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segunda-feira, 25 de novembro de 2019
quinta-feira, 21 de novembro de 2019
Frei Luís de Sousa - Diário de Telmo Pais 1
Bem,
por onde começar, por onde começar toda esta história? Tudo começou há
uma semana numa conversa com minha senhora dona Madalena, minha senhora dona Madalena, que tão bem conheço, a quem tanto respeito tenho. Minha ama
estava a ler, era final de tarde, lembro-me como se fosse hoje, entrei na
sala e interrompi-a; estava a ler um belo livro, era um livro para todos, o do nosso grande poeta. A conversa acabou por voltar
para o anjo da casa, para a menina dos meus olhos, Maria, filha de meus
amos, de Manuel de Sousa Coutinho e de dona Madalena .
Dona
Madalena era casada com o pai desta luz da minha vida, mas outrora fora casada com D. João de Portugal que conhecia de
pequeno, que apoiava de menino como se fosse meu filho, até que ele
desaparecera juntamente com D. Sebastião,
nosso rei, e com as restantes tropas na batalha de Alcácer-Quibir.
Desde essa época, dona Madalena vivia num assombro, minha senhora,
esperou 7 anos por aquele a quem chamava de meu amo, mas passado esse
tempo voltou a casar, com o senhor Manuel. Nunca aceitei bem o facto de
minha senhora voltar a casar-se, porque D. João prometeu voltar, numa carta onde dizia que voltaria vivo ou morto e eu acreditava naquelas palavras porque conhecia bem o meu amo.
Naquela tarde
dona Madalena e eu tivemos novamente uma discussão sobre este tema,
sobre o facto de ela ter voltado a casar, sobre não ter esperado mais
pelo regresso de seu primeiro marido, sobre eu achar que minha Maria
poderia ter nascido em melhor estado.
Dona Madalena ficou a chorar por
ouvir estas minhas palavras,
não as devias ter proferido. Pedi com todas as minhas forças que me
castigasse, mas Dona Madalena disse-me que tal não era preciso e então
perguntei-lhe porque não seguira meus conselhos e confesso que fiquei
não surpreso, mas inquieto com a resposta. Minha ama dissera que tinham
sido forças que ela não controlava que fizeram com que ela se voltasse a
casar, forças que não sentia pelo seu primeiro marido. O amor ... talvez pelo primeiro casamento ter sido arranjando, ela
não sentisse essas forças. Lá tive que aceitar a resposta: se a família
de meu primeiro amo apoiava a decisão de dona Madalena quem era eu,
apenas um aio velho. Minha senhora, acabou por me dar uma tarefa e acabámos a conversa por ali.
Maria entrou na sala e reclamou comigo porque eu tinha prometido o romance não sobre a batalha de Alcácer, mas sobre a Ilha Encoberta onde o Povo imaginava que estaria El-rei, e por estar ali na conversa e ela estar a espera,
dizia , minha rica e pobre menina.
D. Madalena não achou muita graça,
Maria dizia que queria ouvir falar da história e dizia que a mãe e o pai
parecia que tinham medo que o rei voltasse (na verdade não era isso que
acontecia, eles tinham receio era do retorno do meu primeiro amo). Maria era uma menina especial, sem dúvida, mas eu e meus amos notávamos que seria algo mais do que uma menina especial dada a sua capacidade de audição e de sonhar com coisas pouco comuns - algo que na nossa altura era devido as doenças que existiam. Eu saí da sala e deixei Maria a falar com a mãe e com o tio Frei Jorge.
Mais tarde viria a aperceber-me do tema da conversa, quando o senhor Manuel de Sousa chegou vinha com um ar... descobrira que os governadores queriam vir ocupar a nossa casa e nessa noite tudo mudou,
D. Madalena ficou sem chão e aquela que era nossa casa em chamas, o senhor Manuel
de Sousa nessa noite pegou fogo à sua casa para mostrar que Portugal não se
poderia render às mãos dos governadores e
dum rei estrangeiro. Mandou-me arrumar tudo e dali a nada saímos daquela
casa. Fomos direito ao que a sra. D. Madalena menos queria, a casa do primeiro
marido, mas no meio daquela confusão toda foi o melhor plano que se pode
arranjar.
Nesse dia ganhei ainda maior respeito pelo homem que é o senhor Manuel de Sousa Coutinho, foram pesados os prós e contras de vir para esta nova casa e todos deram a sua opinião e assim acabámos aqui neste lugar. Manuel de Sousa fora para uma quinta além de Alfeite enquanto esperava o veredito sobre a posição que tinham tomado, já os restantes ficaram na casa de D. Madalena.
Passara uma semana, e Maria - que estava a olhar para os três quadros da sala - perguntou-me quem
eram aqueles três homens e eu respondi que um era o nosso rei D. Sebastião, o
outro o maior escritor que Portugal alguma vez vira, Luís Vaz de Camões e
o outro era um cavaleiro mas a menina não acreditou e voltou a perguntar-me vezes sem conta até que entrou o senhor Manuel de Sousa que contou a verdade e disse que aquele era D.João. Eu não dissera antes porque dona Madalena pedira que eu não falasse mais com Maria acerca deste tema mas se o seu pai o dissera é porque mal não faria.
Dona Madalena enquanto tudo isto acontecia estava como num estado de depressão, mas
com o tempo foi melhorando e deixando de pensar tanto no assunto até que
certo dia, enquanto falava com frei Jorge, apareceu um Romeiro que vinha
de terras de além que exigia falar com D. Madalena; no inicio não percebi de quem se tratava mas mais tarde numa conversa com este Romeiro entendi
que o meu maior desejo se tornara o meu maior medo: aquele Romeiro era
nada mais nada menos que D. João de Portugal e naquele momento em que
devia estar cheio de felicidade por ver aquele “ meu filho” só pensava na minha menina, na menina dos meus olhos, no que aconteceria àquela menina e ver a desilusão nos olhos do meu senhor D. João ao perceber que o meu amor por Maria era muito maior do que por ele entristeceu-me bastante, dilacerou-me o coração.
Viemos
assim a descobrir quem era aquele homem, aquele homem que trouxera a
desgraça à família. Dona Madalena e o senhor Manuel de Sousa não aguentaram com a
culpa e quiseram ir entregar-se à religião para corrigir o que achavam ser os seus pecados. Quando estes estavam de joelhos na Igreja, prontos a tomar os votos, Maria apareceu de rompante e a dizer que tal não poderia acontecer que precisava deles e da sua proteção, pois alguma voz a vira buscar do mundo dos vivos e assim que ouviu a voz do Romeiro a luz dos meus olhos apagou-se.
Telmo Pais
Autor: Mário R., 11º B
Escolha da personagem - justificação
Eu escolhi a personagem de Telmo Pais por a achar curiosa e misteriosa, por ser um homem que estava lá nos grandes acontecimentos; também por ser, talvez, uma personagem mais intrigante porque [...] ficamos de facto estupefactos com o ser que era este aio velho e com a sua teimosia perante a vida. Vejo ainda a personagem como uma pessoa corajosa e direta, algo que interpreto como virtude e que falta hoje em dia à população, o dizer as coisas sem papas na língua, o não ter receio de falar mesmo que seja a alguém seu superior.
Ganhei por isso alguma admiração por esta personagem e daí a minha escolha.
Frei Luís de Sousa - Diário de D. Madalena
Lê o Diário de D. Madalena, da autoria da Inês P., do 11º A.
Frei Luís de Sousa - Diário de D. João de Portugal 1
15 de Junho de 1578
Deixo para trás a minha querida Madalena sem filhos e com dezassete anos, juntamente com
o escudeiro fiel de meu pai e meu grande amigo, Telmo Pais, para me aventurar na expedição d'El-
Rei D.Sebastião, em direção a Marrocos, com a intenção de reaver a glória que já fora nossa, nos
tempos da Conquista de Ceuta. De Lisboa, parto com os meus companheiros de armas que
partilham do fervor patriótico que nos impele a enfrentar a afronta moura e a mostrar o verdadeiro
valor do coração lusitano.
Mas o o meu coração está inquieto pois sabe que, por obra da fortuna, posso nunca mais
voltar a ver a minha amada Madalena, dona do meu coração, e Telmo, meu querido Telmo, que me
criou tal como filho e que eu vejo tal como pai. Ó pobre de mim se fico estendido e privado de
forças naquele campo de batalha, que Nosso Senhor me dê forças e que neste momento nos guie em
direção à vitória pela qual tanto ansiámos depois de todos os esforços de preparação por parte de El-
Rei.
4 de Agosto de 1578
Espero que Madalena entenda a minha carta: "Vivo ou morto , Madalena hei de ver-vos pelo
menos ainda mais uma vez neste mundo." Aconteça o que acontecer, nem que morra, o meu espírito
irá ter com ela para a reconfortar e, se sair daqui vivo, irei arranjar forma de me encontrar junto dela
outra vez, que o meu coração irá sempre pertencer à minha encantadora Madalena.
O meu coração está a palpitar nesta madrugada antes da grande batalha e temo que a fortuna
se possa virar contra mim, mas investiremos sem segundos pensamentos juntamente com El-Rei D.
Sebastião em direção à nossa devida vitória!
Sairemos daqui a pouco do nosso acampamento que se situa perto de Alcácer-Quibir, e
iremos dirigir-nos a o campo de batalha para decidir quem sairá vitorioso. Irei fazer as minhas
preces antes de sair para a peleja, e que Deus me proteja e fortaleça, assim como espero que faça
pelos meus companheiros.
6 de Agosto de 1578
Ó meu coração! Como a tua inquietação não me enganou, devia ter tomado o teu conselho,
mas o meu espírito não quis prescindir do calor da batalha!
Este será considerado como um grande dia de amargura para todos os portugueses durante
séculos por vir. Perder tantos valentes homens e pior, o nosso destemido rei no mesmo dia, sobre as
mãos dos mouros! Que má obra da fortuna também é para todas as mulheres e filhos destes
homens!Fui feito cativo pelos infiéis, juntamente com vários outros, sem saber o que farão com a
minha vida. Como me arrependo de não ter ficado em Portugal, no leito da minha querida
Madalena. E como Telmo irá ficar de rastos quando souber do meu paradeiro!
17 de Setembro de 1579
Depois de ter sido capturado em batalha os meus captores trouxeram-me para Jerusalém
para me usar como bem de troca. Fui feito escravo de um dos grandes governadores desta terra que
é santa e que lhes não pertence. Receio que nesta condição, ao serviço dos mouros, se torne quase
impossível de cumprir a minha promessa a Madalena, mas eu jurei, e não há juramento maior do
que o de um português nobre e bravo que sempre luta de coração contra todas as adversidades e
angústias. Nem que todo o peso do mundo caia sobre mim, cumprirei a minha promessa, vivo ou
morto.
31 de Maio de 1592
Ainda depois destes anos todos, da minha esperança em tornar a ver Madalena ter começado
a esmorecer, de ter sido feito cativo pelos mouros, me encontro na cidade de Jerusalém junto de
onde Cristo professou o seu amor pela humanidade. Neste lugar onde Deus caminhou como homem
não fui capaz de meditar nos mistérios da sua Sagrada Paixão onde é imperativo que se o faça pois,
como homem que sou, sinto-me com eternas saudades da minha pátria, daqueles que amo, daquilo
que deixei no campo de batalha de Alcácer-Quibir e disso não consigo desviar o pensamento.
Nunca pediram o meu resgate e submeteram-me a forçosos trabalhos e muita fome e, Deus
me perdoe, haviam dias em que a minha fé desvanecia. Talvez Deus quis me castigar pela minha
imprudência, fazer-me passar por todo este sofrimento, mas que castigo pode haver por um nobre
lusitano querer entregar a sua força e coração na mão do seu bravo Rei? No entanto será para todo o
sempre algo pela qual me arrependerei..
Apenas continuo a viver na esperança de cumprir o que prometi a Madalena...
10 de Janeiro de 1599
Este é o dia pelo qual sempre ansiei. Fui finalmente libertado das mãos dos meus captores.
Vou poder, se Deus quiser, tornar a ver Madalena, que sempre permaneceu no meu coração a
encorajar-me e fortalecer-me, Telmo Pais, se a idade ainda não lhe cortou o alento, e a minha amada
pátria. Finalmente irei regressar para junto de tudo aquilo que deixei naquele sangrento dia de
batalha, tornarei a ser um pouco mais do homem que morreu naquele doloroso dia, livre e com
novas esperanças no futuro...
12 de Janeiro de 1599
Fui hoje ao Calvário onde Nosso Senhor foi crucificado, morto e sepultado. Pedi-Lhe, sobre a pedra do seu Santo Sepulcro, que em segurança retornasse a Portugal. Regressarei como um
homem novo, um todo-nada do homem que partiu para a batalha de Alcácer-Quibir e do homem
que tantos padecimentos suportou nesta Santificada Terra.
28 de Janeiro de 1599
Encontro-me agora na costa de Jafa, ao abrigo de missionários da Santa Igreja, e preparo-me para embarcar num navio que traça a sua rota para a minha doce Lisboa, a minha amada pátria, mas melhor que tudo isso, traça a sua rota para o leito da minha amada Madalena! Não posso esperar por lhe dizer o quão a amo, contar-lhe que foi a esperança de a tornar a ver que me fez resistir a todo
este martírio.
8 de Abril de 1599
Chego a Lisboa um dia antes do Dia da Paixão de Cristo. Que saudades que eu tinha da
minha terra pátria, houve alturas em que achei que nunca mais veria o meu bom Portugal..
Mas deixe-se as lamentações para trás, vou procurar Madalena e cumprir a promessa que há
21 anos lhe fiz e voltar para os seus braços, onde sempre pertenci.
9 de Abril de 1599
Quão melhor teria sido se tivesse ficado junto de todos os nobres guerreiros que deram a sua
vida em Alcácer-Quibir! Ou que tivesse morrido na minha prisão em Jerusalém! De facto D. João
de Portugal morreu na Terra Santa, a única coisa que sobrou foi a sua sombra, sombra a quem nada
pertence do homem que a projetou. Descobri que a minha amada Madalena me trocou por outro
homem: D.Manuel da Sousa Coutinho. Que teve uma filha com esse homem, que ela tanto ama,
chamada Maria e que o meu antigo amigo, que fora meu pai, serve agora como aio desta malfadada
família!
Será que Madalena, a mulher que amo e sempre amei, que me deu esperança nos meus dias
mais sombrios, fez a sua felicidade com a minha morte? E Telmo, será que ainda me toma por seu
filho? Preciso de saber se morri mesmo naquele dia de batalha.
Irei confrontar Madalena na minha.. nossa antiga casa.. onde ela agora se encontra a morar
com a sua família.
11 de Abril de 1599
Que nunca mais se ouça falar em D. João de Portugal, o homem que outrora fui morreu em Alcácer-Quibir.
Não tive coragem de revelar a minha identidade em frente a Madalena, fingi-me de
companheiro de prisão de D. Jõao de Portugal e que trazia novas suas dizendo que D. João ainda se
encontrava vivo e com ânsias de a tornar a ver mas que estava cativo. Com esta revelação a vida de
Madalena estilhaçar-se-ia, e Maria, sua querida filha, passaria agora a ser fruto do pecado. Não fui
capaz de destruir a mulher que tanto amo, que tanto me seduz, sem mais nem menos; numa última
conversa com Telmo, depois de lhe revelar a minha identidade, pedi-lhe que fosse dizer que o
peregrino era impostor.
Só espero que Madalena seja feliz com o homem que ama, e sua filha. Abandonei hoje o
meu antigo eu. Telmo já não me vê como filho, o tempo tratou de o fazer assim, e o meu amor por
Madalena, apesar de sempre presente, nunca será recíproco.
Ó amargo fado? Porque planeaste tanta amargura para mim, mesmo depois de morto?
21 de Abril de 1599
Ó que amargura, que tristeza! Nem da minha querida Madalena Deus poupou o castigo! E porquê, Senhor, porquê? Porque tiveste de castigar a flor de Manuel e Madalena e despedaçar o coração de seus pais?
Porque é que não me impediste de embarcar naquela funesta jornada, ou me fizeste perecer
naquele campo de batalha? Porque me fizeste aguentar tanta dor, durante tantos anos, apenas para
voltar aonde o meu coração sempre teve morada e fazer ruir o mundo de todos aqueles que eu
sempre amei?
Realizado por :
Miguel G. M., 11ºA
Deixo para trás a minha querida Madalena sem filhos e com dezassete anos, juntamente com
o escudeiro fiel de meu pai e meu grande amigo, Telmo Pais, para me aventurar na expedição d'El-
Rei D.Sebastião, em direção a Marrocos, com a intenção de reaver a glória que já fora nossa, nos
tempos da Conquista de Ceuta. De Lisboa, parto com os meus companheiros de armas que
partilham do fervor patriótico que nos impele a enfrentar a afronta moura e a mostrar o verdadeiro
valor do coração lusitano.
Mas o o meu coração está inquieto pois sabe que, por obra da fortuna, posso nunca mais
voltar a ver a minha amada Madalena, dona do meu coração, e Telmo, meu querido Telmo, que me
criou tal como filho e que eu vejo tal como pai. Ó pobre de mim se fico estendido e privado de
forças naquele campo de batalha, que Nosso Senhor me dê forças e que neste momento nos guie em
direção à vitória pela qual tanto ansiámos depois de todos os esforços de preparação por parte de El-
Rei.
4 de Agosto de 1578
Espero que Madalena entenda a minha carta: "Vivo ou morto , Madalena hei de ver-vos pelo
menos ainda mais uma vez neste mundo." Aconteça o que acontecer, nem que morra, o meu espírito
irá ter com ela para a reconfortar e, se sair daqui vivo, irei arranjar forma de me encontrar junto dela
outra vez, que o meu coração irá sempre pertencer à minha encantadora Madalena.
O meu coração está a palpitar nesta madrugada antes da grande batalha e temo que a fortuna
se possa virar contra mim, mas investiremos sem segundos pensamentos juntamente com El-Rei D.
Sebastião em direção à nossa devida vitória!
Sairemos daqui a pouco do nosso acampamento que se situa perto de Alcácer-Quibir, e
iremos dirigir-nos a o campo de batalha para decidir quem sairá vitorioso. Irei fazer as minhas
preces antes de sair para a peleja, e que Deus me proteja e fortaleça, assim como espero que faça
pelos meus companheiros.
6 de Agosto de 1578
Ó meu coração! Como a tua inquietação não me enganou, devia ter tomado o teu conselho,
mas o meu espírito não quis prescindir do calor da batalha!
Este será considerado como um grande dia de amargura para todos os portugueses durante
séculos por vir. Perder tantos valentes homens e pior, o nosso destemido rei no mesmo dia, sobre as
mãos dos mouros! Que má obra da fortuna também é para todas as mulheres e filhos destes
homens!Fui feito cativo pelos infiéis, juntamente com vários outros, sem saber o que farão com a
minha vida. Como me arrependo de não ter ficado em Portugal, no leito da minha querida
Madalena. E como Telmo irá ficar de rastos quando souber do meu paradeiro!
17 de Setembro de 1579
Depois de ter sido capturado em batalha os meus captores trouxeram-me para Jerusalém
para me usar como bem de troca. Fui feito escravo de um dos grandes governadores desta terra que
é santa e que lhes não pertence. Receio que nesta condição, ao serviço dos mouros, se torne quase
impossível de cumprir a minha promessa a Madalena, mas eu jurei, e não há juramento maior do
que o de um português nobre e bravo que sempre luta de coração contra todas as adversidades e
angústias. Nem que todo o peso do mundo caia sobre mim, cumprirei a minha promessa, vivo ou
morto.
31 de Maio de 1592
Ainda depois destes anos todos, da minha esperança em tornar a ver Madalena ter começado
a esmorecer, de ter sido feito cativo pelos mouros, me encontro na cidade de Jerusalém junto de
onde Cristo professou o seu amor pela humanidade. Neste lugar onde Deus caminhou como homem
não fui capaz de meditar nos mistérios da sua Sagrada Paixão onde é imperativo que se o faça pois,
como homem que sou, sinto-me com eternas saudades da minha pátria, daqueles que amo, daquilo
que deixei no campo de batalha de Alcácer-Quibir e disso não consigo desviar o pensamento.
Nunca pediram o meu resgate e submeteram-me a forçosos trabalhos e muita fome e, Deus
me perdoe, haviam dias em que a minha fé desvanecia. Talvez Deus quis me castigar pela minha
imprudência, fazer-me passar por todo este sofrimento, mas que castigo pode haver por um nobre
lusitano querer entregar a sua força e coração na mão do seu bravo Rei? No entanto será para todo o
sempre algo pela qual me arrependerei..
Apenas continuo a viver na esperança de cumprir o que prometi a Madalena...
10 de Janeiro de 1599
Este é o dia pelo qual sempre ansiei. Fui finalmente libertado das mãos dos meus captores.
Vou poder, se Deus quiser, tornar a ver Madalena, que sempre permaneceu no meu coração a
encorajar-me e fortalecer-me, Telmo Pais, se a idade ainda não lhe cortou o alento, e a minha amada
pátria. Finalmente irei regressar para junto de tudo aquilo que deixei naquele sangrento dia de
batalha, tornarei a ser um pouco mais do homem que morreu naquele doloroso dia, livre e com
novas esperanças no futuro...
12 de Janeiro de 1599
Fui hoje ao Calvário onde Nosso Senhor foi crucificado, morto e sepultado. Pedi-Lhe, sobre a pedra do seu Santo Sepulcro, que em segurança retornasse a Portugal. Regressarei como um
homem novo, um todo-nada do homem que partiu para a batalha de Alcácer-Quibir e do homem
que tantos padecimentos suportou nesta Santificada Terra.
28 de Janeiro de 1599
Encontro-me agora na costa de Jafa, ao abrigo de missionários da Santa Igreja, e preparo-me para embarcar num navio que traça a sua rota para a minha doce Lisboa, a minha amada pátria, mas melhor que tudo isso, traça a sua rota para o leito da minha amada Madalena! Não posso esperar por lhe dizer o quão a amo, contar-lhe que foi a esperança de a tornar a ver que me fez resistir a todo
este martírio.
8 de Abril de 1599
Chego a Lisboa um dia antes do Dia da Paixão de Cristo. Que saudades que eu tinha da
minha terra pátria, houve alturas em que achei que nunca mais veria o meu bom Portugal..
Mas deixe-se as lamentações para trás, vou procurar Madalena e cumprir a promessa que há
21 anos lhe fiz e voltar para os seus braços, onde sempre pertenci.
9 de Abril de 1599
Quão melhor teria sido se tivesse ficado junto de todos os nobres guerreiros que deram a sua
vida em Alcácer-Quibir! Ou que tivesse morrido na minha prisão em Jerusalém! De facto D. João
de Portugal morreu na Terra Santa, a única coisa que sobrou foi a sua sombra, sombra a quem nada
pertence do homem que a projetou. Descobri que a minha amada Madalena me trocou por outro
homem: D.Manuel da Sousa Coutinho. Que teve uma filha com esse homem, que ela tanto ama,
chamada Maria e que o meu antigo amigo, que fora meu pai, serve agora como aio desta malfadada
família!
Será que Madalena, a mulher que amo e sempre amei, que me deu esperança nos meus dias
mais sombrios, fez a sua felicidade com a minha morte? E Telmo, será que ainda me toma por seu
filho? Preciso de saber se morri mesmo naquele dia de batalha.
Irei confrontar Madalena na minha.. nossa antiga casa.. onde ela agora se encontra a morar
com a sua família.
11 de Abril de 1599
Que nunca mais se ouça falar em D. João de Portugal, o homem que outrora fui morreu em Alcácer-Quibir.
Não tive coragem de revelar a minha identidade em frente a Madalena, fingi-me de
companheiro de prisão de D. Jõao de Portugal e que trazia novas suas dizendo que D. João ainda se
encontrava vivo e com ânsias de a tornar a ver mas que estava cativo. Com esta revelação a vida de
Madalena estilhaçar-se-ia, e Maria, sua querida filha, passaria agora a ser fruto do pecado. Não fui
capaz de destruir a mulher que tanto amo, que tanto me seduz, sem mais nem menos; numa última
conversa com Telmo, depois de lhe revelar a minha identidade, pedi-lhe que fosse dizer que o
peregrino era impostor.
Só espero que Madalena seja feliz com o homem que ama, e sua filha. Abandonei hoje o
meu antigo eu. Telmo já não me vê como filho, o tempo tratou de o fazer assim, e o meu amor por
Madalena, apesar de sempre presente, nunca será recíproco.
Ó amargo fado? Porque planeaste tanta amargura para mim, mesmo depois de morto?
21 de Abril de 1599
Ó que amargura, que tristeza! Nem da minha querida Madalena Deus poupou o castigo! E porquê, Senhor, porquê? Porque tiveste de castigar a flor de Manuel e Madalena e despedaçar o coração de seus pais?
Porque é que não me impediste de embarcar naquela funesta jornada, ou me fizeste perecer
naquele campo de batalha? Porque me fizeste aguentar tanta dor, durante tantos anos, apenas para
voltar aonde o meu coração sempre teve morada e fazer ruir o mundo de todos aqueles que eu
sempre amei?
Realizado por :
Miguel G. M., 11ºA
quarta-feira, 20 de novembro de 2019
A. Garrett - O Romantismo
Características da literatura romântica
«A dimensão histórico-cultural, a variedade temática e mesmo algumas contradições ideológicas fazem do Romantismo um período literário de complexa e árdua caracterização.
O tempo do Pré-Romantismo, fase inicial do período, revela autores e temas decisivos para a formação do Romantismo. A identificação com a natureza, lugar de autenticidade e pureza, a vivência do sentimento do amor, sentimento angustiado e fatidicamente resolvido, a valorização emocional e mesmo estética do sentimento religioso provêm do Pré-Romantismo e estendem-se ao Romantismo, em várias latitudes e registos.
Com eles chegam também outros temas e comportamentos fundamentais: a rebeldia do herói romântico, a busca do absoluto (por exemplo: o absoluto amoroso), a ironia crítica e distanciadora, o culto da liberdade, a instabilidade gerada pelo vague des passions e pelo mal du siècle, a autenticidade por vezes aliada ao gosto do popular e do tradicional, noutros casos conjugada com a evasão para cenários exóticos ou para tempos medievais, e o dandismo antiburguês constituem alguns desses temas e comportamentos.
O
Liberalismo foi, pois, para muitos românticos, uma referência
ideológica incontornável do Romantismo. Declarou-o expressamente Victor
Hugo no famoso prefácio de Hernani: «O Romantismo», escrevia em
1830, «não existe levando-se tudo em consideração — e esta é a sua
definição real — se não for encarado pelo seu lado militante, que é o do
“liberalismo” em literatura».
A liberdade de pensamento e de expressão, a fraternidade social, nalguns casos mesmo a apologia da soberania popular constituem valores que estreitamente se cruzam com a propensão individualista e idealista que caracteriza uma parcela significativa do Romantismo europeu; não por acaso, Lilian R. Furst conexionou o individualismo romântico com os ideais saídos da Revolução Francesa:
«A afirmação da esmagadora importância do indivíduo representa, na
verdade, o crucial ponto de viragem na história da sociedade e na da
literatura. Desta crença nos direitos dos indivíduos decorrem os ideais
de liberdade, fraternidade e igualdade que inspiraram a Revolução
Francesa.»
A par disso — e algumas vezes como consequência disso —, o Romantismo foi também ideologicamente nacionalista.
Não esqueçamos que o tempo romântico corresponde à época de refundação e
reafirmação de nacionalidades; e o envolvimento direto de escritores
românticos em causas nacionalistas (em prol da independência da Polónia
ou da Grécia, por exemplo) revela expressivamente o profundo significado
romântico de tais causas, de certa forma na decorrência do culto da autenticidade a que já fizemos referência e em sintonia íntima com o valor da liberdade.
Carlos Reis, «Pré-Romantismo e Romantismo», O Conhecimento da Literatura. Introdução aos Estudos Literários,
2.ª ed., Coimbra, Livraria Almedina, 2008, pp. 422-427 (com adaptações).
1. Registe por tópicos as características do Romantismo mencionadas no texto.»
Créditos:
Texto e exercício disponível em
https://www.santillana.pt/files/DNLCNT/Priv//_11811_c.book/258/index.html#/pag/77
Imagem: Autor: Leonel Marques Pereira (1828 - 1892); pintura - "Festa na Aldeia".
terça-feira, 19 de novembro de 2019
Olha à tua volta! 1- Exclusão social
Segundo o jornal Público, dentro da matéria de pobreza e exclusão
social, Portugal surge em 11.º lugar numa lista de 26 Estados para os
quais estão disponíveis dados relativos a 2017, ou seja, cerca de um
quarto da população portuguesa (23,3%) está “em risco de pobreza”.
De acordo com os estudos realizados pelo INE, uma pessoa que viva em Portugal corre risco de pobreza se tiver um rendimento mensal inferior a 460 euros.
De acordo com os estudos realizados pelo INE, uma pessoa que viva em Portugal corre risco de pobreza se tiver um rendimento mensal inferior a 460 euros.
Ainda que desde o ano de 2003 o risco de pobreza em Portugal tenha diminuído, entre os anos de 2013 e 2014 voltou a aumentar, chegando aos valores de 19,5%, devido a crise financeira do país.
Em 2017, Portugal registou uma melhoria significativa, mantendo-se nos 17,3%. Para a melhoria do mesmo contribuíram a reposição e aumento das pensões, bem como o aumento do salário mínimo para 600 euros, permitindo assim cerca de 100 mil portugueses abandonar a situação de pobreza e segundo o gabinete de estatística da comissão europeia, Eurostat, a proporção de famílias em situação de pobreza e de exclusão social passou de 20,3% para 21,6%.
A taxa de pobreza das famílias monoparentais e das famílias alargadas, com 3 ou mais crianças revela que continuam a ser os grupos sociais mais vulneráveis a este problema, verificando-se, em 2017, uma descida de cerca de 4,8 e 9,8 pontos percentuais para os respetivos grupos sociais.Uma das causas para a pobreza destes grupos sociais está relacionada com a forte exclusão no mercado de trabalho ou da baixa intensidade laboral que passou de 8% para 7,2%.
Lucas J. 11ºB
17 de novembro
quarta-feira, 13 de novembro de 2019
Atualidade - A pobreza em Portugal
A pobreza em Portugal tem sido um tema abordado pelo instituto
nacional de estatística, INE, desde o ano de 2003, onde foi apresentado a
maior taxa deste indicador com cerca de 20,4% da população nacional com
risco de pobreza.
Segundo o INE, uma pessoa que habite em
Portugal corre risco de pobreza, caso tenha um rendimento médio em
Portugal, ou seja, uma pessoa e considerada pobre se tiver um rendimento
mensal inferior a 460 euros, em Portugal.
De acordo com os
estudos realizados pelo INE, desde o ano de 2003 ocorreu uma diminuição
do risco de pobreza em Portugal, mas tendo-se agravado entre os anos de
2013 e 2014, para 19,5%, devido a crise financeira do país.
Em
2017 Portugal registou-se uma melhoria significativa do risco de pobreza,
cifrando-se em cerca de 17,3%. Para esta melhoria contribuíram a
reposição e aumento das pensões, bem como o aumento do salário mínimo
para 600 euros. Permitindo assim cerca de 100 mil portugueses
abandonarem a situação de pobreza apesar da linha de pobreza ter
aumentado cerca de 3%.
Nesse mesmo ano, houve uma descida de 1,9
pontos percentuais (pp), da proporção de crianças e de jovens com idade
inferior a 18 anos, de 20,7% para 19,0%. A taxa de pobreza das famílias
monoparentais e das famílias alargadas, com 3 ou mais crianças, são os
grupos socias mais vulneráveis à situação de pobreza, mas em 2017
registou-se uma descida em cerca de 4,8 pp e 9,8 pp, respetivamente. Uma
das causas para haver pobreza destes grupos sociais está relacionada com a proporção da família, com a forte exclusão no mercado de trabalho
ou da baixa intensidade laboral que passou de 8% para 7,2%. Segundo o
gabinete de estatística da Comissão Europeia, Eurostat, a proporção de
famílias em situação de pobreza e de exclusão social passou de 20,3%
para 21,6%.
Apesar de, em Portugal, ocorrer uma evolução dos
principais indicadores de pobreza, a população idosa de Portugal
apresentou um agravamento de 0,7 pp, tendo-se fixado em 2017 nos 17,7%,
pois em Portugal durante a maior parte do tempo da ditadura não houve
sistema de segurança social, houve uma política que apostou numa
população com baixo índice de formação e com baixo rendimentos.
Atualmente
com o aumento de esperança de vida, aliados aos reduzidos contributos
para segurança social ao longo da sua vida de trabalho fruto dos seus
baixos rendimentos, atualmente possuem reformas com o valor muito
reduzido. Este contexto permite a existência de uma faixa elevada da
população idosa a viver no limiar da pobreza que não e mais grave fruto
dos subsídios/complementos que o estado atribui para minimizar o impacto
da pobreza a nível nacional.
Taxa de risco de pobreza por grupo etário: antes e após transferências sociais:
Trabalho realizado:
João R. 11ºB
Atualidade - Reflexão Crítica
Crianças e jovens negligenciados em Portugal
“A boa educação é moeda de ouro. Em toda a parte tem valor.”
“Nem todos os anos que passam se vivem: uma coisa é contar os anos, outra é vivê-los.”
Padre António Vieira
Fontes:https://www.publico.pt/2019/05/22/sociedade/noticia/2018-menos-criancas-acompanhadas-estarem-perigo-819-institucionalizadas-1873723
https://www.dn.pt/edicao-do-dia/23-mai-2019/indisciplina-droga-e-alcool-comportamentos-perigosos-de-criancas-e-jovens-aumentou--10929996.html
(consultado dia 9 de novembro de 2019)
Laura T.
11ºB
“A boa educação é moeda de ouro. Em toda a parte tem valor.”
“Nem todos os anos que passam se vivem: uma coisa é contar os anos, outra é vivê-los.”
Padre António Vieira
Tal
como afirma Padre António Vieira uma coisa é contar os anos, outra coisa
é vivê-los. Mas para estas 60.000 crianças e jovens é difícil viver os
anos quando estas demonstram comportamentos perigosos como indisciplina,
dependências de álcool ou de drogas. Os quais, muitas vezes são reflexo
da infância que tiveram.
Os comportamentos dos pais são os
principais responsáveis, a negligência apresenta 40% dos casos de
perigo. A prostituição e o álcool são os principais problemas destes
progenitores. A violência doméstica também é posta em causa, com mais de
1661 crianças sofreram este tipo de abusos.
Ao contrário do que
António Vieira afirma, estas crianças não valorizam (ou não conseguem) a
educação devido ao seu passado. Tendo como base as estatísticas, cerca
de 2422 jovens não têm respeitado o seu direito à educação. Devido ao
mau trato físico ou psicológico, abuso infantil ou abuso sexual, surge o
absentismo e o abandono escolar.
Nove em 818 crianças foram
colocadas em famílias de acolhimento, sendo que este número está a
diminuir de ano para ano, porque pensa-se que o problema é capaz de ser
resolvido em instituições.
Acho que não sou a única que fica
transtornada ao conhecer estas tristes realidades, apesar de não
escolhermos a lar em que nascemos, devemos ter a noção do que está certo
e do que está errado para não cometermos os mesmos erros dos outros.
Devemos tentar encontrar, apesar de ser difícil, algo que nos guie para
fora deste caminho sombrio da negligência do sistema. Temos de ser
superiores ao sistema, pedir ajuda a instituições ou a um
amigo/familiar. Podemos não conseguir alterar o sistema assim tão
depressa, mas conseguimos sem dúvida ajudar, de algum modo, o outro.
Assim,
concluo que os casos de negligência do tempo do Padre António Vieira
ainda persistem, infelizmente, hoje em dia. Por isso devemos tentar
fazer os possíveis (não só os envolvidos, mas sim todos os cidadãos)
para mudar estas injustiças para com estas crianças e jovens, para estas
terem um futuro melhor.
(consultado dia 9 de novembro de 2019)
Laura T.
11ºB
terça-feira, 12 de novembro de 2019
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