quarta-feira, 25 de maio de 2022

Camões - tradicional e renascentista

Na lírica camoniana existem  poemas à maneira tradicional e poemas de estilo renascentista.

Corrente tradicional
Formas poéticas tradicionais: cantigas, vilancetes, esparsas, endechas, trovas...
 
• Recurso à medida velha: redondilha menor e maior (5 e 7 sílabas, respetivamente).
 
Temas tradicionais e populares; o cenário bucólico - a fonte, os campos, a natureza -  a jovem bela que vai à fonte ou pastar os gados; o verde dos campos e dos olhos da pastora; o amor simples e natural; a saudade; a mágoa; o ambiente cortesão com as suas futilidades e gracejos; os perigos do amor...

Corrente renascentista

• O designado estilo novo: soneto, canção, écloga, ode.
• Recurso à medida nova: decassílabo (ou verso decassilábico).

Temas próprios do renascimento, do classicismo e humanismo europeus - as complexidades do amor, a beleza e a psicologia femininas, e as questões filosóficas do tempo, da mudança, do destino.

O amor, à maneira do poeta italiano Petrarca, é caracterizado como fonte de contradições/antíteses:
             - a vida e a morte
             - o contentamento e a tristeza
             - a água e o fogo
             - a esperança e o desengano

O amor, umas vezes é visto como ideia/ilusão/projeção (platonismo), outras vezes apresentado como manifestação de carnalidade/sensualidade/erotismo. 
No Amor como ideia existe uma influência da poesia dos grandes líricos italianos Petrarca e Dante, sendo o retrato da mulher amada um  ideal, visto como ser superior, perfeito e, amiúde, inalcançável/ausente/distante.


A  mulher também surge caracterizada de forma plural, antagónica,  entre:

Para além da diferença entre as figuras femininas da corrente renascentista e as figuras simples e belas da poesia à maneira tradicional (Leonor, Helena...)

  • O desconcerto do mundo, o destino pessoal e a mudança que o tempo forja  foram igualmente temas que Camões abordou através de  poemas sobre as injustiças, a recompensa aos maus e o castigo aos bons, a ambição; sobre os sofrimentos constantes que retiram a esperança num bem futuro; sobre a vida como peregrinação dura e breve; sobre o tempo que na natureza tudo recompõe e no poeta tudo desgasta.

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