quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Poemas - escolhas

Aqui ficam as escolhas do Nuno Marques:

"Na Hora de Pôr a Mesa"

na hora de pôr a mesa, éramos cinco:
o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs
e eu. depois, a minha irmã mais velha
casou-se. depois, a minha irmã mais nova
casou-se. depois, o meu pai morreu. hoje,
na hora de pôr a mesa, somos cinco,
menos a minha irmã mais velha que está
na casa dela, menos a minha irmã mais
nova que está na casa dela, menos o meu
pai, menos a minha mãe viúva. cada um
deles é um lugar vazio nesta mesa onde
como sozinho. mas irão estar sempre aqui.
na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco.
enquanto um de nós estiver vivo, seremos
sempre cinco.

José Luís Peixoto (Galveias, Ponte de Sor, Setembro de 1974)
Poeta, romancista, dramaturgo, colaborador de diversas publicações nacionais e estrangeiras, licenciado em Línguas e Literaturas Modernas, variante de Inglês Alemão.

Disponível em Lusografias, http://lusografias.wordpress.com/2009/12/18/jose-luis-peixoto-na-hora-de-por-a-mesa/


É um pássaro, é uma rosa,
é o mar que me acorda?
Pássaro ou rosa ou mar,
tudo é ardor, tudo é amor.
Acordar é ser rosa na rosa,
canto na ave, água no mar.

Eugénio de Andrade
 
 
 
 
"Soneto presente "
      
Não me digam mais nada senão morro
aqui neste lugar dentro de mim
a terra de onde venho é onde moro
o lugar de que sou é estar aqui.

Não me digam mais nada senão falo
e eu não posso dizer eu estou de pé.
De pé como um poeta ou um cavalo
de pé como quem deve estar quem é.

Aqui ninguém me diz quando me vendo
a não ser os que eu amo os que eu entendo
os que podem ser tanto como eu.

Aqui ninguém me põe a pata em cima
porque é de baixo que me vem acima
a força do lugar que for o meu.
José Carlos Ary dos Santos
Disponível em http://paralemdemim.blogspot.pt/2005/10/soneto-presente.html

5 comentários:

Anónimo disse...

as minhas escolhas da poesia foi os poemas da pagina 272 e 273 do manual
ass:tiago silva

Anónimo disse...

Os poemas que escolhi foram das páginas: 268, 272 e 277
João Pedro Martins Nº21

Anónimo disse...

Eu escolhi (páginas):
-249,259,273
André Matos n°5

Noémia Santos disse...

Muito obrigada a todos.

Votos de bom trabalho.

Anónimo disse...

Presságio

O AMOR, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
P'ra saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...

Fernando pessoa

Carlos custódio nº11