quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Transgressão em Um Amor de Perdição


Guião de leitura do filme  Um Amor de perdição, de Mário Barroso

  1.   Nas cenas iniciais do filme assistimos a uma transgressão, no sentido em que as personagens vão além das regras. Isto é, o filme começa com dois casais, um deles homossexual, a terem relações no colégio, por baixo de um palco; há uma relação exagerada/perversa entre a mãe e o irmão de Simão, Manuel: dão um beijo na boca, partilham o cigarro, Manuel põe a mão no rabo da mãe, em seguida está presente na casa de banho enquanto a mãe toma banho e trocam sorrisos. Por outro lado, Simão (Tomás Alves) ao invés de ser um rapaz educado e exemplar (pois pertence a uma classe alta), é um adolescente rebelde, vestido a rigor de marginal suburbano, que não reconhece autoridade nem moral.

2.   Rita, a irmã de Simão, ao dizer “vivemos ao lado uns dos outros, não juntos” pretende realçar o facto de apesar de todos viverem na mesma casa não são uma família unida/junta, cada um tem a sua vida independente e as suas preferências. Todos são diferentes. Por exemplo, Simão era o irmão favorito de Rita (a irmã mais nova, de12 anos), pois ele era o único que a tratava como uma pessoa crescida; Deste modo, Rita era a única com que Simão se dava bem; o Manuel era mimado, “sempre agarrado às saias da mãe”. O pai era fechado, não gostava de tocar a sua música para a família.

4.   A obra no filme é como um presságio, no sentido que se conhece o futuro próximo de quem a está a ler.

5.   Teresa Albuquerque é inicialmente conhecida por maluca, o seu pai não a deixa sair de casa sozinha e ela não fala com ninguém; no entanto, não o aparenta ser. O pai do Simão era um inimigo íntimo do pai de Rita, o Albuquerque, por este o ter impedido de ser ministro. Assim, sendo as duas famílias rivais, Rita era proibida de ver Simão, começando os dois a sentir ódio pelos seus pais. Apesar de estes serem vizinhos em Viseu, apenas se viam através de imagens rápidas e tremidas, como através da janela do carro, da janela do quarto… aliás, nunca chegamos bem a ver a cara dela, parece uma aparição sonâmbula. Simão e Teresa namoravam em segredo, comunicavam por chamada telefónica e à medida que o tempo passava, Simão também mudava: não saía de casa, terminou as más amizades, passou a ser obediente e passava seus dias em casa junto com Rita.

6.   Simão e Teresa estavam apaixonados, no entanto Mariana também gostava de Simão, não relevando o seu amor e, ao aproveitar ser que era amiga da criada de Teresa, a Ana, transmitia recados entre os apaixonados, sendo apenas um meio para poder ver e estar com Simão.

7.   Tal como no livro de Frei Luís de Sousa, estas personagens na sua vontade não se sobrepõem ao destino final. Os elementos trágicos são: o amor proibido entre o casal; a morte do suposto “noivo” de Teresa, o seu primo Baltazar, por Simão; a morte de Teresa; a morte de Simão e em consequência a morte de Mariana.

8.   A cena-chave do filme é a paixão proibida de Simão e Teresa, que fez com que fosse tão verdadeira. A frase-chave do filme é “Amou, perdeu-se, e morreu amando”, pois descreve o que acontece a várias personagens.

9.   A música de Bernardo Sassetti mantém o público dentro da história, isto é, sentir as emoções como as personagens estão a sentir. Num momento mais decisivo a música acelera, dando suspense e num momento calmo, quase nem se dá por ela, é apenas um simples som de fundo.

10.        Mário Barroso escolheu acrescentar o artigo indefinido “um” ficando o filme conhecido por “Um Amor de Perdição”, salientando apenas o amor de Simão e Teresa e assim, a sua destruição/perda.

Carolina Moço
11ºB

1 comentário:

Noémia Santos disse...

Carolina,
Tem aspetos interessantes, mas precisava de ser mais desenvolvido, fundamentado, em especial a 6 e a 7, as quais são essenciais.

Creio que com a leitura dos excertos do livro, terás melhorado a interpretação destes pontos.