A notícia
É narrativa breve, de carácter informativo, de um acontecimento real, com atualidade e interesse para um público vasto.
Destinada à difusão pelos vários meios de comunicação social, esta narrativa deve ser direta e eficaz, com recurso a vocabulário claro, simples e objectivo.
Na notícia predomina o modo indicativo, porque este modo exprime acontecimentos ou estados reais.
Os modos conjuntivo e condicional não são, por norma, utilizados, já que encaram o facto expresso pelo verbo como algo incerto ou hipotético, instalando a dúvida no leitor.
Outras características linguísticas da notícia:
- frases de tipo declarativo, as quais devem ser curtas e pouco complexas;
- preferência pela ordem direta da frase (sujeito, predicado, complementos);
- predomínio nível de língua corrente;
- predomínio da função informativa da linguagem;
- utilização frequente de nomes e de verbos de ação e movimento;
- ausência ou recurso moderado de adjetivos qualificativos, principalmente dos que emitem juízos de valor.
Estrutura da notícia
Antetítulo - indica o assunto geral. Nem sempre está presente nas notícias.
Título - dá conta do facto principal. Deve ser curto e atrativo.
Subtítulo - refere aspetos particulares relevantes. Nem sempre está presente nas notícias.
Os títulos da notícia
Os títulos das notícias são extremamente importantes para captar a atenção do leitor e despertar a sua curiosidade para a leitura integral do texto; por isso, há diversas técnicas e regras para a elaboração de títulos:
- estar de acordo com o parágrafo guia/«lead»
- constituir unidade de sentido por si só
- recorrer a frases nominais;
- recorrer a metáforas, desde que o sentido seja claro;
- usar humor, mas nunca a caricatura;
- mesmo os títulos descritivos não devem exceder as seis palavras
Lead (ou parágrafo-guia ou cabeça)
"O «lead» determina sempre a construção do texto e o título da
peça. Por isso, a sua escolha nunca pode ser obra do acaso ou de um capricho
formal. Seja qual for o ângulo que o jornalista privilegie no arranque de um
texto, é a partir daí que o leitor deve captar o sentido global da narrativa. O
encadeamento dos factos tem de respeitar uma sequência lógica, em que os
elementos informativos vão decrescendo de importância até ao fim.", in Livro de estilo do Jornal Público
O «lead» corresponde ao 1º parágrafo, no qual se exprime o sentido global da narrativa. Responde às quatro perguntas essenciais:
Quem? - os agentes da acção.
O quê? - o que aconteceu ou vai acontecer.
Onde? - o local do acontecimento.
Quando? - a data.
- O «lead» de uma notícia não deve ultrapassar os 300 caracteres, podendo comportar mais do que um período.
- não deve começar:
- com uma negativa nem de forma interrogativa ou condicional.
- por um gerúndio
- por uma conjunção ou expressões gastas do tipo "como se sabe", "registe-se", "recorde-se", "de acordo",
Corpo da notícia
Corresponde aos restantes parágrafos, em que ocorre o desenvolvimento:
Como? - as circunstâncias, o contexto.
Porquê? - os motivos e as razões.
Para quê? - a finalidade (nem sempre esta questão é respondida)
NOTÍCIA****************
Fósseis encontrados por um amador há 16 anos numa praia da Lourinhã e agora identificados por cientistas portugueses e espanhóis revelaram a existência de um dinossauro raro na Europa, o carnívoro ceratossauro, de acordo com um estudo agora publicado.
"É o único exemplar mais completo em Portugal e na Europa. Além deste, conhece-se apenas alguns dentes isolados", afirmou à agência Lusa Elisabete Malafaia, da Universidade de Lisboa que subscreve o estudo, agora publicado na revista "Historial Biology", em conjunto com o português Bruno Silva e com os espanhóis, Francisco Ortega e Fernando Escasso, da Universidade Nacional de Educação à Distância, de Madrid.
Os especialistas conseguiram identificar os fósseis como pertencentes à pata direita de um dinossauro "ceratosaurus", um carnívoro terópode, bípede e de grande porte, com 140 milhões de anos, e que podia chegar aos sete metros de comprimento.
O estudo de comparação e medição dos ossos encontrados pelo Museu da Lourinhã, onde existem dentes e fósseis de uma pata esquerda de ceratossauro, permitiu aos investigadores concluir que "os novos fósseis agora identificados são provenientes da mesma jazida dos do Museu da Lourinhã e pertencem ao mesmo animal" identificado pelos paleontólogos do museu a partir de dentes e de ossos da pata esquerda, que aí estão expostos.
A existência de uma crista nas articulações das patas, característica única até agora conhecida e atribuída àquele género, foi o principal indicador de que se tratava do mesmo animal, tendo também em conta a localização e a raridade de ambos os achados.
O conjunto de fósseis deste animal existente em Portugal constitui o registo mais completo do género "ceratosaurus" existente fora da América do Norte, onde este género estava identificado desde pelo menos o ano 2000.
Lusa, texto publicado por Isaltina Padrão08 maio 2014, in DN. http://www.dn.pt/inicio/ciencia/interior.aspx?content_id=3852108
Opinião, interpretação, informação
"Tal como não existe objectividade em estado puro, não existem
nos textos jornalísticos fronteiras absolutas entre informação, interpretação e
opinião. De qualquer modo, há três níveis essenciais na construção das peças:
- a apresentação dos factos, que podem ser a divulgação da opinião de terceiros — a informação;
- o relacionamento desses factos entre si — a interpretação;
- o juízo de valor sobre esses factos — a opinião.
Na notícia predomina a apresentação dos factos. É uma evidência
que decorre da própria estrutura da notícia, do seu espaço e do seu tempo.
Espaço curto, tempo imediato.(...)
É na reportagem e no inquérito que a interpretação dos factos
encontra a sua expressão mais desenvolvida. Mas essa interpretação tem,
frequentemente, uma fronteira difusa com a opinião, na medida em que a
subjectividade do olhar do jornalista o leva a escolher um ângulo de abordagem
dos acontecimentos e situações que observa e descreve. Aí intervém a necessidade
da distanciação e a preocupação da imparcialidade. Interpretar não é julgar, mas
explicar o porquê e o como das situações.
Enquanto na notícia predominam o quem
e o quê, a reportagem e o inquérito procuram saber mais sobre o como e o porquê."
Jonal Público. Livro de estilo
Jonal Público. Livro de estilo
Sem comentários:
Enviar um comentário