sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

ESTEIROS (texto crítico)

ESTEIROS
Este livro é uma bela obra de Soeiro Pereira Gomes. Um livro antigo e com tanto para nos dar. Nele encontramos uma crítica que, infelizmente, ainda hoje podemos observar.

Esteiros fala-nos dos homens que nunca foram meninos, porque as suas famílias eram demasiado pobres para lhes darem condições de serem crianças. Desde muito pequenos que eram obrigados a trabalhar. Gineto é o revoltado “chefe” do grupo, Sagui, o contador de histórias e o menino de rua, Gaitinhas, o estudante, ou melhor o ex-estudante e Maquineta é aquele que sempre sonhou em trabalhar na Fábrica Grande. Todos eles encontravam esquemas para arranjar um sítio para passarem as noites como para comerem.

Neste grupo, representado em Esteiros as idades oscilavam entre os dez e os doze anos. Sem tempo nem condições para ser crianças, de Verão trabalham, como adultos, nos telhais à beira dos esteiros do Tejo, e nos restantes nove meses de fome e frio roubam ou pedem esmola para conseguirem ver chegar o Verão seguinte.

As suas vidas eram muito complicadas, sujeitas à dureza do trabalho quando o conseguiam arranjar, vadiando ou roubando para comer durante o resto do tempo, mas apesar de tudo ainda conseguem sonhar.

Para piorar ainda, esta situação dos rapazes existe a dureza das cheias vividas no Inverno, o afastamento por uns tempos de Gineto do grupo, e, no fim, o aprisionamento deste. Depois de todas as aldrabices que Gineto cometeu, este pagou por todo o mal que fez. O tempo vai passando e o “chefe” vai esperando a chegada dos seus melhores companheiros para o ajudarem a fugir da prisão, mas estes já quase não se lembram daquele que tanto fez por eles. É esta a história dos moços que parecem homens e nunca foram meninos.

O autor aborda uma realidade que muitos desconhecem, apesar de viverem no mesmo país do Gineto e do Gaitinhas. São assim tentados a subestimar a crueldade e o impacto dessa realidade, e, nalguns casos, mesmo a própria existência dessa realidade.

Português


Autores: Ana Marta Carmona, José Manuel de Freitas e Tânia Soares

Esteiros,de Soeiro Pereira Gomes

O trabalho que se segue é o mais sustentado e completo de quantos me foram entregues sobre o Contrato de Leitura. Penso que vale a pena ler.
No próximo "post" apresento-vos a crítica que este colegas do 10º B redigiram com base neste trabalho.

**************

Esteiros. Minúsculos canais, como dedos de mão espalmada, abertos na margem do Tejo. Dedos das mãos avaras dos telhais que roubam nateiro às águas e vigores à malta. Mãos de lama que só o rio afaga.


Identificação bibliográfica:

Título: Esteiros

Autor: Soeiro Pereira Gomes

Editorial «Avante!», SA, Lisboa

Edição: Edição comemorativa do centenário do nascimento do autor

Capa: Estúdios P. E. A.

Género/Sub-género:

Narrativo/ Romance



Registo:

Sério/Crítico (neo-realismo)

Síntese alargada:

Outono

Os homens e rapazes que trabalham na fábrica recebem a féria e os rapazes divagam onde a vão gastar, mas todos têm um ponto em comum, a Feira.

Neste capítulo ficamos também a conhecer as condições familiares de Gineto, cujo pai lhe batia, e ficamos a saber também como ele se tornou ladrão; bem como as condições familiares de Gaitinhas, cuja mãe estava muito doente e o pai estava ausente, como a doença da mãe o leva a sair da escola para ir trabalhar para a fábrica e como ele de repente se vê como um miúdo da rua, como Maquineta.

As aventuras dos rapazes na Feira são também relatadas: Gineto mete-se em sarilhos por causa de uma rapariga mais velha que ele. Sagui anda de banca em banca a comer bolos, Maquineta sempre de olho no carrossel. Guedelhas passeia nas ruas sem vintém e Malesso tenta ganhar uma garrafa de “Porto”.

No fim do Outono, Gineto é levado para o Boa Sorte, o barco de Manuel do Bote, seu pai, para trabalhar, mas assim que atracam, ele mete-se em sarilhos numa taberna e foge. Pensando no que poderia fazer agora que tinha fugido e onde passaria a noite, acabou por decidir, passá-la no bote, com medo do que o seu pai lhe podia fazer.

Inverno

O Inverno era uma época muito má. Fazia muito frio (“ Mãos esquecidas nos bolsos e pés roxos de frio…”) e para além disso nos esteiros esta era a época das cheias, que destruíam tudo (“Depois veio a chuva fazer do rio - carreiro de água negra na valeta - um mar de lama que alagou as ruas.”), os campos dos agricultores, os palheiros e as casas habitacionais.

As cheias faziam com que a miséria vivida fosse maior, os ricos que viviam no campo só pensavam em si próprios e quando ajudavam os mais pobres é porque teriam algum benefício em retorno. Quanto aos da cidade deslocavam-se até ao campo para verem a beleza da paisagem, alguns até para tirarem fotografias. Com a excepção de um jovem ( “- Olhem – disse uma voz juvenil -, aquelas oliveiras dão a impressão de que flutuam. E uma casita, além, meio afundada… Isto é triste, não é?” ) que achou aquela paisagem triste.

Estas cheias pregaram uma partida à população. Quando todos pensavam que elas já tinham acabado resolveram voltar. Muitos apanhados de surpresa acabaram por falecer vítimas delas. Se o Inverno já custava a suportar pelo imenso frio que fazia e porque os jovens não tinham emprego, agora com estas o sucedido ainda era pior.

Tentavam-se encontrar sobreviventes entre o lixo e os cadáveres. Gineto e o seu pai tiveram muita sorte porque conseguiram sobreviver. Ao contrário do seu amigo Malesso e de muitas outras pessoas que acabaram por falecer.

Primavera

O capítulo começa por descrever a época da Primavera. É neste capítulo que se tenta recuperar da tristeza que foi o Inverno. Tenta-se recuperar do terror das cheias, da tristeza que se viveu e das mortes ainda não esquecidas. Mortes que endoideceram pessoas, como o caso da Doida, que aparece neste capítulo como uma nova personagem.

O começo deste capítulo está caracterizado com muita depressão. As pessoas tentam reconstituir as suas vidas. Regressam ao trabalho. Enfim, a Primavera insuflava energias e promessas, e, porque o negócio das laranjas prosperava, todos os garotos andavam contentes.

Gaitinhas continuava saudoso da escola e do pai.

Para conseguirem sobreviver, os miúdos roubavam frutas do jardim do senhor Castro. Era Gaitinhas quem contava as frutas, pois era o único que sabia contar até mil.

Certa noite, Saguí acordou em sobressalto, com barulho de alguém que resmungava. Era a Doida, totalmente dorida e pálida. Depois de alguns dias sem ter vendido fruta, os amigos do Saguí começaram a desconfiar. Tentou apresentar algumas desculpas, mas os amigos perceberam que era uma história inventada, pois viam-no entrar na capela com embrulhos misteriosos, e depois correr as ruas como à procura de alguém. Certo dia, os amigos descobriram a sua recente história com a Doida, pois viram-no com ela, quando ela já ria e gesticulava. Uma semana depois, todos os elementos da quadrilha gastavam lucros do negócio em prendas para a Doida. Nunca a vida lhes fora tão risonha. Nem quando as primeiras chuvas de Outono anunciavam pausa de asneiras no telhal e folguedos na Feira.

Nesta altura, Gaitinhas já não entregava à mãe o dinheiro das laranjas, e fugia de casa para não ouvir ralhos e lamentos.
A mãe perguntava-lhe se ele já não trabalhava. Ele dizia que a obra já tinha acabado. A mãe lamentava a ocasião, pois a Ti Rosa, coitada, estava farta de gastar dinheiro com eles.
Gaitinhas condoía-se; jurava a si próprio tomar emenda. Mas chegava à capela, onde morava Saguí e esquecia-se da cara triste da mãe e da sua voz cansada.
Os assaltos às quintas foram assim rareando. A muito custo, quando o dinheiro escasseava, é que eles se depunham a rastejar sobre a erva húmida dos laranjais.
Dada noite, Saguí chegou esbaforido, quase sem voz. Bateram na Doida. Os amigos largaram as cartas de repente, e perseguiram o homem que bateu na Doida, até que deram com ele à beira dos esteiros. Eles tremiam de medo, perante um gigante que parecia invencível. Mas conseguiram superar a aventura, dando assunto para risos e chacota, durante muitos dias. Chegaram à conclusão que tiveram uma prestação como a do Tom Mix. Depois foram ao cinema rever-se no herói. Depois de muito esforço, por falta de dinheiro e condições, lá conseguiram ver o filme.
Dias venturosos aqueles. Os rapazes aspiravam o ar, mais puro e cálido, como se nova vida surgisse com a Primavera. Um dia, porém, a Doida desapareceu sem deixar rasto.

Neste capítulo, Maquineta, um dos amigos de Gaitinhas conseguiu emprego. Contou a notícia aos amigos aos pulos. Os amigos ficaram muito invejosos. Depois de muita ansiedade, Maquineta foi à fábrica e encarou-se com a realidade e a dureza do trabalho a que os infantis são sujeitos, descaindo na cara lágrimas de suor. As crianças trabalhavam em péssimas condições e eram maltratados.

A Primavera fica marcada pela morte da Madalena, a mãe do Gaitinhas. A Ti Rosa, que acompanhava Madalena enquanto a mãe era auscultada pelo médico, num dado momento, escondeu as lágrimas no avental. A mãe deixou o filho dizendo-lhe: “Faz por trabalhar. O teu pai volta qualquer dia…”. Devido à morte de sua mãe, Gaitinhas entrou em estado de depressão, por não ter tido oportunidade de ajudar a sua mãe. Foi viver com a ti Rosa, acabando depois por mudar-se, pois via que a idosa não estava a conseguir suportar todos os seus custos. Deixou-lhe uma mensagem justificando a sua atitude. Devido a isto, mudou-se para a capela, onde Saguí morava.

É com um espírito de alguma tristeza que a Primavera chega ao fim.

Verão

Neste capítulo, relata-se a maior parte da vida dos rapazes no telhal: como Gaitinhas não se ajustava muito bem à vida de trabalhador e Gineto passava a ser o homem da casa, assumindo todas as tarefas que anteriormente cabiam a seu pai e os outros todos também trabalhavam para tentar tornar-se homens.

Zé Vicente, o dono do telhal, resigna-se quando o Sr. Castro lhe conta que vendeu o telhal à Fábrica Grande. Nem um dos trabalhadores que dantes trabalhavam no telhal agora lá trabalha, com um novo patrão. Um dia, já no fim do Verão, o forno incendeia-se, deixando Zé Vicente em lágrimas.

Gineto vai parar à prisão por andar a roubar carvão da Fábrica Grande e “Gaitinhas-cantor vai com o Sagui correr os caminhos do mundo, à procura do pai. E, quando o encontrar, virá então dar liberdade ao Gineto e mandar para a escola aquela malta dos telhais – moços que parecem homens e nunca foram meninos.”

Breve síntese:

Esteiros, de Soeiro Pereira Gomes, é um exemplo da excelência do autor, é um romance marcante da literatura portuguesa do século XX e foi publicado em 1941.


Gineto é o revoltado “chefe” do grupo; Sagui, o contador de histórias e o menino de rua; Gaitinhas, o estudante; e Maquineta é aquele que sempre sonhou em trabalhar na Fábrica Grande. Todos eles encontram esquemas para arranjar um sítio para passarem as noites assim como para comerem. Sujeitos à dureza do trabalho quando o conseguem arranjar, vadiando ou roubando para comer durante o resto do tempo, apesar de tudo - sonham. A idade deles oscilava entre os dez e os doze anos e, sem tempo nem condições para ser crianças, no Verão trabalham, como adultos, nos telhais à beira dos esteiros do Tejo, e nos restantes nove meses de fome e frio roubam ou pedem esmola para conseguirem ver chegar o Verão seguinte.


Estes rapazes passaram maus momentos, como as cheias vividas no Inverno, o afastamento por uns tempos de Gineto do grupo, e, no fim, o aprisionamento deste. Depois de todas as aldrabices que Gineto cometeu, este pagou por todo o mal que fez. O tempo vai passando e o “chefe” vai esperando a chegada dos seus melhores companheiros para o ajudarem a fugir da prisão, mas estes já quase não se lembram daquele que tanto fez por eles.


É esta a história dos moços que parecem homens e nunca foram meninos.


Duas anotações, na abertura do 1º capítulo e na do último subcapítulo do livro, indicam-nos que o ciclo temporal abre e fecha em Setembro, por ocasião de uma feira anual, mas esse retorno dá-se numa diferente situação.

Tema/Problema/Situação sobre a qual se reflecte:

Expõe a condição social precária da região dos esteiros do Tejo, sem dramatismos e enfatizando a decadência de uma vida sem educação. Denuncia uma sociedade cruel, de costas voltadas para a classe proletária. Trata mais especificamente de um grupo de rapazes que se revolta com armas na mão, representantes da cólera do povo.

É uma história contada a partir da realidade de muitos que sobreviveram aos ataques da burguesia e pereceram aos esteiros do rio. É o retrato simples de como era a vida, fosse no rio, fosse na fábrica, sem ironias, truques, artimanhas narrativas.

Aspectos polémicos ou que possam gerar algumas diferenças de opinião ou controvérsia interpretativa:

O livro organiza-se em 4 capítulos que têm como título os nomes das quatro estações do ano, "Outono", "Inverno", "Primavera" e "Verão".
Pensamos que isto se deve ao facto de cada capítulo estar caracterizado pela emoção presente em cada estação do ano. Por exemplo, o Inverno no livro está marcado pelas cheias, e por um período de grande tristeza e dificuldade.

As estações que ritmam o ciclo anual são um dos modelos da nossa experiência sensível do tempo: tal como o ciclo dia e noite, elas configuram o tempo cíclico, que a literatura muitas vezes contrapõe a um outro modelo temporal que é o do tempo linear e irreversível, orientado para um fim que é a morte. Nessa contraposição, o tempo cíclico é o tempo da esperança: depois da noite vem o dia, depois do inverno vem a primavera. Em Esteiros, encontramos algo de parecido com isso. Mas não só. Começar no Outono (fase de declínio) para acabar no Verão (estação da plenitude solar) parece indiciar o movimento de uma esperança ou de uma promessa.
Mas o que é admirável é que este modelo de representação do tempo natural é em parte mantido e em parte submetido à dimensão social da vida humana: as estações do ano são e não são as mesmas, de acordo com a situação e a experiência social das personagens. É que o "Verão" de Esteiros abre, logo no 1º parágrafo, sobre o negro, "cor" surpreendente para tal estação, mas que é a cor do trabalho penoso e explorado, da vida oprimida que é contada. O "Verão" de Esteiros conta, é certo, o fugaz banho dos garotos no rio, numa pausa do trabalho; mas, sobretudo, abre contando cenas de trabalho em situação de grande violência. Este aspecto fulcral da composição do romance está aliás representado - a tempestade, as cheias contadas no "Inverno", são desastre, naufrágio, morte e solidariedade, para aqueles que as sofrem no seu trabalho ou na busca dele, e são espectáculo "da natureza", para aqueles que as vão ver , "de cima" e "de fora".
Frases/passagens lapidares:

Esteiros. Minúsculos canais, como dedos de mão espalmada, abertos na margem do Tejo. Dedos das mãos avaras dos telhais que roubam nateiro às águas e vigores à malta. Mãos de lama que só o rio afaga - página 27

Flocos de nuvens no céu, como um bando de pombas que roça asas no Mirante. Nuvens de flores nas árvores do vale. Céu a desbotar azul no rio calmo, sem remorsos das cheias, de que já pouca gente se lembra – página 127.

Contributos do livro para a compreensão do assunto em causa/do tema abordado:
Este livro fez-nos compreender o trabalho infantil e como este funciona: no Verão trabalham nos telhais de sol a sol sem ganhar fortunas e nas restantes estações passam fome e andam a pedir. Compreendemos melhor a visão do mundo dos anos 40 e de como era a vida naqueles tempos idos.

Aspecto menos conseguido/que menos apreciamos: nós apreciamos tudo, e achamos que o autor conseguiu passar a mensagem que pretendia. Foi um livro muito agradável de ler.
Informações com interesse sobre o autor e a fortuna do livro (edições, recepção ao público/da crítica, possível adaptação ao cinema/teatro):

A obra foi censurada pelo Estado Novo logo no início, e hoje é leitura recomendada para o secundário, devido à narrativa ímpar do realismo do autor.A crítica recebeu bem este livro, pois embora tenha sido censurado, retrata fielmente a vida dos telhais e mais concretamente, a vida de alguns amigos que, no Verão partilhavam o trabalho e no Inverno partilhavam a fome.

O livro teve, pelo menos, 12 edições e uma edição comemorativa do centenário do nascimento do autor (lançada este ano).
Pensamos que esta história poderia ser adaptada ao cinema/teatro, pois é uma história muito interessante que cativa o interesse do espectador.

Joaquim Soeiro Pereira Gomes nasceu em Gestaçô, distrito do Porto no ano de 1909. Foi um dos grandes nomes do neo-realismo de Portugal.

Filho de agricultores, estudou na Escola de Regentes Agrícolas de Coimbra, quando finalizou os estudos, viajou para Angola e trabalhou durante um ano.

Quando regressou a Portugal, trabalhou como empregado administrativo numa fábrica de cimentos e começou a desenvolver um trabalho de dinamização cultural entre a classe operária.

Seu trabalho como escritor tornou-o conhecido, escritor do realismo socialista em Portugal, militou no Partido Comunista Português. Hoje a sede do partido recebe o seu nome (Edifício Soeiro Pereira Gomes).

Entre os seus trabalhos, “Esteiros”, publicado em 1941 é considerado sua obra-prima, que foi ilustrada na sua primeira edição por Álvaro Cunhal, secretário-geral do PCP. Mesmo vivendo clandestinamente durante o governo de Salazar, desenvolve o seu trabalho de militante até adoecer com cancro no pulmão. Impedido de receber o tratamento médico necessário, faleceu em Cinco de Dezembro de 1959.

Sabemos que seis meses após a 1º edição (que foi publicado em 1941), apareceu a segunda, devido ao sucesso que foi a primeira.

Trabalho ralizado por: Ana Marta Carmona, José Manuel de Freitas e Tânia Soares

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Crítica ao livro "O Hussardo"


O HUSSARDO, de Arturo Pérez- Reverte
A história decorre em Espanha em 1808, durante as invasões napoleónicas, e envolve dois homens do regimento dos hussardos, Frederic Gluntz, jovem oficial de 19 anos, natural de Estrasburgo, e Michel de Bourmont, um homem mais velho, com experiência militar.

Frederic Gluntz era um jovem hussardo que teve de combater numa guerra sangrenta e cruel com os seus outros amigos pela glória e honra do seu país que era a França de Napoleão, em que o seu povo e os soldados foram quem mais sofreram. A passagem que me marcou mais foi no final da batalha sangrenta em que ele estava deitado no bosque cheio de sangue do inimigo e do seu, a olhar para o céu e a pensar como e porquê foi parar ali, pensando na sua morte e na dos que matou, nas saudades que tinha de casa e por quê tinha ele de estar naquele lugar. Esta passagem reflecte-se também na nossa vida porque quando estamos cheios de glória e heroísmo vamos para um confronto ou guerra e pensamos porque fomos ali parar e o que estávamos ali a fazer, pensando também nas mortes que provocamos porque o inimigo que estávamos a combater eram pessoas iguais a nós com as mesmas ideias e que lutavam pela mesma coisa.



As passagens que ocorreram no livro relativas a Frederic Gluntz e aos outros hussardos também acontecem muitas vezes na vida real e actual em guerras e conflitos, como o medo, as dúvidas sobre a morte, os desafios por que têm de passar e chegar, a crueldade e horror da guerra que se vê; mas também  o lado da amizade para com os outros, o heroísmo, a glória, que, no entanto  esquecem e vão abaixo rapidamente face à crueldade da guerra. A história pode prender-se com o desenrolar de batalhas mas é, sobretudo, uma reflexão sobre o sentido da vida e a condição humana face a situações extremas.



Recomendo este livro de Arturo Pérez-Reverte aos que gostam de história, de romance, acção e drama.


Rui Mendonça nº25 10ºA



200 anos depois, assinalam-se as Linhas de Torres Vedras, decisivas na derrota das tropas de Napoleão


Crédito das Imagens:

soldadosminiatura.blogspot.com
guitarradecoimbra.blogspot.com
"site" do Gabinete da Presidência da República




*******************





quarta-feira, 16 de dezembro de 2009


“Valquíria” é um filme dramático que remonta à 2ª Guerra Mundial e relata a história de um coronel do exército alemão que vivia horrorizado e cansado das atitudes de Hitler e prepara juntamente com outros oficiais alemães o assassinato de Adolf Hitler. O filme começa em África, onde o coronel Stauffenberg (Tom Cruise) estava instalado com o seu exército. O acampamento onde se encontravam foi violentamente atacado, por via aérea,  pelo inimigo e Stauffenberg fica gravemente ferido e perde um olho,  a mão direita e vários dedos da mão esquerda. Passados alguns meses já recuperado e na sua terra Natal o coronel junta-se a outros oficiais e criam um plano para mandar abaixo o regime de Hitler.

Stauffenberg foi escolhido para levar a bomba que mataria Hitler visto ser um homem da confiança do ditador. O grupo de oficiais combina uma reunião com Hitler para discutir a situação das tropas alemãs na frente oriental. Esta reunião aconteceu no esconderijo de Hitler a que chamavam de “a toca do lobo”. A função de Stauffenberg era deixar uma mala com explosivos junto de Hitler, e assim o fez. Mas sem querer um dos oficiais derrubou a mala e de seguida pegou nela e encostou-a a uma perna da mesa, ficando assim mais afastada do líder nazi. O coronel Stauffenberg arranja uma maneira de sair da sala sem darem conta e do lado de fora ouve a sala de reunião explodir. Stauffenberg pensava que todos os presentes na reunião estavam mortos, mas isto não aconteceu porque no seu plano haveria 2 bombas que iriam explodir em simultâneo, mas como Hitler adiantou a reunião uma hora o coronel só teve tempo de preparar uma bomba, o que não foi suficiente para matar Hitler e o resto dos oficias. Stauffenberg ao pensar que todos os presentes na reunião estavam mortos, parte para Berlim para continuar com o seu plano, mas na verdade Hitler estava vivo e ao sofrer com aquele atentado fica mais furioso que nunca e manda matar todos os que atentaram contra a sua vida e assim deu-se o fracasso da operação Valquíria.

Foi um filme de que gostei bastante, porque mostra-nos como é viver numa ditadura e o que fazem as pessoas que viviam indignadas com esta situação. Tentaram acabar com as atitudes desumanas de Hitler mas infelizmente não conseguiram. Com este filme fiquei a conhecer melhor como se vivia no tempo de Hitler e fiquei a saber que Hitler também vivia com medo deste tipo de atentados. Gostei especialmente da parte em que o coronel está a armar a bomba e depois a leva para a sala de reunião, para mim a parte mais bem feita. É um filme muito bem feito e que inclui pormenores de que eu não estava à espera. Recomendo vivamente o visionamento deste filme a toda a gente, especialmente aos que gostam de acção e de muito suspance.


Emanuel Antues nº9 10ºA


Imagem obtida em: tralhasgratis.blogs.sapo.pt

O amor infinito de Pedro e Inês, de Luís Rosa.



O amor infinito de Pedro e Inês é um  romance histórico e relata a mais trágica história de amor em Portugal, aquela que todas as pessoas distinguem e apreciam.

O autor descreve, pormenorizadamente, toda a época que decorreu entre o primeiro dia em que se viram, o dia do assassinato de Inês de Castro e a sua coroação depois de morta. Mas, no geral, reflecte sobre o verdadeiro sentido de amar e sobre as diferenças existentes entre as classes sociais, nomeadamente entre a realeza e o povo.

É um livro, por um lado, cativante, já que vamos conhecendo mais desta trágica, mas bela história de amor a cada página que passa. A minha objecção é a de que o autor acresce à obra demasiados pormenores históricos dispensáveis, que ao fim de alguns capítulos, faz acabar por perder a narração inicial.

Existem ainda várias passagens a destacar, mas prefiro citar apenas a que me marcou verdadeiramente:

“Por que semelhante amor, qual El-Rei dom Pedro ouve a Dona Enes, raramente he achado em alguma pessoa...”,  pois coloca em nós a certeza de que aquele amor de Pedro por Inês era puro, o que é de louvar, visto que amores destes não sucedem a qualquer um.

Aconselho a leitura do livro a todas as pessoas que se interessam verdadeiramente por histórias de amor, e pela história de Portugal.


Patricia Antunes 10ºA Nº18

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Crítica de Livros (exemplos)


DRAGÕES DO ÉDEN

Carl Sagan

Com os DRAGÕES DO ÉDEN, Prémio Pulitzer, para muitos a mais bela obra do autor, os leitores de "Ciência Aberta" irão participar numa grande aventura... Num Éden perdido onde os dragões reinavam encontram-se as fundações da nossa inteligência e das nossas paixões... Sagan conduz-nos, numa visita guiada, até esse mundo perdido... Harmonizando informação científica e os grandes mitos do passado, utilizando a sua incomparável capacidade de relacionamento e de diálogo com as diversas áreas do conhecimento científico, com a filosofia e com a história, Sagan faz o ponto de grandes espaços do saber humano, propondo hipóteses por vezes arrojadas, mas sempre motivadoras - Carl Sagan é o professor que todos gostaríamos de ter, ou ter tido, e os DRAGÕES DO ÉDEN são uma obra-prima de instrutivo prazer. "Carl Sagan tem o toque de Midas. Transforma em ouro tudo aquilo em que toca. Assim acontece com OS DRAGÕES DO ÉDEN. Nunca li nada tão apaixonante sobre os temas."

Isaac Asimov (Físico e Matemático)




Não me Guardes no Coração

de José Leon Machado
A mais recente publicação de José Leon Machado, o romance Não me Guardes no Coração, apresenta-se como uma obra passível de diferentes leituras, algumas delas quase contraditórias entre si. A par da aparente linearidade (e até simplicidade) da intriga – que gira em torno das aventuras de férias de um jovem universitário português em França durante quase um mês – somos confrontados, de forma mais ou menos implícita, com um conjunto de questões que nos obrigam a reflectir sobre valores actuais e sobre diversos aspectos da contemporaneidade. [...] O romance, ao narrar o encontro de jovens oriundos de diferentes países, alguns da União Europeia, como é o caso de Portugal, da França e da Bélgica, mas também da Noruega, de Israel, da Turquia e da Argélia, permite dar conta de alguns estereótipos culturais, uma vez que, apesar de muito jovens, as personagens revelam inúmeros preconceitos em relação aos outros e face às diferenças existentes entre si. [...]

Sob a aparência de uma narrativa idílica e juvenil de uma aventura amorosa e com recurso a uma linguagem muitas vezes irónica e afectivamente distanciada, o romance traça uma imagem disfórica e desesperançada do comportamento juvenil, demasiado codificado, orientado por clichés e subjugado ao culto das aparências e ao imediatismo das sensações, das emoções e dos afectos.

O processo de crescimento e aprendizagem do protagonista não parece resultar das experiências realizadas nem da novidade do encontro com os outros e com a diferença, uma vez que o seu julgamento dos que o rodeiam é sempre feito em função do mesmo ponto de vista que não é alterado com a sua estadia e vivência em França.

Entre o diário e a crónica de viagens, o romance juvenil e o de aprendizagem, Não me Guardes no Coração é uma obra que estimula a reflexão sobre a identidade nacional e a tolerância e abertura face ao outro.


Ana Margarida Ramos, Universidade de Aveiro


ATENÇÃO: A ficha completa para quem preferir ter um guião está no Moodle (aqui desconfigura).

Mais exemplos de leituras

Deixo alguns exemplos de textos sobre livros, feitos por alunos meus do ano anterior.




1984

George Orwell

Um manifesto contra o controlo e a manipulação


Esta obra fala de uma sociedade que vive controlada e manipulada constantemente e que se submete ao poder do “Grande Irmão”.
A escrita do livro é densa e profunda e embora seja altamente descritiva quem não conseguir penetrar neste mundo apocalíptico possivelmente não achará este livro interessante.

O que realmente desperta atenção ao leitor é o facto da sociedade retratada poder facilmente encaixar-se nos parâmetros realistas do nosso mundo. Isto porque o leitor apercebe-se, desde o início do livro, que a estrutura social da Oceânia (país da personagem principal do livro) poderia muito bem ser vivida por nós neste momento ou noutro momento da história da humanidade. Isso é o que torna toda a leitura assustadora.
Embora o comunismo seja o alvo principal a abater de George Orwell, a crueldade e toda a crueza descritas poderão ter também outras leituras, como análises de políticas extremas de direita. Apercebemo-nos assim, com um pouco de reflexão, de que os extremos acabam sempre por se juntar.
O excessivo controlo e manipulação, que embora seja eticamente desprezível, é socialmente
perfeito. E Orwell brinca com isso e com estas oposições:

A melhor forma de manter a Paz é com a Guerra.

A liberdade prende-os.

A ignorância faz a força.

É por isso que este livro é uma obra prestigiada da literatura mundial.

André, João e Rute



Contrato de Leitura











O LIVRO DA SELVA
Ferreira de Castro


O livro d' "A Selva". Já em crianças crescemos com "O Livro da Selva" de Rudyard Kipling, aquela bem conhecida história do menino criado por lobos que vive na selva e tem como amigos um urso e uma pantera; uma selva onde tudo floresce, tudo é verde e tudo é belo..."Alberto", de Ferreira de Castro, também vive n'"A Selva", mas esta em nada se iguala à de Mogli. Esta selva aprisiona, "desumaniza" e tal como Ferreira de Castro o diz: "Daquela bárbara grandiosidade e da sua estranha beleza, uma só forte impressão ficava: a inicial, que nunca mais se esquecia e nunca mais também se voltava a sentir plenamente. Solo de constantes parturejamentos, obstinado na ânsia de criar, a sua cabeleira, contemplada por fora, sugeria vida liberta num mundo virgem, ainda não tocado pelos conceitos humanos; vista por dentro, oprimia e fazia anelar a morte."
Nunca estive numa selva, mas tal é a profundidade na descrição de Ferreira de Castro da floresta amazónica que qualquer pessoa consegue formar a imagem das suas palavras. É notável o esforço de Ferreira de Castro em conseguir "mostrar" a Selva de forma "quase- imparcial", uma vez que não a adjectiva segundo os seus gostos (bonita, feia, são adjectivos que F. Castro nunca utiliza, pois não a caracterizam verdadeiramente), mas tenta caracterizá-la de acordo com as impressões do protagonista (Alberto). Isto faz com que nós, leitores, não nos sintamos excluídos e possamos, "construir" as nossas próprias impressões.
 Um livro cujo contexto espacio-temporal em nada se assemelha ao meu e, possivelmente ao seu, mas ainda assim actual, pois impõe a questão da humanidade e da justiça: até que ponto somos influenciados por aquilo que nos rodeia? Será a "Justiça" apenas uma? É, sem dúvida, um livro meritório de apreço, pela sua história envolvente e, acima de tudo, pela forma como nos desperta e agita, não nos deixando passivos e indiferentes à realidade. Diria até o "must-read" número 502! [alusão ao livro apreciado em aula 501 MUST-READ BOOK.


Texto de Lisa Hartje Moura