terça-feira, 20 de setembro de 2022

Argumentar/defender ideias

Características essenciais do texto argumentativo:

 
Ø O texto é concebido de forma a convencer ou a persuadir.

Ø A tese defendida deve ser claramente identificada pelo destinatário.

Ø O texto deve usar um registo adequado à situação, ao destinatário e ao tema.

Ø Os argumentos utilizados devem ser diversificados quanto ao tipo.
 
TIPO DE ARGUMENTOS
  • Universais 
  • Proverbiais 
  • de Autoridade
  • de Experiência pessoal
  • por Analogia
  • Históricos 
  • Exemplares/de ilustração
  • Científicos
Estrutura do texto argumentativo (escrito; a oralidade supõe outros aspetos)

Ø O texto argumentativo
  • deve começar por uma introdução, normalmente contida num só parágrafo; 
  • segue-se o desenvolvimento, em 2-4 parágrafos, com os respetivos argumentos (e contra-argumentos, se for pedido ou necessário), seguidos de exemplos; 
  • finalmente, uma conclusão, de parágrafo único, que retoma a afirmação inicial provada ou contrariada.

Ø Os vários parágrafos devem estar encadeados uns nos outros pelos articuladores do discurso ou conectores lógicos. Ex: 
  • tempo passado-presente
  • causa-efeito-consequência
  • hipótese-solução
  • ...

Ø Tem de se escolher previamente, no plano, qual a lógica interna a seguir: é essa escolha que determina os conectores a usar; quem escreve tem de ter domínio sobre o texto e o seu encadeamento/ desenvolvimento.

Estrutura: TESE – PREMISSA(1) – ARGUMENTOS - CONCLUSÃO

- Indicação do tema ou objeto de argumentação.

- Formulação da tese defendida.

- Demonstração, por meios de argumentos, de que é verdadeira.

- Conclusão (tenta-se convencer ou persuadir)

Ou

- Formulação da tese que se quer refutar.

- Consideração do ponto de vista contrário.

- Refutação por meio de contra-argumentos.

- Conclusão por ridicularização/diminuição da tese refutada (por ex. através da ironia) ou por meio de reafirmação da razão da tese defendida

******************************************
(1) Etimologia | A palavra premissa deriva do latim "praemissa", proposição que se apresenta antes de outra coisa. 
 Ideia que serve de base para a criação de um pensamento, opinião, ponto de vista, raciocínio; axioma, pressuposto.
 
1. [Retórica]  Cada uma das duas proposições de um silogismo (a maior e a menor), das quais se infere ou se tira a conclusão.

"premissa", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021, https://dicionario.priberam.org/premissa [consultado em 20-09-2022].

1. [Retórica]  Cada uma das duas proposições de um silogismo (a maior e a menor), das quais se infere ou se tira a conclusão.

2. Ponto de partida para a organização de um raciocínio ou de uma argumentação.


"premissa", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021, https://dicionario.priberam.org/premissa [consultado em 20-09-2022].

1. [Retórica]  Cada uma das duas proposições de um silogismo (a maior e a menor), das quais se infere ou se tira a conclusão.

2. Ponto de partida para a organização de um raciocínio ou de uma argumentação.


"premissa", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021, https://dicionario.priberam.org/premissa [consultado em 20-09-2022].

1. [Retórica]  Cada uma das duas proposições de um silogismo (a maior e a menor), das quais se infere ou se tira a conclusão.

2. Ponto de partida para a organização de um raciocínio ou de uma argumentação.


"premissa", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021, https://dicionario.priberam.org/premissa [consultado em 20-09-2022].

segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Sermão de Santo António


Já podem começar a ler e a fazer os vossos registos sobre a maneira como está construído o SERMÃO - estrutura externa (as partes e capítulos) e interna (a lógica interna e os assuntos)

(os peixes pequenos são o alimento dos peixes grandes)
 
No dia 13 de Junho de 1654, P.e António Vieira pregou em S. Luís do Maranhão, no Brasil, um dos seus mais notáveis sermões: o “Sermão de Santo António aos Peixes”.
"Homem de palavra lúcida, engenhosa, eloquente e sedutora, António Vieira, missionário e exímio pregador, ocupará grande parte dos dias da sua longa vida na defesa dos direitos humanos. Não poupa a Inquisição, pela cruel perseguição dos Cristãos-Novos; não poupa as forças estrangeiras que ameaçam usurpar os nossos territórios ultramarinos; não poupa os desumanos e egoístas colonos que, pela força das armas, procuram subjugar os pobres índios de S. Luís do Maranhão" (ver créditos)

ESTRUTURA DO SERMÃO 
1. EXÓRDIO   
Apresentação do tema e das ideias a defender 
Tem por base o versículo de S. Mateus “Vós sois o sal da terra”, que funciona como conceito predicável em que ancora todo o sermão 

Capítulo I  (leitura integral)

 

2. EXPOSIÇÃO-CONFIRMAÇÃO defesa da tese com argumentos/ exemplos (capítulos II, III, IV e V):

Capítulo II
Louvores dos peixes
Características gerais
–Ouvem e não falam
–Foram os primeiros a ser criados
–São os mais abundantes
–São obedientes e respeitadores
–Salvaram Jonas (mostrando-se menos “selvagens” que os humanos)

Virtudes naturais
-Desconfiam dos homens, por isso fogem deles

Capítulo III
-Louvores particulares
-Tobias (poder curativo)
-Rémora (força e poder)
-Torpedo (energia)
-Quatro-olhos (para olhar p/ o alto e p/ baixo)

Capítulo IV
Repreensão dos defeitos dos peixes
Defeitos gerais
-Voracidade
-Ignorância e cegueira
-Vaidade

Capítulo V (leitura integral)

Defeitos específicos
- Roncador(arrogância)
- Pegador (oportunismo)
- Voador (ambição)
- Polvo (hipocrisia; traição)

3. PERORAÇÃO 

Capítulo VI
Conclusão
-Julgamento final dos peixes
-Apelo aos ouvintes e Despedida
-Louvores a Deus

Créditos da imagem e do pequeno excerto inicial: http://grijo.wordpress.com/2009/06/22/a-proposito-do-dia-de-santo-antonio/

Aquila non capit muscas



aquila non capit muscas

"aquila non capit muscas", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/aquila%20non%20capit%20muscas [consultado em 26-10-2016].
aquila non capit muscas

"aquila non capit muscas", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/aquila%20non%20capit%20muscas [consultado em 26-10-2016].
 E agora, vós, ó águias reais do céu! É possível que sendo vós as rainhas das aves, que quase nunca desceis à terra, ou inclinais a vossa majestosa figura, sejais as maiores falsas, oportunistas e peritas em enganar do Reino do Ar?

Porque vós parecei-vos com um camaleão: este muda de cor conforme a sua vontade. Também vós planais suavemente como quem vigia e protege lá do alto, mas à primeira oportunidade o que fazeis? Ora acontece que vai passando o inocente e indefeso coelhito e vós, qual malandrim emboscado que espera a sua oportunidade, lançais-vos sobre ele e fazei-lo prisioneiro. E essa é a arte de enganar, tal como fazem os políticos, os grandes homens de negócios da nossa sociedade. Humilham, e não olham a meios para atingir fins. E o pobre que trabalha não tem recompensa. Apenas lhe vão retirando liberdade e dignidade.

E tal como vós raptais os pobres e indefesos animais, que não se podem fazer valer, roubando-lhes a vida, para satisfazer a vossa ganância e a vossa superioridade, assim os poderosos deixam os homens pequenos sem dinheiro, sem trabalho e com lares destruídos.

É tal como fazíeis com Fineu, o cego Rei trácio, a quem roubáveis a comida em todas as refeições. E é este o único exemplo da vossa ganância? Não! Castigáveis Prometeu, acorrentado no cume do monte, dilacerando-lhe, diariamente, o fígado. Também ele não tinha defesa e vós atacáveis, qual carrasco impiedoso.

Por isso, Águias, a vossa hipocrisia e arte de enganar é vergonhosa!
Oh, que tão indigno elemento sois dos ares de nosso Senhor Jesus Cristo! Vede, ave vil e traiçoeira, como enganais os pobres animais inocentes com a vossa falsa suavidade e majestade. Destruir os pequenos, enganando-os e apanhando-os sem defesa possível é uma traição!
Mas já não mudais, Águias, porque isso depende da vossa natureza. E a natureza e a maneira de ser não mudam. Quantas de vós agiríeis de maneira diferente se isso prejudicasse os vosso interesses? Vejo, Águias, que também nos Homens há falsidade, engano, fingimento, dissimulação.
Vivemos num mundo materialista e não é nosso objetivo progredir moralmente.
Antes fosse, Águias, antes fosse!

Afonso Morgado, ex-nº1, 11ºA
2016
 Notas:
1. 
aquila non capit muscas (locução latina que significa "a águia não se entretém a caçar moscas"). Emprega-se para exprimir que um espírito superior não deve ocupar-se de questiúnculas indignas de si.
Fonte: Dicionário Priberan, https://www.priberam.pt
2.
As harpias (em grego, ρπυιαι) são criaturas da mitologia grega, normalmente representadas como aves de rapina. Na história de Jasão, um herói grego, as harpias foram enviadas para punir o cego rei da Trácia, Fineu, roubando-lhe a comida em todas as refeições. Os argonautas libertaram Fineu das harpias.
3.
Prometeu (em grego: Προμηθεύς, "antevisão"), na mitologia grega, é um titã. Foi um defensor da humanidade, conhecido por sua astuta inteligência, responsável por roubar o fogo divino e o dar aos mortais. Zeus (que temia que os mortais ficassem tão poderosos quanto os próprios deuses) puniu-o por este crime, deixando-o amarrado a uma rocha para a eternidade, enquanto uma grande águia comia permanentemente o seu fígado - que crescia novamente.


aquila non capit muscas
(locução latina que significa "a águia não se entretém a caçar moscas")

locução

Emprega-se para exprimir que um espírito superior não deve ocupar-se de questiúnculas indignas de si.

"aquila non capit muscas", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/aquila%20non%20capit%20muscas [consultado em 26-10-2016].