terça-feira, 29 de novembro de 2016

Frei Luís de Sousa - Diário de Maria



Querido diário,                                                                               
1º dia
                Hoje estive mais de meia hora no eirado passeando e colhendo flores, mas o Telmo nunca mais vinha, então decidi ir à procura dele. Ele estava a conversar com a minha mãe,  D. Madalena, e eu cheguei e comecei a falar sobre o admirado Rei D. Sebastião e a minha mãe ficou triste comigo porque gostava de me ver mais alegre mas eu alegro-me em ter conhecimento  sobre estas coisas, mas prometi-lhe que não voltaria a falar neste assunto.
                Eu não entendo o porquê de se preocuparem tanto comigo, isso deixa-me triste porque eu estou bem.
               Entretanto chegou o meu tio Jorge de Lisboa com notícias. Notícias estas, a dizer que os  governadores querem sair de Lisboa por causa das pestes. Eu acho isto mal porque se é  um rei não pode fugir dos problemas pois rei quer dizer pai de todos, e ainda disse que os governadores queriam vir para a nossa casa.
               Passado um pouco, ouço a vós de meu pai, D. Manuel de Sousa; tinha chegado cheio de pressa pois também tinha ouvido a mesma coisa que o tio Jorge e disse que tínhamos de sair daquela casa depressa antes do amanhecer . Então a Doroteia foi arranjar as minhas malas para levarmos para a casa do primeiro marido da minha mãe.

              No final o meu valente pai incendiou a nossa casa para dar uma lição ao povo e aos que deviam ser patriotas e não são...e fugimos para a outra casa durante a noite.

       Querido diário                                                                                   8º dia
               Hoje descobri quem era aquele cavaleiro do retrato é D. João de Portugal. Telmo não me    queria dizer quem era mas chegou meu pai e apenas disse-me o nome dele, mas eu sei que  existe mais alguma coisa porque no dia e que chegamos eu e minha mãe deparamo-nos com o  retrato e ela gritou e começou a correr com se alguém viesse atrás de nós e tem estado atormentada durante estes dias. Mas nem fiz mais perguntas porque meu pai tinha chegado e era de manhã, fiquei tão feliz de o ver, mas ele voltou a dizer que eu estava doente,   mas eu estou bem não preciso que se preocupem comigo.

             Entretanto o meu pai veio comigo e estivemos a falar como antigamente, quando não havia  perigo nem pessoas atrás dele. Voltei àquela sala e perguntei outra vez coisas sobre o   retrato e meu pai disse-me que se ele não tivesse morrido na batalha de Alcácer Quibir eu hoje   não existiria

            Estava ainda a ver o retrato quando meu tio Jorge chegou e disse ao meu pai que ele tinha de ir a Lisboa com os religiosos buscar o arcebispo e eu também queria ir para conhecer  a minha tia Joana de Castro que nunca a tinha conhecido, ao inicio meu pai ficou receoso  mas depois o tio Jorge disse que já não havia perigo das pragas então ele deixou-me ir com  eles, e para a minha mãe deixar ele mesmo disse que ficava com ela, para ela não ficar sozinha nesta casa.

Nessa mesma noite cheguei de Lisboa, e não me estava nem estou a sentir-me bem; então levaram-me para o quarto, mas eu vi o outro, um Romeiro, e fui ter com a minha mãe, ela estava na cama, mas voltaram-me a levar para o quarto pois eu não estou nada bem.

        Maria



Querido diário                                                                                  
 9º dia ______________

          Hoje quem escreve neste diário é o seu querido Telmo pois hoje Maria foi para o lugar mais  lindo.
          Ninguém poderia adivinhar que D. João iria voltar depois de 21 anos sem sabermos nada  dele.          
       Maria ao ver que sua mãe e o seu querido pai estavam-se a entregar a uma vida dedicada à  religião e iam deixá-la neste mundo sozinha e sem família ficou muito triste.
         Então, ao ouvir a voz de D. João, talvez a mesma que ouvia durante a noite e não a deixava dormir, o seu coração não aguentou, pois a sua tuberculose já estava muito avançada e a sua fraqueza era extrema.
           Assim terminam estes 13 anos da minha querida filha, deste anjo que vai deixar eterna saudade nos  nossos corações. 

Telmo Pais

Autoria
Margarida Vitorino, 11º B

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