PORTUGUÊS - 12º Ano, A, B
Revisões
Verbos
auxiliares
Os verbos auxiliares precedem os verbos
principais numa mesma oração, mas, ao contrário dos últimos, não selecionam
nem sujeito nem complementos. Os verbos auxiliares mais frequentes são ser,
ter e haver.
Ter e haver auxiliam a formação dos tempos
compostos: O João tinha/havia feito o
jantar.
Todavia, neste contexto, o verbo haver é hoje
pouco utilizado, reservando-se o seu uso às situações em que ocorre como
verbo principal, sinónimo de existir (conjugado unicamente na terceira pessoa
do singular.
O verbo ser é usado como auxiliar da passiva: O jantar foi feito pelo João.
Os verbos auxiliares, por regra, não têm
significado lexical, sendo apenas portadores de informação gramatical (de
tempo, modo e aspeto, e de pessoa e número). Por exemplo, o verbo ter não conserva o seu sentido de
posse na frase Tenho de ir ao correio
hoje.
Além de ter,
haver e ser, outros verbos
auxiliares são: estar, andar, ir,
ficar, vir, dever, acabar, costumar, começar e continuar.
Os verbos
auxiliares podem ter um valor aspetual quando se combinam com o infinitivo ou o gerúndio de um verbo principal para indicar diferentes formas de
perspetivar uma situação:
v
imperfetivo/durativo: Ando a ler um romance.
v
habitual: As gaivotas continuam a fazer o ninho
junto do mar.
v
perfetiva: Acabei de ler Os Maias.
Verbos
auxiliares aspetuais: começar a,
estar a, andar a, continuar a, deixar de, parar de, acabar de, e
similares.
Os verbos
auxiliares podem ter um valor modal, pois, precedendo o verbo principal
no infinitivo, formam um complexo verbal para expressar modalidade – valores
de desejo, probabilidade, dever, possibilidade, necessidade, certeza, dúvida,
etc:
v
dever/obrigação: Os cidadãos têm de pagar os
impostos.
v
probabilidade: Ele já deve ter saído de casa.
v
permissão: Podem sair.
Aspeto verbal
Aspeto é a categoria gramatical que exprime a
forma como a situação presente num enunciado é perspetivada pelo locutor no
que respeita ao seu desenvolvimento temporal. Os valores aspetuais podem ser
expressos:
Ø
lexicalmente,
através da escolha dos itens lexicais (sobretudo verbos, mas também perífrases
verbais ou locuções adverbiais), ou
Ø
gramaticalmente,
através dos tempos verbais, verbos auxiliares, quantificadores
ou modificadores.
O valor aspectual de um
enunciado, por norma, não depende do seu valor temporal.
|
(cont.)
Observem-se os exemplos seguintes:
Ø 1)
O Rui conversou com a Sandra.
Ø 2)
O Rui estava a conversar com a Sandra quando lhe liguei.
Ø 3)
Dantes, o Rui conversava muito com a Sandra.
Todas as situações apresentadas acima podem ser
localizadas temporalmente como anteriores ao momento da enunciação. No
entanto, apresentam diferentes valores aspetuais:
v em
(1), sabe-se que a conversa acabou (aspeto perfetivo);
v em
(2), não é dada informação sobre o momento em que a conversa terminou (aspeto
imperfetivo);
v em
(3), existe uma situação que corresponde a um hábito (aspeto habitual).
Aspeto lexical
O aspeto lexical é um valor que resulta das
propriedades (semânticas) inerentes aos itens lexicais, tipicamente aos
verbos. É este valor que permite distinguir situações estativas [1]de
situações dinâmicas:
Ø A
Ana conhece o João. (situação estativa)
Ø A
Ana cumprimentou o João. (situação dinâmica)
A distinção entre eventos pontuais e eventos
durativos é também estabelecida com recurso ao aspeto lexical. Por
exemplo, verbos como nascer ou morrer indicam um estado de coisas pontual [2]ou
não durativo (por isso, pode dizer-se O
João nasceu às três horas, mas não O
João nasceu durante três horas), enquanto verbos como viajar ou dormir
têm um valor durativo[3]:
Ø O
João nasceu às três horas. (valor pontual)
Ø A
Luísa dormiu durante quatro horas. (valor durativo)
Aspeto gramatical
O aspeto gramatical combina as informações dadas
pelo aspeto lexical com as fornecidas pelos diferentes tempos verbais, verbos
auxiliares, quantificadores[4]
ou modificadores.
O aspeto gramatical permite, assim, distinguir
diferentes situações:
v perfetivas
(ou acabadas),
v imperfetivas
(ou inacabadas),
v habituais
v genéricas
v iterativas.
Os valores
aspetuais perfetivo e imperfetivo estão associados aos sufixos
flexionais. Os tempos verbais expressam esses valores através da oposição
entre formas do perfeito e do imperfeito.
v
Quando um estado de coisas é apresentado como
terminado, usam-se tempos verbais perfetivos: Eça de Queirós nasceu no
séc. XIX.
As formas do
pretérito perfeito e os tempos compostos têm, geralmente, um valor perfetivo.
v
Quando um estado de coisas é apresentado como não acabado, usam-se tempos verbais
imperfetivos, como é o caso do pretérito imperfeito do indicativo:
Ø
Dantes, passava as férias em casa da minha
avó.
v
Um enunciado tem valor aspetual habitual quando descreve uma ação ou um estado de
coisas que decorre num período de tempo ilimitado. O presente e o
pretérito imperfeito do indicativo traduzem frequentemente este valor
aspectual:
Ø
Saio do
trabalho sempre às 18 horas.
Ø
Costumo
ir àquele restaurante.
v
O
aspeto genérico encontra-se em enunciados que referem uma pluralidade de situações consideradas atemporais e
verdadeiras em qualquer situação discursiva. Nestes enunciados, o verbo
ocorre geralmente no presente do indicativo ou no infinitivo impessoal:
Ø Os cavalos têm crina.
Ø A Terra gira à volta do Sol.
Ø Ser descontente é ser homem.
v Diz-se
que um enunciado tem um valor
aspetual iterativo quando uma ação ou um estado de coisas se repete com frequência. O pretérito
perfeito composto exprime, regra geral, o valor iterativo:
Ø A
Maria tem ido à praia.
Ø A
Maria vai à praia todos os fins de semana.
|
[1]
Exemplos de verbos estativos (que exprimem estados): haver, existir,
residir, morar, viver, ter, pertencer, saber, conhecer, ver, gostar, amar, ser,
estar, ficar, etc.
[2]
Exemplos de verbos que expressam eventos pontuais (ou não durativos):
nascer, morrer, chegar, entrar, sair, encontrar, ruir, estatelar-se, chocar,
comprar, desmaiar, espirrar, cair, etc.; nomes que, pelo seu significado
intrínseco, exprimem valor aspectual pontual (ou não durativo): partida,
chegada, nascimento, queda, desmaio, etc.
[3]
Exemplos de verbos que, pelo seu significado intrínseco, exprimem valor aspetual
durativo: conversar, jogar, correr, estudar, discursar; nomes que, pelo seu
significado intrínseco, exprimem valor aspetual durativo: sesta, almoço,
viagem, corrida, conversa.
[4] Palavras que especificam ou quantificam um conjunto.
Podem remeter para a totalidade dos elementos de um conjunto (quantificadores
universais) ou expressar a quantidade de forma não precisa (quantificadores
existenciais) ou de forma exata (quantificadores numerais).
Exemplos:
(cont.)
Todos, qualquer, nenhum, ambos, cada, tudo (universais); algum, muito, pouco,
bastante, tanto, vários (existenciais); dois, mil (numerais cardinais); dois
quintos, um décimo, doze avos (numerais fracionários); dobro, triplo (numerais
multiplicativos).
Considera-se ainda a
existência de quantificadores interrogativos (quanto, quantas) e
quantificadores relativos (quanto – Fiz tudo quanto podia para o ajudar.)
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