segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Lisboa - Visita 3 de março.17

11º A - É com satisfação que recebemos a notícia de que vai ser possível fazer a Visita Guiada ao Teatro Nacional de S. Carlos, porque o referido ensaio já não é dia 3! Assim, podemos ficar com o nosso itinerário queirosiano completo. 


  • As tarefas:
    • fotografar e registar o nome e função de todos os locais do Roteiro (na Visita)
    • situar n'OS MAIAS as referências a esses espaços físicos e sociais (em aula, no Laboratório de Leitura - L-Lab)
    • refletir no grupo e registar, por escrito, a relevância dos vários espaços na ação (L-Lab)
    • partilhar/discutir as conclusões (L-Lab)
    • realizar um vídeo (1-2 minutos) para publicação/ divulgação.
ITINERÁRIO
10h00-11h30| Museu da Farmácia – visita com foco na Química, na Biologia e no Português; 
12h00-13h30| Teatro da Trindade – Visita guiada, focada no estudo do Teatro e de Os Maias
14h30-16h00| Roteiro Queirosiano – Visita Guiada ao Teatro Nacional de S. Carlos; os espaços da Baixa e do Chiado referidos n’Os Maias e em Cesário Verde; 
16h30-18h00| Museu do Dinheiro, visita guiada (abordagem interdisciplinar)
19h00 - jantar-convívio, em restaurante da Rua 1º de Dezembro*
21h00-23h00| Teatro Nacional D. Maria II - espetáculo Tiranossauro Rex - Procedimento básico de memorização e esquecimento
23h15 – Regresso a Torres Vedras.

* Vamos jantar num restaurante fundado em 1845, conhecido por ter sido o espaço onde se formou o Grupo do Leão, um grupo de pintores naturalistas, personalidades contemporâneas e amigas ou conhecidas de Eça de Queirós, como os pintores Columbano Bordalo Pinheiro e o caricaturista e ceramista Rafael Bordalo Pinheiro, retratadas neste quadro.
Data: 1885
Período: Realismo / Naturalismo 
Este famoso quadro chama-se O Grupo do Leão. Esta obra de1885 foi aclamada por Eça de Queirós como o melhor trabalho do pintor Columbano Bordalo PinheiroFoi pintado para a cervejaria Leão de Ouro, situada na então Rua do Príncipe e atual 1º de Dezembro, por ocasião de uma remodelação, e onde o grupo naturalista se encontrava na vida boémia, desde o início da década. É o único retrato desta geração naturalista de Lisboa.  
Este grande quadro pode ser visto atualmento no Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado (ou apenas MUSEU DO CHIADO), junto ao Teatro Nacional de S. Carlos.  
No quadro estão representados, da esquerda para a direita, Henrique Pinto, sentado; Ribeiro Cristino; José Malhoa; João Vaz; Alberto de Oliveira; Silva Porto, ao centro; António Ramalho; Manuel Fidalgo, o empregado de mesa; Moura Girão; Rafael Bordalo Pinheiro, logo abaixo do irmão; Columbano, de cartola; António Monteiro, o proprietário da cervejaria; Cipriano Martins e, sentado de mão apoiada na cintura, Rodrigues Vieira.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Os Maias, de Eça de Queirós - do 'ladear a Brígida' ao 'americano'

 «— E diga-me, Carlinhos, já vai adiantado nos seus estudos?
O rapaz, sem olhar, repoltreou-se, mergulhou as mãos pelos cós das flanelas, e respondeu com um tom superior:
— Já faço ladear a Brígida.
Então o avô, sem se conter, largou a rir, caído para o espaldar da cadeira:
— Essa é boa! Eh! Eh! Já faz ladear a Brígida! E é verdade, Vilaça, já a faz ladear... Pergunte ao Brown; não é verdade, Brown?
E a eguazita é uma piorrita, mas fina...
— Ó vovô — gritou Carlos já excitado — diz ao Vilaça, anda.
Não é verdade que eu era capaz de governar o dog-cart?[1]
Afonso reassumiu um ar severo.
— Não nego... Talvez o governasse, se lho consentissem. Mas faça-me o favor de se não gabar das suas façanhas, porque um bom cavaleiro deve ser modesto...»
cap. III

O colega G. Esteves, do 11º B, é cavaleiro de competição e teve a gentileza de nos fazer um vídeo com os vários passos - do ladear ao trote e ao galope. Aqui fica.



Como todos já se aperceberam, os cavalos têm uma presença constante em Os Maias. Não só na educação de Carlos - cuja grande proeza era já saber ladear a égua - mas ao longo da obra, pois as carruagens de todo o género referidas abundantemente são de tração animal.  Isto para além da 'famosa' Corrida no Hipódromo de Belém.
Eis alguns exemplos (do cap. X)



«E o Dâmaso apelou logo para o marquês. Não era verdade, como ele estivera dizendo ao Sr. Afonso da Maia, que iam ser as melhores corridas que se tinham feito em Lisboa? Só para o Grande Prémio Nacional, de seiscentos mil réis, havia oito cavalos inscritos!
E, além disso, o Clifford trazia a Mist.
— Ah, é verdade, ó marquês, é necessário que você apareça sexta-feira à noite no Jockey Club, para acabarmos o handicap

«No domingo seguinte, pelas duas horas, Carlos no seu faetonte de oito molas, levando ao lado Craft, que durante os dois dias de corridas se instalara no Ramalhete, parou ao fim do Largo de Belém, no momento em que para o lado do hipódromo estavam já estalando foguetes.»
«— Tudo isto está arranjado com decência — murmurou Craft.
Diante deles o hipódromo elevava-se suavemente em colina»

«Mas, quando daí a pouco Carlos quis atravessar, a pista estava fechada. Ia-se correr o Grande Prémio Nacional. Os números já tinham subido no indicador, um tom de sineta morria no ar. Um cavalo do Darque, o Rabino, com o seu jóquei de encarnado e branco, descia, trazido à rédea por um groom e acompanhado pelo Darque: alguns sujeitos paravam a examinar-lhe as pernas, com o
olho sério, afetando entender. Carlos demorou-se um momento também, admirando-o: era de um bonito castanho-escuro, nervoso e ligeiro, mas com o peito estreito

«E subitamente houve uma surpresa: enquanto eles tiravam os bilhetes, os cavalos tinham partido, passavam juntos diante da tribuna. Todos se ergueram, de binóculos na mão. O starter ainda estava na pista, com a bandeira vermelha inclinada ao chão: e as ancas dos cavalos fugiam na curva, lustrosos à luz, sob as jaquetas enfunadas dos jóqueis.
Então todo o rumor de vozes caiu; e no silêncio a bela tarde pareceu alargar-se em redor, mais suave e mais calma. (…) e pela pista verde, os cavalos corriam, mais pequenos, finalmente recortados na luz. (…)
— É Rabino! — exclamou por trás de Carlos um sujeito, de pé num degrau.
As cores encarnadas e brancas do Darque corriam com efeito na frente. Os dois outros cavalos iam juntos; e o último, num galope
que adormecia, era Vladimiro, outro potro do Darque, baio-claro, quase loiro à luz.»
«Aqui e além um dog-cart, mal arranjado, dava um trote curto pela relva. Numa vitória estavam as duas espanholas do
Eusebiozinho, a Concha e a Cármen, de sombrinhas escarlates. E sujeitos, de mãos atrás das costas, pasmavam para um char-à-
-bancs a quatro atrelado à Daumont"

Todos os excertos acima pertencem ao Cap. X
"— Oh, diabo!... E eu que disse ao Vilaça e aos rapazes para estarem no Bragança, pontualmente, às seis! Não aparecer por aí uma tipóia!...
— Espera! exclamou Ega. — Lá vem um americano, ainda o
apanhamos."
Cap. XVIII

Dog-cart

Chars-a-bancs
Tipóia

 Americano (1873)


Faetonte ou faeton
"Damaso,todo debruçado sobre Carlos, fazia-lhe o elogio da parelha ingleza, e d'aquelle phaeton que era a cousa mais linda que passeiava Lisboa."  Eça de Queirós, Os Maias 1888

Caleche

Fiacre
Vitória
Coupé (um dos 'táxis' do final do século XIX)

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Lisboa - ciência, cultura, património

VISITA DE ESTUDO INTERDISCIPLINAR - 11º A - 3 DE FEVEREIRO
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ITINERÁRIO
10h00| Museu da Farmácia – visita com foco na Química e na Biologia; 12h00| Teatro da Trindade – Visita guiada, focada no estudo do Teatro e de Os Maias; 14h30| Roteiro Queirosiano – Baixa e Chiado n’Os Maias e em Cesário Verde; 16h15| Museu do Dinheiro, visita guiada por docente de Matemática; 21h00| Teatro Nacional D. Maria II - espetáculo Tiranossauro Rex Procedimento básico de memorização e esquecimento; 23h15 – Regresso a Torres Vedras.


Museu da Farmácia 
  Localizado na sede da Associação Nacional de Farmácias, foi inaugurado em 1996. A sua coleção engloba artigos de vários locais do mundo e de diferentes períodos históricos, bem como reconstruções de farmácias em tamanho real.
 Está dividido em dois pisos: no rés-do-chão encontram-se as farmácias e no 1º piso uma exposição de artigos de diferentes civilizações, permitindo uma compreensão da evolução da farmácia.

Esta exposição inicia-se na pré-história, onde eram utilizadas substâncias de origem animal, vegetal e mineral como remédios para curar doenças e aliviar dores. Seguem-se exposições sobre a civilização egípcia onde se destaca a crença da vida após a morte e as preparações para essa vida; sobre as civilizações greco-romanas, onde as doenças vinham do desequilíbrio entre os quatro humores (sangue, fleuma, bílis amarela e bílis negra).

Nestas civilizações, bem como as civilizações sul-americanas, era comum a crença da vontade divina nos fenómenos, incluindo nas doenças.
Na exposição sobre o mundo islâmico marca-se um enorme contraste com a Idade Média europeia, nomeadamente na medicina, vista a posição retrógrada comum nas áreas científicas na Europa deste período.
Após este período negro da história europeia veio um grande crescimento, que se prolongou até aos nossos dias, com a descoberta do microscópio, da célula humana e da penicilina, existindo neste museu uma cultura assinada por Alexander Fleming. 
 
Na segunda secção do museu foi possível observar as diferenças nas farmácias de época para época, bem como um exemplo de uma farmácia de Macau, onde são observáveis os métodos pouco científicos de alguns dos tratamentos. Existem também posters publicitários de “medicamentos”, incluído um de água radioativa; estão também presentes utensílios de missões espaciais da NASA e agência espacial russa.
 Teatro Nacional D. Maria II

O Teatro Nacional D. Maria II, situado no Rossio, foi construído no local anteriormente ocupado pela antiga sede da Inquisição. Foi inaugurado em 1846, sendo que apenas as paredes exteriores restam desta construção original, devido a um incêndio ocorrido em 1964 que o destruiu, sendo que só voltou a ser aberto em 1978.
Almeida Garrett foi um dos responsáveis pela sua construção, sendo que a sala de espetáculos tem o seu nome.

- Tiranossauro Rex -  
Para este espetáculo, o encenador Alex Cassal imaginou a memória como uma espécie de biblioteca-arquivo onde todas as etiquetas foram trocadas. Neste lugar, poderíamos encontrar livros de ficção científica na secção de historiografia e fotos de um filme de detetives coladas num álbum de família; caixas que acumulam recordações de viagens, receitas médicas, obituários de pugilistas, vestígios de seres pré-históricos e um cinzeiro de porcelana em formato de casa. Suponham, agora, que um pesquisador pouco criterioso tentava escrever uma biografia das pessoas que possuíram aquele acervo. Que relato espantoso e acidentado resultaria daí?
Em Tiranossauro Rex - Procedimento básico de memorização e esquecimento, uma série de narrativas são oferecidas ao público em diferentes locais do Teatro. Um quebra-cabeças onde cada espectador vai receber fragmentos dessas histórias e, no final, talvez possa chegar a diferentes conclusões sobre o que acabou de ouvir.

Teatro S. Carlos



 O Teatro da Trindade e a Sua História

«Situado numa das zonas mais antigas de Lisboa, entre o Chiado e o Bairro Alto, o Teatro da Trindade foi construído em pleno séc. XIX, quando o centro social e cultural da cidade se situava exactamente nesta área. Testemunho dessa época, o Trindade transporta consigo a memória de um tempo em que a burguesia alfacinha ia às soirées ao Chiado, a um dos três teatros que ainda hoje se mantêm nessas poucas ruas: o S. Carlos, o S. Luís (então chamado Rainha D. Amélia) e o Trindade.

Provavelmente, devido à novidade e aos requintes de decoração e apetrechamento, que incluíam um engenhoso sistema de ventilação da sala e uma plateia que podia subir até ao nível do palco e assim permitir a realização de bailes, o Trindade rapidamente se transformou no teatro mais chique da capital, tal como Eça de Queirós o retrata nos seus romances. Implantado no local onde, antes do Terramoto de 1755, existira o Palácio dos Condes de Alva e funcionara a Academia da Trindade - a primeira tentativa conhecida de implantar um Teatro Popular de Ópera em Lisboa - o Teatro da Trindade deveu a sua existência à iniciativa do empresário, homem de letras e director teatral Francisco Palha (1824-1890).

Desenhado pelo arquitecto Miguel Evaristo de Lima Pinto o Salão da Trindade abriu ao público no carnaval de 1867, uma sala de bailes, concertos e conferências anexa ao Teatro e, em 30 de Novembro de 1867 o Teatro da Trindade propriamente dito. (...)

Desde então, a historia do Teatro da Trindade está ligada a alguns dos acontecimentos culturais mais marcantes na cidade de Lisboa: em 1879, apresentação aos lisboetas do fonógrafo de Edison ou o relato do explorador Serpa Pinto sobre a sua travessia de África, o primeiro concerto público, com apenas 12 anos de idade, do pianista Viana da Mota e foi ainda neste salão que, a partir de 1909, se apostou forte na exibição de cinema. (...)

Deve-se ao empresário José Loureiro o segundo fôlego do Trindade e o seu reequipamento, o que permitiu que em 5 de Fevereiro de 1924 a sala reabrisse ao público com um aspecto "mais lindo e mais belo do que nunca", como considerava o Diário de Noticias. O palco do Teatro da Trindade voltou então à vida para receber uma vez mais, como sempre aconteceu ao longo da sua história, a nata dos actores portugueses.

Actualmente, à beira de completar os seus 150 anos, e quando está a decorrer um projecto de remodelação do edifício adaptando-a às novas exigências da actividade, o Trindade é um dos mais activos teatros da capital, com uma programação diversificada nos seus três espaços regulares de apresentação (Sala Principal/Sala Estúdio e Teatro Bar), acolhendo, coproduzindo e produzindo espectáculos que - na área da música, da dança, do teatro declamado e lírico - se impõem na programação da cidade, fazendo mais uma vez juz ao epíteto de O Teatro Lisboa.»

 Texto de apoio: TEATRO DA TRINDADE O TEATRO ABRE AS SUAS PORTAS (excertos)

Museu do Dinheiro - Banco de Portugal

O Museu do Dinheiro apresenta o tema do dinheiro, a sua história e evolução, em Portugal e no mundo; apresenta o tema e a sua relação com as sociedades e com o indivíduo.

Está nomeado para Melhor Museu Europeu - 2017

O Museu do Dinheiro oferece uma experiência marcadamente interativa que recorre à tecnologia multimédia para mostrar o seu acervo.

O Museu permite ainda aceder a um riquíssimo património histórico, como a MURALHA MEDIEVAL.
Classificada como Monumento Nacional, a Muralha de D. Dinis é uma construção medieval que nos leva numa viagem no tempo, percorrendo mais de 1000 anos da história de Lisboa.
O achado pode ser apreciado e compreendido no Núcleo de Interpretação que expõe artefactos arqueológicos de vários períodos, indispensáveis para conhecer o passado da cidade.
A exposição inicia-se na cripta da antiga Igreja de S. Julião e convida a descobrir objetos, sons e imagens que caraterizavam os areais do Tejo nos períodos romano, medieval e moderno.
O Núcleo de Interpretação da Muralha de D. Dinis tem por missão assegurar a salvaguarda dos achados, o estudo da coleção, a divulgação e a acessibilidade a todos os visitantes