terça-feira, 31 de maio de 2022

Visita de Estudo - Lisboa

Apesar de breve, a nossa visita a Lisboa vai levar-nos a espaços determinantes na nossa história e na nossa cultura. Sem ser exaustivo, eis alguns dos principais.

Acontecimentos históricos

O Tejo e o tempo dos Descobrimentos

Portugal, Lisbon, River Tagus, Cais das Colunas stock photo 

Após as descobertas do caminho marítimo para a Índia e do Brasil, a cidade de Lisboa transformou-se, no princípio do século XVI,  no principal porto comercial da Europa.

Do Tejo vai-se para o mundo | "Em 1497 Vasco da Gama fez-se ao mar partindo de Lisboa e regressando dois anos mais tarde, depois de ter descoberto o caminho marítimo para a Índia. Estas e outras viagens posteriores ajudaram a fazer de Lisboa uma cidade rica e colocaram Portugal em evidência no Mundo. 

 RUAS DE LISBOA COM ALGUMA HISTÓRIA: TERREIRO DO PAÇO [ I ]

No século XVI e XVII, o comércio luso-espanhol teve grande desenvolvimento – domínio espanhol de 1580 a 1640 – foram realizadas obras de desassoreamento no rio Tejo. O porto de Lisboa tem importância fundamental como porto de escala, com a navegação a dirigir-se para o Mediterrâneo e Oceano Atlântico, e o desembarque, em Lisboa, dos produtos do Brasil. "


VER História do Porto de Lisboa - https://www.portodelisboa.pt/lisboa-e-o-seu-porto

A Reconstrução de Lisboa após o Terramoto de 1755

 Visita Virtual | Miradouro do Arco da Rua Augusta

A Baixa pombalina - "A destruição quase total, causada pelo terramoto de 1755, permitiu que fosse planeada e construída uma Lisboa nova e “esclarecida”. Tratou-se de uma decisão extremamente inovadora para a época.

O Marquês de Pombal encarregou um grupo de engenheiros portugueses e estrangeiros de traçar o novo perfil da cidade de Lisboa.

Em vez de reconstruir a cidade utilizando as velhas ruas como referência, foram traçadas novas ruas e praças que permitiriam, em caso de novo terramoto, pontos de fuga e de concentração da população.

Não menos inovador foram os novos edifícios. Nas fundações e nas paredes podem-se encontrar estruturas de madeira preparadas para resistir a novos sismos."

 VER https://ensina.rtp.pt/artigo/a-reconstrucao-de-lisboa-apos-o-terramoto/

 Baixa Pombalina | Arte em Toda a Parte

O Regicídio

 Mataram o rei D. Carlos e o príncipe herdeiro!» – A notícia do regicídio no  Algarve

Na tarde do dia 1 de Fevereiro de 1908,  o Rei D. Carlos e o príncipe herdeiro, Luís Filipe, são assassinados no Terreiro do Paço por anarquistas. Esta ação deixa a monarquia fragilizada e dois anos depois é proclamada a república.

VER  https://ensina.rtp.pt/artigo/regicidio-em-lisboa-1908/


A Implantação da República - 5 outubro de 1910

Implantação da República Portuguesa – Wikipédia, a enciclopédia livre 

A proclamação da República é feita das varandas da Câmara Municipal de Lisboa na manhã do dia 5 de Outubro de 1910. Trata-se do resultado de um longo processo, iniciado ainda no século XIX, que foi criando na população, especialmente em algumas elites, a vontade de mudar o regime.

VER https://ensina.rtp.pt/artigo/5-de-outubro-1910/

 

O 25 de abril  

Na madrugada de 25 Abril de 1974, forças militares ocuparam pontos estratégicos em Lisboa e derrubaram a ditadura do Estado Novo, implantada também por militares em 1926.

 O presidente do Conselho de Ministros, Marcelo Caetano, refugiou-se no Quartel do Carmo, no Largo do Carmo, de onde saiu sob escolta militar do capitão Salgueiro Maia, em direção ao exílio.

 


 VER https://ensina.rtp.pt/artigo/a-revolucao-de-25-de-abril-de-1974/

 

 Espaços culturais e presença dos nossos escritores

 Praça Luís de Camões (Lisboa) - ATUALIZADO 2022 O que saber antes de ir -  Sobre o que as pessoas estão falando - Tripadvisor 

Camões

NICOLA | BEHOTELISBOA 

Bocage

Monumento a Eça de Queirós - Lisboa 

Eça de Queirós 

Fernando Pessoa - descubra a Lisboa do famoso poeta

Fernando Pessoa

Teatro Nacional Dona Maria II, Lisboa, Portugal Fotografia Editorial -  Imagem de cidade, português: 37810182 

Teatro Nacional D. Maria II

Teatro Nacional de São Carlos 

Teatro Nacional S. Carlos

Sao Luiz Teatro Municipal” in Lisbon, How to Get a Ticket and a Viewing  Report! 

Lisboa ConVida - São Luiz Teatro Municipal

Teatro Municipal S. Luís

Lisboa ConVida - Teatro da Trindade 

MELHORES SALAS DE ESPETÁCULO EM LISBOA

Teatro da Trindade 

Museu do Dinheiro – Wikipédia, a enciclopédia livre

Museu do dinheiro

O Museu do Dinheiro, inaugurado em abril de 2016, está localizado na Baixa de Lisboa, na antiga igreja S. Julião, e apresenta o tema do dinheiro, a sua história e a sua evolução, em Portugal e no Mundo.

Poesia Lírica - CAMÕES

O Sonho, suas interpretações e diversões significados - Eu Sem Fronteiras 

 Deixem aqui os vossos contributos sobre os poemas que escolheram e analisaram

 Diálogo Sobre Sonhos

segunda-feira, 30 de maio de 2022

Reflexões do Poeta (cont.)

 REFLEXÕES DO POETA

(trabalhos de grupo)

Como produzir imagens reais e virtuais em sala de aula - Brasil Escola

 

quarta-feira, 25 de maio de 2022

Camões - tradicional e renascentista

Na lírica camoniana existem  poemas à maneira tradicional e poemas de estilo renascentista.

Corrente tradicional
Formas poéticas tradicionais: cantigas, vilancetes, esparsas, endechas, trovas...
 
• Recurso à medida velha: redondilha menor e maior (5 e 7 sílabas, respetivamente).
 
Temas tradicionais e populares; o cenário bucólico - a fonte, os campos, a natureza -  a jovem bela que vai à fonte ou pastar os gados; o verde dos campos e dos olhos da pastora; o amor simples e natural; a saudade; a mágoa; o ambiente cortesão com as suas futilidades e gracejos; os perigos do amor...

Corrente renascentista

• O designado estilo novo: soneto, canção, écloga, ode.
• Recurso à medida nova: decassílabo (ou verso decassilábico).

Temas próprios do renascimento, do classicismo e humanismo europeus - as complexidades do amor, a beleza e a psicologia femininas, e as questões filosóficas do tempo, da mudança, do destino.

O amor, à maneira do poeta italiano Petrarca, é caracterizado como fonte de contradições/antíteses:
             - a vida e a morte
             - o contentamento e a tristeza
             - a água e o fogo
             - a esperança e o desengano

O amor, umas vezes é visto como ideia/ilusão/projeção (platonismo), outras vezes apresentado como manifestação de carnalidade/sensualidade/erotismo. 
No Amor como ideia existe uma influência da poesia dos grandes líricos italianos Petrarca e Dante, sendo o retrato da mulher amada um  ideal, visto como ser superior, perfeito e, amiúde, inalcançável/ausente/distante.


A  mulher também surge caracterizada de forma plural, antagónica,  entre:

Para além da diferença entre as figuras femininas da corrente renascentista e as figuras simples e belas da poesia à maneira tradicional (Leonor, Helena...)

  • O desconcerto do mundo, o destino pessoal e a mudança que o tempo forja  foram igualmente temas que Camões abordou através de  poemas sobre as injustiças, a recompensa aos maus e o castigo aos bons, a ambição; sobre os sofrimentos constantes que retiram a esperança num bem futuro; sobre a vida como peregrinação dura e breve; sobre o tempo que na natureza tudo recompõe e no poeta tudo desgasta.

terça-feira, 24 de maio de 2022

Camões - do Amor como fogo

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

                                               Luís de Camões

Amor é fogo que arde sem se ver” de Luís Vaz de Camões, poeta português do século XVI que escreveu diversos poemas de influência quer tradicional quer renascentista. Este poema enquadra-se na poesia renascentista, sendo um soneto porque tem quatorze versos, divididos em duas quadras (quatro versos) e dois tercetos (três versos). Trata-se de uma composição de “medida nova”, caracterizando-se por ter dez sílabas métricas: “A/mor / é / fo/go / que ar/de / sem / se / ver”. Tem rima interpolada, emparelhada e cruzada.
Através da utilização de antíteses e metáforas, o poeta revela a impossibilidade de definir o amor, um sentimento não só contraditório como também desejado pelo ser humano. Na primeira quadra, as ideias opostas estão relacionadas como um encadeamento lógico, uma ideia de causalidade: primeiro vem o fogo, que leva à ferida e por sua vez à dor.
No desenvolvimento do poema podemos perceber que tanto no início como no fim é utilizada a palavra “Amor”, reforçando não só o tema do poema como também a intenção do poeta de decifrar este sentimento. Para além disso, com a
utilização da conjunção “Mas” no início do segundo terceto retrata uma ideia de oposição em relação ao que o poeta tinha dito anteriormente, procurando qual a resposta para o Amor ser um sentimento tão contrário como procurado e desejado. Por fim verifica-se também uma interrogação retórica no último terceto, que funciona como conclusão; coloca uma questão aos leitores, não com o objetivo de vir a ser respondida mas sim para ser refletida, tornando-se o Amor impossível de definir.
É através de antíteses e oxímoros, como nos versos 1 a 11: “Amor é fogo que arde sem se ver;” e “É ferida que dói e não se sente;”, de metáforas: “Amor é fogo”, de anáforas: forma verbal do verbo ser “é” do 2° ao 10° verso e de enumerações: Amor é fogo, ferida, contentamento, dor e cuidar que o poeta enriquece o seu complexo poema.
Camões com este soneto permitiu aos seus leitores refletir sobre este sentimento tão contrário, belo e inquietante que nos aquece o coração e a alma, que ainda é impossível de decifrar e definir, o Amor.

E. Conceição n°11 10°A
E. Sales n°13 10°A
M. Ferreira n°21 10°A

 Pintura (pormenor) de Roy Lichtenstein

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O poema “Amor é fogo que arde sem se ver”, escrito por Luís Vaz de Camões, é um soneto, ou seja, é constituído por quatro estrofes, sendo as duas primeiras quadras e as duas últimas tercetos. As quadras apresentam rima emparelhada e interpolada e os tercetos por rima cruzada. Os versos têm dez silabas métricas cada um, recebendo a designação de decassílabo. O soneto está inserido no tema “Experiência amorosa e reflexão sobre o amor”, sendo que está inscreve nos poemas de amor conturbado. Estes poemas dividem o amor entre o anseio espiritual e o desejo e é marcado por sentimentos negativos: Saudade, culpa e insatisfação.
Neste poema, Camões tenta criar uma definição de amor. Para isso, faz diversas comparações, que acabam por dar em contradições, dando a ideia de que o amor é impossível de definir. 
Ao longo do soneto, Camões tenta explicar que o amor é uma dor psicológica que nos magoa, recorrendo a expressões contraditórias, oxímoros: “é a ferida que dói e não se sente”; por meio de enumerações e contradições tenta ainda explicar que o amor também apresenta características como a dependência da pessoa amada, a intensidade dos sentimentos. Refere igualmente que por mais que ande acompanhado e rodeado por várias pessoas, continua a sentir-se solitário, pois a pessoa que ele ama não lhe retribui o amor: “É solitário andar por entre a gente”.

De seguida, é abordada a ideia de que estar apaixonado e amar, apesar de todos os sofrimentos, são ações feitas e sentidas de livre vontade. Essa ideia é dada quando o poeta se compara a um prisioneiro da amada, no entanto ele é que se prendeu a ela de livre vontade. Ainda é dito que se tem lealdade para com a pessoa que mais nos causa sofrimento, o que é contraditório.

No final do poema, concluímos que o amor consiste no conjunto de muitos sentimentos como felicidade, paixão, sofrimento, mágoa, humildade, satisfação, fidelidade, ilusão, entre outros. No entanto, é um sentimento impossível de definir com significado literal e único. O poeta acaba por transmitir ao leitor uma ideia de reflexão sobre a fragilidade do Homem perante um sentimento tão comum e no entanto tão complexo.
 
C. Oliveira, nº7
F. Maria, nº14
G. Fróis, nº16
H. Baptista, nº17
10º A

  Imagem: Amour Fou - autor - Laurent Folco 


Pintura de Marc Chagall
 
O poema "Amor é fogo que arde sem se ver" é um soneto e encontra-se inserido na corrente clássica da lírica Camoniana, utilizando a medida nova, ou seja, com versos decassilábicos.
O poeta neste soneto faz 11 tentativas para explicar o amor e acaba por não o conseguir definir. No soneto é referida a dor, “é a ferida que dói e não se sente” -verso 2- o sujeito faz referência a uma dor que lhe altera a consciência por completo; a agitação, ”é fogo que arde sem se ver” -verso 1- o poeta compara o fogo a uma agitação interior; o isolamento e a solidão, “é a solitário andar por entre a gente” -verso 6- o sujeito sente-se sempre sozinho quando não está com o seu amor.
Este poema é composto por 4 estrofes, nas quais as 2 iniciais são quadras com rima interpolada e emparelhada e as 2 últimas são tercetos com rima cruzada.
Quanto à expressividade da linguagem, o poema apresenta inúmeras anáforas na repetição do verbo “ser” 11 vezes, para realçar a dificuldade de definir o Amor, antítese nas expressões ”É solitário andar por entre a gente” e “É nunca contentar-se de contente”, salientando os contrastes que o Amor provoca, e vários oxímoros em expressões como “Amor é fogo que arde sem se ver” e “É ferida que dói e não se sente”, para realçar o caráter paradoxal da vivência amorosa; na maioria dos versos, a linguagem suporta-se em  metáforas, como quando designa o Amor por «fogo» e «ferida», que expressam a violência do sofrimento amoroso.  

Camões, apesar das 11 tentativas de definir o Amor, acaba com o ponto de interrogação no final do poema. Concluímos assim que que existem inúmeras formas de definir o amor mas todas elas complexas e contraditórias.