Para completar o trabalho de aula sobre a linguagem e os estilo queirosianos em A ILUSTRE CASA DE RAMIRES, aqui ficam mais exemplos.
«Gonçalo Mendes Ramires, jovem muito afável, esbelto e loiro (…) com uns
finos e risonhos olhos » (cap. I)
«No quarto, em mangas de camisa, diante do espelho,
um imenso espelho rolando entre
colunas douradas, estudou a língua que lhe parecia saburrosa, depois o branco dos olhos, receando a amarelidão de bílis solta. E terminou por se contemplar na sua feição nova, agora
que rapara a barba em Lisboa, conservando o bigodinho castanho, frisado e leve, e uma mosca um pouco longa, que lhe alongava mais a face aquilina e fina, sempre de uma brancura de nata. O seu desconsolo era o cabelo, bem ondeado, mas ténue e fraco, e, apesar de todas as águas e pomadas, necessitando já risca mais elevada, quase ao meio da testa clara.
- É infernal! Aos trinta anos estou calvo...»
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«O Pereira coçou arrastadamente a
barba rala. Pois era pena, grande pena... Ele só no sábado se inteirara da
desavença com o Relho. E, se o Fidalgo não
ressalvava o segredo, por quanto ficara o arrendamento?» Cap.
I
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pela caricatura (representação grotesca ou exagerada da realidade),
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pela paródia (efeito cómico destruidor da realidade), ou
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pela ironia (figura por meio da qual se diz o contrário do que se pretende dar
a entender; uso de palavra ou frase de sentido oposto ao que deveria ser)
«Assim, vocês! Por essa história de Portugal fora,
vocês são uma enfiada de Ramires de toda a beleza. Mesmo o desembargador, o que comeu numa ceia de Natal dois leitões!... E apenas uma barriga. Mas que barriga! Há nela uma pujança heroica que prova raça, a raça
mais forte do que promete a força humana, como diz Camões. Dois leitões, caramba! Até enternece!... E os outros Ramires, o de
Silves, o de Aljubarrota, os de Arsila, os da Índia! E os cinco valentes, de
quem você talvez nem saiba, que morreram no Salado! Pois bem, ressuscitar
estes varões, e mostrar neles a alma façanhuda, o querer sublime que nada
verga, é uma soberba lição aos novos... Tonifica, caramba!» Cap. I
«Outro Ramires, Cristóvão, presidente da Mesa de Consciência e Ordem, alcovita os amores
de El-Rei D. José I com a filha do Prior de Sacavém.» Cap. I
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«Reconheceu logo o Titó, o António Vilalobos, seu vago parente,e o seu
companheiro de Vila Clara (...). E Gonçalo, desde estudante, amara sempre
aquele Hércules bonacheirão, que o seduzia (...)
sobretudo pela independência, uma suprema independência, que, apoiada ao bengalão terrífico e com as suas oito moedas dentro da algibeira, nada temia e nada desejava nem da Terra nem do Céu.»
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