Querido
diário,
1º dia
Hoje estive mais de meia hora no eirado passeando e colhendo flores, mas
o Telmo nunca mais vinha, então decidi ir à procura dele. Ele estava a
conversar com a minha mãe, D.
Madalena, e eu cheguei e comecei a falar sobre o admirado Rei D. Sebastião e a minha mãe ficou triste comigo porque gostava
de me ver mais alegre mas eu alegro-me em ter conhecimento sobre estas coisas, mas prometi-lhe que não voltaria a falar neste assunto.
Eu não entendo o porquê de se preocuparem
tanto comigo, isso deixa-me triste porque eu estou bem.
Entretanto chegou o meu tio Jorge
de Lisboa com notícias. Notícias estas, a dizer
que os governadores querem sair de
Lisboa por causa das
pestes. Eu acho isto mal porque se é um
rei não pode fugir dos problemas pois rei quer dizer pai de todos, e ainda
disse que os governadores queriam vir para a nossa casa.
Passado um pouco, ouço a vós de meu pai, D. Manuel de Sousa; tinha
chegado cheio de pressa pois também tinha ouvido a mesma coisa que o tio Jorge
e disse que tínhamos de sair daquela casa depressa antes do amanhecer . Então a Doroteia foi arranjar
as minhas malas para levarmos para a casa do primeiro marido da minha mãe.
No final o meu valente pai incendiou a nossa casa para dar uma lição ao povo e aos que deviam ser patriotas e não são...e fugimos
para a outra casa durante
a noite.
Querido diário
8º dia
Hoje descobri quem era
aquele cavaleiro do retrato é D. João de Portugal. Telmo não me queria dizer quem era mas chegou meu pai e
apenas disse-me o nome dele, mas eu sei que
existe mais alguma coisa porque no dia e que chegamos eu e minha mãe
deparamo-nos com o retrato e ela gritou e começou a
correr com se alguém viesse atrás de nós e tem estado atormentada durante estes
dias. Mas nem fiz mais perguntas porque meu pai tinha chegado e era de manhã,
fiquei tão feliz de o ver, mas ele voltou a dizer que eu estava doente, mas eu estou bem não preciso que se
preocupem comigo.
Entretanto o meu pai veio comigo e
estivemos a falar como antigamente, quando não havia perigo nem pessoas atrás dele. Voltei àquela
sala e perguntei outra vez coisas sobre o
retrato e meu pai disse-me que se ele não tivesse morrido na batalha de
Alcácer Quibir eu hoje não existiria
Estava ainda a ver o retrato
quando meu tio Jorge chegou e disse ao meu pai que ele tinha de ir a Lisboa com
os religiosos buscar o arcebispo e eu também queria ir para conhecer a minha tia Joana de Castro que nunca a tinha
conhecido, ao inicio meu pai ficou receoso
mas depois o tio Jorge disse que já não havia perigo das pragas então
ele deixou-me ir com eles, e para a
minha mãe deixar ele mesmo disse que ficava com ela, para ela não ficar sozinha
nesta casa.
Nessa mesma noite cheguei de
Lisboa, e não me estava nem estou a sentir-me bem; então levaram-me para o quarto, mas eu vi
o outro, um Romeiro, e fui ter com a minha mãe, ela estava na cama,
mas voltaram-me a levar para o quarto pois eu não estou nada bem.
Maria
Querido diário
9º dia ______________
Hoje quem escreve neste diário é o
seu querido Telmo pois hoje Maria foi para o lugar mais lindo.
Ninguém poderia adivinhar que D. João
iria voltar depois de 21 anos sem sabermos nada dele.
Maria ao ver que sua mãe e o seu querido
pai estavam-se a entregar a uma vida dedicada à
religião e iam deixá-la neste mundo sozinha e sem família ficou muito
triste.
Então, ao ouvir a voz de D. João, talvez
a mesma que ouvia durante a noite e não a deixava dormir, o seu coração não aguentou,
pois a sua tuberculose já estava muito avançada e a sua fraqueza era extrema.
Assim terminam estes 13 anos da minha
querida filha, deste anjo que vai deixar eterna saudade nos nossos corações.
Telmo Pais
Autoria
Margarida Vitorino, 11º B
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