domingo, 5 de maio de 2019

Camões, Pastora da Serra


O poema “Pastora da Serra” está inserido no contexto da representação da amada, um tema recorrente na poesia de Camões. Neste poema o poeta não se cansa de elogiar a sua amada ao recorrer a comparações e metáforas como formas de a elevar a um nível quase sobre-humano. Esta relação entre o poeta e a sua amada chega a ser quase como uma relação de adoração, visto que o sujeito poético caracteriza a sua amada, a pastora, por comparação com  aspetos da natureza. Na seguinte passagem o poeta descreve a inveja alheia das outras mulheres para com a pastora:
“ Se flores deseja,
(por ventura delas)
das que colhe, belas,
mil morrem de enveja.”
Sendo, portanto, estas “mil” as outras senhoras.

Este poema Camoniano é constituído por seis estâncias, todas estas têm sete versos, são, portanto, sétimas. O poema está escrito em redondilha menor (5 sílabas métricas).
O tema do poema foi inspirado no mote já existente (cantiga alheia):
“ Pastora da serra,
da serra da Estrela
perco-me por ela.”.

Camões faz referência ao mote ao longo do poema nos dois últimos versos de cada estrofe. Na volta (desenvolvimento do poema) o sujeito poético exprime a sua admiração e paixão pela pastora, à qual o poema é dirigido, cada estrofe serve para enaltecer uma qualidade da figura feminina, frequentemente comparada à natureza:
” Se na água corrente
seus olhos inclina,
faz luz cristalina
parar a corrente.”

Esta estância provavelmente faz referência a alguma situação observada por Camões em que este admirou a beleza dos olhos da pastora ao se debruçar perante um curso de água. As estrofes terminam com o verso: “perco-me por ela” ou a variação (que ocorre uma única vez - “sei morrer por ela”) nas quais o poeta exprime a sua paixão.
O poema será resultado de uma das muitas paixonetas de Camões, às quais este tinha costume de dedicar poemas e, tal como em muitos dos seus outros poemas, o poeta coloca bastante ênfase nas qualidades da figura feminina, especialmente os olhos que parecem ser um dos elementos que Camões mais utiliza para caracterizar a figura feminina na sua poesia, de acordo com os cânones poéticos da época . A pastora de quem o poeta fala seria, talvez, uma jovem com grandes qualidade físicas, e por esta mesma razão, os homens (“pastores”) das redondezas e, claro, Camões a admiravam e a perseguiam:
“ Sendo entre pastores
causa de mil males,
não se ouvem nos vales
senão seus louvores”.

Posto isto, concluímos que este poema é mais uma obra de Camões que merece ser reconhecida pela sua criatividade e inovação, para a época, no contexto da caracterização da amada; esta na sua poesia surge tanto nos sonetos como nas redondilhas que apresentam retratos físicos e psicológicos da mulher amada. Apesar de a mulher não ser sempre uma figura angelical na poesia de Camões, neste poema isso verifica-se. O sujeito poético utiliza este poema como forma de se declarar à figura feminina.
Grupo:
Beatriz Silva, n°3
Carolina Sousa, n°8
João Matias, n°19
Pedro Santos, n°24
Vítor Santos, n°28


 Imagem: pintura de Camille Pissarro - Pastora e ovelhas

5 comentários:

Anónimo disse...

ganda fixe

Anónimo disse...

"Anónimo disse...
ganda fixe" ganda rei

Unknown disse...

altas lendas aqui

Anónimo disse...

"Unknown disse...
altas lendas aqui" só máquinas

Unknown disse...

verdade