domingo, 15 de março de 2015

Linhagem jacíntica

Nada mudara durante os dois anos que estive fora: o jardim ainda entre duas áleas altas e robustas aparecia como um campo de relva verdejante. No meio, um chafariz de mármore que transbordava esplendor; em frente, subi três degraus que levavam à entrada daquele luxuoso palacete.

No átrio, a vidraça da porta chamava a atenção de qualquer um e, para meu espanto, quando Jacinto falou, esta abriu-se. Ainda maravilhado deparei-me com um robô-mordomo que me tirou o casaco. No meio de tanta luminosidade, eu e Jacinto seguimos para uma espécie de elevador que em apenas alguns instantes nos levou a uma sala. Aí reparei de imediato no sofá majestoso no centro e, em frente, na parede uma televisão de alta tecnologia. Jacinto falou e automaticamente ligou-se – impressionante – pensei, parecia que estava a viver o momento dentro do ecrã.

Olhei em meu redor e apercebi-me de que tudo estava excessivamente adornado. De seguida, pedi a Jacinto que me mostrasse a casa de banho – oh! mas que cómoda e sofisticada – murmurei, tudo funcionava à base da voz, desde as descargas do autoclismo ao correr da água nos lavatórios … e ainda existia um secador de mãos.


Voltei de novo para junto do meu amigo que me convidou para experimentar a sua mais recente aquisição, um jogo cujo controlo era através de um chip que se colocava na nuca. Mas que entusiasmo… tinha visto a apresentação da comercialização daquele produto mas ainda não tinha tido o prazer de experimentar aquele que é de momento considerado o auge da tecnologia.

Que magnfica casa aquela… no entanto notei que Jacinto já pouco se importava com tudo aquilo, o que se passava? Aquele Jacinto, o último da grande linhagem Jacíntica, estava triste; tinha tudo, todavia comportava-se como se não tivesse nada.



Liliana Gomes Nº23 e Mamadou Saikou Nº24 11 de março de 2015

Sem comentários: