quarta-feira, 13 de maio de 2020

Cesário Verde - o homem e o seu tempo

11º A
A sessão de hoje destina-se a levantar dúvidas, observações e comentários que ajudem a:
  • revelar compreensão global da leitura dos textos
  • partilhar informação relevante selecionada nos dois textos 
  • esclarecer dúvidas de interpretação/vocabulário...
  • fazer observações e relações sobre aspetos mais marcantes ou curiosos do texto de Mª Filomena Mónica
  •  Estabelecer relações entre a biografia do poeta, o seu tempo e os impactos na sua poesia
  • relacionar com outras reflexões sobre a poesia (por ex., a discussão havida sobre a necessidade de os poetas falarem tanto em justiça social)
TAREFAS DA SEMANA

11-15 de maio
Ler e registar informação por tópicos: texto Cesário Verde – o homem e o poeta


Ler texto sobre a Lisboa que viu nascer Cesário Verde. Fazer síntese no caderno.
Manual, p.p.316-317


Esclarecimentos, reflexões, perguntas de verificação de leitura





Síntese, por tópicos
Sessões síncronas 







Caderno ou Ficha de registo (ver tarefa de cada turma)
  
Os candeeiros a gás - em número de 26 - foram inaugurados em Lisboa em 1848. 
Até à chegada da eletricidade, os candeeiros funcionavam a gás, azeite e petróleo.

29 comentários:

Anónimo disse...

Bom dia professora, tenho uma pequena dúvida... Cesário Verde também tinha vivido apenas em Lisboa?
A tuberculose é hereditária? Já o irmão e a irmã tinham falecido devido a essa doença... ou foi mera coincidência?
O texto de Mª Filomena Mónica retrata bastante bem, e com muitos pormenores sociedade da época de Cesário Verde, e como é óbvio, influenciou bastante na sua escrita... Por exemplo o contraste entre ricos e pobres... Escrevia também sobre o real e o quotidiano.
Muitos dos poemas dele retratavam a sociedade de uma forma subjetiva ou objetiva.
Diogo Sequeira, 11A

Noémia Santos disse...

Bom dia a todos!

Obrigada pela colaboração no QUESTIONÁRIO DE OPINIÃO.Viram a resposta de Cesário Verde?


Hoje iremos começar pelo texto do Manual, que é mais fácil.
O que despertou a vossa atenção?

Noémia Santos disse...

Olá, Diogo. Muitas e boas perguntas. Vou responder por ordem:

Noémia Santos disse...


Cesário Verde vive e trabalha maioritariamente em Lisboa. Mas está sempre entre Lisboa e a Quinta de Linda-a-Pastora, zona de Sintra, sobretudo na altura da peste, e depois de começar em força a produção agrícola para exportação (viste que em 1874 já exporta frutas).

A loja do pai era perto do Terreiro do Paço, na Rua do Arsenal.

Noémia Santos disse...


Diogo
A tuberculose - é provocada por um bacilo - logo é altamente contagiosa; não é hereditária. Mas como as famílias eram grandes e o contágio altíssimo, em várias famílias morrem muitas pessoas.

Anónimo disse...

Bom dia, professora.
No texto, está referido que Cesário Verde frequentou o "grupo de leão", mas eu não entendi muito bem o que seria. Será que poderia explicar-me?

Beatriz Silva 11°A

Anónimo disse...

Bom dia professora, gostaria de lhe perguntar sobre o estilo de escrita de Cesário Verde.
Quais é que foram as influências que Cesário teve para adotar o realismo como a sua forma de expressão artística e poética? E porque é que na altura a sua poesia foi tão desprezada pelo público geral?
Miguel Gomes Matias, 11ºA

Noémia Santos disse...


Beatriz, explico, pois. Os cafés e os restaurantes da capital eram sítios muito importante de encontro, de discussão, de convívio, no século XIX.

À mesa de café e aos jantares em restaurantes ou hotéis discutia-se política, faziam-se panfletos ou intervenções públicas, escrevia-sem discutia-se literatura, arte, problemas sociais..

Ora...

Anónimo disse...

Bom dia professora
No texto de Mª Filomena Mónica, é referido que "Portugal era um país predominantemente rural", sendo que 8 em cada 10 portugueses vivia no campo e ganhava pouco.
É referido também que Portugal é um país com muita mão-de-obra, não só barata como também inesgotável.
A indústria começara-se a desenvolver (não muito, mas aos poucos), no entanto havia problemas relacionados com a mesma, tais como: a invasão do mercado interno pelos baixíssimos preços estrangeiros.
A higiene era quase inexistente, existiam galinhas, porcos, coelhos e parasitas a "conviverem" com as demais pessoas.
Existia nesse tempo, um grande contraste entre os ricos e os pobres, muita injustiça social, descontentamento e desemprego.
O nível cultural era baixíssimo (8 em cada 10 era analfabetos). Os pequeno-burgueses dividiam-se entre os seus hábitos, comportamentos políticos e cultura.
Em 1886, o regime monárquico já não era visto como o melhor para o país, mas sim o movimento republicano.

Gostei bastante de como terminou o texto: "Quem a 19 de julho, abrisse de manhã, a janela, perceberia que o dia iria estar quente"-reinava a calma e a alegria.
"Foi no meio deste esplendor que, às 5h da manhã, com os pulmões destruídos pela tuberculose, «sem querer, aflito e atónito» morreu José Joaquim Cesário Verde. Tinha 31 anos e vira chegar o fim «como um medonho muro»".

Ema Conceição

Noémia Santos disse...



Muitas vezes os grupos de amigos (políticos ou escritores e intelectuais reunia-se sempre ou muitas vezes no mesmo sítio, e daí acabavam por tomar para nome ou por serem conhecidos pelo nome do Café, do Restaurante ou do hotel em que se juntavam.

Este Grupo do Leão reunia-se num restaurante perto do Rossio, que ainda existe (embora já um pouco alterado).

Anónimo disse...

Bom dia professora,
Neste texto é referido que Cesário Verde inicialmente publicava poemas em jornais, como por exemplo no Diário de notícias, e que mais tarde lançou um livro, o seu único livro. Mas então estes poemas publicados ao longo de vários não se podem encontrar numa coletânea, ou mesmo no seu livro?
Outra questão, no texto B, Cesário Verde é referido como mestre da poesia do século XIX, assim como foi Antero de Quental e Camilo Pessanha, e também é dito que foi este poeta que “ensinou a observar em verso”, o que isto quererá dizer?
Maria Oliveira 11A

Noémia Santos disse...


Miguel
"Quais é que foram as influências que Cesário teve para adotar o realismo como a sua forma de expressão artística e poética? E porque é que na altura a sua poesia foi tão desprezada pelo público geral?"


Ainda estamos muito a começar - vamos depois ver um vídeo bom e um PPT ou áudio meu a explicar melhor.

Para já:
O REALISMO começava a dar os primeiros passos nas artes europeias, da pintura À literatura. Cesário é, entre nós um pioneiro. Comunga os mesmos princípios - tratar o real, sem floreados, numa nova linguagem - mas é tão inovador e diferente que é um mestre mais do que um seguidor.

Em Portugal, a poesia tinha um a tendência para a sentimentalidade e mesmo quando tratava dos pobres, dos problemas era sempre muito choradinho e emocional. E Cesário corta a direito!

A maioria das pessoas não estava preparada para tal «afronta».





Noémia Santos disse...



Ema

Passaste assim por vários marcos do texto, que irão ser muito importantes para perceber os poemas.

Também gosto muito desse surpreendente final - Maria Filomena Mónica dá aqui numa linguagem quase poética a morte - aos 31 anos - de Cesário Verde. Numa descrição muito sensorial, com brilhos e frescor, como Cesário faz nos poemas.

João Matias, 11°A disse...

Visto que a poesia de Cesário Verde era tão diferente da dos demais em termos de temas e estilo de escrita, onde tal como se disse em cima, o realismo e a passagem de sensações para o papel tomavam o centro das suas obras. Que influência teve Cesário Verde nas gerações de poetas seguintes, apesar de não ser celebrado pelo público.

Anónimo disse...

Bom dia, professora! Gostaria de partilhar as ideias-chave que retirei do texto de Mª Filomena Mónica.

O texto de Mª Filomena Mónica permitiu-nos conhecer um pouco mais a realidade sociocultural em que Cesário Verde viveu e que utilizou como alvo da sua poesia:

-"Portugal era um país predominantemente rural", pouco desenvolvido na indústria e até mesmo na agricultura predominava o trabalho manual ao invés da maquinaria;
- Começaram a aparecer algumas inovações como os candeeiros a gás. Que, no entanto, não apagavam a realidade precária que se vivia- "Grande parte das ruas da cidade era de terra, mal cheirosas e escuras"; "Nos bairros antigos, a higiene era deplorável"; "as casas estavam infestadas de parasitas";
- A injustiça e desigualdade social- "Os contrastes entre ricos e pobres eram enormes. No centro da cidade, entre portais e vãos de escada, amontoavam-se cegos, estropiados, crianças abandonadas e velhos paralíticos"
- "Os trabalhadores ganhavam salários irrisórios e estavam sempre à beira do desemprego. Alimentavam-se, ano após ano, a pão, sopa e batatas, uma ementa insuficiente que ajuda a explicar as altíssimas taxas de mortalidade de Lisboa e do Porto. As doenças que mais mortes causavam eram a tuberculose pulmonar(doença que acabaria por matar Cesário) e as pneumonias."
- Para além dos salários baixos, as condições de trabalho eram péssimas: os trabalhados trabalhavam durante muitas horas e não existia segurança nas indústrias.
- A nível cultural o cenário não era melhor: "oito em cada dez portugueses não sabia ler nem escrever";
- Toda esta realidade começa a ser exposta em jornais e folhetos-"Os jornais populares espelham a sua visão do mundo. O contraste entre a vida dos ricos e dos pobres é celebrado até à exaustão: de um lado, a família burguesa, envolta em seda e arminhos; do outro, a pobre, tiritando de frio e fome. Centenas de poemas e folhetins pequeno-burgueses denunciam a miséria, atacam os ricos e troçam dos padres: é o grande fresco dos humilhados e ofendidos, a retórica lacrimejante tão apreciada em reuniões populares."

Tudo isto nos permite entender melhor a poesia de Cesário Verde. Uma poesia que denúncia e descreve a época em que viveu e que utiliza palavras como: "peixe podre", "infeção", entre outras palavras pouco comuns em pormas e que vêm contra qualquer ideia que tinhamos da poesia.

Catarina Martins, 11°A

Anónimo disse...

Correção:
Mas então estes poemas publicados ao longo de vários jornais não se podem (...)
Maria Oliveira

Noémia Santos disse...


Maria

Questões interessantíssimas. Vou responder por ordem:

"Neste texto é referido que Cesário Verde inicialmente publicava poemas em jornais, etc"

Cesário Verde - como outros escritores - publicou em jornais e revistas do seu tempo, porque era uma forma de chegar aos leitores quando se estava a começar, ou, no caso de Cesário, quando as editoras não se interessavam pelo trabalho para o publicarem

A poesia de Cesário era tão nova, tão diferente, tão contra o sentimentalismo e choradinho, com uma linguagem e um mundo tão estranhos para o vulgo, que as editoras não arriscavam.

O LIVRO DE CESÁRIO VERDE não foi publicado por ele. Leste mal - foi publicado pelo amigo Silva P. depois dele morrer. E inclui, claro, mesmo esses poemas que haviam saído em jornais.


Noémia Santos disse...


Maria
Quanto ao «“ensinou a observar em verso”, o que isto quererá dizer»:

Antero é importantíssimo, claro, porque traz a nossa poesia para um universo mais reflexivo, concetual e filosófico.

Cesário Verde traz a nossa poesia para a MODERNIDADE - é um acidente genial ele estar no século XIX: ele é já um pensador, um esteta, um POETA à século XX.

Cesário escreveu numa carta ao irmão:

A MIM, O QUE ME RODEIA É O QUE ME PREOCUPA

Esta atenção ao mundo, este poder de observação, como se fosse um cineasta que passa nas ruas, nos campos e observa, cada coisa real - todas dignas da poesia - das varinas a apregoar o peixe, até ao carreiro das formigas.

VER VER VER - Cesário ensina-nos a VER o que lá está mas nós não vemos.

Noémia Santos disse...



João

«Que influência teve Cesário Verde nas gerações de poetas seguintes, apesar de não ser celebrado pelo público.»

Olha, João - sem Cesário não havia Fernando Pessoa, por exemplo. Sabes como é que F. Pessoa, através do seu heterónimo Alberto Caeiro, lhe chama? «MEU MESTRE»

Mesmo quem o não segue (e ele foi irrepetível), é influenciado pelo universo, o vocabulário, a tendência narrativa, a relação entre o Objetivo - observado e o Subjetivo, o olhar do poeta.

Noémia Santos disse...


Catarina

Também foste sensível a esse retrato que o texto traça e que ajuda a perceber que mundo contrastivo e atrasado era o nosso, e a poesia de denúncia (aqui com acento; no teu caso era denuncia)de CV

Reparaste nos resultados do QUESTIONÁRIO DE OPINIÃO que criei para vocês?

Tantas e tantas décadas volvidas, a maioria de nós ainda continua a achar uma palavras mais próprias da poesia que outras ou que o AMOR é mais tema de poesia que a pobreza.

Foi com essas ideias que Cesário cortou. Todas as palavras, todos os temas são dignos de poesia. O que é preciso é ser GENIAL para o fazer com arte e não como um panfleto político.

João Matias, 11ºA disse...

Eu sei que não tem a ver com o assunto que estamos a discutir,mas, a professora recebeu o trabalho que me tinha dado a semana passada?

Noémia Santos disse...


Há mais dúvidas?

Se não há, agora é fazer - no caderno, para vocês, os tópicos ou um apanhado sintético e ir lendo e ouvindo vários poemas.Viram os que pus no blogue, nomeadamente o que CV escreveu na altura em que fugiu da pandemia em Lisboa?

Anónimo disse...

Bom dia professora,
Verifiquei algumas dificuldades na interpretação do texto B.
Não entendi muito bem o sentido de "ensinou a pensar em ritmo", "ensinou a observar em verso" e de "ensinou a sentir veladamente", passagens referentes aos três poetas nomeados como mestres da poesia em Portugal no século dezanove.
Beatriz Júlio, 11ºA

Noémia Santos disse...



Quem esteve aqui, não precisa de mais.

Vai adiantando com a leitura e audição de poemas.

Os restantes alunos receberão uma ficha para responderem até ao final da semana.

Noémia Santos disse...



Beatriz Júlio

O Cesário Verde ensinar a «observar em verso» já está respondido hoje. Vê se corresponde ao que querias.

Quanto a Antero de Quental, Pessoa diz que ele nos ajudou a «pensar em ritmo» numa alusão a duas marcas da sua poesia - os temas reflexivos, de pensamento, por um lado, e, por outro, o fazê-lo maravilhosamente em sonetos com um ritmo perfeito, com versos elegantes, claros, ritmados.

O outro é Camilo Pessanha e vocês não conhecem.

Essse texto não era objeto de leitura. MAs já está...

Noémia Santos disse...


Esse com 2 ss é melhor do que essse...

Noémia Santos disse...



Bom regresso às aulas! Muito cuidado e cumprimento das regras...
E matem lã saudades!

Noémia Santos disse...


lá! lã, só se estiver frio...

Anónimo disse...

Obrigada e igualmente professora.

Ema