvez até possamos casar e estar livres de meu primo. Espero ouvir de ti Simão, meu precioso amor.
 

Com tudo o meu amor, Teresa

S.C 11°B

19 de janeiro de 2023 às 10:24

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Rosa da Eternidade - Em forma de coração


Meu querido e desejado Simão

Não sabes como gostaria de te ter aqui para me ajudar com estes sentimentos para dizer o que te omiti na esperança de que as ameaças de meu pai não se concretizassem.
Nestes últimos dias tenho-me sentido preocupada com meu primo, Baltasar Coutinho, dizendo o meu pai que este seria um bom marido e que se eu não sei escolher bem, ele escolheria por mim, disse-me que a minha felicidade é daquelas que precisam ser impostas pela violência, que queria o melhor para mim. Depois de ter recusado, ameaçou mandar-me para um convento dizendo que eu não era mais sua filha.

Agora, meu querido Simão, peço te que sejas prudente e vamos esperar pelo melhor.

Com muito amor
Teresa


M.Inácio M.Rego P.Costa V.Trigo

21 de janeiro de 2023 às 14:20

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Rosa da Eternidade - Em forma de coração


Meu querido Simão, há muito que anseio em te escrever.

Necessito de ti, da tua ajuda. Meu pai voltou a confrontar-me com a situação do casamento com meu primo, embora eu já lhe tenha dito, mais que uma vez, que não aceitarei casar-me com ele. E, por me recusar a casar, meu pai ameaçou-me. E meu primo já te ameaçou antes, então temo que, não tarda os dois juntos parem de ameaçar e façam realmente algo. Tenho medo, não me sinto segura com eles… E temo que o único sítio em que agora me sentiria segura seria nos teus braços. Acima de tudo pergunto-me como pode meu pai fazer e dizer-me tais coisas, aliás sou sua filha. Ou era, pois meu pai “retirou-me” dessa posição para com ele.
És o único que está verdadeiramente comigo, e sou eternamente grata por saber disso. Só espero que no futuro possamos reviver todos os bons momentos que um dia passámos.

Com amor, a tua Teresa.

C.Duarte 11ºB

21 de janeiro de 2023 às 15:59

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Rosa da Eternidade - Em forma de coração
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"Um Amor de Perdição, filme de Mário Barroso, 2008

 (trailer)

"Amor de Perdição" - realizado por Manoel de Oliveira, 1978

 

"Amor de Perdição" - filme de António Lopes Ribeiro, 1943