Agora que a obra (melhor, os excertos previstos no programa) estão trabalhados, e já não precisamos de «posts» de apoio ao estudo, retomamos a publicação de excertos considerados significativos de alguns dos guiões e de apreciações críticas do filme (havia outros do início de janeiro).
Guião de leitura do filme Um
amor de perdição,
de Mário Barroso
1.
O
filme começa com Simão a entrar pelo ginásio da escola dentro e a agredir o
professor com uma bola dando-nos logo a perceber que tipo de pessoa ele é:
rebelde, solitário e que gosta de armar confusões. Segue-se a cena da piscina
em que nos é transmitido o tipo de família que são, em que um dos filhos anda
envolvido com a própria mãe e em que o pai apenas se interessava pela sua
imagem e pelos seus negócios.
2. Esta frase indica-nos que aquela família
vivia toda sobre o mesmo teto mas cada um preocupava-se com o seu próprio
umbigo, não haviam laços entre eles, não havia aquela ligação que uma família
deve ter. A mãe de Simão interessava-se mais pelo filho Manuel (e ele por ela)
devido ao relacionamento que se estabeleceu entre ambos e não se dava nada bem
com o marido; Simão preocupava-se com a sua liberdade e em fazer aquilo que
queria, tendo apenas carinho por Rita, de entre os familiares; o pai de Simão
apenas queria saber dos seus negócios e da imagem que passava às outras pessoas,
tendo até dito a Simão, a certo momento: “Estou-me nas tintas para aquilo que
fazes desde que não interfiras nos meus assuntos”.
3. Alteram-se algumas profissões que são
adequadas ao século em que nos encontramos, como por exemplo, o ferreiro passa
a ser um mecânico; altera-se a forma de comunicar entre Simão e Teresa que, em
vez de cartas, é feita através do telemóvel; altera-se o espaço em que a ação
decorre pois no livro passa-se em Coimbra e Viseu e no filme passa-se em Lisboa
devido ao realizador não conseguir retratar as duas cidades anteriores como
eram na época em que o livro foi escrito.
4. Os protagonistas vão mudando a sua maneira
de agir e de pensar à medida que vão lendo a obra e começam a agir consoante o
que leem. Rita muda a sua maneira de ver as coisas e, mesmo sendo nova, percebe
os problemas que existem na sua família. Simão, por exemplo, começa a
ficar mais 'coração mole' quando começa a ler a obra, deixando de ser tão rebelde
e acabando por se apaixonar, fazendo depois de tudo para conseguir estar/ficar
com Teresa mas sempre acompanhando e agindo consoante o livro/o que lê. Mariana
vai lendo e apercebe-se de que é “a outra rapariga” de que o livro fala e que
Simão nunca se vai apaixonar por ela, por estar tão focado em Teresa.
5. O conflito que existe entre ambas as
famílias não permite que Simão e Teresa estejam juntos, nem sequer se podendo
encontrar pessoalmente. Ao início falam através do telemóvel mas o pai de Teresa
descobre, tira-lhe o telemóvel e tranca-a em casa. A única maneira de poderem
comunicar um com o outro é através de Mariana, uma rapariga com que Simão passa
a viver quando se muda para casa do mecânico, e que tem uma amiga a trabalhar
em casa de Teresa, que lhe vai dizendo/dando recados a Simão, sendo assim
retratada a distância entre ambos.
6. O amor de Teresa por Simão foi amor à
primeira vista, era o típico romance adolescente em que queriam estar juntos e
eram perdidamente apaixonados um pelo outro, mas revelava-se um amor impossível
pois, como ambas as famílias eram rivais, não tinham hipóteses de poderem ficar
juntos mesmo fazendo de tudo para contrariar esse “destino”. Teresa - que já era débil - enfraquece,
deprimida por não poder estar com Simão, acabando por morrer, dizendo que pelo
menos no céu poderiam ficar juntos. Mariana amava Simão desesperadamente,
fazendo tudo o que ele pedia, cuidando dele quando ele é atingido por um tiro
no ombro, trazendo-lhe informações à cerca de Teresa na esperança que ele
desista dela, visitando-o todos os dias enquanto ele esteve preso e ficando
sempre do lado dele enquanto ele esteve internado no hospital, acabando por morrer logo a seguir, pouco
depois de Simão se ter matado.
7. Os elementos da tragédia presentes neste
filme são o desafio, o pathos/sofrimento, a peripécia e a
catástrofe. O desafio é feito por Simão e Teresa que fazem de tudo para mudar o
destino ao tentarem estar/ficar juntos; o pathos/sofrimento também é vivenciado
por eles por se amarem e não se poderem ver nem falar um com o outro
(diretamente), Rita também sofre ao perder Simão e Mariana ao perder o pai; a
peripécia é a morte de Baltazar, primo de Teresa com quem esta se ia casar, perpetrada por Simão; a catástrofe é o final do filme pois os protagonistas
principais acabam por morrer: Teresa, Simão; João da Cruz e Mariana.
8.
Para
mim, a frase-chave é “Amou, perdeu-se, e morreu amando” e a cena-chave é a
morte de Simão/quando Simão se mata. A razão para ter feito estas escolhas é
que a frase resume o que se passou no filme todo porque Simão apaixonou-se por
Teresa e foi-se perdendo nesse amor, por não poder estar com ela, chegando até a
matar o primo de Teresa por o pai desta a ter obrigado a casar com ele e pela violência de irem internar Teresa; e
acabou por se matar após ter descoberto que a amada morrera pois achava que a
culpa da morte dela era sua e não conseguiria viver sem ela.
Luana Vicente
Nº15 11ºB
1 comentário:
Luana
Bom trabalho. Gostei de ler as tuas reflexões, traçadas com empenho e relevância.
Apenas as duas últimas não tinham o mesmo nível. Falaremos.
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