Jacinto, primeiro, ao fugir ao tédio parisiense, depois, ao buscar algum equilíbrio e felicidade, realizou uma viagem de descoberta de outros prazeres – a natureza, a boa mesa frugal e campesina, a agricultura – e de reencontro consigo mesmo e com o seu país.
Lembremos o primeiro comentário à chegada a Portugal:
“Então é Portugal, hem?...Cheira bem!" (Jacinto)
"Claro que cheira bem, animal!” (Z. Fernandes)
A viagem é tanto espacial, física e exterior, quanto interior. A Cidade e as Serras é um romance no qual se destaca a categoria espaço – físico e social:
Øos ambientes são fundamentais para a compreensão da história, destacando-se os contrastes por meio dos quais se contrapõem:
Ø o universo mundano, social e tecnológico do 202 com
Øa vastidão, a simplicidade e a presença da natureza de Tormes.
Suma Potência X Suma Ciência = Suma Felicidade? Nem por isso…
A Cidade e as Serras desfaz a lógica da inicial fórmula metafísica de Jacinto: Suma Potência X Suma Ciência = Suma Felicidade
Pelo contrário, o desenvolvimento do romance vem demonstrar, através da evolução espiritual de Jacinto, que a Suma Felicidade depende, sim, da Suma Simplicidade. Assim:
José Fernandes conta-nos a história do «Príncipe da Grã-Ventura», remontando às origens, mas chegando rapidamente aos tempos em que Jacinto, formulada a sua «Equação Metafísica», Suma Ciência X Suma Potência = Suma Felicidade, se apaixonava com as maravilhas da técnica.
José Fernandes, entretanto, vai a Guiães. Passaram-se sete anos. Regressa a Paris. A Civilização instalara-se no 202.
Mas no olhar de Jacinto «já não faiscava a antiga vivacidade». E, contrariamente ao que José Fernandes ainda pensava, ao deixar o amigo no primeiro dia de reencontro, Jacinto já não recolhia da Civilização «a felicidade perfeita».
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