segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Sobrevivência(s)

Já tinha ouvido falar no filme mas nunca tive grande curiosidade em vê-lo. No entanto, quando me contaram um breve resumo do livro fiquei curiosa e decidi lê-lo.
 
A vida de Pi é um livro que retrata a coragem, a sobrevivência, a solidão, a persistência, o autodomínio, o desespero e a crença no impossível, com grande realismo.
O livro está dividido em três partes. Numa primeira parte, o autor descreve uma Índia cheia de tradições, cheiros e cores. Encontramos a família de Piscine Molitor Pattel, mais conhecido por Pi, todos eles muito cépticos em relação à religião e às crenças, à exceção de Pi que não encontrava nenhuma contradição em ter uma fé tripartida, visto que era Hindu, Muçulmano e Cristão ao mesmo tempo.
 

Na segunda parte do livro, o autor afasta-se do tema religião conseguindo que o tema continue a pairar, embora de uma forma mais abstrata, tendo isto a ver com a sobrevivência de Pi, após o naufrágio do navio onde seguia com a família com destino ao Canadá. Nesta segunda parte do livro, Martel descreve a luta pela sobrevivência que Pi teve de travar depois de ter ido parar a um barco salva-vidas tendo apenas como companhia uma zebra, uma hiena, um orangotango e um tigre de Bengala.
 

Esta segunda parte oscila entre um absurdo onde senti necessidade de ajustar o cérebro para o "modo de leitura de fantasia" porque estava a parecer-me um livro mais próximo da fantasia do que de outro género literário qualquer. No entanto, nunca me foi possível adaptar o cérebro para a fantasia porque de repente aconteciam coisas tão reais, descritas de uma forma tão vívida que acabavam por camuflar as partes em que o livro me parecia virado para um público mais juvenil. Esta foi, talvez, a parte que mais me provocou um misto de emoções porque nunca sabia o que a próxima página me traria.

Sobre a terceira e última parte, tenho a dizer que a li com um enorme nó na garganta.
Foi um golpe de mestre a segunda versão da história narrada por Pi para os japoneses que procuravam descobrir o que deu origem ao náufrago.
Adorei a escrita de Yann Martel e da forma como a história se foi desenvolvendo. É uma história que, sendo original, é ao mesmo tempo vulgar, expondo as necessidades primárias e medos que aproximam o Homem do animal quando está em causa a sobrevivência.
 

É um livro que, parecendo simples, é na verdade bastante complexo. É um livro que nos faz refletir sobre a vida, sobre os sonhos, sobre a perda e sobre tantas outras coisas... É um livro que nos faz acreditar que não existem impossíveis. É um livro que não tem qualquer intenção de converter mas que me mostrou uma visão da fé e da forma como a religião pode ser vivida que achei incrível.
 

No final da leitura deste livro cabe-nos a nós acreditar numa das versões, e eu, acreditando ou não em Deus, prefiro a história que envolve os animais do que a história nua e cruel que Pi teve de contar para que acreditassem nele.
Inês Santos nº17 11ºA

1 comentário:

Unknown disse...

Não sabia que a professora ia publicar as críticas no blogue :) Obrigada