terça-feira, 29 de novembro de 2016

Frei Luís de Sousa - Romeiro



Dia 1
Finalmente cheguei a Almada, depois desta árdua viagem de milhares de quilómetros desde a Palestina até aqui. Há muito que já não aparento ser quem sou, ninguém poderá afirmar que sou D. João de Portugal, pois na verdade, aparento apenas ser um pobre e velho Romeiro.
Ao chegar, dirigi-me de imediato ao meu palácio, onde habita a minha mulher, a minha amada, Dona Madalena de Vilhena. Procurei um dos seus serviçais, cujo nome era Miranda, e pedi para que me deixassem falar com Dona Madalena, dizendo-lhe que vinha de longe e que trazia notícias do seu marido, D. João de Portugal, para que me permitissem entrar em diálogo com ela. Por não saber como iria reagir a minha mulher, e todos aqueles que me conheciam, decidi não revelar de imediato a minha verdadeira identidade, esperando assim que me reconhecessem.

Como esperado, a minha pequena mentira surtiu efeito, e Dona Madalena mandou chamar-me. Miranda levou-me até um salão onde Dona Madalena e um frade de nome Frei Jorge Coutinho me aguardavam. Frei Jorge deu-me licença para entrar e colocou-me algumas questões: perguntou-me se a senhora que ali se encontrava era aquela com quem eu queria falar; questionou-me sobre a minha nacionalidade, perguntando se era Português; e perguntou-me de onde eu vinha, ao que lhe respondi que vinha do Santo-Sepulcro de Jesus Cristo, e informei-o que lá vivera vinte longos anos. 

Dona Madalena decerto não me reconheceu, e começou mesmo a tratar-me por Romeiro, dizendo que por lá eu deveria ter tido uma santa vida, ao que a informei que esta se encontrava errada, e que não tinha tido uma vida nada fácil, tendo mesmo passado fome, e que talvez não tivesse merecido estar em tão santo lugar. Foi então que Frei Jorge tentou de algum modo consolar-me, afirmando que apesar de não ter aproveitado a minha passagem pela Palestina, estava agora na terra dos meus pais e aqui poderia morrer sossegado, nos braços dos meus filhos. Aí informei-o que já não possuía filhos nem pais e que todos os meus parentes me julgavam morto ficando felizes com o sucedido. Proferi estas palavras na esperança que Dona Madalena entendesse finalmente quem eu era, mas mais uma vez, esta não entendeu, e apenas me questionou sobre o facto de aquilo poder mesmo ser verdade, ao que lhe respondi que sim, e que Deus um dia os perdoaria por tal mal, tendo ela dito que eu não deveria fazer juízos tão precipitados. Voltei novamente a tentar que esta entendesse quem eu era, falando mais uma vez da minha família, afirmando que dos meus parentes já sabia mais do que queria, e que amigos possuía apenas um, e que com esse ainda contava, referindo-me a Telmo. Frei Jorge disse que assim eu já não era tão infeliz, como que tentando motivar-me, e mostrar-me que apesar de tudo a minha vida poderia ser pior. 

Foi então que tudo aquilo que me fizera resistir tantos anos deixou de fazer sentido ao ouvir Dona Madalena, aquela por quem eu lutei tanto tempo, dizer que me iria ajudar em tudo o que eu necessitasse, até aqui tudo bem, o problema é que a ajuda não viria apenas dela, viria também de seu marido, e tendo em conta que ela acreditava profundamente na minha morte apercebi-me que ela se referia a um novo marido, tendo por isso me revoltado de imediato, e questionando-a se alguma vez lhe tinha pedido algo. Dona Madalena, entendeu que me ofendeu, e não tardou em pedir desculpa, ao que mais uma vez respondi de forma enigmática, falando novamente de Deus, afirmando que apenas Ele poderia ser verdadeiramente ofendido, e que Dona Madalena lhe pedisse perdão, pois ele a perdoaria certamente, ao que Dona Madalena concordou. Foi então que Frei Jorge prosseguiu com o que para eles era o motivo da minha vinda, dizendo-me para dar o recado que trazia a Dona Madalena, para que depois pudesse ir descansar. Apercebi-me que o padre queria encerrar a conversa, pois talvez estivesse a abusar da paciência de quem me ouvia, e disse-o para que eles entendessem que eu tinha compreendido. 

No entanto, demonstrei desagrado com a situação, não com o facto de me apressarem, mas com o facto de estar perante uma realidade que não esperava, não esperava que a minha mulher não me reconhecesse, e que já estivesse casada novamente, mas disfarcei-o dizendo que a minha idade e a fadiga quase me faziam esquecer o motivo da minha vinda. Dona Madalena mostrou alguma compaixão por mim, dizendo-me que se eu não me sentisse bem poderia entregar o recado mais tarde ou mesmo no dia seguinte, mas eu recusei, queria entregá-lo naquele mesmo dia, pois há três dias que não descansava, para poder estar ali e contar o que pretendia, exatamente um ano após a minha libertação, para depois ali poder morrer. 

Dona Madalena ficou surpresa com tal afirmação e questionou-me sobre o facto de eu lá ser cativo, ou não, ao que simplesmente lhe respondi que lá vivera vinte anos. Dona Madalena ficou sem palavras, dizendo apenas “sim, mas…”, ao me aperceber que ela não iria dizer mais nada, prossegui o meu discurso dizendo que o juramento que fiz em Jerusalém consistia em estar diante deles em menos de um ano após a minha libertação, e informá-los de algo, a mando de quem me fizera jurar tal coisa, o que era mentira, pois o que eu iria fazê-la pensar seria que tinha sido mandado ali, pelo seu antigo marido, D. João de Portugal, ou seja eu próprio. Dona Madalena ficou aterrorizada, e perguntou-me de imediato quem me mandara. Respondi-lhe que tinha sido um homem muito honrado, a quem eu devia a minha liberdade, e ela continuou apressadamente a questionar-me sobre a identidade deste homem, e eu para manter o suspense, prossegui dizendo que este nunca me dissera nem o seu nome nem o dos seus. E por isso Dona Madalena pediu-me para a informar de qual era o recado, prossegui com a minha estratégia, dizendo que a sua mensagem trazia-a no coração, tal como as lágrimas que lhe vi cair do rosto. 


Frei Jorge entendeu decerto que eu estava apenas a divagar, e de forma algo agressiva pediu para eu ir direito ao assunto. E assim o fiz, proferi as palavras que supostamente esse tal homem me mandara proferir “ Ide a Dona Madalena de Vilhena, e dizei-lhe que um homem que muito bem lhe quis… aqui está vivo… por seu mal… e daqui não pode sair nem mandar-lhe novas suas, de há vinte que o trouxeram cativo.” Entendi logo que Dona Madalena entendera que quem supostamente lhe enviara tal mensagem fora Dão João, pois esta ficou bastante assustada, e perguntou-me se aquele cativo fora levado de África para lá, eu informei-a que sim, e ela fez-me uma última pergunta, que confirmaria tudo, perguntou-me de que batalha ele teria saído cativo. 

Assim que me ouviu dizer “ Alcácer-Kebir”, Dona Madalena ficou extremamente assustada, de tal forma que Frei Jorge teve de a mandar calar, e pensando um pouco dirigiu-se a mim, perguntando-me se eu conhecia bem aquele homem, e eu ironicamente, respondi que o conhecia como se ele fosse eu mesmo, o que de facto era verdade. Frei Jorge perguntou-me se eu poderia reconhece-lo em retratos antigos, e eu afirmei que sim, então este mandou procurar pelos que naquele salão se encontravam, ao que eu, sem hesitar e sem procurar, apontei de imediato para um, e aí Dona Madalena ficou completamente transtornada. Frei Jorge entendeu quem eu era e questionou-me sobre quem eu era, e sabendo que Dona Madalena ali estava, respondi que não era ninguém, mas apontei para o meu retrato novamente, e aí Frei Jorge cai no chão como se tivesse sido “destruído”. Aguardei pela sua recuperação para que pudéssemos combinar alguns pormenores. Frei Jorge ofereceu-me a sua cela para que aqui pudesse pernoitar, e aqui estou eu a escrever este diário, mas sem antes lhe fazer uma exigência: exigi que me deixasse falar com o meu bom aio Telmo, e Frei Jorge cedeu, pois viu que de outra forma eu poderia revelar a minha verdadeira identidade a Dona Madalena, situação que seria ainda mais devastadora para o padre.

Agora só me resta aguardar até que Telmo me venha visitar, vou tentar descansar um pouco para que não pareça com tão mau ar como o que aparento. Amanhã será decerto um grande dia, onde verei novamente um grande e verdadeiro amigo.

Dia 2
Finalmente tinha chegado um dos dias por que eu tanto aguardara, ia ver Telmo novamente, e estava bastante alegre por isso, mas também algo nervoso, pois apesar de pensar que Telmo me iria receber de braços abertos, não havia forma de estar totalmente convicto de tal.

Aguardei ansiosamente até que me viessem chamar e, por fim, chegou um Irmão Converso para me avisar que Telmo Pais me aguardava.
Dirigi-me a ele, e sem que este me observasse, ouvi-o rogar a Deus para que o levasse no lugar do inocente que ele criara, e de imediato afirmei que Deus não lhe deveria dar ouvidos. Este ficou sobressaltado, uma vez que não esperava ouvir a minha voz sem antes me ver, e também porque não sabia quem eu realmente era, julgando-me apenas um pobre e velho Romeiro. Telmo olhou para mim surpreso e perguntou-me o porquê de eu dizer que Deus não deveria ouvir o seu rogo. Nesse momento, questionei-o sobre o facto de o seu pedido ter o objetivo de proteger o seu desgraçado amo, Telmo distanciou-se de mim, e disse algo que não entendi, porém depois, mais alto, voltou a inquirir-me dizendo que sendo o seu pedido pelo seu amo, ou por outra pessoa qualquer, qual seria o motivo para que Deus não o ouvisse, se se tratava da vida de um inocente.
 
Como queria que Telmo desconfiasse da minha identidade decidi provocá-lo, perguntando-lhe quem lhe dissera que seu amo era realmente inocente. E foi ai que Telmo começou a desconfiar sobre a minha identidade, perguntando-me quem eu era, ao que lhe respondi que não era ninguém se já nem ele me conhecia, isto ao mesmo tempo que tirava o chapéu que estava a usar e levantava o cabelo que me tapava os olhos. Assim que os retirei, Telmo agarrou nas minhas mãos, beijando-as, ao mesmo tempo que me perguntava se era eu, o seu amo, o seu senhor, Dão João de Portugal. Eu questionei-o, perguntando-lhe se já não me considerava seu filho, Telmo, prontamente, respondeu-me que considerava, e que eu era decerto o seu filho, pois tinha a voz e o rosto deste, mas que o cabelo e a barba não me pertenciam por já serem mais brancos que o dele. Informei-o que todo aquele meu mau aspeto se devia aos vinte anos de cativeiro que passara após a minha captura na batalha de Alcácer-Kebir. 

Telmo exclamou que eu andara por longe, e eu afirmei que lá, tão longe, quase morrera, e que apenas ali estava pois Deus assim o quisera. E este me respondeu que deveria ser feita a vontade de Deus. Nesse momento, decidi perguntar a Telmo se a minha vinda, e a minha existência, poderia de algum modo o incomodar. O aio ficou sem palavras e respondeu-me apenas com duas expressões “Oh!” e “senhor!”. Apercebi-me de que se calhar a minha vinda não era assim tão desejada e afirmei que lhe pesava, este questionou-me se eu achava possível que a minha vida lhe pesasse, e disse novamente algo que voltei a não entender. Respondi-lhe que talvez lhe pesasse, pois a mim próprio ela me pesava. Perguntei-lhe então se este se considerava meu amigo. Telmo ficou algo incomodado com a pergunta, e perguntou-me se não era meu amigo, eu respondi-lhe que sim, claro que ele era meu amigo, mas que vinte anos da minha ausência poderiam tê-lo fito encontrar novos amigos e esquecer os velhos, e que se ele não o fosse, quem o seria. Prossegui então para o que mais me importava, e informei-o que tinha um plano para pôr em prática, mas que não o faria, sem antes falar com Telmo, este mostrou-se interessado e pediu para que lhe contasse o que tinha em mente. 

Comecei por afirmar que todos acreditavam na minha morte, e que apenas Telmo me aguardara sempre, mas que também não poderia julgar ninguém pois as provas apontavam para a minha morte. No entanto, havia uma coisa que poderia resistir a isso, e eu referia-me ao coração, que aparentemente ali apenas um me pertencia, o de meu rico aio. Telmo afirmou que eu estava a ser injusto, e eu perguntei-lhe se os boatos de que me procuraram por toda a parte, enviando dinheiro e mensageiros eram verdadeiros. Telmo afirmou que sim, dizendo mesmo que era tão certo que me tinham procurado, como era certa a presença de Deus no céu. Apesar do que Telmo me contara já tinha decidido algo, e não voltei atrás, disse a Telmo que informasse Dona Madalena de que o peregrino era um impostor, e que desapareceu, que nunca mais ninguém soube novas dele. Telmo mostrou-se reticente, pois não queria ter de mentir em relação à minha pessoa, mas eu ordenei que ele o fizesse. Telmo tentou convencer-me de que este já não seria tão confiável como fora outrora, e disse-me que já criara outro anjo após o meu desaparecimento. Aí um sentimento de tristeza imenso surgiu dentro de mim, pois apercebi-me que Telmo já não era mais o meu fiel aio, e que agora tinha outra senhora a quem prestar serviço. Nesse momento afirmei que Telmo tinha mais apreço pela sua nova senhora que por mim. O aio, não só não me respondeu como pediu para que eu não lhe perguntasse tal coisa. Entendi de imediato o que quis dizer Telmo com aquelas palavras. Fiquei destroçado e afirmei que me tinham tirado tudo, até mesmo o meu único amigo, mas que apesar de tudo não sentia rancor de Dona Madalena e de seu novo marido e pedi para que Deus os perdoasse e ajudasse como eu também o fizera. Disse a Telmo que fosse fazer o que eu lhe mandei, este pareceu relutante, mas eu insisti para que ele fosse e pedi-lhe que me desse um abraço. 

Abraçamo-nos e eu disse “adeus até…” e Telmo questionou-me sobre quando nos iríamos ver, eu disse-lhe que seria no dia do juízo final, e o aio perguntou-me o que iria ser de mim. Eu respondi-lhe que a seu tempo ele iria ter novas minhas e que deveria ir remediar o mal cometido pela minha imprudência, injustiça, dureza e crueldade, que no fundo de nada serviram, pois na verdade eu morrera no dia em que a minha mulher disse que eu tinha morrido, mulher essa que já não posso amar sem ser com desonra e vergonha, e que por isso era melhor ninguém saber que eu estava vivo, pois iria desonrar a minha viúva. Mandei-o ir, para que dissesse que tinha falado com o romeiro e que viu que este era um vigário, mas fiz-lhe um pedido, pedi que salvasse Dona Madalena da vergonha, e que preservasse o meu nome intacto, pois era a única coisa honrada que restava da minha pessoa. Questionei-o sobre o facto de ser aquele o momento em que ele me iria faltar, ele apenas me disse que era uma nobre e digna resolução, e perguntou-me se eu estava certo de que esta iria resultar, eu apenas lhe perguntei porque não haveria de resultar e Telmo afirmou que era possível esta resultar. Do nada, surge Dona Madalena por detrás da porta que ligava o meu Palácio à sacristia da capela a gritar pelo seu esposo, dizendo que este lhe devia abrir aquela porta pois sabia que era que lá estava. Fiquei extasiado pois pensei que esta chamava por mim e disse-o a Telmo, este ficou algo surpreso e perguntou-me se era por mim que ela chamava, e eu continuei a afirmar que sim, pois ela gritava pelo seu esposo. Dona Madalena voltou a gritar, dizendo que seu esposo não lhe devia negar esta última vontade por todo o passado que viveram juntos. Exclamei de imediato para Telmo que era impossível resistir aquela sedução, até que Dona Madalena gritou mais uma vez, chamando pelo seu marido, pelo seu amor, por Manuel. Nesse momento senti-me mais infeliz do que quando fui capturado em Alcácer-Kebir, mais infeliz do que quando era mal tratado na Palestina, porque a razão da minha força nestas situações era finalmente destruída por completo. Disse para Telmo que julgava que aquele chamamento fosse para mim, e gritei para que aquela porta se abrisse, corri para ela, com o intuito de a derrubar, mas parei, pois já tinha prometido que Dona Madalena não iria saber de mim. Para não correr o risco de fazer algo de que me pudesse arrepender, toquei a sineta, para que o irmão Converso me viesse buscar de volta, este chegou e regressámos à Capela.

Pedi encarecidamente ao irmão Converso que me deixasse passar mais uma noite na cela de Frei Jorge, para que assim pudesse ter algum tempo para organizar as minhas ideias, e também para planear qual seria o meu destino. O irmão teve a bondade de aceitar o meu pedido, pois viu nos meus olhos que a tristeza reinava, e que talvez com esta pequena ajuda me pudesse fazer sentir melhor.
Já me encontro há algum tempo na cela, e aproveitei para redigir o meu diário. Já sei para onde irei: Itália será o meu destino. Por lá procurarei entregar-me à religião e à arte. Embora já nada me interessa realmente.


Dia 3
Parti de Lisboa de madrugada, para não correr o risco de ser visto novamente, e assim me poder dirigir a Itália. Após esta minha curta estadia, apercebi-me que D. João de Portugal morrera aquando da desistência de me procurarem, e que agora sou apenas mais um velho, mais um sem eira nem beira, mais um sem nada, porque é realmente isso que sou - ninguém. 

Dona Madalena julga-me morto, e não seria justo estragar o seu casamento, seria tal desonra que nunca mais me iria perdoar, ainda para mais já existindo uma filha no meio daquele casal, sei que não o posso fazer. 

Telmo continuou a ser o grande aio que sempre fora, mas agora tem uma nova senhora de quem cuidar, e não o posso julgar também, pois passados vinte anos é mais que natural que a sua vida tenha avançado, porque quem esteve preso fui eu, quem teve a sua vida interrompida fui eu e não Dona Madalena ou Telmo. 

Morrerei infeliz, mas morrerei de consciência limpa e com a certeza de que o meu nome continuará para sempre a ser conhecido como o nome de um grande, humilde e honrado português, pois na verdade foi o que eu, D. João de Portugal, sempre fui.
 Autor: Rafael  Calçada
11ºB

Nota: o nome da cidade onde se deu a batalha é El-Ksar el Kebir; a tradução para português está estabelecida como Alcácer-Quibir.

1 comentário:

Noémia Santos disse...

Parabéns ao Rafael pelo seu interessante, empenhado e exaustivo trabalho de reconstituição da história e, sobretudo, de reconstrução da psicologia da personagem.
Não nos fica dúvida, depois do teu diário.

Apenas foram retiradas algumas «liberdades» quanto ao destino da personagem (manteve-se a Itália, sem explicar muito...), por conflituarem com a lógica da personagem e terem um lapso histórico (o Renascimento começa em Itália nos séculos XIII-XIV).