quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Diários


 

5 de Agosto de 1599
Querido Diário, eu sei que não tenho escrito ultimamente mas tem acontecido tantas coisas
Estava a ler Camões, o episódio da Inês de Castro e depois apareceu o Telmo com aquelas conversas de D. João de Portugal, ainda me custa tanto escrever o nome dele…
Ele continua a falar com Maria sobre aqueles assuntos que quero que ele não fale. Maria é muito frágil e não quero que Telmo continue a confidenciar com ela, ainda ficava abalada a minha pobre menina. E, para piorar, Manuel lançou fogo ao nosso palácio! Meu rico palácio, fui muito feliz nele, tudo isto por causa dos castelhanos que queriam ficar com o nosso palácio para fugir a peste em Lisboa e Manuel não queria isso e a solução que achou foi deitar fogo ao meu palácio, o nosso palácio.
Não sei se o pior foi ver o meu palácio em chamas ou ir para o palácio de D. João, eu disse a Manuel que não queria ir eu implorei para não ir, para ir para ali mas Manuel insistiu apesar de saber toda a minha história e aquela casa era como um livro de memórias. Eu procurei-o, eu não queria desistir mas depois de 7 anos de procura e não o ter encontrado, ele só poderia estar morto. Então decidi dar uma oportunidade a mim mesma para ser feliz e casei me com D. Manuel, e deste casamento nasceu Maria, minha queria filha, minha querida filha, tao pequenina mas tao adulta, mente de um adulto num corpo de criança. Mas a minha pobre menina, tao novinha mas tao doente, com tuberculose. Maria continuava a ter aqueles sonhos com D. João e quando nos mudamos para o palácio e ela viu aqueles retratos dele as perguntas não paravam.
Consegui acalmar a minha pequena filha e de seguida ela foi com Manuel e Telmo para Lisboa, não para meu descanso mas decidimos deixa-la ir e fiquei sozinha durante uns dias. Quando eles voltaram de Lisboa, um romeiro bateu a porta a minha procura. Parecia ser apenas uma pobre pessoa procura de dinheiro e comida, mas ele disse-me o que eu não queria ouvir, aquele romeiro disse-me que tinha sido enviado por D. João e que ele estava vivo. O mundo caiu me aos pés, eu casei-me com o homem que amava, enquanto continuava casada com o D. João, ou pior, eu já amava D. Manuel antes de casar com D. João. E Telmo vem dizer-me que aquele romeiro, era na actualidade, era D. João e ele estava ali, a minha frente, bem vivo.
Foi quando tudo se descarrilou, Manuel quis ir para um convento para limpar os seus pecados e obrigou-me a ir com ele, já estávamos os dois no convento quando a minha filha entrou, estava muito revoltada com a sociedade e expõe os seus sentimentos sobre tudo o que se estava a passar pela ultima vez… sim ultima vez. Ela morreu nos meus braços, nos meus e nos do pai, Manuel. A dor da perda é uma dor que nunca se cura, ela era tao novinha para acabar assim, mas a doença acabou com ela, e assim eu fui para o convento, tornei-me freira e cá estou eu, num quarto, num convento a limpar a minha alma, os meus pecados.   
Madalena de Vilhena


Ana Catarina Correia Libório 11ºA Nº3

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