segunda-feira, 23 de março de 2015

Civilização, séc. XXI

 Imagem:in http://www.ascidadessomosnos.org/nova-york.html
Era de novo Maio, e um fim de tarde fresco e azulado, quando eu subi a 5th Avenue em demanda de Francisca. 
Nada mudara em 5 meses na entrada do 505. Taylor permanecia sorridente dentro do fato vermelho com o botão do punhos reluzentemente dourados e polidos e sempre impecavelmente engomado. Até a pequena fissura por baixo do bolso esquerdo, quase indetetável a olho nú pelos banais e pouco observadores, permanecia intacta, possivelmente porque a mãe ainda não o tivera vindo visitar.
Entrando pela porta giratória com um sorriso, com saudades de Taylor, reparei que algo tinha mudado: a entrada do 505 tinha sido engolida por um gigantesco aquário. As paredes da entrada eram agora peixes e água. Fiquei entusiasmada, acenei com um meigo sorriso à Miss Charlotte, a diretora do hotel onde a minha querida amiga Francisca se passeava elegantemente com os seus Louboutin pretos que eu sempre cobicei...

Segui o meu caminho até às escadas palidamente brancas onde sempre preferi ir, uma vez que o excesso de civilização dentro do elevador era no mínimo insuportável, pelo menos até ao quinto andar onde raramente havia gente a ocupar o elevador. Na minha ansiosa subida até ao último andar, tocava Ellie Golding, Love me like you do em instrumental. Senti uns arrependidos ao passar no décimo andar, onde agora vagueava o sinistro ex-vizinho da Francisca.
Cheguei finalmente à penthouse da minha amiga, que transbordava encanto, beleza, luxo, elegância e um suave cheiro a baunilha. Francisca desceu as escadas brilhantemente douradas de brancos abertos e um lindo sorriso branco.
- Finalmente estás aqui,Matilde! Vem, entra. Vem sentar-te na minha mais recente aquisição - disse-me Francisca apontando para um cadeirão em forma de Channel n°5. Ao entrar no enorme
salão reparei que havia um robô bastante efeminizado, junto à mesa de jantar, que preparava uma mesa de jantar elegante e luxuosa, tal como manda a tradição "francesca", como ela lhe chamava.
- 505, traz-nos o melhor champanhe que houver na cozinha e dois cálices, por favor. - Fiquei bastante admirada com tal tecnologia, especialmente porque iria ficar no 505 por uns tempos.


Inês, 11º A


1 comentário:

Unknown disse...

Visto assim (aqui publicado e com imagens) o texto até me pareceu um bocadinho melhor. Obrigada