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segunda-feira, 27 de maio de 2019
sexta-feira, 24 de maio de 2019
Camões.... Reflexões sobre a pátria, em 2019
CAMÕES, HOJE - Articulação entre as Reflexões do Poeta e a atualidade dos alunos: o que merece ser cantado ou criticado em 2019 -
Os trabalhos de leitura, síntese, reflexão crítica e apresentação de exposições ou reportagens sobre temas de atualidade visam, entre outras, as seguintes aprendizagens:
"- exploração e aprofundamento de temas interdisciplinares suscitados pelas obras literárias em estudo.
- compreensão e interpretação de textos através de atividades que impliquem
.o mobilizar experiências e saberes como ativação de conhecimento prévio;
. estabelecer ligações entre o tema desenvolvido no texto e a realidade vivida pelo aluno;
- Fazer exposições orais para apresentação de leituras."
Como combinado, cada exposição deverá estabelecer a ligação com Os Lusíadas.
Para ajudar, aqui ficam os versos das Reflexões do Poeta mais suscetíveis de ser usados como epígrafe. Escolham (1 a 3 versos, por ex.), de acordo com o tema abordado.
CANTO I
105
«Ó grandes e gravíssimos perigos,
Ó caminho de vida nunca certo,
Que aonde a gente põe sua esperança
Tenha a vida tão pouca segurança!
106
No mar tanta tormenta e tanto dano,
Tantas vezes a morte apercebida!
Na terra tanta guerra, tanto engano,
Tanta necessidade avorrecida!
Onde pode acolher-se um fraco humano,
Onde terá segura a curta vida,
Que não se arme e se indigne o Céu sereno
Contra um bicho da terra tão pequeno?»
CANTO II
[...]
«O desejo de um nome avantajado,
Mais razão há que queira eterna glória
Quem faz obras tão dinas de memória.»
CANTO V
97
«Enfim, não houve forte Capitão
Que não fosse também douto e ciente,
Da Lácia, Grega ou Bárbara nação,
Senão da Portuguesa tão somente.
Sem vergonha o não digo: que a razão
De algum não ser por versos excelente
É não se ver prezado o verso e rima,
Porque quem não sabe arte, não na estima.
98
Por isso, e não por falta de natura,
Não há também Virgílios nem Homeros;
Nem haverá, se este costume dura,
Pios Eneias nem Aquiles feros.
Mas o pior de tudo é que a ventura
Tão ásperos os fez e tão austeros,
Tão rudos e de engenho tão remisso,
Que a muitos lhe dá pouco ou nada disso.
99
Às Musas agardeça o nosso Gama
O muito amor da pátria, que as obriga
A dar aos seus, na lira, nome e fama
De toda a ilustre e bélica fadiga [...].»
CANTO VI
95
«Por meio destes hórridos perigos,
Destes trabalhos graves e temores,
Alcançam os que são de fama amigos
As honras imortais e graus maiores;
Não encostados sempre nos antigos
Troncos nobres de seus antecessores;
[...]
96
Não cos manjares novos e esquisitos,
Não cos passeios moles e ouciosos,
Não cos vários deleites e infinitos,
Que afeminam os peitos generosos; [...]
97
Mas com buscar, co seu forçoso braço,
As honras que ele chame próprias suas;
Vigiando e vestindo o forjado aço,
Sofrendo tempestades e ondas cruas,
Vencendo os torpes frios no regaço
Do Sul, e regiões de abrigo nuas,
Engolindo o corrupto mantimento
Temperado com um árduo sofrimento;
98
[...]
Destarte o peito um calo honroso cria,
Desprezador das honras e dinheiro, [...]»
CANTO VII
84
«Nem creiais, Ninfas, não, que fama desse
A quem ao bem comum e do seu Rei
Antepuser seu próprio interesse,
Imigo da divina e humana Lei.
Nenhum ambicioso que quisesse
Subir a grandes cargos, cantarei,
Só por poder com torpes exercícios
Usar mais largamente de seus vícios;
85
Nenhum que use de seu poder bastante
Pera servir a seu desejo feio,
[...] veio, [...]
A despir e roubar o pobre povo!
86
Nem quem acha que é justo e que é direito
Guardar-se a lei do Rei severamente,
E não acha que é justo e bom respeito
Que se pague o suor da servil gente;
Nem quem sempre, com pouco experto peito,
Razões aprende, e cuida que é prudente,
Pera taxar, com mão rapace e escassa,
Os trabalhos alheios que não passa.
87
Aqueles sós direi que aventuraram
Por seu Deus, por seu Rei, a amada vida,
Onde, perdendo-a, em fama a dilataram,
Tão bem de suas obras merecida.[...]»
CANTO VIII
96
[...]
«Veja agora o juízo curioso
Quanto no rico, assi como no pobre,
Pode o vil interesse e sede inimiga
Do dinheiro, que a tudo nos obriga.
97
[...]
Pode tanto em Tarpeia avaro vício
Que, a troco do metal luzente e louro,
Entrega aos inimigos a alta torre, [...].
98
Este rende munidas fortalezas;
Faz trédoros e falsos os amigos;
Este a mais nobres faz fazer vilezas,
E entrega Capitães aos inimigos;
Este corrompe virginais purezas,
Sem temer de honra ou fama alguns perigos;
Este deprava às vezes as ciências,
Os juízos cegando e as consciências.
99
Este interpreta mais que sutilmente
Os textos; este faz e desfaz leis;
Este causa os perjúrios entre a gente
E mil vezes tiranos torna os Reis.
Até os que só a Deus omnipotente
Se dedicam, mil vezes ouvireis
Que corrompe este encantador, e ilude;
Mas não sem cor, contudo, de virtude!»
CANTO IX
92
[...]
Por isso, ó vós que as famas estimais,
Se quiserdes no mundo ser tamanhos,
Despertai já do sono do ócio ignavo,
Que o ânimo, de livre, faz escravo.
93
E ponde na cobiça um freio duro,
E na ambição também, que indignamente
Tomais mil vezes, e no torpe e escuro
Vício da tirania infame e urgente;
Porque essas honras vãs, esse ouro puro,
Verdadeiro valor não dão à gente:
Milhor é merecê-los sem os ter,
Que possuí-los sem os merecer.
94
Ou dai na paz as leis iguais, constantes,
Que aos grandes não dêem o dos pequenos,
[...]
E todos tereis mais e nenhum menos:
Possuireis riquezas merecidas,
Com as honras que ilustram tanto as vidas.»
CANTO X
145
[...]
«O favor com que mais se acende o engenho
Não no dá a pátria, não, que está metida
No gosto da cobiça e na rudeza
Dũa austera, apagada e vil tristeza»
Imagens
1 -Pintura de Camões, pelo pintor José Guimarães
2 - Pintura de Camões, pelo pintor Norberto Nunes
quinta-feira, 23 de maio de 2019
Livro de Luís Cardoso
Enquanto não chega o Encontro com o escritor e a venda e autógrafo de livros, fica um apontamento - excerto de CRÓNICA DE UMA TRAVESSIA
quarta-feira, 22 de maio de 2019
Encontro com o Escritor Luís Cardoso
Este é o Encontro que iremos preparar em aula, com a leitura de excertos do livro CRÓNICA DE UMA TRAVESSIA a apresentar publicamente, reflexão temática e levantamento de questões a colocar ao autor.
terça-feira, 21 de maio de 2019
Livros de Luís Cardoso
Luís Cardoso de Noronha nasceu em Timor.
Licenciou-se em Silvicultura pelo Instituto Superior de Agronomia de
Lisboa. Tem uma pós-graduação em Direito e Política do
Ambiente pela universidade Lusófona. Foi o representante do Conselho
Nacional para a Resistência Maubere em Lisboa.
Crónica de uma travessia
é um livro de carácter autobiográfico, editado pela primeira vez
em 1997. Outros livros: Olhos de Coruja, Olhos
de Gato Bravo (2002), A última Morte do Coronel Santiago
(2003) e Requiem para um Navegador Solitário (2007) e O
ano em que Pigafetta completou a circum-navegação (2013).
"O livro Crónica de uma travessia [tem] características biográficas por nele estarem presentes as marcas
dos lugares, das pessoas que os habitam e marcaram de alguma forma a
memória do autor, como a vida na aldeia onde cresceu, os périplos
realizados com o pai, enfermeiro de profissão e, mais tarde,
prisioneiro de guerra na ilha de Atauro. A tudo isto, junta-se o
exílio contado na primeira pessoa pelo narrador, que retrata os
tempos de juventude em plena década de 1970, depois de concluir o
ensino secundário e ingressar no Ensino Superior em Portugal.
[...]
Um dos aspectos mais fascinantes do
livro consiste na descrição das tradições religiosas do povo
maubere, do sistema de crenças local, assente num sincretismo
religioso, resultante da presença portuguesa na região e influência
do catolicismo, de onde brota uma fusão de elementos das religiões
antigas com elementos do cristianismo, introduzidos pelos
missionários Jesuítas.
Outra questão amplamente debatida no
romance é o acesso à educação e ao emprego pelos habitantes de
Timor durante o Estado Novo, uma época em que o tipo de ensino a
seguir pela criança era previamente determinado consoante o estrato
social, à semelhança do que acontecia o território continental.
«O liceu era um local muito
selectivo onde estudavam os filhos das altas autoridades europeias,
que chegavam de manhã com sono, nos carros oficiais, e eram
acordados nas aulas pelas professoras, esposas de súbditos e
subalternos: “O menino Pedro dormiu mal?”. Os filhos dos
funcionários menores e colonos que chegavam nos seus carros
particulares: “Pedro, cale-se!” (…) e os filhos dos
funcionários nativos: “número 77, ou te calas ou rua!”».
«Face ao grande insucesso escolar e
à falta de saídas profissionais, foi instaurada uma escola técnica
com o nome do então Ministro do Ultramar, Silva Cunha. Um edifício moderno, que me lembrava um pombal, e acolhia um numeroso
contingente de jovens timorenses, maioritariamente oriundos do
interior. Procuravam uma informação técnica e rápida que desse
acesso a um emprego.»
O que salta à vista em Crónica
de uma Travessia é uma de sociedade extremamente
estratificada e a quase inexistência de mobilidade social. A própria
descrição das zonas mais rurais de Timor, que, como sabemos, era na
altura era uma colónia portuguesa, em pouco difere das descrições
dadas pelas pessoas mais antigas em Portugal daquilo que era a
sociedade do Estado Novo no continente."
Créditos: blogue Há sempre um Livro - https://hasempreumlivro.blogspot.com/2013/11/cronica-de-uma-travessia-epoca-dos-ai.html
Créditos: blogue Há sempre um Livro - https://hasempreumlivro.blogspot.com/2013/11/cronica-de-uma-travessia-epoca-dos-ai.html
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