A Evolução do Estatuto Social das Mulheres ao Longo da História
Rio de Janeiro, 26 de março de 1968
Desde o começo da humanidade que os homens exercem a sua vontade sobre
as mulheres, visto que eram caçadores, atividade de grande prestígio. Porém, outros historiadores afirmam que poderiam ser as mulheres a
exercer o poder nas comunidades primitivas, visto que eram elas a dar à
luz os filhos e os pais eram desconhecidos. Seriam os matriarcados.
Com o aparecimento da agricultura e da propriedade privada, quando a
humanidade entrou na fase da sedentarização, os homens tornaram-se donos
de terras e rebanhos, de modo que, foram instituídos os contratos de
casamento para que cada um soubesse quem eram os seus filhos, herdeiros
dos seus bens. As mulheres passaram a ser obrigadas a casar com os
homens que lhes eram impostos, a respeitá-los e a dar-lhes filhos. A
mulher passou a ser tratada como uma moeda de troca entre as famílias,
deixando de ter liberdades a não ser as que o marido lhe concedia. Caso
não tivessem filhos eram repudiadas pelos maridos enquanto estes
celebravam outro casamento, na mira de terem herdeiros. As mulheres
repudiadas, sem meios de subsistência, muitas vezes vendiam favores
sexuais e, quando eram descobertas, poderiam ser apedrejadas até a
morte.
O casamento religioso só foi instituído no séc XI
ou XII da nossa era, com a finalidade de exigir aos
homens fidelidade e
respeito para com as suas esposas.
Portanto, as
mulheres viveram durante milhares de anos, submetidas à vontade dos
homens da sua família. Ao longo da história do ocidente, que conhecemos
melhor, apareceram diversas mulheres que exerceram tarefas reservadas
aos homens. Mas trata-se de casos pontuais e não mudaram as sociedades.
Podemos tirar como exemplo a obra de Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira, escrita na primeira metade do séc XVI. A peça retrata uma
rapariga do povo, chamada Inês, na sua idade casadoura e jovem que
anseia um marido que lhe dê liberdades e que a liberte do cansaço do seu
trabalho. Seria assim com muitas outras raparigas, não podendo mais a
não ser ansiar por um bom casamento, com um homem que fosse bom para
elas e sustentasse a família.
A mudança começou-se a
afirmar no período da era industrial. Tanto mulheres como homens foram
trabalhar para as fábricas, fora da esfera familiar, onde cada operário
ou operária ganhava o seu dinheiro. De certa forma, proporcionou às
mulheres os seus primeiros vislumbres de liberdade visto que eram elas a
ganhar o seu próprio dinheiro. No entanto, os operários trabalhavam em
condições precárias, muitas vezes desumanas, onde eram obrigados a
trabalhar forçadamente, senão, ficavam sem a única fonte de subsistência
que tinham. Mulheres grávidas e a amamentar crianças não eram exceções.
E se um operário se magoasse de forma a deixar de conseguir exercer o
seu trabalho era simplesmente descartado, visto que na altura não havia
regulamentações na área de trabalho.
O primeiro país que
admitiu o sufrágio feminino foi a Nova Zelândia, a 19 de setembro de
1893. O movimento cívico feminino, na Nova Zelândia, surgiu em meados
dos anos 1880. Em 1891 um documento reuniu mais de 9 mil assinaturas. No
ano seguinte já foram quase 20 mil. E por fim, em 1893, perto de 32 mil
pessoas assinaram uma petição pedindo o direito de voto para as
mulheres, onde apenas 21 eram homens. Isto representava um quarto da
população adulta do país. Por incrível que pareça, um dos assuntos mais
debatidos nas discussões sobre o voto das mulheres tinha a ver com a
venda de álcool, visto que muitas achavam que as bebidas alcoólicas
eram, em parte, responsáveis pela violência doméstica e outros problemas
familiares, e por esse motivo, o lobby pró-bebidas alcoólicas,
suportado pelas industria das bebidas alcoólicas, opunha-se ao voto das
mulheres.
Este movimento alastrou-se para o resto do globo
principalmente depois das Duas Grandes Guerras. As mulheres
tiveram de assumir os papéis que muitos homens exerciam, visto que maior
parte deles estava na frente de batalha, e quando estes regressaram
muitas opuseram-se ao "convite" que lhes foi feito para regressarem ao
lar. Muitos diziam ate: "Elas vão preferir ficar em casa". Até hoje, o
último país onde as mulheres conquistaram o direito ao voto foi na
Arábia Saudita em 2011.
Em Portugal, no primeiro ato
eleitoral da recém nascida República, em 1911, era permitido o voto a
todos os chefes de família que soubessem ler. Como não era referido o
género, Carolina Beatriz Ângelo, médica, viúva, e por isso, chefe de família
votou nas eleições da Assembleia Constituinte, em 1911. De forma a
evitar que tal exemplo se repetisse a legislação foi alterada, no ano
seguinte, que especificava que apenas os homens o podiam fazer. Na
ideologia vigente, os direitos da mulher eram quase nenhuns. Oliveira
Salazar não permitia que a ordem social fosse questionada e todos os
assomos de feminismo iam sendo silenciados. Só um ano depois do 25 de
Abril, os direitos das mulheres portuguesas ficaram consagrados na
Constituição da República.
[...] A libertação, a luta
pelos mesmos direitos humanos que o homem, é dura e longa, e ainda hoje não
chega a todas as casas nem a todas as mentalidades.
Bibliografia
RTP (2014). Desigualdades entre os homens e as mulheres antes do 25 de
Abril. Acedido em 24 de fevereiro de 2019, em:
http://www.ensina.rtp.pt/artigo/o-ideal-feminino-do-estado-novo/
Diário de Notícias (2018). O estatuto das mulheres através da História.
Acedido em 24 de fevereiro de 2019, em:
http://www.dnotícias.pt/leitor/cartas/o-estatuto-das-mulheres-atraves-da~-historia-EJ2847006#
Público (2014). As mulheres foram activistas na guerra,
depois voltaram ao lar. Acedido em 24 de fevereiro de 2019, em:
http://www.público.pt/2014/08/20/culturaipsilon/noticia/do-activismo-das-mulheres-na-retaguarda-ate-ao-regresso-ao-lar-1666852/amp
RTP (2008). A Mulher e o voto em Portugal. Acedido em
24 de fevereiro de 2019, em:
http://www.ensina.rtp.pt/artigo/a-mulher-e-o-direito-ao-voto/
Diário de Notícias (2018). "Elas vão preferir ficar em casa": há 125
anos as mulheres votaram pela primeira vez. Acedido em 24 de fevereiro
de 2019 ,em:
http://www.google.com/amp/s/www.dn.pt/mundo/interior/amp/elas-vao-preferir-ficar-em-casa-ha-125-anos-as-mulheres-conquistaram-o-direito-ao-voto-9873634.html
Trabalho realizado por:
Miguel Gomes Matias 10ºA, Nº23
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