A Evolução do Estatuto Social das Mulheres
Ao Longo da História
Desde
o começo da humanidade que os homens exercem a sua vontade sobre as mulheres,
visto que eram caçadores, atividade de grande prestígio na época. Porém, outros
historiadores afirmam que poderiam ser as mulheres a exercer o poder nas
comunidades primitivas, visto que eram elas a dar à luz os filhos e os pais
eram desconhecidos. Seriam os matriarcados.
Com
o aparecimento da agricultura e da propriedade privada, quando a humanidade
entrou na fase da sedentarização, os homens tornaram-se donos de terras e
rebanhos, de modo que, foram instituídos os contratos de casamento para que
cada um soubesse quem eram os seus filhos, herdeiros dos seus bens. As mulheres
passaram a ser obrigadas a casar com os homens que lhes eram impostos, a
respeitá-los e a dar-lhes filhos. A mulher passou a ser tratada como uma moeda
de troca entre as famílias, deixando de ter liberdades a não ser as que o
marido lhe concedia. Caso não tivessem filhos eram repudiadas pelos maridos
enquanto estes celebravam outro casamento, na mira de terem herdeiros. As
mulheres repudiadas, sem meios de subsistência, muitas vezes vendiam favores
sexuais e, quando eram descobertas, poderiam ser apedrejadas até a morte.
O
casamento religioso só foi instituído no séc XI ou XII da nossa era, com a
finalidade de exigir aos homens fidelidade e respeito para com as suas esposas.
Portanto,
as mulheres viveram durante milhares de anos, submetidas à vontade dos homens
da sua família. Ao longo da história do ocidente, que conhecemos melhor,
apareceram diversas mulheres que exerceram tarefas reservadas aos homens. Mas
trata-se de casos pontuais e não mudaram as sociedades.
Podemos
tirar como exemplo a obra de Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira, escrita
na primeira metade do séc XVI. A peça retrata uma rapariga do povo, chamada
Inês, na sua idade casadoura e jovem que anseia um marido que lhe dê liberdades
e que a liberte do cansaço do seu trabalho. Seria assim com muitas outras
raparigas, não podendo mais a não ser ansiar por um bom casamento, com um homem
que fosse bom para elas e sustentasse a família.
A
mudança começou-se a afirmar no período da era industrial. Tanto mulheres como
homens foram trabalhar para as fábricas, fora da esfera
familiar, onde cada operário ou operária ganhava o seu dinheiro. De certa
forma, proporcionou às mulheres os seus primeiros vislumbres de liberdade visto
que eram elas a ganhar o seu próprio dinheiro.
No entanto, os operários trabalhavam em condições precárias, muitas
vezes desumanas, onde eram obrigados a trabalhar forçadamente, senão, ficavam
sem a única fonte de subsistência que tinham. Mulheres grávidas e a amamentar
crianças não eram exceções. E se um operário se magoasse de forma a deixar de
conseguir exercer o seu trabalho era simplesmente descartado, visto que na
altura não havia regulamentações na área de trabalho.
O
primeiro país que admitiu o sufrágio feminino foi a Nova Zelândia, a 19 de
setembro de 1893. O movimento cívico feminino, na Nova Zelândia, surgiu em
meados dos anos 1880. Em 1891 um documento reuniu mais de 9 mil assinaturas. No
ano seguinte já foram quase 20 mil. E por fim, em 1893, perto de 32 mil pessoas
assinaram uma petição pedindo o direito de voto para as mulheres, onde apenas
21 eram homens. Isto representava um quarto da população adulta do país. Por
incrível que pareça, um dos assuntos mais debatidos nas discussões sobre o voto
das mulheres tinha a ver com a venda de álcool, visto que muitas achavam que as
bebidas alcoólicas eram, em parte, responsáveis pela violência doméstica e
outros problemas familiares, e por esse motivo, o lobby pró-bebidas
alcoólicas, suportado pelas industria das bebidas alcoólicas, opunha-se ao voto
das mulheres. Este movimento alastrou-se para o resto do globo principalmente
depois das Duas Grandes Guerras. As mulheres tiveram de assumir os papéis que
muitos homens exerciam, visto que maior parte deles estava na frente de
batalha, e quando estes regressaram muitas opuseram-se ao "convite"
que lhes foi feito para regressarem ao lar. Muitos diziam ate: "Elas vão
preferir ficar em casa". Até hoje, o último país onde as mulheres conquistaram o direito ao
voto foi na Arábia Saudita em 2011.
Em
Portugal, no primeiro ato eleitoral da recém nascida República, em 1911, era
permitido o voto a todos os chefes de família que soubessem ler. Como não era
referido o género, Carolina Ângelo, médica, viúva, e por isso, chefe de família
votou nas eleições da Assembleia Constituinte, em 1911. De forma a evitar que
tal exemplo se repetisse a legislação foi alterada, no ano seguinte, que
especificava que apenas os homens o
podiam fazer. Na ideologia vigente, os direitos da mulher eram quase
nenhuns. Oliveira Salazar não permitia que a ordem social fosse
questionada e todos os assomos de
feminismo iam sendo silenciados. Só um ano depois do 25 de Abril, os direitos
das mulheres portuguesas ficaram consagrados na Constituição da República.
Ser
o outro sexo, estar em segundo plano, ter um papel definido pelo dominador,
obedecer sempre e deixar-se violentar sempre. A cartilha é longa e passou de
mães para filhas, numa herança disciplinada e castradora. Na história das
mulheres à desigualdade, discriminação e muita violência. A libertação, a luta
pelos mesmos direitos humanos do homem, é dura e longa, e ainda hoje não chega
a todas as casas nem a todas as mentalidades.
Bibliografia
RTP (2014). Desigualdades
entre os homens e as mulheres antes do 25 de Abril. Acedido em 24 de fevereiro de 2019, em:
http://www.ensina.rtp.pt/artigo/o-ideal-feminino-do-estado-novo/
Diário de
Notícias (2018). O estatuto das mulheres através da História. Acedido em
24 de fevereiro de 2019, em:
http://www.dnotícias.pt/leitor/cartas/o-estatuto-das-mulheres-atraves-da~-historia-EJ2847006#
Público
(2014). As mulheres foram activistas na guerra, depois voltaram ao lar. Acedido
em 24 de fevereiro de 2019, em:
http://www.público.pt/2014/08/20/culturaipsilon/noticia/do-activismo-das-mulheres-na-retaguarda-ate-ao-regresso-ao-lar-1666852/amp
RTP (2008).
A Mulher e o voto em Portugal. Acedido em 24 de fevereiro de 2019, em:
http://www.ensina.rtp.pt/artigo/a-mulher-e-o-direito-ao-voto/
Diário de
Notícias (2018). "Elas vão preferir ficar em casa": há 125 anos as
mulheres votaram pela primeira vez. Acedido em 24 de fevereiro de 2019 ,em:
http://www.google.com/amp/s/www.dn.pt/mundo/interior/amp/elas-vao-preferir-ficar-em-casa-ha-125-anos-as-mulheres-conquistaram-o-direito-ao-voto-9873634.html
Trabalho realizado por:
Miguel G. M. 10ºA, Nº23
Imagem: Jacinda Ardern, 1ª ministra da Nova Zelândia, na Assembleia Geral da ONU, Nova Iorque."O bebé da primeira-ministra neozelandesa sentou-se na ONU", PÚBLICO, 25 de Setembro de 2018.
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