Dia quatro de agosto de 1599
Tantos anos sofri em cativeiro! Todos os dias
rezava para poder voltar a Portugal e à minha vida de outrora e, agora aqui
estou.
Decidi
confrontar Madalena e tentar que saiba que eu estou vivo. Tanto pelejei para
aqui chegar, não poderia deitar tudo a perder agora, se assim fosse, mais valia
ter morrido em África...
Pretendendo ser um romeiro, desloquei-me ao meu antigo
palacete. Lá, pedi a um dos guardas que me escoltasse para dentro, porque tinha
uma mensagem muito importante para D.Madalena. Ao entrar, encantei-me com a
beleza da outrora tão jovem Madalena que era agora uma bela mulher. Depois de revelar
parte da verdadeira história, D. Madalena não aguentou e correu para outra
sala, apavorada com a verdade. Deixou-me com Frei Jorge, irmão de Manuel de Sousa
Coutinho, que, pela conversa, ter-se-á apercebido de quem eu era. Após este
infortúnio tive a possibilidade de reencontrar o meu velho aio, Telmo Paes. O
meu coração parou, quando, erradamente, pensei que D. Madalena ao chamar seu
“esposo” me estava chamando a mim. Decidi sair e nunca mais voltar àquele
palacete. Nunca me iria habituar à ideia de não estar casado com a mulher que
mais amo.
Mais tarde, soube que Maria, filha de D. Madalena e
Manuel de Sousa, sofria de tuberculose e os sintomas tinham piorado. A minha
chegada trouxe um vendaval a esta família, mas o desfecho foi mais trágico para
mim...
O casal optou
por dedicar a sua vida à religião e entrar num convento; ainda tentei anular
todo o mal que a minha aparição tinha causado, mas em vão. Ao tentar cancelar a
cerimónia de união da minha amada à vida religiosa, testemunhei a sua filha a
morrer-lhe nos braços, acusando-me de todo o mal que lhes caiu em cima. Este
acontecimento forçou o casal a cair num mar de desespero e, sem hesitação,
deixaram a sua vida em família e tomaram as vestes de frade e freira.
Estou agora condenado a uma eterna solidão e terei
para sempre este sentimento de culpa, que arruinou a vida da minha amada e do
seu “esposo”, dentro do meu peito. Parece que, afinal de contas, ter deitado
tudo a perder era a melhor opção para todos...
João de Portugal
Henrique Cavaco nº9 11ºA
1 comentário:
Henrique
Como vês, os cortes tiveram de ser muitos, porque havia falhas de rigor de informação e de interpretação.
Aproveitei o que consegui, para permitir revelar o que de interessante escreveste.
Preciso de saber se já estás mais seguro e se percebes o que estava mal.
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