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segunda-feira, 16 de março de 2020
Eça de Queirós, A Cidade e as Serras (excertos) - Jacinto e Portugal
7 comentários:
João Matias
disse...
Professora, tenho duas questões reltivamente aos excertos da obra "A Cidade e as Serras", de Eça de Queirós. O autor começa o primeiro capítulo dizendo: "O meu amigo Jacinto nasceu num palácio(...). No Alentejo", porém já no final do parágrafo diz o seguinte: "Mas o palácio onde Jacinto nascera, e onde sempre habitara, era em Paris, nos Cmapos Elísios, nº.202.". Estou a questionar-me, ficamos claramente a perceber que Jacinto nasce em Portugal, por isso quando o autor volta a ultizar o verbo nascer está a referir-se à personalidade e ao caráter de Jacinto, tendo assim 'nascido'na França rodeado pela sua cultura que o moldou como pessoa? A minha outra questão remete para o último parágrafo dos excertos, quando o autor diz: "Aquele ressequido galho da Cidade, plantado na serra(...)", esta passagem refere-se à introdução de modernidades (como o telefone) na terra de Tormes que Jacinto veio habitar e que era significativamente atrasada tecnológicamente ao que estava habituado na França? Sendo por isso a "Cidade" uma maneira do autor se referir à mais avançada (cultural e tecnológicamente) parte da França de onde vêm Jacinto e as "Serras" uma forma de se referir ao Portugal e á localidade onde vai habitar? Assim, "Aquele ressequido galho da Cidade, plantado na serra, pregara,(...) afundara raízes, engrossara de tronco,(...) derramando sombra", esse "galho da Cidade" será o telefone que Jacinto queria instalar em Tormes dando assim à serra um cheirinho da Cidade?
João, má leitura, por desatenção. Relê, desde início até D Dinis: faz-se a história da família, como no início da Ilustre Casa de Ramires e n'Os Maias, são sempre antigas e ricas. Neste caso com propriedades agrícolas no Alentejo, na Estremadura fora, claro, a Quinta no Douro!
Mas, como logo a seguir o narrador diz com clareza, Jacinto nasceu em Paris!
(Um avô miguelista não suportara a vitória liberal e deixara Portugal, comprando um palacete em Paris, onde a familia passa a viver. As propriedades em Portugal são geridas por um administrador).
Ok, muito obrigado professora acho que já consegui perceber, o palácio referido na primeira linha é já o palácio na França. Na linha seguinte o autor fala sobre as posses da família de Jacinto em Portugal, porém, para o leitor perceber que não nascera nem vivera em Tormes, na última frase do parágrafo explicita que nascera em Paris, nos Campos Elísios no palácio onde sempre habitara.
Se vires bem, é a lógica de ICR. Só com o charme de nascer/viver em Paris. Ou seja - Quinta no Douro, antiquíssima - sempre! E ainda: Palacete na principal Avenida de Paris!
-Jacinto nasceu num "berço de ouro", muito rico, com muitas terras em nome da sua família: "(...) Jacinto nasceu num palácio, com cento e nove contos de renda em terras de semeadura em vinhedo, de cortiça e de olival." - Jacinto demonstrava boas capacidades por aprender e saber, sabia bem a matemática e o português da altura, "As letras, a Tabuada, o Latim entraram por ele como o sol por uma vidraça." - "O príncipe da Grã-Ventura" era o nome que Jacinto era chamado pelos colegas, maioritariamente por José Fernandes. Estes conheceram-se na escola em Paris, especificamente nas Escolas do Bairro Latino. -Era um homem intelectual e com as suas ideias bem definidas, impressionou ridiculamente seus colegas de escola com a ideia de que "o homem só é superiormente feliz quando é superiormente civilizado."
Que mudanças vive?
- Jacinto chegou a uma altura da sua vida que se demonstrava entediado consigo mesmo, em depressão pela sua vida ser tão monótona e sem rumo. Decide então partir para Tormes, Portugal. - A sua grande mudança, de uma zona urbana para uma zona rural, deixou José Fernandes com receio, mas contrariamente ao que esperava, Jacinto sofreu uma mudança, uma mudança positiva, tornando-se assim um novo Jacinto: "O meu príncipe já não é o último Jacinto, Jacinto ponto final (...)". - Jacinto como gostou tanto do sitio e como sua vida lhe corria, acabou por casar e ter filhos em que ser pai o tornou mas responsável cuidadoso para estes.
Que semelhanças tem com Gonçalo?
- De inicio, Gonçalo Ramires e Jacinto eram conscientes de que nos seus respectivos países (Portugal e França) haviam erros que deviam ser emendados e que enfrentavam dificuldades, mas ambos não faziam nada a não ser criticar e não fazer nada que salienta-se uma melhoria no país. - Tal Gonçalo Ramires como Jacinto, chegaram a uma etapa de suas vidas que decidiram emigrar, abandonando seus países por um tempo. (Gonçalo mudou-se de Portugal para África ; Jacinto mudou-se de França para Portugal). - No final, devido a estas emigrações conseguimos interpretar uma mudança psicológica tanto em Gonçalo como em Jacinto, em que ambos se tornaram mais lúcidos e responsáveis.
7 comentários:
Professora, tenho duas questões reltivamente aos excertos da obra "A Cidade e as Serras", de Eça de Queirós.
O autor começa o primeiro capítulo dizendo: "O meu amigo Jacinto nasceu num palácio(...). No Alentejo", porém já no final do parágrafo diz o seguinte: "Mas o palácio onde Jacinto nascera, e onde sempre habitara, era em Paris, nos Cmapos Elísios, nº.202.". Estou a questionar-me, ficamos claramente a perceber que Jacinto nasce em Portugal, por isso quando o autor volta a ultizar o verbo nascer está a referir-se à personalidade e ao caráter de Jacinto, tendo assim 'nascido'na França rodeado pela sua cultura que o moldou como pessoa?
A minha outra questão remete para o último parágrafo dos excertos, quando o autor diz: "Aquele ressequido galho da Cidade, plantado na serra(...)", esta passagem refere-se à introdução de modernidades (como o telefone) na terra de Tormes que Jacinto veio habitar e que era significativamente atrasada tecnológicamente ao que estava habituado na França? Sendo por isso a "Cidade" uma maneira do autor se referir à mais avançada (cultural e tecnológicamente) parte da França de onde vêm Jacinto e as "Serras" uma forma de se referir ao Portugal e á localidade onde vai habitar? Assim, "Aquele ressequido galho da Cidade, plantado na serra, pregara,(...) afundara raízes, engrossara de tronco,(...) derramando sombra", esse "galho da Cidade" será o telefone que Jacinto queria instalar em Tormes dando assim à serra um cheirinho da Cidade?
João G. Matias, 11º A
João, má leitura, por desatenção. Relê, desde início até D Dinis: faz-se a história da família, como no início da Ilustre Casa de Ramires e n'Os Maias, são sempre antigas e ricas. Neste caso com propriedades agrícolas no Alentejo, na Estremadura fora, claro, a Quinta no Douro!
Mas, como logo a seguir o narrador diz com clareza, Jacinto nasceu em Paris!
(Um avô miguelista não suportara a vitória liberal e deixara Portugal, comprando um palacete em Paris, onde a familia passa a viver. As propriedades em Portugal são geridas por um administrador).
Toca a ler com atenção!
Falta uma vírgula a seguir a "Estremadura, fora, claro, ...
Ok, muito obrigado professora acho que já consegui perceber, o palácio referido na primeira linha é já o palácio na França. Na linha seguinte o autor fala sobre as posses da família de Jacinto em Portugal, porém, para o leitor perceber que não nascera nem vivera em Tormes, na última frase do parágrafo explicita que nascera em Paris, nos Campos Elísios no palácio onde sempre habitara.
Se vires bem, é a lógica de ICR. Só com o charme de nascer/viver em Paris.
Ou seja - Quinta no Douro, antiquíssima - sempre!
E ainda: Palacete na principal Avenida de Paris!
Até amanhã!
Quem é Jacinto:
-Jacinto nasceu num "berço de ouro", muito rico, com muitas terras em nome da sua família: "(...) Jacinto nasceu num palácio, com cento e nove contos de renda em terras de semeadura em vinhedo, de cortiça e de olival."
- Jacinto demonstrava boas capacidades por aprender e saber, sabia bem a matemática e o português da altura, "As letras, a Tabuada, o Latim entraram por ele como o sol por uma vidraça."
- "O príncipe da Grã-Ventura" era o nome que Jacinto era chamado pelos colegas, maioritariamente por José Fernandes. Estes conheceram-se na escola em Paris, especificamente nas Escolas do Bairro Latino.
-Era um homem intelectual e com as suas ideias bem definidas, impressionou ridiculamente seus colegas de escola com a ideia de que "o homem só é superiormente feliz quando é superiormente civilizado."
Que mudanças vive?
- Jacinto chegou a uma altura da sua vida que se demonstrava entediado consigo mesmo, em depressão pela sua vida ser tão monótona e sem rumo. Decide então partir para Tormes, Portugal.
- A sua grande mudança, de uma zona urbana para uma zona rural, deixou José Fernandes com receio, mas contrariamente ao que esperava, Jacinto sofreu uma mudança, uma mudança positiva, tornando-se assim um novo Jacinto: "O meu príncipe já não é o último Jacinto, Jacinto ponto final (...)".
- Jacinto como gostou tanto do sitio e como sua vida lhe corria, acabou por casar e ter filhos em que ser pai o tornou mas responsável cuidadoso para estes.
Que semelhanças tem com Gonçalo?
- De inicio, Gonçalo Ramires e Jacinto eram conscientes de que nos seus respectivos países (Portugal e França) haviam erros que deviam ser emendados e que enfrentavam dificuldades, mas ambos não faziam nada a não ser criticar e não fazer nada que salienta-se uma melhoria no país.
- Tal Gonçalo Ramires como Jacinto, chegaram a uma etapa de suas vidas que decidiram emigrar, abandonando seus países por um tempo. (Gonçalo mudou-se de Portugal para África ; Jacinto mudou-se de França para Portugal).
- No final, devido a estas emigrações conseguimos interpretar uma mudança psicológica tanto em Gonçalo como em Jacinto, em que ambos se tornaram mais lúcidos e responsáveis.
Martim Miranda e Gonçalo Frutuoso 11ºC
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