A Aia
Obras
de Eça de Queiroz
Contos
Um rei que procurava a fama e a
conquista foi derrotado numa batalha, deixando o filho ainda bebé desamparado
no meio de tantos inimigos, nomeadamente o seu tio, que desejava a realeza.
Ao lado do berço de marfim do
príncipe dormia o filho da aia no seu berço de verga. A aia tratava tanto o
príncipe como o seu filho de igual carinho, esta acreditava que a vida na Terra
se continuava no Céu.
Uma noite, já quando a aia se ia
deitar ouviu um barulho à entrada do castelo. Olhou pela janela e viu um clarão
de lanternas, brilhos de armas, homens e também o tio do príncipe, que o vinha
roubar para posteriormente o matar! Então a aia troca os bebés de berço…
Subitamente, um homem entra no quarto e leva o bebé que estava no berço de
marfim (o escravo). A rainha entra no quarto momentos mais tarde, muito aflita
e a aia mostra-lhe o príncipe adormecido no berço do escravo.
Nesse instante, uma notícia chega ao
palácio: o tio morrera e o escravo também. A aia tinha salvo o reino e o
príncipe, então a rainha dá a escolher à aia os tesouros que quiser. A aia
escolhe um punhal e crava-o no coração de modo a ir para o Céu ter com o seu
filho, visto que já tinha salvo o seu príncipe.
Passagem do Conto :
“Foi um espanto, uma aclamação. Quem o salvara? Quem?... Lá estava junto
do berço de marfim vazio, muda e hirta, aquela que o salvara! Serva
sublimemente leal! Fora ela que, para conservar a vida ao seu príncipe, mandara
à morte o seu filho... Então, só então, a mãe ditosa, emergindo da sua alegria
extática, abraçou apaixonadamente a mãe dolorosa, e a beijou, e lhe chamou irmã
do seu coração... E de entre aquela multidão que se apertava na galeria veio
uma nova, ardente aclamação, com súplicas de que fosse recompensada
magnificamente a serva admirável que salvara o rei e o reino.
Mas como? Que bolas de oiro podem pagar um filho? Então um velho de casta nobre
lembrou que ela fosse levada ao Tesoiro real, e escolhesse de entre essas riquezas,
que eram como as maiores dos maiores tesoiros da Índia, todas as que o seu
desejo apetecesse..."
Carolina Batalha
Nº7
10ºC
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