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- Votar aos 16 ou aos 18 anos -
Votar aos 16 anos e pela internet? Pode acontecer já em 2019
O
Parlamento Europeu quer reformular a maneira como se vota para as europeias,
mas mudanças como a introdução dos voto aos 16 anos ou voto eletrónico chocam
com leis em vigor em Portugal.
Voto
eletrónico, direito de voto aos 16 anos, obrigação de ter mais de 5% dos votos
para um partido conseguir eleger representantes e incluir os nomes dos partidos
europeus nos boletins eleitorais são algumas das alterações que o Parlamento
Europeu recomenda que sejam introduzidas já nas europeias de 2019. No
entanto, o relatório que contém estas mudanças não está a ter uma vida fácil em
Bruxelas, com contestação de vários países que tal como Portugal teriam de
mudar os seus sistemas eleitorais (e a própria Constituição) para acomodar
estas inovações. O eurodeputado Pedro Silva Pereira afirma que são apenas
“indicações para um debate futuro”, enquanto a Comissão Nacional de Eleições
(CNE) diz que pode haver uma mudança política, mas que, por enquanto, a lei
eleitoral portuguesa prevalece.
O
Parlamento Europeu quer reformular o Ato Eleitoral que regula a nível
comunitário as eleições europeias, propondo regras que uniformizem o voto nos
vários Estados-membros. Esta instituição tem o direito a iniciar o processo de
revisão e o relatório dos eurodeputados Danuta Hübner, polaca e integrada no
Partido Popular Europeu, e Jo Leinen, alemão e membro do grupo dos
Socialistas Europeus, faz algumas atualizações à legislação existente. Entre
estas atualizações está a introdução obrigatória de um mínimo de 3% a 5% de
votos para os partidos poderem eleger nos Estados-membros com mais de 26
eurodeputados – ou seja, não vai afetar Portugal já que o país elege 21
representantes -, a inclusão dos símbolos e nomes dos partidos europeus em
todos os boletins de voto e a introdução do voto eletrónico.
Fora
das alterações formais, mas como recomendação para o futuro, este relatório
indica ainda que a idade mínima para votar nos 28 Estados-membros deverá passar
a ser 16 anos – em Portugal só se pode votar a partir dos 18. Pedro Silva
Pereira, eurodeputado socialista e vice-presidente da Comissão de Assuntos
Constitucionais – que supervisiona este assunto -, afirma que estas
indicações se tratam apenas de “indicações para um debate futuro” e que muitas
das questões que constam neste relatório não são consensuais e, por isso mesmo,
a votação foi adiada para novembro. “A questão dos 16 anos não foi consensual e
foi para a parte das recomendações. No próprio Parlamento Europeu, fora da
comissão, é uma questão controversa. Não se antecipa que essa questão tenha
seguimento”, afirma o eurodeputado ao Observador.
Quanto
ao voto eletrónico, o eurodeputado afirma que o Parlamento Europeu está a olhar
com interesse para a experiência na Estónia e no Brasil que mostram ser
possível “estabelecer condições técnicas seguras”. A clausula barreira que visa
impedir a eleição de eurodeputados de forças políticas que recolham entre 3% a
5% dos votos é também um dos pontos onde há menos acordo e, segundo o
eurodeputado, gerou críticas entre vários grupos políticos. O Ato
Eleitoral já estabelece que “os Estados-membros podem prever um
limite mínimo para a atribuição de mandatos”, mas a alteração prevê que “os
Estados-Membros devem prever um limite obrigatório para a atribuição de
mandatos”.
CNE
atenta a alterações, mas Constituição prevalece
A
Comissão Nacional de Eleições não espera que surjam grandes mudanças para as
restantes eleições em Portugal a partir da alteração do Ato Eleitoral. João
Almeida, porta-voz da CNE afirma mesmo que é possível haver voto eletrónico
para umas eleições e não para as restantes. “As eleições europeias são eleições
secundárias. E é claro que politicamente a situação pode mudar para acolher
algumas alterações, mas a Constituição portuguesa prevalece sobre a lei
eleitoral do país”, afirmou ao Observador. Para a CNE, há quem faça “um esforço
constante” de comparar o modelo eleitoral português com outros modelos
europeus, mas há questões, como recenseamento, em que Portugal está mais
avançado que outros países.
“A
nossa Constituição não admite cláusula barreira. O importante é que o modelo,
seja qual for, seja o mais aberto possível”, indica João Almeida. O
porta-voz da CNE diz que é importante que se “diminua a resistência à votação
eletrónica”, mas que esse voto eletrónico pode não corresponder ao voto em
mobilidade, ou seja, conseguir votar fora do país.
http://observador.pt/2015/11/02/votar-aos-16-anos-e-pela-internet-pode-acontecer-ja-em-2019/
Votar aos 16 anos, por que
não?
Joana
Gorjão Henriques
12/01/2013
- 17:37
Na
Europa, a Áustria é o único país onde se vota em todas as eleições a partir dos
16 anos. Falámos com jovens, especialistas e juventudes partidárias: Portugal
deveria baixar a idade de voto?
Maria
Coutinho, que vive e estude em Coruche, lembra que os jovens da sua idade já
tomaram grandes decisões na vida como escolher que área seguir
Rui Gaudêncio
Se
pudesse, Sofia Polónia gostaria de expressar a sua opinião sobre alguns temas
políticos, mas não necessariamente através do voto. Francisco Zenha Preto
sente-se com maturidade para votar, mas acha que o mesmo não se aplica a todos
os jovens da sua idade, por serem “ainda muito influenciáveis pelos adultos”.
Maria
Coutinho diz sem hesitar: “Com esta idade já devíamos ter o direito de votar.
Por acaso não tenho grandes ideologias, mas se me dessem essa oportunidade iria
tentar informar-me mais e contribuir para que neste país o povo seja mais
ouvido”.
Sofia,
Maria e Francisco têm 16 anos, e o PÚBLICO falou com eles sobre a hipótese da
descida da idade do direito de voto, um debate que o pediatra Mário Cordeiro
levantou recentemente num artigo de opinião do PÚBLICO ( Deverão as crianças e
os adolescentes ter direito a voto?, questionava).
A
descida da idade de voto não é um tema na agenda política, não é um tema muito
debatido em Portugal, mas há anos que se coloca a questão em vários países:
será que os 18 anos são a idade ideal para começar a votar? Não se deveria
começar a votar aos 16 anos?
É
que, em Portugal, aos 16 anos já se pode casar, com autorização dos pais, ser
julgado e cumprir pena ou começar a trabalhar legalmente. Se não se espera pela
maioridade para algumas coisas porque é que se espera para votar, argumentam
alguns? Como argumento contrário, alega-se que aos 16 anos ainda não há
maturidade para escolher representantes políticos.
O
direito de voto aos 16 anos para todas as eleições existe apenas num país
europeu, a Áustria. A medida foi implementada em 2007. A Argentina está em vias
de seguir o modelo - o Brasil, o Equador, a Nicarágua, Cuba e três das ilhas
britânicas também o permitem. Na Alemanha quem tem 16 anos pode votar nas
eleições estatais em Bremen desde 2010 e em eleições municipais de alguns
estados. Este é um tema em discussão na Estónia, Finlândia, Eslovénia, Reino
Unido, Noruega ou Dinamarca (os dados sobre os países foram dados pelo European
Youth Forum, plataforma que tem feito campanha para o alargamento do voto aos
jovens de 16 anos).
“Há
momentos de algum abanão social e político em que se devem levantar questões
que têm a ver com cidadania”, diz Mário Cordeiro, explicando porque decidiu
escrever sobre o tema neste momento. O pediatra defende que as escolas deveriam
ter, “desde cedo”, programas sobre intervenção política, tal como têm sobre
temas como a reciclagem ou o tabaco. “A formação em intervenção política deve
ser feita na primária para as crianças saberem que há decisões políticas, como
construir um parque infantil. Uma das intervenções políticas que tem um peso
enormíssimo no nosso país são as eleições. A questão é: a partir de que idade
se deve votar?”
Jovens
mais informados e interventivos
A
idade para votar foi baixando ao longo dos anos e a verdade, defende, é que
houve uma evolução de determinados segmentos da população. Antes do 25 de
Abril, lembra, só 10% das crianças continuavam os estudos depois do 6º ano;
hoje, “os jovens têm uma opinião mais informada, vão sendo mais interventivos”
e o seu direito deve ser intervir na escolha “daqueles que vão definir coisas
fundamentais para o seu futuro”.
Este
direito deveria ser dado aos jovens com 15 ou 16 anos, argumenta Mário
Cordeiro. É que esta é uma idade em que se fazem escolhas importantes, como a
área a seguir até ao 12º ano e, por acréscimo, a de entrada na universidade.
Vantagens? “As máquinas partidárias seriam obrigadas a repensar algumas
políticas.” De alguma forma, os 16 anos são os novos 18 – é verdade que em
alguns aspectos os jovens de 16 anos hoje são mais dependentes dos pais, mas
por outro lado estão mais informados, diz. Além disso, os 15-16 anos são aquilo
a que chama de “idade da generosidade e de ideais” – ou seja, há uma
predisposição maior para ir às urnas.
Este
foi justamente um dos argumentos de Duarte Marques quando se candidatou à
liderança da Juventude Social Democrata em 2010, cargo que já não ocupa,
defendendo a descida da idade de voto para os 16 anos. Na altura, o tema foi
“muito polémico”, lembra, e deixou de estar na agenda da ala juvenil do
partido. Duarte Marques defende que aos 16 anos os jovens “estão mais
despertos, mais motivados, podem ganhar interesse pela política” – e mais do
que os jovens de 18 anos. “O principal argumento é que aos 16 anos têm direito
a escolher aquilo que o seu país vai ser – e podem fazer quase tudo, menos
votar!”
No
final, a democracia ganharia porque “Portugal vive um défice de participação e
se houvesse mais gente a participar a classe política teria mais qualidade”. O
ex-dirigente acredita mesmo que a abstenção iria baixar porque mais gente
ganharia o hábito mais cedo.
Se
hoje houvesse eleições com inclusão dos jovens de 16 e 17 anos, ganhar-se-iam
mais quase 223 mil eleitores (o número de pessoas nesta faixa etária de acordo
com o último Censos 2011).
O
caso austríaco
Ainda
não passou tempo suficiente para afirmar que há, de facto, menos abstenção na
faixa etária dos 16 e 17 do que nos 18 anos na Áustria, mas os resultados de um
estudo de 2011, feito por Eva Zeglovits, académica no departamento de Métodos
de Ciências Sociais da Universidade de Viena, mostram que houve mais presença
nas urnas dos primeiros do que dos segundos – nas eleições regionais de Viena
de 2010 estima-se que 62.6% dos 16 e 17 anos foram às urnas, em comparação com
os 54,8% do grupo 18-20 anos.
Uma
hipótese de explicação, diz Eva Zeglovits ao PÚBLICO, é que aos 18 anos os
jovens estão demasiado preocupados com outras coisas da sua vida, como
escolherem a universidade, saírem de casa dos pais, etc. “Aos 16 anos os jovens
ainda estão em casa dos pais, por isso torna-se mais fácil irem votar com eles.”
O
estudo ressalva que não há certezas sobre se houve algum efeito novidade, ou
seja, só com o passar dos anos é que se poderá confirmar a tendência, mas
conclui que o hábito de votar é mais facilmente adquirido pelos mais novos do
que pelos que têm 18 anos. O número de votantes nesta idade e a qualidade do
voto – qualidade é quando as pessoas votam no partido que de facto representa
as suas opiniões e os seus interesses, define Zeglovits – não diferem em
relação aos adultos, acrescenta.
Também
na Áustria os que eram contra os jovens de 16 e 17 anos votarem usaram o
argumento da maturidade e da falta de informação. A investigadora austríaca
sublinha que os jovens que entrevistou diziam que “se tivessem que votar iriam
procurar mais informação” – exactamente o que Maria Coutinho disse ao PÚBLICO.
“Está provado que é preciso participar para se ficar interessado na política”,
diz Eva Zeglovits.
As
vantagens de alargar a faixa etária dos votantes são, para si, o facto de os
partidos e os políticos serem obrigados a fazer um esforço de aproximação aos
jovens. Depois da mudança, “as autoridades públicas e políticas na Áustria
tornaram-se mais conscientes dos jovens” e as escolas passaram a incluir mais
debates sobre política nos seus programas.
Se
um jovem de 16 anos pode “fazer graffitis, juntar-se a um sindicato, ter outras
formas de intervenção política, porque não pode votar?”, questiona a
investigadora.
O
mesmo argumento é usado pelo deputado trabalhista britânico Michael Dugher que
vê a descida da idade de voto como parte de uma necessária “reforma política”
de combate à abstenção, diz ao PÚBLICO.
Dugher,
que em 2010 participou activamente no debate no Reino Unido sobre o tema, não
vê qualquer desvantagem em alargar o voto aos 16 e 17 anos, e diz que o Partido
Trabalhista está a discutir se vai incluir isso no seu manifesto para o
programa de candidatura às eleições de 2015. “Há uma anomalia no sistema: as
pessoas de 16 anos podem fazer todo o tipo de coisas, mas não podem votar. Na
escola ensinamos aos alunos coisas como cidadania, a importância de se ter uma
palavra a dizer sobre o Governo e a política, mas depois não damos a
oportunidade de o porem em prática.”
Intervenção
cívica e abstenção
Apesar
de não defender o voto para a sua idade porque os “adolescentes de 16 anos não
têm muita maturidade para votar”, Sofia Polónia imagina uma plataforma, que
poderia ser online, onde pudesse dar opinião sobre temas como a escola ou
medidas do Governo. Sente-se com maturidade suficiente para falar de determinados
assuntos e gostaria que a sua voz fosse ouvida, gostaria “de dar” o seu
“contributo”.
Faz
intervenção cívica no seu papel de vogal do voluntariado do Colégio Pedro
Arrupe, em Lisboa, onde estuda: uma vez por semana, um grupo de alunos vai à
Escola Básica da Apelação, na Quinta da Fonte, em Loures, dar explicações de
Matemática e Português a crianças do 4º e 5º ano. “Tenho aprendido que a vida
deles é muito difícil e que há muita desigualdade social, tenho aprendido a dar
mais valor às coisas, a ter paciência e a não desistir ao primeiro obstáculo”,
diz.
Não
liga aos partidos políticos e não se identifica com nenhum “porque nunca”
procurou fazê-lo, mas Maria Coutinho não deixa, também, de ter “um papel activo
na sociedade” – concorreu há pouco tempo à associação de estudantes da sua
escola, a Secundária de Coruche, onde estuda na área de Ciências. A sua lista
perdeu, mas ela continua a ter vontade de “mudar coisas que” acha “que não
estão bem na escola”.
Os
três fazem ou fizeram voluntariado.Cada um à sua maneira, Francisco, Sofia e
Maria têm uma participação na sociedade que pode ser lida como política.Se
nesse aspecto são uma minoria entre os jovens não sabemos.
É
recorrente ouvir-se que os jovens não se interessam por política - e usar a
descida da idade de direito de voto como “solução” para o problema é algo com
que o actual líder da Juventude Socialista João Torres discorda. “Há outras
formas de participação. O direito de voto, sendo a mais nobre das participações
cívicas, não é a única forma de envolver os cidadãos”.
O
tema não está na agenda da JS, mas a estar teria que passar por um debate
alargado que reflectisse também sobre que “direitos e obrigações são adquiridos
quando se atinge os 16 anos e a maioridade” – os 18 anos. “Temos que pensar no
princípio mas também na forma de implementação concreta”. Concluindo, João
Torres diz que está aberto a uma reflexão sobre o tema, mas a Juventude
Socialista não tem uma posição “favorável ou desfavorável”.
A
politóloga Marina Costa Lobo lembra justamente que a ideia de baixar a idade de
voto surge do “diagnóstico de falta de participação eleitoral dos jovens”.
Quando “falamos de abstenção falamos em parte da relação dos jovens com a
política” – o grupo dos 18 aos 25 anos é o que tem taxas de presença nas urnas
mais baixas. “Já se percebeu que votar é um hábito, e a ideia [de descer o voto
para os 16 anos] seria conseguir que os jovens fossem convidados mais cedo a comprometer-se
com o exercício de voto” – e isto numa idade em que “podem ser mais sensíveis
ais argumentos de participação cívica”.
Este
não é um debate em cima da mesa em Portugal, considera a investigadora do
Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, porque os partidos
“têm medo de mexer em tudo o que seja o sistema eleitoral”. Em Portugal,
teoricamente dois partidos poderiam sentir os efeitos, analisa: o Bloco de
Esquerda, que seria beneficiado por atrair eleitorado mais jovem, e o PCP, que
seria prejudicado, por ter votantes mais velhos. No PS e PSD não “há população
etária dominante”. Mas, lembra, haveria outro “efeito que prevalece” sobre o
anterior: “a influência do contexto familiar, que “em qualquer caso é
extremamente importante” para o voto, e aos 16 anos ainda mais.
Reivindicação
europeia
Com
uma plataforma online e centrados nos países da União Europeia e nas Nações
Unidas, o European Youth Forum tem feito campanhas a favor do voto aos 16 anos,
uma reivindicação que quer ver espalhada a vários países europeus. Uma das suas
grandes conquistas foi uma resolução adoptada pelo Conselho da Europa em Junho
de 2011 em que se apela à criação de “condições para a participação dos jovens
na vida cívica”, e à “investigação da possibilidade de baixar a idade de voto
para os 16 anos em todos os países e em todas as eleições” – não conseguiram os
votos suficientes para passar, mas conseguiram mais de 150 assinaturas.
Além
do facto de os jovens de 16 anos serem chamados a tomar decisões importantes
sobre a sua vida na maioria dos países europeus, e na maioria pagarem impostos
quando trabalham ou poderem ser criminalizados, o European Youth Forum aponta
como razão para esta revindicação o actual “défice demográfico e democrático”
que coloca em desvantagem os jovens europeus. “Os jovens deveriam poder ser
melhor representados e deveria ser-lhes dada a oportunidade de participarem
completamente na sociedade expressando a sua opinião nas eleições”, diz
Giuseppe Porcaro, secretário-geral.
Nem
todos concordam com a ideia de que deveriam votar, mas os três jovens de 16
anos que ouvimos têm opiniões sobre os políticos. Ao longo da conversa, Maria,
Sofia e Francisco são assertivos ao falar sobre o Governo ou sobre medidas do
executivo de Pedro Passos Coelho.
Francisco
defende que “o Governo não devia ir para os extremos”: “Convém haver rigor mas
tanta austeridade não dá em nada”, diz o estudante do 11º ano da Escola
Secundária António Arroio, no curso científico-humanístico de Artes Visuais –
um nome enorme, “que o governo escolheu”.
Sofia
Polónia, que está na área de Ciências e Biologia, tem alguma dificuldade em
definir política. Se pudesse, talvez não votasse em ninguém, mas critica o
facto de o Ministério da Educação ter “tornado a educação física como
disciplina que não conta para a média”. “As pessoas deixam de se interessar
pela matéria, acho que se devia dar valor à educação física”.
Maria
Coutinho, também a estudar Ciências, defende o direito de voto aos 16 anos, até
porque sente que os jovens da sua idade não são “muito ouvidos”, que “as
pessoas não têm em grande conta” as suas “opiniões”. “Acham que somos crianças.
No 9º ano tive que escolher a área para onde iria ou optar por um curso
profissional e a escolha da universidade vai ser influenciada por isso. Não
somos bebés, sabemos o que queremos, já tomámos grandes decisões na vida.”
www.publico.pt/sociedade/.../votar-aos-16-anos-porque-nao-1580474
OUTROS ARTIGOS
Para
a grande maioria dospaíses europeus, a idade mínima para votar é 18 anos.
Em 2007, a Áustria tornou-se o primeiro país a fixar a maioridade intelectual
nos 16 anos para todas as eleições municipais, regionais e nacionais. Algumas
regiões da Alemanha, um cantão da Suíça e três dependências da Coroa britânica
também baixaram a idade de voto para os 16 anos.
Atualmente,
nos 28 Estados-Membros da UE, devido às diferentes tradições
constitucionais e eleitorais, a idade mínima de elegibilidade varia entre os 18
e os 25 anos e, para o exercício do direito de voto, entre os 16 e os 18 anos.
O Parlamento Europeu quer recomendar aos
Estados-membros que nas próximas eleições, em 2019, os cidadãos de 16 anos já
possam votar, mas as mudanças estão a encontrar algumas resistências porque
teria sido alterada legislação nacional, como é o caso de Portugal, que teria
de rever a Constituição.