Cantiga de Escárnio | a sátira é realizada indiretamente, por meio da paródia, da ironia e
do sarcasmo, com recurso a "palavras cobertas, que hajam dois entendimentos
para lhe lo não entende rem".
Cantiga de Maldizer|
a sátira é feita de forma direta, por vezes com bastante agressividade, "mais
descobertamente", com "palavras que querem dizer mal e não haverão outro
entendimento senão aquele que querem dizer chãmente" (literalmente).
TEMÁTICAS DAS CANTIGAS DE ESCÁRNIO E DE MALDIZER
(entre outros que podes consultar aqui)
Aspeto
físico das mulheres, Adultério, Arte de trovar, Casamentos, Cobardia,
Comportamentos políticos, Comportamentos sexuais, Duplicidade ou mentira,
Estupidez, Falta de escrúpulos ou corrupção, Falta de palavra, Impostos,
Incompetência profissional, Maus tratos domésticos, Modas e vestuário, Paródias
ao amor cortês
Gravura satírica medieval (o louco). British Library)
Como prometido, fica a cantiga "Roi Queimado morreu com amor/em
seus cantares" completa, tal como o R. a leu em aula.
Dirigida ao trovador Rui Queimado, esta composição é uma das mais conhecidas sátiras ao motivo da morte de amor, muito presente nas juras dos trovadores, nas cantigas de amor galego-portuguesas (como vimos no refrão "ai, mia senhor, assi moir'eu!", da cantiga de amor "Como morreu quem nunca bem/houve da rem que mais amou").
Roi Queimado morreu com amor
em
seus cantares, par Santa Maria,
por
ũa dona que gram bem queria;
e
por se meter por mais trobador,
porque lh'ela nom quis[o] bem
fazer,
feze-s'el
em seus cantares morrer;
mais
ressurgiu depois ao tercer dia.
Esto
fez el por ũa sa senhor
que
quer gram bem; e mais vos en diria:
porque cuida que faz i maestria*,
enos
cantares que fez há sabor
de
morrer i e des i d'ar viver**.
Esto
faz el, que x'o pode fazer,
mais
outr'homem per rem non'o faria.
E nom há já de sa
morte pavor,
senom
sa morte mais la temeria,
mais
sabe bem, per sa sabedoria,
que
viverá, des quando morto for;
e
faz-[s'] em seu cantar morte prender,
des
i ar vive: vedes que poder
que
lhi Deus deu - mais quen'o cuidaria!
E
se mi Deus a mi desse poder
qual
hoj'el há, pois morrer, de viver,
jamais
[eu] morte nunca temeria.
Pero Garcia Burgalês
*O termo tem neste contexto o sentido geral de "mestria" (obra de mestre) e também o
sentido que assume na Arte de Trovar (cantiga sem refrão; estas cantigas eram consideradas mais elaboradas e engenhosas e, por isso, eram as
mais consideradas entre os trovadores)
** de morrer aí e depois de voltar a viver
2 comentários:
Cantiga de Maldizer
A vida dum estudante
confusa e estranha está!
O Paulo bate c’as portas
Coelho diz que não dá.
Costa não gosto,
Catarina bloqueou
e Jerónimo concordou.
Bióloga quero ser
mas que raio hei de fazer ?
Seas
Muito obrigada pelo teu contributo, Seas.
Vou publicar com muito gosto.
NS
Enviar um comentário