É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Luís de Camões
“Amor é fogo que arde sem se
ver” de Luís Vaz de Camões, poeta português do século XVI que
escreveu diversos poemas de influência quer tradicional quer renascentista. Este
poema enquadra-se na poesia renascentista, sendo um soneto porque tem quatorze
versos, divididos em duas quadras (quatro versos) e dois tercetos (três
versos). Trata-se de uma composição de “medida nova”, caracterizando-se por ter dez sílabas
métricas: “A/mor / é / fo/go / que ar/de / sem / se / ver”. Tem rima
interpolada, emparelhada e cruzada.
Através da utilização de
antíteses e metáforas, o poeta revela a impossibilidade de definir o amor, um
sentimento não só contraditório como também desejado pelo ser humano. Na primeira
quadra, as ideias opostas estão relacionadas como um encadeamento lógico, uma
ideia de causalidade: primeiro vem o fogo, que leva à ferida e por sua vez à
dor.
No desenvolvimento do poema
podemos perceber que tanto no início como no fim é utilizada a palavra “Amor”,
reforçando não só o tema do poema como também a intenção do poeta de decifrar
este sentimento. Para além disso, com a
utilização da conjunção “Mas” no início do segundo terceto retrata uma ideia de oposição em relação ao que o poeta tinha dito anteriormente, procurando qual a resposta para o Amor ser um sentimento tão contrário como procurado e desejado. Por fim verifica-se também uma interrogação retórica no último terceto, que funciona como conclusão; coloca uma questão aos leitores, não com o objetivo de vir a ser respondida mas sim para ser refletida, tornando-se o Amor impossível de definir.
utilização da conjunção “Mas” no início do segundo terceto retrata uma ideia de oposição em relação ao que o poeta tinha dito anteriormente, procurando qual a resposta para o Amor ser um sentimento tão contrário como procurado e desejado. Por fim verifica-se também uma interrogação retórica no último terceto, que funciona como conclusão; coloca uma questão aos leitores, não com o objetivo de vir a ser respondida mas sim para ser refletida, tornando-se o Amor impossível de definir.
É através de antíteses e
oxímoros, como nos versos 1 a 11: “Amor é fogo que arde sem se ver;” e “É
ferida que dói e não se sente;”, de metáforas: “Amor é fogo”, de anáforas:
forma verbal do verbo ser “é” do 2° ao 10° verso e de enumerações: Amor é fogo,
ferida, contentamento, dor e cuidar que o poeta enriquece o seu complexo poema.
Camões com este soneto
permitiu aos seus leitores refletir sobre este sentimento tão contrário, belo e
inquietante que nos aquece o coração e a alma, que ainda é impossível de
decifrar e definir, o Amor.
E. Conceição n°11 10°A
E. Sales n°13 10°A
M. Ferreira n°21 10°A
Pintura (pormenor) de Roy Lichtenstein
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O poema “Amor é fogo que arde
sem se ver”, escrito por Luís Vaz de Camões, é um soneto, ou seja, é constituído
por quatro estrofes, sendo as duas primeiras quadras e as duas últimas
tercetos. As quadras apresentam rima
emparelhada e interpolada e os tercetos por rima cruzada. Os versos têm dez silabas métricas cada um,
recebendo a designação de decassílabo. O soneto
está inserido no tema “Experiência amorosa e
reflexão sobre o amor”, sendo que está inscreve nos poemas de amor conturbado.
Estes poemas dividem o amor entre o anseio espiritual e o desejo e é marcado
por sentimentos negativos: Saudade, culpa e insatisfação.
Neste poema, Camões tenta criar uma definição de amor. Para isso, faz diversas
comparações, que acabam por dar em contradições, dando a ideia de que o amor é impossível de definir.
Ao longo do soneto, Camões
tenta explicar que o amor é uma dor psicológica que nos magoa, recorrendo a
expressões contraditórias, oxímoros: “é a ferida que dói e não se sente”; por meio de enumerações e contradições tenta ainda
explicar que o amor também apresenta características como a dependência da
pessoa amada, a intensidade dos sentimentos. Refere igualmente que por
mais que ande acompanhado e rodeado por várias pessoas, continua a sentir-se
solitário, pois a pessoa que ele ama não lhe retribui o amor: “É solitário
andar por entre a gente”.
De seguida, é abordada a ideia
de que estar apaixonado e amar, apesar de todos os sofrimentos, são ações
feitas e sentidas de livre vontade. Essa ideia é dada quando o poeta se compara
a um prisioneiro da amada, no entanto ele é que se prendeu a ela de livre
vontade. Ainda é dito que se tem lealdade para com a pessoa que mais nos causa
sofrimento, o que é contraditório.
No final do poema, concluímos que o amor consiste no conjunto de muitos sentimentos como
felicidade, paixão, sofrimento, mágoa, humildade, satisfação, fidelidade, ilusão, entre outros. No entanto, é um
sentimento impossível de definir com significado
literal e único. O poeta acaba por transmitir ao leitor uma ideia
de reflexão sobre a fragilidade do Homem perante um sentimento tão comum e no
entanto tão complexo.
C. Oliveira, nº7
F. Maria, nº14
G. Fróis, nº16
H. Baptista, nº17
10º A
Imagem: Amour Fou - autor - Laurent Folco
F. Maria, nº14
G. Fróis, nº16
H. Baptista, nº17
10º A
Imagem: Amour Fou - autor - Laurent Folco
Pintura de Marc Chagall
O poema "Amor é fogo que arde sem se ver" é um soneto e encontra-se inserido na corrente clássica da lírica Camoniana,
utilizando a medida nova, ou seja, com versos decassilábicos.
O
poeta neste soneto faz 11 tentativas para explicar o amor e acaba por não o
conseguir definir. No soneto é referida a dor, “é a ferida que dói e não se
sente” -verso 2- o sujeito faz referência a uma dor que lhe altera a
consciência por completo; a agitação, ”é fogo que arde sem se ver” -verso 1- o
poeta compara o fogo a uma agitação interior; o isolamento e a solidão, “é a
solitário andar por entre a gente” -verso 6- o sujeito sente-se sempre sozinho
quando não está com o seu amor.
Este
poema é composto por 4 estrofes, nas quais as 2 iniciais são quadras com rima
interpolada e emparelhada e as 2 últimas são tercetos com rima cruzada.
Quanto à expressividade
da linguagem,
o poema apresenta inúmeras anáforas na repetição do verbo “ser” 11 vezes, para realçar a
dificuldade de definir o Amor, antítese nas expressões ”É solitário
andar por entre a gente” e “É nunca contentar-se de contente”, salientando os
contrastes que o Amor provoca, e vários oxímoros em expressões como “Amor
é fogo que arde sem se ver” e “É ferida que dói e não se sente”, para realçar o
caráter paradoxal da vivência amorosa; na maioria dos versos, a
linguagem suporta-se em metáforas, como
quando designa o Amor por «fogo» e «ferida», que expressam a violência do
sofrimento amoroso.
Camões,
apesar das 11 tentativas de definir o Amor, acaba com o ponto de interrogação
no final do poema. Concluímos assim que que existem inúmeras formas de definir
o amor mas todas elas complexas e contraditórias.
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