quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Frei Luís de Sousa, Diário de Telmo



Neste trabalho, foi-me solicitado que escolhesse uma personagem da obra, "Frei Luís de Sousa" de Almeida Garrett, e escrevesse o diário dessa personagem, encarnando o seu papel, e contando a história de acordo com o que essa mesma personagem vive e sente. Escolhi Telmo Pais, pois foi uma das personagens que mais me chamou à atenção pela forma como se apresenta na obra, e também pelas suas características .



Dia 1
          Há já cerca de 21 anos que desaparecera meu amo, D. João de Portugal, na guerra de Alcácer Quibir. Nunca foram encontrados vestígios da sua morte, como tal, eu acredito que ele ainda possa estar vivo, e reaparecer um dia.
          Eu, como seu aio fiel, fiquei a cuidar de sua esposa D. Madalena, e de sua filha, Maria, uma menina cheia da vivacidade e com um coração, ai que coração!
          Hoje, quando cheguei ao pé de D. Madalena, esta estava muito pensativa, tinha um livro pousado no seu regaço, mas já não lia, apenas refletia sobre algo.
          Conversámos e disse-me que não me queria de todo aconselhar, no entanto, sabia que Maria me tinha em muito boa conta, e portanto achava preferível que não falasse com ela das coisas menos próprias para a sua idade, que ainda lhe suscitavam mais curiosidade, e vontade de explorar, saber, e questionar, isto numa menina já que com imensa curiosidade e vontade de descobrir. Concordei, deixei que me disse-se aquilo que achava, e depois, senti necessidade de dizer que Maria era especial para mim. Desde sempre que lhe tenho um carinho especial, fui eu que a criei, tal como a D. João de Portugal, e só quero o seu melhor, pois ela é digna disso. Acrescentei ainda que não dizia nada á menina Maria que não pudesse, e que ela não devesse nem merecesse saber e acabei por dizer que Maria, era digna de ter nascido em melhor estado, e D. Madalena começou a chorar, pedi então que me castiga-se pois deixei que o que sentia por Maria, afetasse, e comanda-se o que disse, que não foi de modo nenhum acertado.

          D. Madalena impôs-se então, e disse que eu fora o fiel aio e amigo de D. João de Portugal, e que quando entrara naquela família me encontrou e foi ganhando uma grande consideração por mim. Isto porque após ter ficado viúva, de D. João de Portugal, se viu sozinha, com dezassete anos, viúva e órfã, e como tal sentia a falta de alguém que cuidasse de si e a amparasse.
          Apesar de D. Madalena se ter casado já a 14 anos com Manuel de Sousa, disse-me, que durante os sete anos, após o desaparecimento de D. João de Portugal, nunca desistira de o procurar, não olhando a gastos, nem se poupando a esforços. Mas agora, vinte e um anos após ter desaparecido, mostrou não acreditar no regresso de D. João de Portugal apesar de nunca se terem encontrado provas, e questionou-me se pensava o mesmo. Respondi sinceramente que não, porque eu acredito que meu amo voltará um dia, inclusivamente, para cumprir o que outrora escrevera, "vivo ou morto Madalena, hei de ver-vos pelo menos ainda uma vez neste mundo".

          Apesar de tudo, sempre fui conhecedor que D. Madalena ainda casada com D. João de Portugal, já amara Manuel de Sousa, daí que receie tanto o seu regresso. Por isso é que também pretende proteger Maria de acreditar nos meus "agouros", nas alusões que faço a D. Sebastião, pois não quer que pense, nem imagine que há mais ainda para descobrir, que D. João ainda pode voltar, pois caso o sebastianismo seja verdade, isso também é possível de acontecer.
          Terminei então a conversa com D. Madalena, e esta pediu-me que fosse ver o que Maria estava a fazer, e que fosse dizer a seu cunhado, Frei Jorge Coutinho, que a demora de Manuel de Sousa em Lisboa a estava a deixar em cuidados e angustiada. Pois este prometeu vir antes de véspera , e já era quase meia noite ainda não tinha chegado.
          Quando ia fazer o que me pedira D. Madalena , Maria apareceu ao pé de nós, perguntando pelo romance que eu lhe havia prometido, e começou a dizer que ninguém gostava de a ouvir falar na possibilidade do regresso de D. Sebastião senão eu. Sua mãe advertiu para o facto de ela dever folgar mais, de a querer ver mais alegre, e não tão dentro de coisas que não eram para a sua idade.
          Infelizmente eu próprio já anulei certas esperanças relativamente ao regresso de D. Sebastião, e por conseguinte de D. João de Portugal, isto pelo amor que sinto por Maria, que ultrapassou o que sentia por D. João de Portugal.
          Posto isto, eu disse então que não se falava mais no assunto não demonstrando muito envolvimento pessoal, e fui-me embora. Isto, não sem antes tomar as mãos de Maria, o que me fez reparar imediatamente que estava com imensa febre, até pelas rosetas nas suas faces, restava saber se sua mãe, D. Madalena iria reparar também.

Dia 2
          Após a chegada de Manuel de Sousa de Lisboa, soube que tinham desembarcado de lá  uma grande comitiva de fidalgos, escudeiros e soldados, em direção à vila. Acorri  rapidamente a Manuel de Sousa entrando pela sala apressadamente, para lho dizer. Advertindo também que o arcebispo não devia ser, pois  já há muito que se dizia, que este já estava no convento.
Manuel de Sousa perguntou-me se deveriam ser os governadores, pois estes queriam sair de Lisboa para fugir da peste, como estava ao pé de D. Madalena, fiz apenas um sinal afirmativo.
          Ordenou-me então que e eu e Jorge acompanhássemos, D. Madalena e Maria, para que saíssem já daquela casa, pois não queria que estivesse lá ninguém quando chegassem os governadores. Como não havia outra opção decidiu que iam para a casa onde D. Madalena morara com o seu ex-marido. D. João de Portugal, era a sua única alternativa naquele momento.
          Antes de sair, com tudo pronto para levar, Manuel de Sousa incendiou o palácio, pois não pretendia permitir que os governadores fossem para lá. Vendo todo aquele aparato, gritamos muito afligidos que tínhamos de fugir,  e assim  fizemos.

Dia 3
        De manhãzinha, já passados oito dias que tínhamos vindo para o palácio de Almada, a Sra. D. Maria quis falar comigo.
          Pediu que eu não fizesse barulho pois desde que fomos para aquela casa que D. Madalena não dormia, era aquela a primeira noite. Maria disse-me, que cada vez que ela fechava os olhos ficava aterrorizada com os pensamentos de todo aquele fumo e chamas a rodearem a sua casa, e devastar tudo.
          Disse-me que sua mãe cismava que o facto de aquele quadro de seu pai, ter ardido, representava a vinda de um mal maior sobre ele. Ela tentava a animar sua mãe, no entanto, acreditava piamente nisso, e não só, disse ainda que a desgraça que se avizinhava não era só sobre seu pai mas também sobre sua mãe, D. Madalena.

          Tudo isto que dissera, deixou-me aterrorizado, no entanto tive de tentar disfarçar isso perante Maria, para que não notasse.
          Disse-lhe que não disse-se aquelas coisas, que Deus encarregar-se-ia de fazer o melhor que seus pais merecessem. Disse - lhe ainda, que agora acreditava que seu pai, Manuel de Sousa, era um homem de valor, um grande homem, muito sensato e com princípios. Sempre o tivera em boa conta, mas depois que o vi queimar tanto de seu haver, a sua própria casa, só para dar uma lição aqueles tiranos, um exemplo de liberdade, vejo ainda mais que é um homem ás direitas.
          Maria foi-me questionando, sobre se não era motivo de orgulho ser filha de tal pai e se eu já sabia notícias dos governadores, e eu fui respondendo, para satisfazer a curiosidade daquela espantosa menina, e não lhe aguçar mais o espírito e a vontade de descobrir.
          Maria repetira que o susto e terror em que se encontrava sua mãe era o pressentimento de grande desgraça, e de repente, olhou para uns retratos ao fundo da sala apontando para o de D. João de Portugal, e perguntou-me de quem era aquele retrato. Respondi que era um dos senhores da casa de Vimioso, que estavam ali tantos.

          Maria percebeu que eu não tinha dito toda a verdade, e que sabia mais. Eu contradisse, respondi que tinha dito tudo o que sabia, e que era verdade, que aquele retrato era de um cavaleiro da família de meu outro amo. Perguntou-me pelo nome, fiquei atrapalhado, não sabendo bem o que dizer, e antes que disse-se algo ela mandou-me calar, dizendo que eu ia mentir. Continuámos a conversar, e Maria disse que dois retratos que sua mãe não nomeia de quem são, é aquele, e o de seu pai, que ardera. Tentei mudar o rumo da conversa perguntando se esta noite, essa situação ainda a tinha apoquentado muito. Maria respondeu-me que não, mas rapidamente voltou ao assunto do retrato. Apontou então para outro, dizendo que aquele ela sabia de quem era, do rei D. Sebastião, elogiando-o e dizendo que não acreditava que ele tivesse morrido nas mãos dos Mouros, que haviam profecias que o diziam, e ela acreditava nelas.

          Apontou depois, para o retrato de meu amigo Luís de Camões, dizendo que também acreditava nele, e continuámos a falar, elogiando-o a ele e á sua obra. Até que Maria, entusiasmada disse que ele estava no céu, e que as suas palavras eram de profeta, advertindo então para o que dissera sobre D. Sebastião, afirmando mais uma vez que ele não morreu, novamente chamando à atenção para D. João de Portugal. Voltou a perguntar-me quem ele era, com aquele ar tão triste, e "com aquela mão que descansa na espada como quem não tem outro arrimo, nem outro amor nesta vida..."
          Deixei-me surpreender com estas palavras, e ficámos ambos fascinados a olhar para o retrato.
          Sem que eu nem Maria nos apercebêssemos, entrou Manuel de Sousa e disse, que aquele era D. João de Portugal, um honrado fidalgo e valente cavaleiro. Maria sem observar que tinha sido seu pai a dizer isto, disse que bem lhe dizia seu coração. Seu pai, perguntou-lhe então de forma afetuosa, o que lhe dizia o seu coração, aí, é que esta reparou que era o seu pai, Manuel de Sousa. Respondeu então que o seu coração não lhe dizia mais nada senão aquilo e mostrou-se muito contente por o ver,  dizendo-lhe, "Ainda bem que viestes;", no entanto perguntou-lhe também se já não havia perigo, pois ele  tinha ido de dia. Seu pai, respondeu que já havia pouco perigo, mas que na noite anterior não tinha podido ir e não conseguia aguardar todo o dia, então foi bem coberto com uma capa e não houve perigo.

          Eu confirmei que já não havia perigo nenhum, que o senhor Manuel de Sousa podia estar á vontade, pois naquela madrugada cedo eu tinha  estado no convento e soube pelo senhor Frei Jorge, que se podia dizer que estava tudo concluído.  Seguidamente, Manuel de Sousa perguntou pela sua esposa, Madalena, à sua filha Maria pois queria ir vê-la, no entanto não foi possível de imediato pois esta ainda dormia.
          Quando entro de novo na sala, encontro Maria, D. Madalena, Manuel de Sousa e Jorge.
          D. Madalena, encarregou-me a mim e a Doroteia de acompanhar a sua filha Maria a Lisboa, pois não estava bem e ainda assim queria ir com o seu pai que tinha de lá ir, e ela queria conhecer a sua tia, D. Joana, então aproveitava e ia também. Examinei então uma bolsa que levava Doroteia, com tudo o que fosse necessário para satisfazer qualquer necessidade de Maria. E assim partimos.

Dia 4
          Chegados de Lisboa, eu e Doroteia ficámos junto de Maria. Após o regresso, tinha ganho febre, e inclusivamente deitado sangue, a menina não estava nada bem. Assim que Maria acordou, fui avisar o senhor Manuel de Sousa, e Jorge. Ambos queriam saber como estava, e se sentia melhor. Felizmente sim, estava melhor, apesar da voz lenta e da sua fraqueza. Disse-lhes, que Maria tinha perguntado por ambos, e Manuel de Sousa, questionou-me se esta também tinha perguntado pela mãe. Respondi que não, pois Maria nunca mais tinha falado de D. Madalena.
          Foram ambos vê-la, e antes, Frei Jorge deu-me um recado. Disse que eu ficasse ali, e assim que eles saíssem puxasse a porta que ia dar à sacristia, e viria um irmão converso, a quem eu diria o meu nome e ele ir-se-ia, e de seguida que eu fechasse também a porta do fundo, e para que não a abrisse, a não ser quando ouvi-se sua voz. Respondi-lhe então que podia ir descansado, e assim foi.

          Aparece então o Irmão Converso, eu disse o meu nome e ele foi-se, tal como me dissera Frei Jorge. Com isto fiquei desorientado, pressenti desde logo que meu senhor, o filho que eu criei, estava vivo! D. João de Portugal estava vivo. De certeza que iria receber notícias dele. Após vinte anos de todos o julgarem morto, eu sempre acreditei, sempre tive esperança, e agora sinto que saberei brevemente notícias suas.
          Agora tremo, tremo pois o amor desta minha última filha, o amor por Maria, venceu, é maior que o amor por D. João de Portugal. Meu Deus, perdoai-me se é pecado, perdoai-me! Levai este velho, este velho já sem qualquer préstimo. Mas não me leveis ainda minha filha,  já padecera muito, já trespassaram aquela alma muitas dores, por isso não a levais já.

          De repente e inesperadamente, ouvi o Romeiro, pedindo que Deus não me ouvisse, perguntei logo porque razão não havia de me ouvir.
          Ele questionou-me então sobre por quem estava eu a rogar, se não era pelo meu antigo amo. Eu rogava por Maria claro, já não sei rogar por mais ninguém. Mas, e que fosse por meu amo, porque não haveria deus de me ouvir, se pedira a vida de um inocente?
Logo aí, o Romeiro opôs-se, abordando-me sobre como sabia eu, que meu amo era inocente?
            Após dizer isto, sua voz suscitou em mim uma reação diferente, era a voz de meu amo, de D. João de Portugal. Tive a certeza que era ele. Perguntei-lhe então quem era, e ele tirou o chapéu, e tirando o cabelo dos olhos, respondeu-me, que já não era ninguém se já nem eu o conhecia.
          Imediatamente beijei-lhe as mãos, e disse que era meu amo, era mesmo D. João de Portugal, meu filho. Todo era ele, a voz o rosto, tudo, apenas o seu cabelo e as suas barbas mudaram significativamente, fizeram com que a sua aparência já não permitisse identificar quem era na realidade, mas eu, percebi logo que era meu amo. Bastou a sua voz.
          Disse-me então que tinham sido vinte anos de cativeiro e miséria, vinte anos de saudades e ânsia, e que para a sua cabeça estar como estava, "bastou apenas uma noite, como a que foi depois da batalha de Alcácer Quibir, e a barba, tinha sido curada pelo sol da Palestina e pelas águas do Jordão." 

          Por tão longe andou meu amo, e advertiu também, que não morrera lá, apenas porque não fora a vontade de Deus.
          Perguntou-me então se me pesava o seu regresso, a sua vida. Respondi que não claro, mas no fundo sentia que sim, senti que estava a mentir.
          Disse-me que sabia que eu era seu amigo e ainda assim, vinte anos de ausência, com novos amigos, fazem esquecer os velhos, mas apesar de tudo, eu nunca me esquecera dele.
          Advertiu então que Deus não quis por termo á sua vida, sem antes ele falar comigo, para ouvir da minha boca que sempre tinha duvidado de sua morte, e assim foi. Nunca acreditei que tivesse mesmo morrido. No entanto D. João disse que só o coração poderia vencer a tentação de acreditar na sua morte vinte anos depois de estar desaparecido, e que o único coração capaz disso era o seu. Fora injusto, pois eu sempre acreditei que estava vivo. Queria saber ainda, se era verdade que o tinham procurado por toda a parte, e se D. Madalena, sua antiga esposa mas ainda muito amada, tinha realmente enviado mensageiros e dinheiro para essas buscas. Esclareci então que sim, tinha sido verdade, tão verdade como Deus estar no céu.
          Posto isto, disse-me que fosse dizer a D. Madalena que o peregrino, a fachada que inventara para falar com ela, eram tudo obras dos inimigos de Manuel de Sousa, que sossegasse e fosse feliz. E disse-me adeus.
          Não ia renegar meu amo, deixá-lo ir como vilão que não sou, havia eu de fazer tal coisa?

          Respondeu-me que sim pois ordenava-me que o fizesse. Fiquei  muito ansioso e simultaneamente com um sentimento de culpa, pois D. João de Portugal, contava com minha fidelidade para cumprir o que me ordenara, mas meu amor por Maria tinha superado o amor pelo meu amor, e ele não sabia disso nem da existência de Maria. Tinha de lhe contar, a ansiedade e todo o sentimento de culpa já não cabiam em mim.
          Contei-lhe então que havia naquela casa, outra filha que eu também criara e sem que dissesse mais nada, percebeu logo o que me apoquentava, e disse-mo. Disse que eu já queria mais a essa outra filha que a ele. Respondi apenas que não mo perguntasse, pois não ia ser capaz de responder, e o pior, é que era verdade.
          Disse-me que não era preciso, que até eu lhe tinha sido tirado, que perdera tudo. Quis então saber se D. Madalena tinha um filho com Manuel de Sousa. Sentiu-se culpado, pois concluiu que deveriam ter passado aquela noite ainda pior que ele, que lho perdoassem como ele tinha feito. Eu já não sabia o que fazer nem dizer. D. João voltou a apelar pela minha fidelidade, dizendo que eu fizesse o que me ordenara meu amo, e pediu-me um abraço. Abraçamo-nos.
          Perguntei quando voltaria a vê-lo, a saber de si, respondeu-me que na altura certa eu iria ter notícias. Afirmou que agora, era necessário remediar o mal que fizera, pois fora imprudente, cruel, injusto, duro, e tudo isto para quê?. Disse então que morrera, do dia em que D. Madalena o disse e acreditou em tal coisa. Disse-me que a ainda a amava, tinha sido a mulher da sua vida, e por isso D. João de Portugal não havia de desonrar a sua viúva, e que se eu o dissesse também teria o dobro da força. Queria que eu dissesse a D. Madalena que tinha falado com o Romeiro e que era um falso e impostor, só queria que eu lhe disse-se o que quisesse, apenas a salvasse da vergonha e ao seu nome da grande afronta, pois de si, já não sobrava nada a não ser isso, o seu nome ainda honrado.
          Eu disse que não lhe ia faltar agora, que era digno que eu o fizesse por si.
          De seguida, eu e meu amo,  D. João de Portugal, ouvimos D. Madalena chamar pelo seu esposo. D. João achara que fora para si, aquelas palavras doces e cheias de amor, como havia ele de lhes resistir, como amor que ainda sentia? No entanto D. Madalena chamava por Manuel, e quando disse seu nome, uma desilusão e tristeza caíram sobre D. João.
          D. Madalena ainda de fora, chamava por Frei Jorge, seu irmão, dizia que sabia que ele ali estava e por isso lhe abrisse a porta apenas para que ela pudesse dizer uma única palavra a seu irmão (D. João de Portugal).

          Jorge deu-me então ordem para abrir a porta e eu assim fiz, já depois de D. João de Portugal ter saído.
          Madalena entrou apressada á procura de Manuel de Sousa, ficou muito surpreendida quando me encontrou só, e eu fingi-me despercebido para que ela não desconfiasse mais que eu não tinha estado ali sozinho, mas sim com D. João de Portugal.
          Manuel de Sousa que estava  no fundo da sala, apareceu e disse para D. Madalena, se não estava já tudo dito entre eles. D. Madalena  respondeu-lhe que não, que se calhar estavam a precipitar-se, e a crer demasiado nas palavras de um Romeiro, um homem que ninguém sabia quem era.
          Eu e Jorge, conversámos à parte, e Jorge concordou com Manuel de Sousa, quando este disse que o seu amor com D. Madalena era impossível. Disse-me para eu ir ter com Maria, e saí com repugnância, tentado chegar ao pé de D. Madalena. No entanto Jorge percebeu, e fez-me um sinal imperioso, saí então pelo fundo, e fui para junto de Maria, que não estava nada bem.
Telmo Paes
... 

Conclusão
        Este trabalho foi muito enriquecedor, pois contribuiu para melhorar o meu conhecimento da personagem de Telmo Pais, da obra e também me permitiu realizar uma análise mais pormenorizada desta personagem.
        Em suma, com este exercício aumentei a minha capacidade de interpretação desta peça, e entusiasmou-me para a análise da mesma.


Cristiana Garcia Santos 
nº 8 11ºB


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