Já tinha ouvido falar no filme mas nunca tive grande curiosidade em
vê-lo. No entanto, quando me contaram um breve resumo do livro fiquei
curiosa e decidi lê-lo.
A vida de Pi é um livro que retrata a
coragem, a sobrevivência, a solidão, a persistência, o autodomínio, o
desespero e a crença no impossível, com grande realismo.
O livro está
dividido em três partes. Numa primeira parte, o autor descreve uma Índia
cheia de tradições, cheiros e cores. Encontramos a família de Piscine
Molitor Pattel, mais conhecido por Pi, todos eles muito cépticos em
relação à religião e às crenças, à exceção de Pi que não encontrava
nenhuma contradição em ter uma fé tripartida, visto que era Hindu,
Muçulmano e Cristão ao mesmo tempo.
Na segunda parte do livro, o
autor afasta-se do tema religião conseguindo que o tema continue a
pairar, embora de uma forma mais abstrata, tendo isto a ver com a
sobrevivência de Pi, após o naufrágio do navio onde seguia com a família
com destino ao Canadá. Nesta segunda parte do livro, Martel descreve a
luta pela sobrevivência que Pi teve de travar depois de ter ido parar a
um barco salva-vidas tendo apenas como companhia uma zebra, uma hiena,
um orangotango e um tigre de Bengala.
Esta segunda parte oscila entre
um absurdo onde senti necessidade de ajustar o cérebro para o
"modo de leitura de fantasia" porque estava a parecer-me um livro mais
próximo da fantasia do que de outro género literário qualquer. No
entanto, nunca me foi possível adaptar o cérebro para a fantasia porque
de repente aconteciam coisas tão reais, descritas de uma forma tão vívida
que acabavam por camuflar as partes em que o livro me parecia virado
para um público mais juvenil. Esta foi, talvez, a parte que mais me
provocou um misto de emoções porque nunca sabia o que a próxima página
me traria.
Sobre a terceira e última parte, tenho a dizer que a li com um enorme nó na garganta.
Foi
um golpe de mestre a segunda versão da história narrada por Pi para os
japoneses que procuravam descobrir o que deu origem ao náufrago.
Adorei
a escrita de Yann Martel e da forma como a história se foi
desenvolvendo. É uma história que, sendo original, é ao mesmo tempo
vulgar, expondo as necessidades primárias e medos que aproximam o Homem
do animal quando está em causa a sobrevivência.
É um livro que,
parecendo simples, é na verdade bastante complexo. É um livro que nos
faz refletir sobre a vida, sobre os sonhos, sobre a perda e sobre tantas
outras coisas... É um livro que nos faz acreditar que não existem
impossíveis. É um livro que não tem qualquer intenção de converter mas
que me mostrou uma visão da fé e da forma como a religião pode ser
vivida que achei incrível.
No final da leitura deste livro cabe-nos a
nós acreditar numa das versões, e eu, acreditando ou não em Deus,
prefiro a história que envolve os animais do que a história nua e cruel
que Pi teve de contar para que acreditassem nele.
Inês Santos nº17 11ºA
1 comentário:
Não sabia que a professora ia publicar as críticas no blogue :) Obrigada
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