- «O pobre Fado dos Ramires debandou pelo teclado, num tumulto de gemidos desconcertados e ásperos» (personificação sugestiva para dar a ideia do Fado mal tocado ao piano) A Ilustre Casa de Ramires
- «Barrolo [...] enrolava um cigarro com pensativo cuidado» (hipálage para traduzir que a personagem estava pensativa) A Ilustre Casa de Ramires
- «E no chapéu, de abas largas à inglesa, vermelhava alguma coisa, flor ou pena» (descrição impressionista/visualista da indumentária de Mª Eduarda, no cap. VII) Os Maias
Estrangeirismos (anglicismos e galicismos)
- influência pessoal dos hábitos, costumes e modos de viver que experimentou em Inglaterra e em França e que eram próprios da vida e linguagem de certa elite da capital
-
para denunciar a pretensa cultura burguesa das personagens (Ex. em Dâmaso)
- É um discurso em que a voz do narrador e a voz do personagem se confundem, sendo uma espécie de cruzamento entre o discurso direto e o discurso indireto.
- Há eliminação dos verbos declarativos – disse que, referiu...
- O texto é escrito na terceira pessoa e o narrador conta a história; mas as personagens têm voz própria;
- Apresenta interrogações, exclamações, reticências, deíticos, interjeições e outras marcas de oralidade, próprias do discurso direto.
- «Mas o Teixeira, muito grave, muito sério, desiludiu o senhor administrador. Mimos e mais mimos, dizia Sua Senhoria? Coitadinho dele, que tinha sido educado com uma vara de ferro!» Eça de Queirós, Os Maias
- « Assim atacado, entre dois fogos, Ega trovejou: justamente o fraco do realismo estava em ser ainda pouco cientifico, inventar enredos, criar dramas, abandonar-se à fantasia literária! a forma pura da arte naturalista devia ser a monografia, o estudo seco de um tipo, de um vício, de uma paixão, tal qual como se se tratasse de um caso patológico, sem pitoresco e sem estilo!...» Os Maias
- «Sabia o amigo Gonçalinho o segredo desta borracheira sinistra? É que, dos Portugueses, os piores desprezavam a Pátria - e os melhores ignoravam a Pátria. O remédio? ... Revelar Portugal (....) Sim, amiguinho!» Eça de Queirós, A Ilustre Casa de Ramires
- «É estúpido, de uma estupidez fundamental, que lhe começa nas patas, vem subindo, vem crescendo. Oh senhores, que animal!...» (Gonçalo, descrevendo André Cavaleiro)
- «De ambos os lados se cerravam filas de cabeças, embebidas, enlevadas, atulhando os bancos de palhinha até junto ao tablado, onde dominavam os chapéus de senhoras picados por manchas claras de plumas ou flores.» (Sarau no Teatro da Trindade)
- « E no chapéu [...] vermelhava alguma coisa, flor ou pena»
verbos – de grande valor expressivo como " trovejar" uivar” ou “rosnar”
- «Assim atacado, entre dois fogos, Ega trovejou»
- «mordia um sorriso», «vamo-nos gouvarinhar»
imperfeito e gerúndio - funcionam sobretudo para traduzir o valor aspetual habitual ou durativo da ação:
- «o tédio lento ia pesando outra vez.»
omissão dos verbos declarativos (disse, afirmou,
observou, explicou, respondeu, prosseguiu, …) - tornam o discurso previsível, monótono, pelo que o
escritor opta por suprimi-los, conferindo ao texto surpresa, ritmo e
vivacidade.
advérbio de modo - usado para caracterizar comportamentos, valores:
- «gota a gota, escuramente e molemente se sumia» A Ilustre Casa de Ramires
adjetivação expressiva dupla ou múltipla (ver quadro de características e exemplos registado em aula)
- «Voz rolada, lenta e gorda» - A Ilustre Casa de Ramires
neologismos – de diferentes categorias gramaticais
- «vamo-nos gouvarinhar» - verbo (de Gouvarinho)
- «furiosa fome ramírica» - adjetivo (própria dos Ramires)
diminutivos frequentemente com a intenção de ridicularizar a personagem, mostrando as suas fragilidades, surge associado à caricatura:
- «Eusebiozinho» era um menino de «perninhas flácidas», com «as mãozinhas pendentes»
Figuras de estilo recorrentes:
ironia – através da utilização de certos adjetivos insólitos ou repetidos em ordem inversa.
comparação e metáfora - de capital importância na caracterização de certas personagens e da vida social:
- «empurrando a pena como lento arado em chão pedregoso» A Ilustre Casa de Ramires (sobre a escrita da novela)
- «dias [...] taciturnos, longos como desertos». Os Maias (sobre Pedro da Maia)
hipálage (transferência de uma qualidade pertencente a um nome para outro nome que se encontre muito próximo na frase. A hipálage é uma figura típica do Impressionismo aplicado à literatura):
- «Ega espalhava também pelo quarto um olhar pensativo» (era Ega quem estava pensativo, não o seu olhar). Os Maias
- «Uma alvura de saia moveu-se no escuro» Os Maias (a personagem é que se move)
- «longos, espessos, românticos bigodes grisalhos (...)» (descrição do romântico Alencar) - Os Maias
- «O relógio da parede gemia preguiçosamente as cinco horas» - A Ilustre Casa de Ramires (a preguiça é da personagem, não do relógio)
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