quarta-feira, 31 de maio de 2023

Para Cesário

Hipótese A - "A mim, o que me rodeia, é o que me preocupa."

Como Cesário afirma, eu também creio que os nossos arredores e a realidade em que vivemos deva ser uma das nossas preocupações. Todos nós temos de nos sensibilizar e adotar um espírito crítico não importa o quão abjeta a realidade nos possa parecer. Cesário não teve medo em demonstrar isso na sua poesia, descrevia o espaço em que vivia conforme o que os seus sentidos lhe proporcionavam.
 

A sociedade pode ter mudado consideravelmente desde os tempos do Cesário, mas, ainda assim, a preocupação persiste. A pobreza é uma verdade, tal como o roubo ou até mesmo a crueldade que a muitos são sujeitos no mundo do trabalho. Cesário foi bastante descritivo quanto a esses aspetos, permitindo-nos percecionar o quão irrefutavelmente era devida a sua preocupação perante o que lhe o rodeava. Nós também o conseguimos confirmar, basta olharmos para o que acontece no mundo fora do nosso conforto: em países não desenvolvidos ou em guerra, muitos vivem em condições miseráveis e sem qualquer oportunidade de as melhorar. 


Nem todos nós nascemos num bom lar, o contraste da riqueza e da pobreza permanece acentuado. Os pobres são muitas vezes submetidos a cargas de trabalho e condições desumanas, tudo para ganharem o suficiente para pôr a comida na mesa e sustentarem as suas famílias. 


E não é só, como todos nós sabemos, o nosso planeta tem vindo a sofrer com as escolhas absurdas do ser humano. No tempo do Cesário podem não ter sido tão graves, mas na sua época já houve o começo da revolução industrial o que trouxe graves consequências para o futuro. 

Basta abrirmos os nossos olhos e acordarmos para a situação à nossa volta, o mundo não é um jardim de flores como alguns pensam, mas sim um lugar imundo, sem salvação a não ser que haja a preocupação mútua.


Yuliana Silva 11°A

 

Como no livro "A Pérola" cada um de nós carrega sonhos e esperanças.
O meu sonho é poder fazer uma volta ao mundo de bicicleta e poder conhecer novos hábitos e costumes de vida porque na minha opinião a vida é só uma e viajar pelo mundo é uma forma de a aproveitar bastante .
Ao viajar por vários sítios do mundo acho que podemos aprender bastante porque vamos viver novas experiências incríveis e ver a vida de uma forma completamente diferente. 

Viajar por longo prazo é como viver 10 vidas em uma , porque vai-nos fazer refletir, repensar, reaprender e descobrir coisas que em casa nunca seria possível. 

Guilherme, 11ºA 

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Sobre a Sociedade do Brasil
• Desigualdade Social
• Desemprego
• Trabalho Infantil
• Fome
• Desmatamento
• Violência

O Brasil ainda sofre com diversos problemas sociais, apesar de ser um país de muitas riquezas.
Entre esses problemas, estão:
 

Desigualdade Social: A má distribuição de renda entre as classes sociais é um dos graves problemas que o Brasil enfrenta. O Brasil está entre os países de maior disparidade, sendo que a metade da população com as menores rendas ganha 29 vezes menos que os 10% mais rico.
 

Desemprego: Geralmente estão interligados, são causa e consequências uns dos outros. O analfabetismo, por exemplo, leva ao desemprego, que por sua vez pode levar á falta de moradia, à informalização e ao empobrecimento da população. 


Trabalho Infantil: Antes da pandemia de Covid-19, dados do IBGE indicavam que mais de 1,7 milhão de crianças e adolescentes estava envolvido em trabalho infantil, número que pode ter aumentado ainda mais. 


Fome: Embora seja um país rico em terras cultiváveis, o Brasil enfrenta o grave problema social de fome, que vem se agravando ainda mais com as consequências da pandemia, como o desemprego.
 

Desmatamento: A destruição da Amazónia brasileira chegou a mais de 10 mil quilómetros quadrados em 2021, uma área de mata nativa equivalente á metade do estado de Sergipe. Isso significa que o desmatamento cresceu 29% e foi o maior em 10 anos.
 

Violência: A violência é um problema social que resulta de tantos outros, como evasão escolar, fome, uso de drogas, desigualdades e corrupção.


Angela Rodrigues 11°D

Para Cesário Verde - "tenho o olhar voltado para o futuro"

 Um Novo Olhar - Clínica de Psicologia e Coaching Learn2Be

Cesário Verde é um homem preocupado
pois o que o rodeia é atribulado.

O mundo lá fora quem não conhece,
é um tormento que ninguém merece.
A indiferença com que o tratamos
é a falta de importância que lhe damos.

A mudança gera alegria,
e nós com a nossa sabedoria
não a fazemos mudar
parece que o mundo não queremos ajudar.

Acho que damos muita importância
àquilo que não interessa,
estamos a ir demasiado depressa
para um mundo cheio de ignorância.

A tecnologia avançou,
mas a fome continuou
para quê sermos desenvolvidos
se nem todos somos bem sucedidos.

A dor de uns, a felicidade de outros,
acaba-se tudo num sopro.
Num mundo que vivemos
não há mais nada que esperemos.

Com isto acabo, tudo foi falado
a única coisa que quero, é o nosso cuidado
para fazer a mudança,
temos de ter esperança!

Margarida Ribeiro, 11°B

 

 Olá, Cesário.  

Depois de ler as tuas obras e de perceber o que te preocupa realmente, refleti acerca das minhas prioridades.
De há um tempo para cá, antes de ler os teus textos, pensei que a poesia servia apenas para demonstrar o amor que se tem por alguém e os nossos desgostos,mas tu fizeste-me mudar de ideia, pois agora percebo que a poesia é muito mais do que amor e amizades.
Agora percebo o que disseste ao teu irmão, entendo que o que nos rodeia é digno de ser falado, sendo isto bom ou mau.
Esta minha geração está rodeada de tecnologia, hoje em dia é quase impossível alguém não ter um telemóvel, o que me preocupa muito, pois sinto que cada vez menos pessoas conseguem dialogar e divertir-se sem utilizar os seus gadjets.
 

Muita coisa mudou desde que te foste embora e eu amaria ler um poema teu acerca da atualidade, acredito que irias ter muito que falar, criticar e até mesmo experienciar.
 

Adeus e até mais ver!

Simão Santos 11D

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 De R.Garrido


Para: Cesário Verde

Querido Cesário, após ler a tua carta fiquei a pensar nas coisas que me afligem na minha vida, no meu pais e no mundo. A primeira coisa que me vem à cabeça quando penso nisso são as guerras, pois atualmente está a ocorrer uma grande guerra, entre a Rússia e a Ucrânia, que apesar de não ser uma guerra à escala global, afeta muitos países com as diversas inflações, a falta de medicamentos e vacinas, a destruição de património mundial, etc.


Esta guerra iniciou-se a 24 de fevereiro de 2022, já lá vai mais de um ano, e aparenta que pode vir a durar mais um. A quantidade de pessoas de pessoas que tiveram que fugir para a Europa, ou para fora dela, é imensa, tendo partido com as mãos a abanar, sem os seus pertences e sem ter a certeza se iriam ter um teto nas suas cabeças. A maioria dos refugiados também devem ter o coração nas mãos, pois, pelo menos um, dos seus familiares ou amigos deve ter ficado na Ucrânia, a defender o seu país das tropas Russas.


Mas não é só a Ucrânia e a Rússia que se encontram em guerra, a Síria também se encontra numa grande guerra civil desde 2011, o Iémene à nove que está em guerra civil e já deixou mais de 223 mil mortes durante o percurso da guerra, cujo mais de metade foi por desnutrição e ausência de cuidados de saúde, a República Democrática do Congo (RDC) que devido aos vários ataques rebeldes provocaram a migração de mais de 521 mil pessoas, o Afeganistão que se encontrou em guerra com os Estados Unidos após ter efetuado diversos ataques em setembro de 2001, Mianmar que sofreu um golpe de estado em 2021 e desde então mais de duas mil e novecentas pessoas foram mortas na repressão militar contra dissidentes e Haiti que está a viver uma crise política de enormes proporções desde julho de 2021. 


Como pode ver, Cesário, as guerras estão a aumentar, não só o número de guerras entre países, mas o número de guerras civis também, o mundo que conhecemos atualmente está uma confusão, cheio de pessoas que estão dispostas a sacrificar a vida qualquer pessoa, animal, ou qualquer espécie que se meta no seu caminho.

RG, 11°D,

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 Concordo plenamente com Cesário Verde quando exprime: " A mim, o que me rodeia é o que me preocupa", pois, de certa maneira, todas as minhas preocupações têm origem no que está à minha volta, não só no meu país como em todo o mundo. 

Dessas questões preocupantes que nele existem, destaco: a lentidão da justiça e a falta de meios para combater a corrupção existente no nosso sistema político; a desvalorização da carreira docente e médica entre outras; os hospitais e centros de saúde sem capacidade para atender utentes por falta de médicos (sendo que mais de um milhão nem têm médico de família) e, por fim, a guerra atualmente existente na Europa (que provocou vários danos não só na Ucrânia mas também a nível europeu como a brutal inflação dos preços, o elevado número de refugiados e falta de estruturas básicas para os acolher).


Todos estes meus anseios se referem a aspetos que acarretam consequências negativas na sociedade como a fome, a morte prematura, um maior número de doenças por falta de monitorização, uma má gestão do país entre outras...

Ainda assim, tenho a esperança que estas minhas inquietações sejam resolvidas o mais depressa possível. Sei que a minha geração vive tempos de incerteza, no entanto,  tenho o olhar voltado para o futuro.

Mariana Botelho - 11ºB

 

quinta-feira, 25 de maio de 2023

Cesário Verde, Cristalizações

 Vista Superior De Lisboa Com Céu Azul 3 Imagem de Stock ...

Faz frio. Mas, depois duns dias de aguaceiros,
Vibra uma imensa claridade crua.
De cócoras, em linha os calceteiros,
Com lentidão, terrosos e grosseiros,
Calçam de lado a lado a longa rua,

Como as elevações secaram do relento,
E o descoberto Sol abafa e cria!
A frialdade exige o movimento;
E as poças de água, como um chão vidrento,
Refletem a molhada casaria.

Em pé e perna, dando aos rins que a marcha agita,
Disseminadas, gritam as peixeiras;
Luzem, aquecem na manhã bonita,
Uns barracões de gente pobrezita
E uns quintalórios velhos com parreiras.

Não se ouvem aves; nem o choro duma nora!
Tomam por outra parte os viandantes;
E o ferro e a pedra - que união sonora! -
Retinem alto pelo espaço fora,
Com choques rijos, ásperos, cantantes.

Bom tempo. Os rapagões, morosos, duros, baços,
Cuja coluna nunca se endireita,
Partem penedos; cruzam-se estilhaços.
Pesam enormemente os grossos maços,
Com que outros batem a calçada feita.

A sua barba agreste! A lã dos seus barretes!
Que espessos forros! Numa das regueiras
Acamam-se as japonas, os coletes;
E eles descalçam com os picaretes,
Que ferem lume sobre pederneiras.

E nesse rude mês, que não consente as flores,
Fundeiam, como a esquadra em fria paz,
As árvores despidas. Sóbrias cores!
Mastros, enxárcias, vergas! Valadores
Atiram terra com as largas pás.

Eu julgo-me no Norte, ao frio - o grande agente! -
Carros de mão, que chiam carregados,
Conduzem saibro, vagarosamente;
Vê-se a cidade, mercantil, contente:
Madeiras, águas, multidões, telhados!

Negrejam os quintais, enxuga a alvenaria:
Em arco, sem as nuvens flutuantes,
O céu renova a tinta corredia;
E os charcos brilham tanto, que eu diria
Ter ante mim lagoas de brilhantes!

E engelhem, muito embora, os fracos, os tolhidos,
Eu tudo encontro alegremente exato.
Lavo, refresco, limpo os meus sentidos.
E tangem-me, excitados, sacudidos,
O tato, a vista, o ouvido, o gosto, o olfato!

Pede-me o corpo inteiro esforços na friagem
De tão lavada e igual temperatura!
Os ares, o caminho, a luz reagem;
Cheira-me o fogo, a sílex, a ferragem;
Sabe-me a campo, a lenha, a agricultura.

Mal encarado e negro, um para enquanto eu passo,
Dois assobiam, altas as marretas
Possantes, grossas, temperadas de aço;
E um gordo, o mestre, com um ar ralaço
E manso, tira o nível das valetas.

Homens de carga! Assim a bestas vão curvadas!
Que vida tão custosa! Que diabo!
E os cavadores pousam as enxadas,
E cospem nas calosas mão gretadas,
Para que não lhes escorregue o cabo.

Povo! No pano cru rasgado das camisas
Uma bandeira penso que transluz!
Com ela sofres, bebes, agonizas;
Listrões de vinho lançam-lhe divisas,
E os suspensórios traçam-lhe uma cruz!

De escuro, bruscamente, ao cimo da barroca,
Surge um perfil direito que se aguça;
E ar matinal de quem saiu da toca,
Uma figura fina, desemboca,
Toda abafada num casaco à russa.

Donde ela vem! A atriz que tanto cumprimento
E a quem, à noite na plateia, atraio
Os olhos lisos como polimento!
Com seu rostinho estreito, friorento,
Caminha agora para o seu ensaio.

E aos outros eu admiro os dorsos, os costados
Como lajões. Os bons trabalhadores!
Os filhos das lezírias, dos montados;
Os das planícies, altos aprumados;
Os das montanhas, baixos, trepadores!

Mas fina de feições , o queixo hostil, distinto,
Furtiva a tiritar em suas peles,
Espanta-me a atrizita que hoje pinto,
Neste dezembro enérgico, sucinto,
E nestes sítios suburbanos, reles!

Como animais comuns, que uma picada esquente,
Eles, bovinos, másculos, ossudos,
Encaram-na sanguínea, brutamente:
E ela vacila, hesita, impaciente
Sobre as botinhas de tacões agudos.

Porém, desempenhando o seu papel na peça,
Sem que inda o público a passagem abra,
O demonico arrisca-se, atravessa
Covas, entulhos, lamaçais, depressa,
Com seus pezinhos rápidos, de cabra!
 

Cesário Verde

sexta-feira, 12 de maio de 2023

Cesário Verde - renovação das temáticas e da linguagem

Temas e linguagem


















"No princípio de Julho, começara a debandada dos ricos; ficar em Lisboa era o cúmulo da ignomínia social. Centenas de poemas e folhetins pequeno-burgueses denunciam a miséria, atacam os ricos e troçam dos padres: a 19, às cinco horas da manhã, com os pulmões destruídos pela tuberculose, morreu Cesário Verde. Tinha 31 anos e vira o fim chegar “como um medonho muro”.

Em 1886, Portugal era um país predominantemente rural. Fora de Lisboa e do Porto, não havia verdadeiramente cidades. A maior parte da população – 8 em cada 10 portugueses – vivia no campo, trabalhando uma terra pouco fértil mal distribuída. A norte do Mondego predominava a pequena propriedade, cultivada por camponeses e rendeiros pobres; a sul, o latifúndio. Ao contrário do que sucedia nalguns países europeus, a maioria dos senhores residia nas cidades, administrando as suas terras por intermédio de feitores; só um punhado de proprietários rurais se interessava o suficiente pelas suas explorações para aí tentar introduzir as inovações que sabia estarem a ser utilizadas no estrangeiro. Mas, num país que dispunha de uma mão-de-obra barata inesgotável, como Portugal, a mecanização raramente foi um êxito. "

Maria Filomena Mónica, in Revista Prelo, nº 12, 1986


Lê uma síntese do texto sobre o tempo de Cesário Verde AQUI

 

Cesário Verde - como era a Lisboa em que viveu e morreu o poeta










 

Nota:

Excertos, por tópicos, do artigo de Maria Filomena Mónica "O Dia em que morreu Cesário Verde".

Créditos:  https://www.academia.edu/10675178/O_DIA_EM_QUE_MORREU_CESARIO_VERDE

Cesário Verde e o seu tempo

O Livro de Cesário Verde - RTP Ensina

 Ver o Vídeo sobre o Tempo de Cesário Verde.


Cesário Verde: o poeta que Maria Filomena Mónica biografou

 (vídeo de introdução)
 
 
 

“Se eu não morresse, nunca! E eternamente
Buscasse e conseguisse a perfeição das cousas!”

 Cesário Verde
O poeta José Joaquim Cesário Verde nasceu em Lisboa no dia 25 de fevereiro de 1855. 
Faleceu aos 31 anos, em dezanove de julho de 1886.
É visto como um dos predecessores do estilo poético que irá ser cultivado no século XX em Portugal.
Pelas temáticas e pela forma de captação do real é um poeta associado ao Realismo.

quinta-feira, 11 de maio de 2023

Brasil - um soneto do outro lado do Atlântico

A nossa nova aluna, Ângela Vitória, que vem de Minas Gerais, a propósito dos sonetos de Antero de Quental, escolheu para nós o seu soneto favorito - este poema de Vinicius de Moraes.

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive)
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure

sábado, 6 de maio de 2023

Antero de Quental - Sonetos (síntese da matéria)




A par desta síntese, cujo crédito pertence à EDITORA SANTILLANA, deves aproveitar bem a muita informação facultada pelo Manual. Assim, relê e regista no caderno, se ainda o não fizeste, as mini-sínteses:

Antero de Quental: Vida e Obra
Antero: Poeta e Filósofo