terça-feira, 13 de maio de 2014

Opinião, interpretação, informação



A notícia

É narrativa breve, de carácter informativo, de um acontecimento real, com atualidade e interesse para um público vasto.
Destinada à difusão pelos vários meios de comunicação social, esta narrativa deve ser direta e eficaz, com recurso a vocabulário claro, simples e objectivo.

Na notícia predomina o modo indicativo, porque este modo exprime acontecimentos ou estados reais. 
Os modos conjuntivo e condicional não são, por norma, utilizados, já que encaram o facto expresso pelo verbo como algo incerto ou hipotético, instalando a dúvida no leitor.

Outras características linguísticas da notícia:
  • frases de tipo declarativo, as quais devem ser curtas e pouco complexas;
  • preferência pela ordem direta da frase (sujeito, predicado, complementos);
  • predomínio nível de língua corrente;
  • predomínio da função informativa da linguagem;
  • utilização frequente de nomes e de verbos de ação e movimento;
  • ausência ou recurso moderado de adjetivos qualificativos, principalmente dos que emitem juízos de valor.

Estrutura da notícia
 
Antetítulo - indica o assunto geral. Nem sempre está presente nas notícias.

Título - dá conta do facto principal. Deve ser curto e atrativo.

Subtítulo - refere aspetos particulares relevantes. Nem sempre está presente nas notícias.

Os títulos da notícia
Os títulos das notícias são extremamente importantes para captar a atenção do leitor e despertar a sua curiosidade para a leitura integral do texto; por isso, há diversas técnicas e regras para a elaboração de títulos:
  • estar de acordo com o parágrafo guia/«lead»
  • constituir unidade de sentido por si só
  • recorrer a frases nominais;
  • recorrer a metáforas, desde que o sentido seja claro;
  • usar humor, mas nunca a caricatura; 
  • mesmo os títulos descritivos não devem exceder as seis palavras

Lead (ou parágrafo-guia ou cabeça)

"O «lead» determina sempre a construção do texto e o título da peça. Por isso, a sua escolha nunca pode ser obra do acaso ou de um capricho formal. Seja qual for o ângulo que o jornalista privilegie no arranque de um texto, é a partir daí que o leitor deve captar o sentido global da narrativa. O encadeamento dos factos tem de respeitar uma sequência lógica, em que os elementos informativos vão decrescendo de importância até ao fim.", in Livro de estilo do Jornal Público

O «lead» corresponde ao 1º parágrafo, no qual se exprime o sentido global da narrativa. Responde às quatro perguntas essenciais:
Quem? - os agentes da acção.
O quê? - o que aconteceu ou vai acontecer.
Onde? - o local do acontecimento.
Quando? - a data.

  • O «lead» de uma notícia não deve ultrapassar os 300 caracteres, podendo comportar mais do que um período.
  •  não deve começar:
    •  com uma negativa nem de forma interrogativa ou condicional. 
    • por um gerúndio
    • por uma conjunção ou expressões gastas do tipo "como se sabe", "registe-se", "recorde-se", "de acordo",
Corpo da notícia
 
Corresponde aos restantes parágrafos, em que ocorre o desenvolvimento:
Como? - as circunstâncias, o contexto.
Porquê? - os motivos e as razões.
Para quê? - a finalidade (nem sempre esta questão é respondida)

 
NOTÍCIA****************



Fósseis encontrados por um amador há 16 anos numa praia da Lourinhã e agora identificados por cientistas portugueses e espanhóis revelaram a existência de um dinossauro raro na Europa, o carnívoro ceratossauro, de acordo com um estudo agora publicado.

"É o único exemplar mais completo em Portugal e na Europa. Além deste, conhece-se apenas alguns dentes isolados", afirmou à agência Lusa Elisabete Malafaia, da Universidade de Lisboa que subscreve o estudo, agora publicado na revista "Historial Biology", em conjunto com o português Bruno Silva e com os espanhóis, Francisco Ortega e Fernando Escasso, da Universidade Nacional de Educação à Distância, de Madrid.
Os especialistas conseguiram identificar os fósseis como pertencentes à pata direita de um dinossauro "ceratosaurus", um carnívoro terópode, bípede e de grande porte, com 140 milhões de anos, e que podia chegar aos sete metros de comprimento.
O estudo de comparação e medição dos ossos encontrados pelo Museu da Lourinhã, onde existem dentes e fósseis de uma pata esquerda de ceratossauro, permitiu aos investigadores concluir que "os novos fósseis agora identificados são provenientes da mesma jazida dos do Museu da Lourinhã e pertencem ao mesmo animal" identificado pelos paleontólogos do museu a partir de dentes e de ossos da pata esquerda, que aí estão expostos.
A existência de uma crista nas articulações das patas, característica única até agora conhecida e atribuída àquele género, foi o principal indicador de que se tratava do mesmo animal, tendo também em conta a localização e a raridade de ambos os achados.
O conjunto de fósseis deste animal existente em Portugal constitui o registo mais completo do género "ceratosaurus" existente fora da América do Norte, onde este género estava identificado desde pelo menos o ano 2000.
 
Lusa, texto publicado por Isaltina Padrão08 maio 2014, in DN. http://www.dn.pt/inicio/ciencia/interior.aspx?content_id=3852108

Opinião, interpretação, informação

"Tal como não existe objectividade em estado puro, não existem nos textos jornalísticos fronteiras absolutas entre informação, interpretação e opinião. De qualquer modo, há três níveis essenciais na construção das peças:
  • a apresentação dos factos, que podem ser a divulgação da opinião de terceiros — a informação; 
  • o relacionamento desses factos entre si — a interpretação; 
  • o juízo de valor sobre esses factos — a opinião. 
Na notícia predomina a apresentação dos factos. É uma evidência que decorre da própria estrutura da notícia, do seu espaço e do seu tempo. Espaço curto, tempo imediato.(...)
É na reportagem e no inquérito que a interpretação dos factos encontra a sua expressão mais desenvolvida. Mas essa interpretação tem, frequentemente, uma fronteira difusa com a opinião, na medida em que a subjectividade do olhar do jornalista o leva a escolher um ângulo de abordagem dos acontecimentos e situações que observa e descreve. Aí intervém a necessidade da distanciação e a preocupação da imparcialidade. Interpretar não é julgar, mas explicar o porquê e o como das situações. 
Enquanto na notícia predominam o quem e o quê, a reportagem e o inquérito procuram saber mais sobre o como e o porquê."

Jonal Público. Livro de estilo

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